Liga dos Campeões

Inter desperdiça chances e Liverpool vence no San Siro, pela Champions League

Depois de nove anos e 359 dias, a Inter voltou a disputar uma partida válida pelo mata-mata da Liga dos Campeões. No San Siro, quase 38 mil torcedores presenciaram uma grande partida de futebol, com bons momentos de ambos os lados. A peleja foi decidida nos detalhes e, para azar dos anfitriões, eles foram favoráveis aos visitantes, que venceram por 2 a 0.

Antes de a bola rolar, existiam algumas dúvidas para serem sanadas. Pelo lado da Inter, quem seria o escolhido para a vaga do suspenso Barella? Simone Inzaghi apostou na bola de segurança, na qualidade e na experiência de Vidal, deixando o inconstante Gagliardini no banco. Já no lado inglês, com Henderson voltando de lesão, quem seria o escolhido de Jürgen Klopp para formar o meio-campo com Thiago e Fabinho? Acabou sendo o jovem Elliott.

Logo nos primeiros minutos do jogo ficou claro que Inzaghi não iria se adaptar ao Liverpool e não tinha nenhum planejamento especial. A Inter buscou estabelecer sua forma de atuar e controlar a partida à sua maneira, subindo as linhas, pressionando a saída de bola adversária com Martínez e Dzeko e contando com Brozovic para fazer a pelota andar, quando tinha a posse.

O problema é que do outro lado havia uma equipe também acostumada a impor o seu jogo, com mais tempo de trabalho estabelecido e com muita qualidade técnica. Nesse contexto, o duelo foi se estabelecendo em troca de momentos de controle, com as duas formações precisando superar a pressão dos marcadores rivais e fazendo a bola circular até chegar ao campo ofensivo.

Pelo lado do Liverpool, foi muito importante o jovem Elliott, que se movimentava pelo campo da Inter para ser opção de passe e facilitava a vida de seus companheiros. As melhores chances do time do Klopp no primeiro tempo foram com Mané, que cabeceou para fora um bom cruzamento de Robertson e quase marcou um golaço de bicicleta após bate-rebate na grande área.

A Inter, por sua vez, teve em Brozovic seu reloginho habitual, contou com ótimas descidas de Perisic e viu Çalhanoglu realizar um grande primeiro tempo, sendo a peça responsável pelo passe mais qualificado. Aliás, foi com o turco que a equipe da casa criou sua melhor chance: ele recebeu do ala pela esquerda e arrematou uma bola que explodiu no travessão de Alisson.

Firmino entrou no segundo tempo e, numa escorada de cabeça, marcou na primeira finalização a gol do Liverpool (Getty)

Na volta do intervalo, Klopp trocou Diogo Jota por Firmino. O português acabou sendo dominado pela zaga da Inter e o treinador alemão apostou em seu jogador de confiança, que poderia fazer o time se conectar melhor em campo e abrir espaços para Mané e Salah. Não funcionou. A Beneamata voltou com tudo para a segunda etapa, empurrou o Liverpool para seu próprio campo e chegou muitas vezes em boas condições para marcar gols.

Apesar das chances que criou, a Inter pecou na tomada de decisão ou na execução necessária para as jogadas. Primeiro, Vidal recebeu em boa posição para chutar, mas não concluiu a gol; depois, Perisic teve liberdade para cruzar na cabeça de Lautaro e errou na força do passe. Na sequência, após ter um gol bem anulado por impedimento, Dzeko recebeu livre, com Alisson adiantado e tentou o passe para Dumfries, sendo bloqueado. O próprio holandês viria a a achar Vidal na marca do pênalti, mas o chileno tentou ajeitar para Martínez e a zaga afastou.

Entre os erros dos mandantes e a ótima partida da dupla de zaga formada por Konaté e Van Dijk, o Liverpool foi sobrevivendo. Klopp foi corajoso e fez três trocas de uma só vez, com Keïta, Díaz e Henderson entrando nas vagas de Elliott, Mané e Fabinho. Parecia um erro trocar Fabinho por Henderson, abrindo ainda mais espaço para a Inter atacar a entrada de sua área, mas deu certo. O capitão dos Reds foi tomando o jogo para si aos poucos, a Beneamata foi perdendo ritmo e o cenário mudou.

Inzaghi trocou Lautaro por Sánchez, mas antes que o chileno pudesse produzir algo de relevante, Robertson cobrou escanteio pelo lado direito e Firmino desviou para o fundo da rede, aos 75 minutos. No lance, o brasileiro se antecipou a Bastoni e ainda contou com a demora de reação de Handanovic, que não alcançou a bola colocada em seu contrapé. Com a vantagem no placar, as boas trocas de seu treinador e o cansaço da Inter, o Liverpool não soltou mais o jogo e o matou aos 83, depois que Salah aproveitou uma sobra para anotar o seu.

Foi uma vitória enorme do Liverpool, que confirmou seu favoritismo e colocou um pé nas quartas de final da Champions League. Para a Inter, resta focar na Serie A e nas semifinais da Coppa Italia até o jogo da volta, em Anfield, quando precisará de uma noite perfeita para reverter a vantagem dos ingleses. De qualquer forma, houve aspectos positivos na derrota. Para Inzaghi, foi a melhor atuação nerazzurra em 2021-22. Há espaço para discussão nesse sentido, mas é inegável que a partida serve como retrato da evolução de um clube que, há cinco temporadas, era eliminado na fase de grupos da Liga Europa pelo Hapoel Be’er Sheva.

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