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Irmão de Franco, Giuseppe Baresi foi ídolo do lado azul e preto de Milão

No mundo quando se fala em Baresi, defensor e com relevância em um time de Milão, o nome de Franco Baresi é o primeiro a ser lembrado. Porém, o irmão mais velho, Giuseppe Baresi, também atuou em alto de nível, como lateral, tanto na direita quanto na esquerda. Com seriedade, esforço, sacrifício em campo e alguns gols, Beppe se tornou ídolo da Inter. A solidez na defesa também rendeu o apelido The Wall, em português, “O Muro”.

Nascido em Travagliato, a 90 quilômetros de Milão, Baresi passou pelo amador clube da cidade natal, onde foi treinado por Guido Settembrino, que é lembrado até hoje por Beppe. Em entrevista ao diário Il Giornale, em 2008, ele disse que o primeiro comandante foi uma das cinco pessoas mais importantes para a construção da carreira.

Mesmo sendo fã do ídolo rossonero, Gianni Rivera, o mais velho dos Baresi era interista e, por isso, escolheu os nerazzurri para tentar iniciar a trajetória de profissional. Beppe foi aprovado no teste que realizou na Inter, mas Franco foi rejeitado, por não reunir condições físicas. Depois disso, todos sabem o restante da história.

Baresi estreou no time principal nerazzurro no dia 1° de junho de 1977, em uma vitória sobre o Vicenza por 3 a 0, em partida válida pela Coppa Italia. Na temporada 1997-78, Baresi jogou pela primeira vez na Serie A e, a partir daí, se tornou titular no time comandado por Eugenio Bersellini. No mesmo ano, a Inter conquistou a Coppa Italia, o primeiro título da carreira de Beppe.

O primeiro gol como profissional veio em 1978-79, mas a grande alegria chegou uma temporada depois, com a conquista do primeiro scudetto. Beppe era titular na lateral direita do time que tinha Altobelli como grande destaque ofensivo. O raçudo Oriali também fazia parte dos 11 iniciais do time campeão. Baresi ganhou mais uma Coppa Italia, em 1981-82. Com os bons desempenhos na Inter, Beppe iniciou cedo a história na Nazionale. A estreia ocorreu em 1977, na equipe sub-21.

Semelhança impressionante na fisionomia, mas diferença total nas cores: Beppe e Franco (Getty)

A primeira grande competição com a seleção veio três depois do primeiro chamado e foi a Eurocopa de 1980, quando a Itália contava com um grande time: Zoff, Scirea, Tardelli, Franco Causio, Altobelli e Bettega. Porém, mesmo com ótimos jogadores e jogando em casa, a Squadra Azzurra acabou não se classificando à final e, na disputa do terceiro lugar, perdeu para a Tchecoslováquia nos pênaltis – Beppe converteu a terceira cobrança.

A grande decepção da carreira ocorreu em 1982, por ficar fora da Copa do Mundo. Na mesma entrevista já citada, Beppe afirma isso, mas reconhece que a culpa da ausência na lista de Enzo Bearzot para Mundial foi dele mesmo: “Antes da Copa eu me sentia forte, um pouco demais. Por isso, relaxei um pouco: ia dormir mais tarde, não estava atento à dieta e não treinava no meu 100%”.

Quatro anos depois, Beppe fez parte do elenco azzurro no Mundial do México. O defensor foi um dos 23 de Bearzot e, na primeira fase, veio do banco nas duas partidas em que participou. No jogo das quartas de final, contra a França de Platini, Baresi, já como volante (posição em que também passou a atuar no final da carreira), foi titular e tentou parar o craque francês. Ele não teve sucesso e a Itália acabou eliminada, com um gol do camisa dez dos Bleus.

Bearzot deixou a Nazionale após o Mundial e, com a chegada de Azeglio Vicini, Beppe Baresi nunca mais foi chamado à seleção italiana, totalizando 18 presenças com a camisa azul. Desta forma, aos 28 anos, o defensor pôde se dedicar apenas ao futebol de clubes nos últimos anos de carreira.

O segundo scudetto de sua trajetória futebolística chegou em 1988-89 e de forma impressionante, com 26 vitórias, seis empates e apenas duas derrotas em 34 jogos, com 67 gols marcados e 19 sofridos. A Inter contava com um esquadrão, sob o comando de Trapattoni e foi campeã com Zenga, Bergomi, Berti, Ramon Diáz, Aldo Serena e a dupla alemã, Brehme e Matthaus. Baresi era um dos líderes do grupo e, eventualmente, capitaneava a equipe.

No ano seguinte, a Inter receberia Klinsmann e venceria a Supercoppa italiana, contra a Sampdoria, de Cerezo, Roberto Mancini e Vialli. Em 1989-90, a Inter não venceu a Serie A e viu o Napoli, de Maradona, levantar o scudetto. O camisa dez argentino é descrito por Beppe com um dos adversários mais difíceis que encontrou na carreira. Para Baresi, o ano valeu pelo golaço anotado, na vitória por 7 a 2, contra a Atalanta.

Em 1991, mais um dos muitos confrontos entre os irmãos no Derby della Madonnina (Getty)

Baresi conseguiu mais uma conquista na trajetória nerazzurra, a primeira em âmbito europeu. A Copa Uefa de 1990-91 foi vencida com apenas duas derrotas na campanha. A final colocou outro clube italiano pela frente, a Roma, liderada pelo artilheiro da competição, Rudi Völler. A Beneamata não tomou conhecimento dos giallorossi e venceu as duas partidas, uma por 2 a 0 e a outra por 1 a 0. O veterano Baresi só participou, como reserva utilizado, do primeiro jogo.

Ao final da temporada de 1991-92, Baresi, sem espaço na Inter por causa da ascensão de Bergomi, seu herdeiro na posição e também como capitão, se despediu de Milão. Ao todo foram 559 partidas e 13 gols vestindo azul e preto. Baresi é o quinto jogador que mais vestiu a camisa da Inter em jogos oficiais, ficando atrás apenas de Zanetti, Bergomi, Facchetti e Sandro Mazzola. Baresi jogou duas temporadas na Serie B pelo Modena e, finalmente, pendurou as chuteiras aos 36 anos, na temporada 1993-94.

Três anos depois do final da carreira dentro de campo, Beppe Baresi reapareceu em Appiano Gentile para comandar o time sub-16 da Inter. Entre 2001-2008, comandou a equipe Primavera nerazzurra. Além de treinar as equipes, o ex-jogador foi diretor das categorias de base e participou ativamente daquilo que o site oficial da Inter chamou neste ano de, “categorias de base: um decênio de domínio interista”. Foram dois títulos do campeonato nacional da categoria, além de duas Coppa Italia e dois Torneios de Viareggio.

Com a chegada de Mourinho à Inter em 2008-09, Baresi foi promovido ao cargo de assistente técnico principal da equipe, atuando como vice-treinador. A função foi exercida até a última temporada na comissão técnica nerazzurra e, com as constantes mudanças de técnicos na Beneamata, a importância do ex-ídolo muda, pois muitos treinadores trazem um auxiliar próprio assim que são contratados. Hoje, Baresi continua a integrar o quadro de colaboradores técnicos de Mazzarri, mas não é mais o vice.

Giuseppe Baresi

Nascimento: 7 de fevereiro de 1958, em Travagliato, Itália
Posição: lateral/volante
Clubes como jogador: Inter (1971-92) e Modena (1992-94)
Títulos como jogador: Coppa Italia (1978 e 1982), Serie A (1980 e 1989), Supercopa Italiana (1989) e Copa Uefa (1991)
Seleção italiana: 17 jogos

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