A última rodada da fase de grupos da Champions League reuniu muitas emoções. Dois exemplos das mais fortes comoções tiveram a Juventus e a Atalanta como protagonistas. Enquanto a equipe de Allegri fez o dever de casa e alcançou a liderança de seu grupo graças a um gol do Zenit sobre o Chelsea, no final do jogo, a Atalanta seguiu com suas panes e deixou a classificação escapar diante do Villarreal, mesmo com muita bravura.
Juventus 1-0 Malmö
Em Turim, a Velha Senhora entrou em campo na quarta-feira (8) precisando vencer e dependendo de um tropeço do Chelsea para ficar com a primeira posição do grupo. O campeão europeu enfrentava o Zenit, já classificado para a Liga Europa, o que tornava um tropeço improvável. Mas, em um dia de bastante neve no norte da Itália, como num sonho natalino, os bianconeri fizeram seu dever de casa e foram agraciados por um presente vindo da Rússia.
Com algumas alterações na equipe, como as presenças de De Winter e Rugani entre os titulares, Massimiliano Allegri sabia que não precisava de tanto para cumprir a missão de vencer o Malmö no Allianz Stadium e, logo no início, essa premissa foi concretizada. Aos 18 minutos, Kean recebeu lindo cruzamento de três dedos de Bernardeschi e testou para o fundo do gol. Dali em diante, os italianos jogaram para o gasto. Com a partida controlada desde o início e sem muitas ameaças, a emoção final foi proveniente de um agente externo: o Zenit.
A primeira etapa seguia sob domínio bianconero, porém com um olho lá em São Petersburgo. Com a vantagem no placar, a equipe pouco forçava e produziu uma grande chance apenas nos acréscimos da primeira etapa. Arthur e Kean fizeram boa combinação e o brasileiro arrematou rente à trave esquerda de Diawara. Com o intervalo surgia uma grande notícia: o Zenit havia virado o jogo pra cima do Chelsea na Rússia. A combinação dos resultados colocava a Velha Senhora na liderança do Grupo H naquele momento.
Com essa situação, a volta para a segunda etapa foi mais enérgica. Allegri, inclusive, aproveitou para descansar Dybala e dar tempo de jogo para Morata. Com 20 minutos, o espanhol apareceu bem e criou grande chance para Kean ampliar o placar, mas o camisa 18 parou em boa defesa do goleiro do Malmö. Mantendo o ritmo, aos 70, Bernardeschi arriscou uma pancada de fora da área e colocou Diawara para trabalhar mais uma vez. No rebote, Kean isolou e desperdiçou outra ótima oportunidade.
Dez minutos depois, mais uma chance para Moise. Rabiot chutou de fora, Diawara soltou e o atacante bianconero perdeu mais uma cara a cara. Grande noite do goleiro malinês. A essa altura da partida, com o próprio técnico Jon Dahl Tomasson resignado com mais uma derrota dos suecos, todos os olhos estavam voltados para São Petersburgo, já que o Chelsea conseguira virar a partida com brilho de Werner. Já com o jogo encerrado em Turim, Ozdoev marcou um golaço, empatou para os russos e deu a liderança para a Juventus. No final das contas sobrou emoção.
Durante uma hora, a Atalanta foi trucidada pelo Villarreal e viu a vaga para as oitavas escapar (Getty)
Atalanta 2-3 Villarreal
Enquanto a neve deu uma trégua para a Juventus, atrapalhou a Atalanta. Por conta das condições climáticas em Bérgamo, a partida decisiva contra o Villarreal precisou ser adiada em um dia. A última vaga para as oitavas de final foi decidida nesta quinta-feira (9) e como é usual nos jogos da Dea, não faltou emoção – e gols, é claro. Porém, o desfecho foi amargo.
Com as presenças de Rafael Toloi e Hateboer na equipe inicial, algo que não vinha acontecendo na Champions League até então, a expectativa era de uma segurança maior no setor defensivo. Porém, essa projeção foi quebrada com apenas três minutos de bola rolando. Em erro de Demiral, Parejo colocou Danjuma para correr com campo aberto e o holandês apenas tirou de Musso para abrir o marcador.
Como de costume, os comandados de Gasperini não sentiram o primeiro gol e foram ao ataque. Aos 15, Freuler arriscou chute de fora e obrigou Rulli a fazer uma defesa sensacional. As tentativas de pressão e criação de chances já não eram das mais trabalhadas e esbarravam numa boa organização da equipe espanhola. Organização essa que resultou no segundo gol, ainda antes do intervalo. No minuto 42, Capoue recebeu de Moi Gómez dentro da área e bateu forte para ampliar.
Diante da situação de apenas conseguir a classificação com uma vitória, Gasperini agiu. Sacou Pessina e o errante Demiral para as entradas de Malinovskyi e Djimsiti. Mesmo assim, o momento se agravou. Com apenas seis minutos do segundo tempo, Gerard Moreno fez grande jogada pra cima de Palomino e cruzou para Danjuma marcar o terceiro do Villarreal. Nada dava certo para a Dea e isso se reforçou com algumas chances desperdiçadas em sequência. Primeiro, Malinovskyi acertou o travessão em cobrança de falta. Logo em seguida, Zapata acertou a trave de Rulli em jogada com Ilicic.
Depois de muito insistir, enfim o time nerazzurro conseguiu marcar um gol. No minuto 71, Hateboer cruzou da direita, a bola chegou a Maehle, que rolou para Malinovskyi diminuir. Ainda faltavam mais três tentos para alcançar a sonhada a classificação. Oito minutos depois, Ilicic achou linda enfiada para Zapata, que cavou bonito e enfim venceu Rulli. Com o 3 a 2, o Gewiss Stadium se tornou uma panela de pressão.
O roteiro parecia apontar para um feito histórico da Dea e isso quase se materializou aos 86 minutos. Muriel aproveitou rebote de cruzamento e soltou uma pancada na trave dos espanhóis. No rebote, Toloi não teve tempo de ajeitar o corpo e perdeu a chance com o gol aberto. Por fim, o destino foi cruel e nenhuma oportunidade voltou a aparecer. A Atalanta deixou a Champions de pé, embora tenha desperdiçado pontos importantíssimos nos dois jogos contra o Manchester United, líder do Grupo F, e Young Boys, o lanterna. Quem sabe uma aventura na Europa League possa se tornar digna de Oscar.
