Serie A

As revelações da Serie A 2021-22

A Serie A da temporada 2021-22 entregou emoções até o último suspiro e brigas fortes em todas as partes da tabela. Cenários de equilíbrio costumam fazer as equipes italianas optarem por soluções conservadoras e apostarem menos em jovens atletas, mas não foi isso o que ocorreu ao longo de todo o certame. Foi, novamente, um campeonato em que muitos garotos se consolidaram entre os profissionais ou que deram primeiros passos promissores.

Entre aqueles que se consolidaram, podemos citar o lateral-direito Pierre Kalulu (Milan), os laterais-esquerdos Destiny Udogie (Udinese) e Aaron Hickey (Bologna), o zagueiro Matteo Lovato (Cagliari), o meia Tommaso Pobega (Torino) e o atacante Gianluca Scamacca (Sassuolo), integrantes do nosso levantamento de 2020-21.

Além dessa turma, outros jogadores sub-23 que tinham rodado por divisões inferiores e ligas europeias de menor expressão, como os noruegueses Leo Ostigard (zagueiro do Genoa) e Emil Bohinen (meia da Salernitana), também deram consideráveis saltos de qualidade. Eles sequer integram a nossa lista atual, que conta com 35 nomes, contra 20 do ano anterior. Foram escolhidos atletas de 18 dos 20 times do campeonato e, curiosamente, apenas Milan e Inter, campeão e vice, não emplacaram nomes no levantamento. Confira os destaques.

Luca Gemello

Gemello, do Torino (Getty)

Idade: 21 anos (3 de julho de 2000)
Posição: goleiro
Jogos: 1 (91 minutos)
Clube: Torino

Único goleiro da lista, Gemello conseguiu uma oportunidade por causa da baixa confiabilidade que Vanja Milinkovic-Savic e Etrit Berisha ofereciam a Ivan Juric, técnico do Torino. Na ocasião, em plena 20ª rodada, o treinador não teve o gigante sérvio e preferiu deixar o albanês no banco para dar uma chance ao garoto de 1,90m, que agradou.

Na vitória por 4 a 0 sobre a Fiorentina, Luca mostrou bons atributos para iniciar o jogo com os pés e também deixou evidente a maturidade que adquiriu na prolífica base grená e em empréstimos a Fermana e Renate, da Serie C – neste segundo clube, inclusive, foi titular absoluto. Teve o contrato renovado e, caso não receba oportunidade na provável reformulação que o Toro fará na posição, o piemontês certamente será alvo de times da segundona.

Raoul Bellanova

Bellanova, do Cagliari (Getty)

Idade: 22 anos (17 de maio de 2000)
Posição: lateral-direito
Jogos: 31 (2.667 minutos)
Clube: Cagliari

Figurinha carimbada das seleções de base da Itália e comparado a Gianluca Zambrotta, Bellanova precisou esperar algum tempo para desabrochar. Após 13 anos nos juvenis do Milan, Raoul era tido como futuro do clube, mas preferiu não renovar o seu contrato antes mesmo de estrear profissionalmente pois julgava que teria pouco espaço no gigante. Acabou passando anônimo por Bordeaux e Atalanta antes de ter muitas dificuldades no Pescara, rebaixado para a Serie C em 2021. Assim, a oportunidade no Cagliari, por empréstimo junto aos franceses, representava a possibilidade de redenção. E embora tenha amargado outro descenso, o lombardo foi um dos que se salvaram na pífia campanha rossoblù, a ponto de ganhar convocação para um estágio de treinos da Nazionale.

Bellanova começou a temporada como reserva do também talentoso Gabriele Zappa, presente no nosso levantamento anterior, e ganhou a posição durante a gestão de Walter Mazzarri. Alto, veloz, com muita potência física e capacidade de chegar à linha de fundo com facilidade, Raoul foi um dos principais vetores ofensivos do Cagliari: criou 32 chances de gol, ocupando o segundo posto do time no quesito, e ainda contribuiu com um tento e uma assistência nas vitórias sobre Torino e Atalanta, respectivamente. Valorizado, dificilmente permanece na Sardenha ou retorna ao Bordeaux, rebaixado para a Ligue 2.

Alessandro Zanoli

Zanoli, do Napoli (Getty)

Idade: 21 anos (3 de outubro de 2000)
Posição: lateral-direito
Jogos: 12 (511 minutos)
Clube: Napoli

A presença de Zanoli nessa lista é quase um milagre, visto que o Napoli revela pouquíssimo – por puro desprezo de Aurelio De Laurentiis, seu proprietário, que insiste em não aproveitar o rico material humano da Campânia para formar ídolos caseiros. Alessandro, a propósito, é um exemplo disso: chegou ao clube azzurro apenas com 18 anos, proveniente do Carpi, time do norte do país.

O defensor emiliano demorou a ser promovido das categorias de base e só estreou profissionalmente aos 20 anos, emprestado ao Legnago, da terceirona. No retorno a Nápoles, agradou ao técnico Luciano Spalletti, que tinha apenas o inconstante Kévin Malcuit como opção a Giovanni Di Lorenzo na lateral direita, e permaneceu no elenco. Zanoli foi pouco utilizado na maior parte da campanha, mas ganhou espaço devido a lesões no setor e brilhou de forma categórica numa vitória por 3 a 1 contra a Atalanta, mostrando personalidade em sua estreia como titular e sendo muito participativo no ataque. Dali em diante, recebeu mais minutos e terminou a temporada convocado para um período de treinos com a seleção principal italiana.

Nadir Zortea

Zortea, da Salernitana (Getty)

Idade: 22 anos (19 de junho de 1999)
Posição: lateral-direito e lateral-esquerdo
Jogos: 29 (1.541 minutos)
Clube: Salernitana

A Atalanta tem tradição de formar e/ou potencializar bons laterais e Zortea é mais um que pertence a esta linhagem. O ofensivo jogador vêneto, que também pode atuar como ala e ponta pelos dois lados do campo, chegou à Salernitana após ser campeão italiano sub-19 pela Dea, em 2019, e ter dois anos consistentes com a camisa da Cremonese, na Serie B. Estreando na elite, foi peça importante na arrancada dos grenás no segundo turno.

Inicialmente, Zortea revezou com o tunisiano Wajdi Kechrida na lateral direita da equipe de Salerno, e com a chegada de Pasquale Mazzocchi para o setor, no mercado de inverno, passou a ser utilizado mais frequentemente no lado oposto, em dobradinha com o italiano no 3-5-2 de Davide Nicola. Veloz, propositivo e hábil em ultrapassagens, Nadir contribuiu com um gol e duas assistências, entrando no radar de Roberto Mancini para o próximo ciclo da seleção.

Giorgio Scalvini

Scalvini, da Atalanta (Getty)

Idade: 18 anos (11 de dezembro de 2003)
Posição: zagueiro
Jogos: 18 (818 minutos)
Clube: Atalanta

Como a Atalanta não costuma ter pudor de lançar jovens jogadores, não foi tão surpreendente ver um zagueiro atuar na Serie A ainda com 17 anos. Scalvini estreou na elite antes de completar a maioridade, mas ganhou mais minutagem em momentos de emergência – a partir da lesão de Rafael Toloi e da indisponibilidade de outros atletas, o que lhe levou até a ser improvisado como volante e lateral-direito. O garoto não sentiu o peso da responsabilidade e chegou até a marcar um gol contra o Verona.

Scalvini é um defensor alto e magro, de porte físico similar ao de Bastoni, também revelado pela agremiação de Bérgamo. No entanto, apesar de compartilhar com o interista algumas características corporais e de técnica de jogo, como a boa capacidade de articulação e eficácia nos passes, Giorgio é destro. Titular da seleção italiana sub-19, o lombardo já foi convocado para a equipe sub-21 do país e também para a Squadra Azzurra.

Radu Dragusin

Dragusin, da Salernitana (Getty)

Idade: 20 anos (3 de fevereiro de 2002)
Posição: zagueiro e lateral-direito
Jogos: 20 (1.204 minutos)
Clubes: Sampdoria e Salernitana

Apesar de ainda ser bastante jovem, Dragusin já vestiu a camisa de três clubes na Serie A. O romeno chegou às categorias de base da Juventus aos 16 anos e, depois de concluir a sua formação e atuar pela equipe sub-23 dos bianconeri, na terceirona, recebeu pouquíssimos minutos no Campeonato Italiano de 2020-21 – na Coppa Italia, fez duas partidas completas. Na temporada seguinte, foi emprestado para ganhar rodagem e mostrou seu futebol robusto, de forte marcação, por Sampdoria e Salernitana.

Em Gênova, o romeno foi utilizado mais frequentemente como um lateral-direito de características defensivas, no intuito de dar cobertura a Antonio Candreva no 4-4-2 proposto por Roberto D’Aversa. A mudança no comando da Sampdoria, com a chegada de Marco Giampaolo, concomitantemente ao interesse da Salernitana, levou Dragusin ao sul da Itália e ao centro da defesa de Stefano Colantuono. Radu pousou na Campânia com status de titular, mas perdeu espaço com a saída do treinador da equipe grená e foi relegado ao banco por Nicola, que optou por nomes mais experientes para o setor. Mesmo assim, o beque pode estrear pela seleção principal da Romênia ao longo da temporada.

Giorgio Altare

Altare, do Cagliari (Getty)

Idade: 23 anos (9 de agosto de 1998)
Posição: zagueiro
Jogos: 19 (1.595 minutos)
Clube: Cagliari

“Veterano” da lista e prestes a completar 24 anos, Altare é cria da base do Milan, onde jogou com Pobega e Patrick Cutrone. Zagueiro clássico, o bergamasco ainda passou pelo setor juvenil do Genoa e por clubes das divisões inferiores antes de parar na Sardenha e se projetar pelo Olbia, participante da terceirona italiana e satélite do Cagliari. No grande time da região, o beque seria aproveitado após os uruguaios Diego Godín e Martín Cáceres rescindirem seus contratos com os rossoblù.

No primeiro turno, Altare disputou apenas oito minutos nada felizes: com pouco tempo em campo, não conseguiu evitar que o Venezia marcasse e arrancasse um empate no Unipol Domus. Depois, com continuidade, passou a formar trio interessante com Lovato e Andrea Carboni, mostrando bons atributos físicos e muita imposição pelo alto – característica que lhe levou a anotar um gol importante contra a Salernitana. De contrato renovado, tende a ser um dos líderes na tentativa de retorno do Cagliari à elite.

Adam Obert

Obert, do Cagliari (Getty)

Idade: 19 anos (23 de agosto de 2002)
Posição: zagueiro
Jogos: 6 (296 minutos)
Clube: Cagliari

Obert é um dos mais jovens da nossa lista e ainda está realizando a transição entre os juvenis e o profissional – inclusive, jogou mais pelo Campeonato Primavera, o sub-19 italiano, do que pela Serie A. No entanto, o eslovaco deixou impressão positiva nas oportunidades que recebeu, mostrando qualidade na fase de posse de bola, como construtor de jogadas. Canhoto e capaz de atuar também como lateral ou ala, o zagueiro tem um perfil bastante procurado no mercado e, por isso, o Cagliari fez questão de renovar o seu contrato até 2026.

Adam chegou ao futebol italiano aos 16 anos, oriundo do Brno, e concluiu a sua formação na Sampdoria, equipe pela qual atingiu as semifinais do Campeonato Primavera, em 2021. Apesar das comparações com o compatriota Milan Skriniar, que também vestiu a camisa blucerchiata, tem menos imposição física e é mais técnico do que o defensor da Inter. Por emular Alessandro Bastoni, é tido como provável peça complementar ao nerazzurro na seleção da Eslováquia.

Jakub Kiwior

Kiwior, do Spezia (Getty)

Idade: 22 anos (15 de fevereiro de 2000)
Posição: zagueiro e volante
Jogos: 22 (2.120 minutos)
Clube: Spezia

Um dos segredos para a permanência do Spezia na elite, mesmo com um dos elencos mais baratos do campeonato, é o bom trabalho de prospecção de jovens atletas. Em 2021-22, foi a vez de o versátil Kiwior brilhar, adaptado a uma nova função. O polonês se formou como zagueiro na frutífera base do Anderlecht, e assim continuou a atuar no Zeleziarne Podbrezova e no Zilina, da Eslováquia, quebrando um galho como lateral-esquerdo em algumas ocasiões. Apesar de ter sido eleito como defensor para a seleção do ano da liga eslovaca, Jakub desabrochou como volante na Serie A.

Riccardo Peccini, executivo de futebol do Spezia, mirava um novo Skriniar. Como coordenador dos olheiros da Sampdoria, o diretor tivera sucesso na empreitada de tirar o eslovaco do Zilina e levá-lo para a equipe blucerchiata. Kiwior, titular da seleção sub-21 polonesa e zagueiro duro, de forte marcação, era a sua nova aposta. Thiago Motta, contudo, mudou os planos: até fez Jakub estrear em sua posição de origem, na 15ª rodada da Serie A, mas depois disso só o utilizou como volante, já que pretendia oferecer maior cobertura para sua dupla de beques. Incansável, o garoto se tornou um dos cinco atletas com maior média de quilômetros percorridos por jogo no certame e ajudou a média de gols sofridos pelos bianconeri cair de 1,75 tento por peleja para 1,61. A proporção chegou a ser inferior a 1 por partida logo após a experiência feita pelo técnico ítalo-brasileiro e só aumentou quando os spezzini se distanciaram da zona de descenso.

Arthur Theate

Theate, do Bologna (Getty)

Idade: 22 anos (25 de maio de 2000)
Posição: zagueiro
Jogos: 31 (2.586 minutos)
Clube: Bologna

A Bélgica continua a produzir grandes talentos e o que aportou mais recentemente à Itália foi o canhoto Theate. Figurinha carimbada nas seleções juvenis belgas, o zagueiro dividiu a sua formação entre as bases de Genk e Standard Liège, mas foi estrear profissionalmente no Oostende, então treinado por Alexander Blessin, atual técnico do Genoa. Após ajudar os kustboys a faturarem a quinta posição da liga de seu país, o defensor foi adquirido pelo Bologna e se tornou um dos pilares do time emiliano.

Theate começou a sua trajetória na Itália com um gol marcado na derrota de seu time por 6 a 1 para a Inter e outro duas rodadas depois, no triunfo sobre a Lazio. A contribuição na fase ofensiva é um forte de seu futebol, já que o belga tem bastante técnica e velocidade, sendo capaz de avançar como um lateral-esquerdo para articular jogadas, mas Arthur também ofereceu auxílio luxuoso para a retaguarda bolonhesa. Titular no setor canhoto da zaga dos felsinei, ajudou o Bologna de Sinisa Mihajlovic a sofrer 10 tentos a menos do que nas duas temporadas anteriores. Destaque por sua regularidade, o jogador de 22 anos já estreou pela Bélgica e ainda sonha em disputar a Copa do Mundo de 2022 pelos Diabos Vermelhos.

Mattia Viti

Viti, do Empoli (Getty)

Idade: 20 anos (24 de janeiro de 2002)
Posição: zagueiro
Jogos: 20 (1.600 minutos)
Clube: Empoli

O Empoli é um clube pequeno, mas tem um setor juvenil de dar inveja a muito time grande. Com uma das maiores capacidades formativas da Itália e da Europa, a equipe azzurra faturou o Campeonato Primavera em 2020-21 e emplacou dois jogadores da geração vitoriosa no nosso levantamento. Um deles foi Viti, que atuou pouco na campanha do título sub-19 porque já estava integrado ao elenco profissional toscano.

Mais um zagueiro canhoto da lista, Viti também é comparado a Bastoni por conta de seu pé preferido e por sua capacidade de iniciar as jogadas. Discreto, o defensor se destacou pelo bom posicionamento, característica que lhe permite se antecipar aos adversários e desarmá-los com destreza, além de cometer poucas faltas. O toscano tem passagens por quase todos os níveis de seleções de base da Itália e um futuro na equipe adulta, já que ganhou espaço na sessão de treinamentos convocada por Mancini.

Fabiano Parisi

Parisi, do Empoli (Getty)

Idade: 21 anos (9 de novembro de 2000)
Posição: lateral-esquerdo
Jogos: 25 (1.587 minutos)
Clube: Empoli

Além de saber produzir ótimos pratas da casa, o Empoli costuma observar o mercado de jovens jogadores com olhos de lince. Parisi foi revelado pelo Benevento e se destacou como titular nas séries D e C pelo Avellino, sendo campeão da quarta categoria pelos irpini. O lateral rumou à Toscana em 2020 e, amadurecido pelo técnico Alessio Dionisi, deu sua contribuição para o título azzurro na segundona, participando com duas assistências, um gol e muitas atuações regulares.

A ascensão de Parisi se completaria na elite, já sob o comando de Aurelio Andreazzoli. Incansável pelo flanco esquerdo, foi válvula de escape do Empoli durante toda a temporada, oferecendo volume de jogo para Andrea Pinamonti e criando chances de gol a partir de cruzamentos bem elaborados. Membro da seleção sub-21 da Itália e no radar de Mancini, Fabiano também atraiu o interesse de Lazio e Napoli, que podem disputar sua contratação no verão europeu.

Liberato Cacace

Cacace, do Empoli (Getty)

Idade: 21 anos (27 de setembro de 2000)
Posição: lateral-esquerdo
Jogos: 10 (506 minutos)
Clube: Empoli

Apesar da origem italiana, Cacace se tornou o primeiro jogador neozelandês da história da Serie A ao aportar no Empoli em janeiro, contratado junto ao Sint-Truiden. O lateral-esquerdo foi adquirido para oferecer uma alternativa a Parisi, já que Riccardo Marchizza se lesionou. Nessa função, apesar de ter sido utilizado apenas no pior momento dos azzurri no campeonato, mostrou qualidade.

Assim como seu colega de posição, o lateral, que integra a seleção principal da Nova Zelândia, já tinha um histórico nos profissionais antes de ter boas atuações no Empoli – foi titular do Wellington Phoenix e do Sint-Truiden. Nessas passagens, mostrou técnica e precisão nos passes, contribuindo de forma especial para a fase ofensiva, o que repetiu em menor grau no futebol italiano. Cacace tem margem de melhoramento e deve evoluir ao longo da próxima temporada, principalmente se as movimentações de mercado lhe renderem espaço entre os titulares.

Andrea Cambiaso

Cambiaso, do Genoa (Getty)

Idade: 22 anos (20 de fevereiro de 2000)
Posição: lateral-esquerdo
Jogos: 26 (1.904 minutos)
Clube: Genoa

Dono de um sobrenome tipicamente genovês, Cambiaso é uma das grandes joias que o Genoa tem para buscar se reconstruir na categoria inferior – ou através de seu talento ou do que arrecadará com uma boa venda. Formado no setor juvenil rossoblù, Andrea estreou na Serie A nessa temporada, após rodar a Itália por empréstimo. Entre 2017 e 2021, ele jogou a quarta divisão por Albissola e Savona, a terceira pelo Alessandria e a segunda pelo Empoli.

Em suas primeiras oportunidades na elite, o garoto ambidestro teve ótimos momentos tanto na lateral e na ala esquerda quanto na faixa oposta do gramado. Muito ativo pelos flancos, chegando à linha de fundo para efetuar cruzamentos ou concluir jogadas, Cambiaso foi o maior garçom do Genoa na temporada, com quatro assistências, e ainda marcou um belo gol contra o Napoli. O lígure foi bastante utilizado na campanha dos rossoblù, sendo um de seus destaques individuais, mas uma lesão no joelho lhe deixou de fora do esforço final de salvação do time. Convocado para a seleção sub-21 e para uma sessão de treinos da Squadra Azzurra, é um dos nomes que estão no radar de Inter e Juventus.

Nicola Zalewski

Zalewski, da Roma (Getty)

Idade: 20 anos (23 de janeiro de 2002)
Posição: meio-campista
Jogos: 16 (853 minutos)
Clube: Roma

Quando José Mourinho percebeu que muitas peças do elenco da Roma não eram confiáveis, ele não teve dúvidas: recorreu à base da agremiação, historicamente frutífera, e deu chances a vários garotos. A sua principal aposta foi aquela feita em Zalewski, um meio-campista dinâmico, que passou a ser utilizado como preferência na ala esquerda do 3-4-2-1 do português. O ítalo-polonês chegou até a atuar por alguns minutos no flanco oposto, depois do retorno de Leonardo Spinazzola ao time.

Nascido na Itália, mas filho de poloneses, Zalewski ingressou no setor juvenil da Roma em 2011, graças ao ídolo Bruno Conti. Sua estreia no time principal ocorreu ainda na gestão de Paulo Fonseca, mas foi Mourinho que deu um novo sentido a sua carreira, experimentando-o como um ala esquerdo de muita explosão e imposição física. Habilidoso e dono de boa visão de jogo, Nicola potencializou o flanco canhoto giallorosso e ainda contribuiu com duas assistências na vitoriosa campanha romanista na Conference League – nas quartas, contra o Bodo/Glimt, e nas semifinais, contra o Leicester. Já convocado para a seleção polonesa, pode ser uma arma dos alvirrubros na Copa do Mundo de 2022.

Edoardo Bove

Bove, da Roma (Getty)

Idade: 20 anos (16 de maio de 2002)
Posição: meio-campista
Jogos: 11 (93 minutos)
Clube: Roma

Natural de Roma, o versátil Bove está no time capitolino desde 2012, quando foi selecionado numa peneira supervisionada por Bruno Conti. Meia central de origem, mas capaz também de fazer tanto a função de volante quanto a de trequartista, o garoto foi um dos achados de Mourinho ao longo da atual temporada. Entrou quase sempre no final das partidas (o seu único jogo como titular ocorreu contra o CSKA Sofia, pela Liga Conferência), mas mostrou qualidade e até marcou um gol.

No Olímpico, a Roma perdia por 2 a 0 para o Verona quando Mourinho lançou jovens em busca do empate. Um deles (listado mais abaixo) diminuiu e Bove empatou a peleja num lance de qualidade. O meio-campista pegou a sobra do escanteio e percebeu um espaço improvável para finalizar, estufando as redes do Hellas. Com personalidade e inteligência, o garoto avançou da seleção sub-20 para a sub-21 e deve ganhar mais minutos entre os adultos na próxima temporada.

Tanner Tessmann

Tessmann, do Venezia (AFP/Getty)

Idade: 20 anos (24 de setembro de 2001)
Posição: volante
Jogos: 20 (750 minutos)
Clube: Venezia

Quando foi contratado pelo Venezia, o jovem Tessmann já havia sido testado numa partida pela seleção dos Estados Unidos, o que revelava o seu potencial. Depois de trocar o Dallas pelo futebol europeu, o volante oscilou junto com todo o time arancioneroverde, lanterna da Serie A. Por outro lado, mostrou margem de evolução, principalmente como iniciador de jogadas.

Alto e forte fisicamente, Tessmann deveria se destacar principalmente como ladrão de bolas e marcador, mas teve melhores momentos na articulação, colaborando em linhas de passes. Ao longo do ano, fez seis partidas como titular no Italiano, entrando em campo noutras 14. Será um dos jogadores que farão parte da reconstrução do Venezia, já que deve ganhar uma posição no onze inicial com a saída de seu compatriota, citado abaixo.

Gianluca Busio

Busio, do Venezia (Iguana Press/Getty)

Idade: 19 anos (28 de maio de 2002)
Posição: meio-campista
Jogos: 29 (2.069 minutos)
Clube: Venezia

Assim como Tessmann, Busio chegou ao Venezia após ser experimentado na seleção norte-americana, com a qual disputou a Copa Ouro. De origem italiana, o meio-campista central foi adquirido para ser a cara do time arancioneroverde, que tem gestão ianque, na América do Norte. Os leões alados venceram a concorrência de Barcelona e Feyenoord e pagaram 6 milhões de euros ao Kansas City para transformá-lo na maior aquisição de sua história.

Busio não decepcionou e foi um dos grandes destaques do Venezia ao longo da Serie A, sendo ainda um dos melhores jovens meias da competição – em que pese o rebaixamento dos vênetos. Ambidestro, ladrão de bolas, eficaz na construção do jogo e também capaz de arrematar com precisão, o norte-americano se distinguiu pela regularidade, mas ainda criou 16 ocasiões de gol, anotou um tento e forneceu uma assistência. Dificilmente permanecerá para a disputa da segundona, devido ao vultoso investimento feito pela agremiação.

Samuele Ricci

Ricci, do Torino (Getty)

Idade: 20 anos (21 de agosto de 2001)
Posição: meio-campista
Jogos: 33 (2.404 minutos)
Clubes: Empoli e Torino

“Veterano” de apenas 20 anos, Ricci mal sabe o que é esquentar banco de reservas desde que se profissionalizou, em 2019. O meia se tornou titular do Empoli aos 18 e, antes de de chegar à máxima divisão italiana, teve duas boas temporadas com os azzurri na Serie B – nas quais alcançou, primeiro, os playoffs de acesso à elite e, depois, o título. Na primeira categoria, foi figura indispensável do ótimo meio-campo dos toscanos, sendo um dos pilares da campanha que deixou o time na nona posição da tabela na altura da pausa de inverno.

Ricci, que pode atuar como regista ou como um meia que trabalha de área a área, entrou na mira do Torino e, em janeiro de 2022, mudou de ares. Seria uma contratação certeira dos grenás, já que tem um estilo que se encaixa perfeitamente na filosofia de trabalho de Juric – é dinâmico e tem ótima visão de jogo para encontrar passes em profundidade. Além de já ter se tornado titular no Piemonte, Samuele também é peça indispensável à seleção sub-21 de Paolo Nicolato e ganhou chances com Mancini na Nazionale adulta.

Davide Frattesi

Frattesi, do Sassuolo (Getty)

Idade: 22 anos (22 de setembro de 1999)
Posição: meio-campista
Jogos: 36 (2.974 minutos)
Clube: Sassuolo

A estreia de Frattesi no futebol italiano era muito aguardada por todos aqueles que conheciam o enorme potencial do meio-campista. Com passagens pelos setores juvenis de Lazio e Roma, o jogador foi adquirido por 5 milhões de euros pelo Sassuolo, onde concluiu sua formação, e teve três temporadas sólidas na Serie B, emprestado a Ascoli, Empoli e Monza. Fundamental nas seleções de base italianas, foi vice-campeão europeu sub-19 e semifinalista do Mundial da mesma categoria.

Com esse currículo, era de se esperar que Frattesi fosse um jogador importante no time do Sassuolo e ele não decepcionou. Se tornou titular absoluto da equipe neroverde, contribuindo com maestria em ambas as fases do jogo, e terminou a temporada com quatro gols e três assistências. Extremamente dinâmico, é considerado herdeiro legítimo de Nicolò Barella – inclusive por diretores da Inter, que monitoram a sua situação contratual. Já convocado para a seleção italiana, o romano deve estrear pela Nazionale na data Fifa de junho.

Kristjan Asllani

Asllani, do Empoli (Getty)

Idade: 20 anos (9 de março de 2002)
Posição: meio-campista
Jogos: 23 (1.466 minutos)
Clube: Empoli

Sem dúvidas, Asllani foi um dos talentos mais fulgurantes que surgiram nesta Serie A – não à toa, já defende a seleção principal da Albânia e despertou o interesse de Napoli, Milan e, principalmente, da Inter, que lhe identifica como alternativa a Marcelo Brozovic. Com cerca de apenas um ano como profissional, o meia dita o jogo como um veterano e ainda chega bem à área rival para finalizar. Foi assim que, justamente sobre a equipe de Simone Inzaghi, anotou o seu primeiro gol entre os grandes.

Kristjan nasceu na Albânia, mas seus pais o levaram para a Itália quando ainda tinha 2 anos. A família se instalou na Toscana e, aos 10, o garoto entrou nas categorias de base do Empoli – ou seja, é uma das crias mais fieis ao clube. Meia ofensivo de origem, Asllani foi recuado para a função de regista, assim como ocorreu com outros jogadores capazes de orquestrarem um time, como Andrea Pirlo. Na nova posição, se destacou ainda por sua condição atlética: foi um dos 10 atletas com maior média de quilômetros percorridos por jogo na última Serie A.

Morten Frendrup

Frendrup, do Genoa (Getty)

Idade: 21 anos (7 de abril de 2001)
Posição: meio-campista
Jogos: 10 (743 minutos)
Clube: Genoa

Depois de duas temporadas e meia como peça importante do tradicional Brondby, da Dinamarca, Frendrup chegou à Itália para ajudar o Genoa, em janeiro, já como um calejado jogador das seleções de base de seu país. Salvar os rossoblù do rebaixamento era complicado, mas o escandinavo conseguiu se tornar titular do time de Blessin e entregar atuações regulares em todos os setores em que foi escalado – como volante e ala pelos dois flancos.

Na Serie A, o dinamarquês se destacou pela eficiência em roubadas de bola, sendo importante para o trabalho de marcação pressão que o Genoa tentou executar na maior parte do segundo turno. Sua rápida adaptação ao futebol italiano foi um fator que deu sobrevida ao Vecchio Balordo no campeonato e permitiu que a torcida dos grifoni tivesse a esperança de sua transformação em pilar do time.

Fabio Miretti

Miretti, da Juventus (AFP/Getty)

Idade: 18 anos (3 de agosto de 2003)
Posição: meio-campista
Jogos: 6 (345 minutos)
Clube: Juventus

Comparado a Claudio Marchisio, por sua longa trajetória nas categorias de base da Juventus e pela capacidade de pensar o jogo e concluir a gol, Miretti foi uma das gratas surpresas da reta final da Serie A. O meio-campista vinha fazendo um bom trabalho na equipe sub-23 bianconera, que atua na terceira divisão, e havia recebido pouquíssimos minutos de Massimiliano Allegri no time de cima, apesar das dificuldades vividas pela Velha Senhora no setor central do gramado.

Isso mudou nas quatro últimas rodadas, nas quais o garoto assumiu um lugar no onze inicial: Miretti participou dos dois gols da vitória da Juventus sobre o Venezia e ainda entregou prestações convincentes nas partidas subsequentes. Com muita personalidade, o titular da seleção sub-19 italiana conquistou a torcida, que se animou com a possibilidade de ver mais pratas da casa – de coração bianconero – tirando o espaço de jogadores questionáveis que recebem salários exorbitantes.

Youssef Maleh

Maleh, da Fiorentina (Getty)

Idade: 23 anos (22 de agosto de 1998)
Posição: meio-campista
Jogos: 28 (1.107 minutos)
Clube: Fiorentina

A estreia de Maleh na Serie A era esperada desde janeiro de 2021, quando ele foi contratado pela Fiorentina e mantido por empréstimo no Venezia. Criado no bom setor juvenil do Cesena, o meio-campista de dotes ofensivos já havia se destacado na terceirona pelo Ravenna e na própria segunda categoria pelo time do Vêneto, que ajudou a levar à elite.

Em sua primeira chance na primeira divisão, Maleh foi bastante utilizado pelo técnico Vincenzo Italiano – principalmente como arma de segundo tempo. Dessa forma, contribuiu com qualidade no passe e na capacidade de ditar o ritmo do jogo, além de criar 14 chances de gol, anotar dois tentos e fornecer três assistências. Youssef, aliás, teve participação decisiva em pelejas importantes, como o Dérbi dos Apeninos, contra o Bologna, e o duelo com o Napoli. Filho de marroquinos radicados há décadas na Itália, o meia até chegou a representar os azzurrini no nível sub-21, mas optou por defender Marrocos profissionalmente.

Matteo Cancellieri

Cancellieri, do Verona (Getty)

Idade: 20 anos (12 de fevereiro de 2002)
Posição: ponta
Jogos: 12 (274 minutos)
Clube: Verona

Cria da excelente base da Roma, Cancellieri reforçou o setor juvenil do Verona em 2020. Durante a conclusão de sua formação no Vêneto, continuou a ser um ponta extremamente prolífico: foram 17 gols marcados e oito assistências fornecidas em 23 partidas pelo time Primavera gialloblù ao longo de 2020-21. Tais números lhe possibilitaram ser o artilheiro da segunda divisão da categoria.

Com esse ótimo desempenho, o canhoto – que joga em ambos os flancos – subiu para o time profissional no início dessa temporada e deixou impressão positiva nos poucos minutos em que esteve em campo: o insinuante Matteo marcou um lindo gol no empate entre Verona e Empoli pela Serie A e também balançou as redes contra os azzurri pela Coppa Italia. As boas atuações lhe fizeram se tornar titular da seleção sub-21 e até ser convocado para a Nazionale adulta. Nasce uma estrela?

Luka Romero

Romero, da Lazio (Getty)

Idade: 17 anos (18 de novembro de 2004)
Posição: ponta-direita
Jogos: 8 (103 minutos)
Clube: Lazio

Clássico talento argentino que alia velocidade, técnica e explosão, o baixinho Romero já dá o que falar desde os tempos de Mallorca, quando se tornou o mais jovem jogador a estrear por La Liga, com 15 anos e 219 dias. O ponta de apenas 1,65m também já foi convocado para a seleção principal albiceleste, embora ainda não tenha estreado por ela. Nascido no México e com passaporte espanhol, Luka também é elegível para atuar pelas equipes nacionais desses países.

Por considerar Felipe Anderson como titular absoluto, Maurizio Sarri concedeu pouquíssimo espaço para Romero em 2021-22: o jogo em que ele ficou mais minutos em campo (29) foi o clássico contra a Roma, perdido por 3 a 0. Nas raras oportunidades recebidas na Cidade Eterna, o argentino mostrou sua habilidade, mas também deixou claro que precisará passar por um trabalho de fortalecimento muscular para aguentar o ritmo intenso do futebol italiano. Como ainda é muito novo, o tempo é seu aliado.

Raúl Moro

Moro, da Lazio (Getty)

Idade: 19 anos (5 de dezembro de 2002)
Posição: ponta-esquerda
Jogos: 11 (230 minutos)
Clube: Lazio

Sem dúvidas, a utilização do espanhol Moro por parte de Sarri foi uma das surpresas da campanha laziale. O ponta, que passou pelos setores juvenis de Espanyol e Barcelona, chegou à Lazio em 2019, mas só atuou em duas partidas sob as ordens de Simone Inzaghi. Na atual temporada, foi agregado ao time principal, ao invés de ser emprestado, e teve um impacto interessante na Serie A: em apenas 230 minutos em campo, criou seis ocasiões de gol e forneceu uma assistência. Além disso, Raúl somou mais sete aparições, distribuídas entre Liga Europa e Coppa Italia.

A maior utilização do garoto, que foi reserva de Pedro e Mattia Zaccagni ao longo da temporada, fez com que a Federação Espanhola de futebol voltasse a considerá-lo. Moro não era convocado para as seleções de base desde 2020, mas, no fim do ano passado, recebeu a chance de estrear na equipe sub-21 da Fúria. Visando que o ponta tenha mais minutagem e possa evoluir na carreira, a diretoria celeste tende a emprestá-lo em 2022-23.

Lazar Samardzic

Samardzic, da Udinese (Getty)

Idade: 20 anos (24 de fevereiro de 2002)
Posição: meia-atacante
Jogos: 22 (582 minutos)
Clube: Udinese

Chama a atenção que um jogador tão impactante quanto Samardzic tenha sido descartado tão facilmente por um clube do sistema Red Bull – no caso, o Leipzig. O criativo alemão de origem sérvia foi revelado pelo Hertha Berlim e passou rapidamente pelos touros vermelhos, com apenas nove partidas realizadas. Na Udinese, o meia-atacante deu mostras de que pode vir a ser mais um negócio extremamente lucrativo para os friulanos.

Habilidoso e dono de um futebol muito vertical, com visão de jogo apurada, Samardzic criou 19 ocasiões de gol ao longo de 2021-22 – média de uma a cada 30 minutos e meio. Nesta temporada, o atleta da seleção sub-20 alemã contribuiu com duas bolas nas redes e duas assistências, sempre sendo capaz de fazer a equipe pontuar: seus tentos ajudaram os bianconeri a vencerem Spezia e Empoli, enquanto os passes ocorreram num triunfo ante o Venezia e em empate contra a Atalanta.

Cristian Volpato

Volpato, da Roma (AFP/Getty)

Idade: 18 anos (15 de novembro de 2003)
Posição: meia-atacante
Jogos: 3 (48 minutos)
Clube: Roma

A herança de Francesco Totti na Roma não pode ser reclamada por qualquer um. Dando os primeiros passos para ser membro da linhagem, Volpato é o camisa 10 da equipe sub-19 giallorossa e já mostrou grande potencial em sua primeira temporada com chances no Campeonato Primavera, ajudando seu time a chegar à final da categoria com 11 gols e quatro assistências em 28 partidas. Também causou impacto entre os profissionais: com um chute seco de pé esquerdo, que terminou nas redes, foi um dos artífices da reação romanista no 2 a 2 contra o Verona.

Meia-atacante canhoto, Volpato gosta de atuar como um autêntico 10 ou na ponta direita, cortando para o centro no intuito de finalizar a gol. Aos 18 anos, já estreou pela seleção sub-20 italiana, mas também pode ser cobiçado por outra federação: nascido na Austrália, tem dupla cidadania. A próxima temporada deve ser de afirmação para o jogador, que deve ganhar mais minutos como profissional – provavelmente emprestado a outro clube.

Demba Seck

Seck, do Torino (Getty)

Idade: 21 anos (10 de fevereiro de 2001)
Posição: ponta-direita
Jogos: 6 (170 minutos)
Clube: Torino

Assim como tantas outras crianças e adolescentes africanas, Seck chegou à Europa para acompanhar os pais, que emigraram em busca de uma vida mais confortável. Instalado na Emília-Romanha, o senegalês entrou na base da Spal em 2015 e fez um ótimo trabalho no Campeonato Primavera, sendo alçado aos profissionais em 2020.

Seck é um jogador diferente: grandalhão de 1,90m e habilidoso com a perna canhota, atua na ponta direita e gosta de cortar para o centro para finalizar. Essa combinação de características ainda não resultou num impacto satisfatório nos jogos do Torino, mas foi justamente esse conjunto que fez a diretoria grená pagar 3,5 milhões de euros para tirá-lo da Spal. Com mais minutos em campo, Demba pode agregar poder de fogo ao time do Piemonte.

Yayah Kallon

Kallon, do Genoa (Iguana Press/Getty)

Idade: 20 anos (30 de junho de 2001)
Posição: ponta-direita
Jogos: 15 (708 minutos)
Clube: Genoa

Natural de Serra Leoa, Kallon fugiu de seu país natal aos 14 anos para não ser alistado de maneira compulsória como soldado na guerra civil que afeta a nação. Depois de oito meses de travessia pela África, embarcou num bote de refugiados rumo à ilha de Lampedusa, na Itália, e conseguiu se fixar no norte da Velha Bota. Em 2018, Yayah participou de uma peneira da Virtus Entella, da Ligúria, e acabou chamando a atenção de olheiros do Genoa, que o levaram a assinar com o Savona num acordo de parceria: após jogar a Serie D, acertou com os rossoblù e concluiu a sua formação na capital da região.

Kallon estreou pelo Genoa na última rodada da Serie A anterior e teve oportunidades reais em 2021-22. O serra-leonês começou a temporada sendo utilizado frequentemente como titular por Davide Ballardini, mostrando velocidade e contribuindo diretamente para dois gols do time, com uma assistência e um pênalti sofrido – além de ter anotado uma vez na Coppa Italia. De novembro em diante, contudo, Yayah pouco jogou, em virtude das lesões que lhe acometeram e das trocas de comando na equipe. Fica a expectativa para o ano seguinte.

Janis Antiste

Antiste, do Spezia (Getty)

Idade: 19 anos (18 de agosto de 2002)
Posição: atacante
Jogos: 18 (876 minutos)
Clube: Spezia

Revelado pelo Toulouse, de sua cidade natal, Antiste chegou ao Spezia após chamar a atenção no time de reservas do TFC, militante na terceira divisão francesa. Com convocações para as seleções sub-16, sub-17 e sub-20 da França, o atacante de origem martinicana se destaca por sua velocidade e, várias vezes, foi utilizado pelo técnico Thiago Motta para mudar o ritmo das partidas, apostando em contra-ataques.

Antiste é centroavante de formação, mas tem características físicas que lhe fazem render bem pelas pontas. Versátil, jogou em todas as funções do ataque spezzino, mas teve um melhor rendimento quando centralizado, tirando a referência dos zagueiros adversários. Nesta posição, logo no início da Serie A, fez um bom jogo e um gol na derrota por 3 a 2 para a Juventus, entregando uma atuação que resultou em sua primeira convocação à seleção sub-21 da França. No entanto, Janis ainda peca pela irregularidade e, não à toa, passou um período de quatro meses, entre dezembro de 2021 e abril de 2022, quase esquecido – totalizou somente 32 minutos em campo neste intervalo de tempo.

Felix Afena-Gyan

Afena-Gyan, da Roma (AFP/Getty)

Idade: 19 anos (19 de janeiro de 2003)
Posição: atacante
Jogos: 17 (745 minutos)
Clube: Roma

Nenhum jovem jogador da Serie A foi tão falado nesta temporada quanto Afena-Gyan. O ganês ficou conhecido como pupilo de Mourinho depois de ser presenteado com um par de tênis de grife, fruto de uma doppietta anotada, com duas belas finalizações de direita, na vitória sobre o Genoa. Era apenas o seu terceiro jogo como profissional.

Felix chegou à Roma no início de 2021, quando foi notado na EurAfrica, de Gana. O atacante foi integrado ao time Primavera e começou a atual temporada no próprio sub-19, mas ascendeu aos profissionais após marcar seis gols em cinco rodadas do campeonato da categoria juvenil. Entre os adultos, Afena-Gyan mostrou qualidade, condição atlética e muita vontade, que às vezes gerava excessos – o que lhe rendeu alguns cartões, inclusive um vermelho. Por outro lado, o jogador também teve momentos de maturidade, como ao recusar a convocação para a Copa Africana de Nações no intuito de não perder o espaço que vinha tendo na equipe romanista. Naturalmente, isso não fechou as portas da seleção ganesa para ele: além de já ter estreado pelos Estrelas Negras, deve disputar o Mundial.

Moustapha Cissé

Cissé, da Atalanta (Getty)

Idade: 18 anos (14 de setembro de 2003)
Posição: centroavante
Jogos: 3 (54 minutos)
Clube: Atalanta

Musa Juwara, Ebrima Darboe e, agora, ao lado de Kallon, Moustapha Cissé: mais um jovem africano que chegou à Europa como refugiado aparece como promessa do futebol italiano em nossos levantamentos. Assim como a dupla de Gâmbia e o garoto de Serra Leoa, o atacante deixou Guiné com a expectativa de deixar para trás problemas sociais, políticos e familiares, e encontrou uma nova vida na Itália. Órfão, desembarcou na Apúlia e conseguiu espaço na Rinascita Refugees, equipe militante na oitava divisão e formada apenas por expatriados que buscam asilo no país. O destaque no nível amador lhe levou à base da Atalanta e, em menos de um mês, aos profissionais.

Cissé, que atravessou o Mediterrâneo sozinho, não sentiu o peso da mudança. Era fichinha perto do que já havia passado. Com a falta de atacantes no elenco principal, o técnico Gian Piero Gasperini promoveu o garoto que estava arrebentando na equipe Primavera e colheu os frutos em apenas 17 minutos: o guineense recebeu passe de Mario Pasalic e marcou um bonito gol de canhota, típico de um centroavante, na vitória por 1 a 0 sobre o Bologna. Depois, com o retorno das peças mais experientes à disposição do treinador, Moustapha teve poucas oportunidades entre os adultos. Apesar disso, encerrou a temporada com 14 tentos em 15 partidas com o sub-19 e a promessa de maior utilização no futuro.

Kelvin Yeboah

Yeboah, do Genoa (Getty)

Idade: 22 anos (6 de maio de 2000)
Posição: centroavante
Jogos: 17 (909 minutos)
Clube: Genoa

A vida dos atacantes do Genoa durante 2021-22 foi complicada e não seria diferente nem mesmo para o sobrinho do grande Tony Yeboah. Kelvin passou em branco na Serie A e finalizou apenas 16 vezes em 17 jogos. Seus grandes momentos foram uma assistência fornecida e um pênalti sofrido nas vitórias sobre Cagliari e Juventus. Pouco? Sim. Mas o seu futuro é brilhante.

Nascido em Gana, mas criado na Itália, Yeboah passou pelas categorias de base de Novara, Monza, West Ham e Gozzano antes de receber uma oferta para se profissionalizar no futebol da Áustria, pelo Wattens – posteriormente renomeado Swarovski Tirol. Três anos depois, Kelvin se transferiu para o Sturm Graz, um dos maiores times alpinos, e deslanchou: na primeira metade de 2021-22, por exemplo, anotou 11 gols em 16 partidas da Bundesliga austríaca. Foi esse destaque que o levou ao Genoa e a receber convocações tanto da seleção ganesa quanto da sub-21 italiana – inclusive, foi esta última que escolheu, ao menos por enquanto. Olho na evolução do centroavante.

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