Liga dos Campeões

A Inter espantou o azar e avançou na UCL, enquanto o Milan segue sonhando com vaga

Esta quarta, 24 de novembro, será, sem dúvidas, inesquecível para os times de Milão. Depois de 10 anos fora de um mata-mata e de três edições seguidas caindo na fase de grupos da Champions League, a Inter venceu e confirmou a vaga nas oitavas de final. Já do outro lado da capital da Lombardia, a torcida do Milan pode celebrar. O Diavolo foi guerreiro, bateu o Atlético de Madrid na Espanha e, pleno grupo da morte, se manteve vivo na busca pela vaga no mata-mata. Confira com a gente como foram estas duas vitórias.

Inter 2-0 Shakhtar Donetsk

Num San Siro com quase 50 mil torcedores presentes, Inter e Shakhtar Donetsk tinham o desafio de superarem a sina do empate. Nos últimos três confrontos entre eles pela Liga dos Campeões, foram registradas três igualdades sem gols. Por isso, a missão inicial era quebrar este tabu. Para os nerazzurri, uma vitória poderia significar a vaga na oitavas; para os ucranianos, treinados por Roberto De Zerbi, a sobrevivência na competição. No fim, os interistas conseguiram mudar essa escrita e chegar ao seu objetivo com a ajuda de Dzeko e Perisic.

Empolgada, a Inter vinha de um fim de semana em que conseguiu tirar a invencibilidade do Napoli na Serie A e se aproximar da liderança no torneio nacional. Como naquele jogo e pela primeira vez nesta Champions, a linha de defensores do time de Simone Inzaghi foi composta por Skriniar, Bastoni e a novidade Ranocchia, já que De Vrij está lesionado. Na frente, a única alteração foi a volta de Dzeko ao lugar de Correa.

O jogo começou com os já conhecidos problemas de finalização da Inter. Desta vez, foram chutes tortos de Barella e Dzeko. Também não poderia faltar a grande chance em jogada aérea, um dos principais trunfos da equipe. Em escanteio cobrado por Çalhanoglu, Ranocchia cabeceou com perigo, ao lado esquerdo da baliza de Trubin. De fora da área, Perisic também tentou, porém o goleiro segurou. A defesa do Shakhtar batia cabeça e permitia algumas ocasiões de arremates aos nerazzurri quando pressionada na saída de bola, mas nenhuma foi aproveitada. Com isso, oportunidades e mais oportunidades eram empilhadas e perdidas pelo ataque mandante.

Uma até chegou a entrar. Darmian fez bela jogada pela direita e cruzou para Perisic marcar, mas estava impedido na origem do lance – o que invalidou o gol do croata. No segundo tempo, o cenário se repetiu. Lautaro colocou no fundo das redes, mas empurrou o adversário e a arbitragem assinalou a infração. Do lado ucraniano, o brasileiro Fernando é quem tinha as melhores chances, mas não acertava.

O gol parecia uma questão de capricho. E coube a Dzeko resolver essa questão. Aos 61 minutos, o camisa 9 fez o pivô no meio-campo, passando para Perisic puxar o contra-ataque e cruzar para Darmian. O lateral chutou, mas foi travado pela defesa. No rebote, o centroavante bósnio chutou firme e cruzado para estufar as redes de Trubin.

Seis minutos depois veio o gol do alívio. Novamente, a dupla formada por Dzeko e Perisic funcionava. O croata deixou Dodô na saudade e cruzou com maestria para o bósnio, bem colocado, cabecear com vontade e marcar a sua doppietta, dando números finais à peleja. Agora, ele tem 10 gols na temporada, sendo três nesta Champions League. Nos minutos finais, o Shakhtar até tentou esquentar a partida, mas o máximo que conseguiu foi acertar a trave, com Dodô.

A Inter confirmou antecipadamente a vaga nas oitavas de final da Liga dos Campeões porque, no outro jogo do Grupo D, em Tiraspol, o Real venceu o Sheriff por 3 a 0, com gols de Alaba, Kroos e Benzema. Agora, o torcedor interista pode finalmente respirar aliviado: o fantasma da fase de grupos foi superado. Dez anos depois, a Beneamata está de volta ao mata-mata da Champions League. Resta saber se será na primeira ou segunda posição, mas isso só será definido na derradeira partida, no dia 7 de dezembro, contra os merengues, no Santiago Bernabéu.

Noite mágica: Junior Messias, que era entregador e começou nas ligas amadoras da Itália aos 24 anos, decidiu para o Milan na Champions League (Getty)

Atlético de Madrid 0-1 Milan

Pouco depois de a Inter sair de cena, o Milan foi até o Wanda Metropolitano tentar a cartada final diante do Atlético de Madrid para se manter vivo na busca por uma vaga europeia. A missão não era das mais fáceis. Além de ocupar a lanterna do Grupo B e não somar nenhuma vitória, os rossoneri perderam a invencibilidade na Serie A no último fim de semana, num jogo em que foram superados amplamente pela Fiorentina e levaram quatro gols. O elenco teria de reagir numa partida fora de casa em que as esperanças de classificação poderiam ser totalmente eliminadas.

Apesar deste cenário, o Milan mostrou desde o início que não seria presa fácil e que não tinha sentido um baque em nível psicológico. Muito pelo contrário, os italianos começaram com intensidade e pressionando em linha alta a saída do Atleti, que tinha dificuldades para sair jogando. Com o passar do primeiro tempo, o ritmo foi caindo e o jogo foi ficando sonolento, sem grandes oportunidades para nenhum dos lados.

Como de costume, um dos jogadores que mais ameaçavam ofensivamente pelo lado milanista era Hernández que comandava as ações no meio-campo ao lado de Brahim Díaz. Do lado de fora, nas arquibancadas, vinham sonoras vaias da torcida colchonera sempre que lateral francês encostava na bola. Vale lembrar que Theo trocou o Atleti pelo Real e, no dia anterior à partida, quando o rossoneri foram fazer o reconhecimento do gramado do Wanda Metropolitano, pisou em cima do escudo do clube no estádio.

Depois de 45 minutos equilibrados na capital espanhola, o Milan foi dominante no segundo tempo. As oportunidades foram surgindo, mas, como durante acontecera outras vezes com os rossoneri nesta edição da Champions League, a bola não entrava. Eram chances na jogada aérea, com Kjær, inúmeras tentativas de Giroud ou chutes de longa distância, como o de Florenzi, que entrou no decorrer da partida. Contudo, nada parecia dar certo.

Quando não foi parado por erro de pontaria e por defesas de Oblak, o Milan viu Savic salvar dentro da pequena área. Logo depois de um toque de Ibrahimovic, Junior Messias fez boa jogada pela esquerda e serviu Bakayoko na entrada da área. O francês chutou, mas o zagueiro colchonero cortou de joelhos, evitando o gol. Aliás, mérito para Stefano Pioli, que colocou estes três jogadores em campo no decorrer do jogo e viu o seu time crescer sobre a equipe de Diego Simeone.

O jogo caminhava para o seu final e, mesmo com a pressão visitante, dava pinta de que terminaria de forma frustrante para o Milan, depois de outra excelente exibição. Entretanto, o roteirista reservou um final especial para os rossoneri. Aos 87, quis o destino que Kessié acertasse um cruzamento sob medida para Junior Messias cabecear e marcar o seu primeiro gol com a camisa do clube em sua estreia em Champions League.

Logo o brasileiro, que deixou Minas Gerais em 2011, após não receber chances no Cruzeiro, para tentar a vida na Itália. Logo o atacante, que, a partir dos 24 anos, dividiu o seu tempo entre o trabalho como entregador numa loja de eletrodomésticos e os jogos pelas ligas amadoras da Velha Bota. Foi de Messias o gol do alívio e da esperança na classificação, que ainda é dificílima.

Antes de o jogo terminar, o Atlético também criou chances claras. Em cruzamento de Llorente, Matheus Cunha perdeu a chance de empatar o jogo praticamente embaixo da trave e na frente de Tatarusanu. O goleiro, aliás, teve uma boa exibição, tal qual todo o sistema defensivo milanista, que não sofreu pressão do ataque colchonero em nenhum momento.

Por fim, a imagem que fica é de Saelemaekers conclamando a torcida italiana presente no estádio, e que cantava sem parar no Wanda Metropolitano. A força dos torcedores será fundamental em San Siro, na última rodada da fase de grupos, já que as chances de classificação às oitavas continuam a existir. Isso porque, no outro jogo do grupo, o Liverpool venceu o Porto por 2 a 0, com gols de Thiago e Salah.

No dia 7 de dezembro, o Milan precisa de uma vitória diante do Liverpool e torce para o Porto não vencer o Atlético de Madrid no Estádio do Dragão. Triunfo dos rossoneri e do Atleti levariam a definição para dois possíveis critérios de desempate: o saldo de gols ou o número de tentos marcados, a depender dos resultados nos duelos. Por isso, o ideal para o Diavolo seria superar mais um adversário e torcer pelo empate no norte de Portugal.

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