O estádio Diego Armando Maradona, em Nápoles, foi o palco do jogo de volta entre Napoli e Milan pelas quartas de final da Liga dos Campeões, nesta terça, 18 de abril. Após uma consistente atuação no duelo de ida, os rossoneri viajaram ao sul da Itália com a vantagem da igualdade para garantirem a classificação, enquanto os azzurri precisavam de uma vitória de pelo menos dois gols para avançarem às semifinais. No fim das contas, o empate por 1 a 1 interrompeu a já histórica trajetória dos partenopei e levou o Diavolo adiante na competição. Na próxima fase, inclusive, é muito provável que o time lombardo protagonize um Deby della Madonnina com a Inter.
O cenário do confronto direto entre times italianos era temperado por ingredientes interessantes. De cara, estava em xeque a temporada histórica do Napoli: além de ter o terceiro scudetto praticamente garantido, a equipe napolitana havia chegado às quartas de final da Liga dos Campeões pela primeira vez e poderia ter o seu sonho continental interrompido ou estendido. Além disso, o Milan se via em plena trajetória de recuperação do protagonismo em cenário europeu e prosseguiria nessa caminhada se segurasse a vantagem construída em San Siro. Caso conseguisse, voltaria às semifinais após 16 anos de ausência.
O Napoli não pode contar com Anguissa e Kim, por suspensão, e Luciano Spalletti escalou Ndombélé e Juan Jesus como substitutos dos desfalques. Por outro lado, os partenopei comemoravam a volta de Osimhen, seu artilheiro na temporada. O Milan não tinha desfalques para o jogo decisivo.
Precisando do resultado, o Napoli não mudou sua forma de jogar e começou em cima do Milan, assim como fizera no início do jogo em San Siro. Só que, repetindo o duelo de ida, foi o Diavolo que aprontou primeiro.
Aos 22 minutos, o português Mário Rui apareceu para tentar bloquear Rafael Leão, mas o fez de forma totalmente estabanada e derrubou o compatriota na área. Giroud foi para a cobrança, mas parou em Meret. O atacante e o goleiro tiveram um novo embate aos 27, quando o francês efetuou uma bela finta de corpo em cima do zagueiro e, frente a frente com o arqueiro, finalizou rasteiro. Meret, fechando muito bem o gol, conseguiu fazer a defesa com os pés.
Aos 30 minutos, um cenário dramático deu as caras na partida: o Napoli perdeu dois jogadores por lesão ao mesmo tempo. Mário Rui e Politano tiveram que deixar o campo e deram lugar a Olivera e Lozano. Sem abaixar a cabeça, o time da casa foi ao ataque e pediu pênalti de Rafael Leão sobre o recém-entrado atacante mexicano. A jogada foi revista e, no entendimento da equipe de arbitragem, o português fez o corte na bola.
O avanço partenopeo no campo do Milan custou caro ainda na primeira etapa. Após Ndombélé perder o domínio no ataque, Rafael Leão roubou a bola e acelerou no contragolpe, passando por dois zagueiros antes de rolar para o meio da área, buscando Giroud. Para garantir a sua redenção, o atacante francês empurrou para as redes, abrindo o placar e aumentando a vantagem rossonera no confronto.
O Napoli não teve muita força para responder ao gol rossonero na primeira etapa. Osimhen até chegou a balançar as redes, mas o lance já havia sido anulado por um toque no braço. Assim, o Milan foi para o intervalo com uma ótima vantagem e poderia manter a sua estratégia, muito bem sucedida nos três tempos das quartas de final.
A volta do intervalo apresentou um Milan bem postado na defesa e buscando atacar nas espichadas de Rafael Leão. Do outro lado, Kvaratskhelia tentava vencer o duelo que travava com Calabria, conseguindo pouco sucesso. Na primeira jogada do segundo tempo o georgiano até passou pela marcação, algo raro até aquela altura do confronto, mas sua finalização foi por cima do gol de Maignan.
Spalletti lançava seu time ao ataque e promoveu a entrada de Elmas no lugar de Ndombélé, que não fez boa partida – tal qual Anguissa, pilar azzurro, em Milão. O Napoli precisava de pelo menos dois gols para levar a peleja para a prorrogação, mas o espaço e o tempo ficavam cada vez mais exíguos. As melhores oportunidades que os mandantes encontravam eram através de cruzamentos, buscando principalmente Osimhen. No entanto, Tomori e Maignan davam conta do recado na bola aérea.
Confortável em sua estratégia, o Milan se dava ao luxo de apenas mudar peças para manter o frescor do time. Até que, aos 82 minutos, em infiltração de Di Lorenzo na área rossonera, Tomori impediu o cruzamento com o braço. A arbitragem marcou o pênalti e Kvaratskhelia teria a bola do empate nos pés. O georgiano bateu firme e rasteiro, no canto direito de Maignan, mas o goleiro voou para pegar a cobrança e manter o Diavolo à frente no placar. O francês fez o torcedor lembrar de Dida – não à toa, já que o brasileiro foi seu preparador em 2021-22.
Chegando aos acréscimos, o Napoli atirava todas as suas fichas em levantamentos na área rossonera. Faltando dois minutos, Raspadori cruzou a meia altura, de perna esquerda, e Osimhen antecipou a defesa e cabecear firme para as redes. No entanto, não restava muito tempo pela frente e o máximo que os azzurri conseguiram foi evitar a terceira derrota seguida para o adversário. A vaga nas semifinais, de qualquer forma, ficou com o Milan e, ao apito final, os jogadores do Diavolo correram para abraçar o herói Maignan.
Com a classificação às semifinais, o Milan encerrou um jejum de 16 anos sem atingir esta fase da Champions League – em 2007, na última vez que disputou tal estágio, conquistou seu título mais recente da competição. Dessa vez, o seu espírito copeiro na Europa vem sendo construído por um time bastante aplicado e de defesa sólida, que só foi vazado uma vez em seis jogos de mata-mata. Agora, Pioli e sua trupe aguardam adversário, sendo que o mais provável é que a Inter confirme a vantagem que estabeleceu sobre o Benfica. Caso isso ocorra, teremos o terceiro Derby della Madonnina da história da Liga dos Campeões, e o segundo com caráter de decisão de finalista.