Liga Europa

A Juventus brigou bastante, mas foi eliminada pelo Sevilla, bicho-papão da Europa League

Não deu para a Juventus dessa vez. A Velha Senhora contou com atuação brilhante de Szczesny e viu Vlahovic colocá-la em vantagem no confronto, mas dois erros defensivos foram o bastante para o Sevilla. Bicho-papão da Liga Europa, o time rojiblanco virou o jogo, ganhou por 2 a 1 e se classificou para a final da competição. Enfrentará a Roma, que superou o Bayer Leverkusen.

Depois da contestável arbitragem do alemão Daniel Siebert, que negou um pênalti à Juventus e teve errática condução disciplinar do confronto de ida, em Turim, a Uefa escalou o holandês Danny Makkelie para a volta, no estádio Ramón Sánchez Pizjuán. Porém, em Nervión, a atuação do apitador também foi muito ruim – com direito a duas penalidades negadas aos mandantes e uma incompreensível hesitação para expulsar um defensor dos donos da casa. Contando com a pulsão de sua torcida, o Sevilla conseguiu ter a cabeça no lugar e soube lidar com a intranquilidade do jogo.

O Sevilla pressionou muito por cerca de 15 minutos, mas foi a Juventus que inaugurou o menu de boas chances da partida, em cobrança de escanteio de Fagioli. Após o levantamento, Gatti cabeceou forte e Bono fez uma grande defesa. Já aos 24, foi a vez de o time de José Luis Mendilibar ficar a centímetros do gol. Fonte quase inesgotável de perigo para os bianconeri na ida, Ocampos apareceu no primeiro pau para raspar, de testa, um cruzamento. No entanto, Szczesny espalmou praticamente de dentro da baliza e, na sobra, usou o pé para colocar a bola para escanteio.

O restante do primeiro tempo foi bem disputado, mas a Juventus teve as melhores oportunidades – na verdade, teve duas chances claríssimas e um gol anulado por impedimento. Aos 27 minutos, Di María recebeu um passe incrível de Rabiot, mas o argentino mandou para fora, na tentativa de encobrir Bono. O lance foi a síntese de uma atuação apagadíssima do campeão mundial, que seria substituído por Chiesa na etapa complementar. Aos 33, foi a vez de Kean se livrou de Badé, dentro da área, e bater cruzado. A bola resvalou no pé de Bono e parou na trave.

No primeiro tempo, Fagioli e Cuadrado cometeram pênaltis, mas a arbitragem deixou passar (AFP/Getty)

Antes de Makkelie mandar os times para o descanso, o Sevilla teve bons motivos para reclamar. Primeiro, Fagioli usou o braço para matar a bola na área, mas o lance foi ignorado pelo VAR. Já nos acréscimos, Cuadrado entrou duro em Óliver Torres, em cima da linha da grande área. No entanto, os assistentes não recomendaram que o árbitro alterasse a sua decisão – talvez não entendessem que as imagens que mostravam a posição do pé do espanhol fossem conclusivas.

No segundo tempo, o jogo continuou franco, com bastante “trocação”. O Sevilla logo assustou aos 52, quando Bryan Gil teve chance de arrematar a partir de boa posição. No entanto, o espanhol chutou fraquinho e Szczesny pegou fácil. Em seguida, aos 55 e aos 58, a Juventus tirou tinta da trave duas vezes. Primeiro, Rabiot arrancou livre, mas não soube bem o que fazer com a bola e finalizou para fora; depois, Bremer saltou de forma suntuosa e cabeceou com firmeza, mas viu a pelota sair à direita do gol de Bono.

Na marca dos 65 minutos, a Juventus finalmente capitalizou as claras chances que vinha construindo. Vlahovic, que acabara de entrar no lugar de Kean, aproveitou um leve bate-rebate entre a defesa rojiblanca e o ataque bianconero: esperto, ganhou de Badé e Gudelj, saindo cara a cara com Bono. Para vencer o marroquino, deu uma cavadinha no seu contrapé e abriu o placar.

Com belo gol, Vlahovic abriu o placar e chegou a dar esperanças para a Juventus em Nervión (AFP/Getty)

Apesar de ter saído na frente, a Juve de Massimiliano Allegri não foi capaz de manter a vantagem por muito tempo. Pouco lúcida, viu o Sevilla empatar aos 72 minutos, graças a um velho conhecido – que, tal qual Vlahovic, saíra do banco. Chiesa conduziu a bola de forma incompreensível na intermediária e foi desarmado por Acuña, que deixou com Lamela. No afã de desarmar o adversário e corrigir o seu erro, o camisa 7 da Velha Senhora entregou para o 7 do time de Nervión: Suso. O ex-jogador do Milan cortou Paredes e, de ótima posição, igualou a peleja com um belo chute de canhota, cheio de curva.

Com o empate, que levava o jogo para a prorrogação, o Sevilla cresceu. O time blanquirrojo queria definir a parada em tempo normal e começou a pressionar bastante, de modo que Szczesny se tornou o protagonista da partida. Em menos de 10 minutos, o polonês efetuou duas ótimas defesas e um milagre: espalmou uma perigosa cobrança de falta de Suso; rebateu, caído, um chute de Bryan Gil; e, por fim, mandou para escanteio uma cabeçada fulminante de En-Nesyri. Nos acréscimos, quando estava batido, viu Gatti realizar um bloqueio fundamental, em arremate de Rakitic que morreria no seu canto direito.

O Sevilla não conseguiu a vitória em tempo normal, mas tinha o momento do jogo todo a seu favor. E, assim, chegou à virada logo no início da prorrogação: aos 95 minutos, Cuadrado deu espaço para Bryan Gil cruzar e encontrar Lamela, sozinho na grande área. Mal posicionados, Rabiot e Paredes não acompanharam o argentino e, quando Danilo se deu conta de que ele estava livre, era tarde demais. A firme cabeçada, no canto direito de Szczesny, foi indefensável.

A Juventus teve boa atuação da zaga e defesas incríveis de Szczesny, mas sucumbiu ao Sevilla (Getty)

Depois do gol da virada dos espanhóis, as chances rarearam para os dois lados. E, aí, a vantagem física do Sevilla falou mais alto: Allegri já havia feito cinco trocas e só pode fazer mais uma na prorrogação, enquanto os mandantes mexeram três vezes no tempo extra. Por isso, a expulsão de Acuña, aos 115, não fez tanta diferença para os donos da casa: Mendilibar ainda pode recompor a sua defesa, sacando Suso para colocar Rekik.

Antes mesmo da expulsão, a Juventus tivera uma chance de ouro – nos pés do seu garoto de ouro. Aos 110 minutos, Chiesa recebeu sozinho na grande área e teve a oportunidade para se redimir da falha grotesca no primeiro gol do Sevilla, mas finalizou para muito longe. No fim das contas, a equipe italiana até tentou partir para o abafa no apagar das luzes, mas não teve eficácia.

Com a derrota no Ramón Sánchez Pizjuán, a Juventus recebeu um veredito: não conquistará títulos em 2022-23. Agora, a equipe bianconera deve garantir sua vaga no G4 e aguardar a sentença da justiça desportiva italiana para saber se disputará a Champions League na próxima temporada. Até lá, Allegri irá conviver com a contestação da torcida, ainda que não tenha sido o maior responsável pela eliminação na Espanha. Porém, o desgaste acumulado por muitos meses de atuações abaixo da crítica é grande e, como em qualquer relação, basta um escorregão para que os problemas sejam tirados de dentro do baú.

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