José Mourinho conseguiu de novo. O técnico português montou um sistema defensivo intransponível, fez a Roma segurar o empate por 0 a 0 com o Bayer Leverkusen, na Alemanha, e, consequentemente, levou a equipe giallorossa para uma final continental pelo segundo ano consecutivo – o que jamais havia acontecido na história da Loba. No dia 31 de maio, os italianos decidirão a Liga Europa em embate com o Sevilla, em Budapeste.
A vitória por 1 a 0 no Olímpico, no jogo de ida das semifinais da Liga Europa, permitiu que a Roma fosse à Alemanha pronta para se defender com todas as armas possíveis – do jeito que Mourinho gosta. A Loba entrou no gramado da BayArena com vários desfalques, mas isso não lhe impediu de erigir um muro na frente de sua área. Rui Patrício quase não trabalhou nos 101 minutos de bola rolando no duelo com o Bayer Leverkusen. Hrádecky, do outro lado, também não.
A Roma efetuou apenas uma finalização a gol em todo o jogo de volta contra o Bayer Leverkusen – e ela aconteceu com menos de um minuto e meio de partida. Após ajeitada de Abraham, Pellegrini disparou um arremate perigoso, à direita da meta defendida pelo arqueiro polonês. De resto, a Loba não se incomodou em ceder a pelota aos alemães e diminuir os espaços para que os adversários não tivessem como construir jogadas de perigo. Os aspirinas chegaram a ter 74% de posse de bola no primeiro tempo.

Com muita garra, a Roma repeliu os ataques do Bayer Leverkusen, que foi comandado por Demirbay na BayArena (Getty)
O Bayer Leverkusen teve a melhor chance do jogo aos 12 minutos, quando a Roma ainda se preparava para estacionar o ônibus de uma vez. Naquele momento, a equipe italiana ainda tinha suas linhas ligeiramente avançadas, o que permitiu que Diaby recebesse passe em profundidade, nas costas de Spinazzola, e avançasse. Antes que a marcação fechasse o ângulo para o chute, o francês desferiu um um petardo e acertou a trave giallorossa.
A jogada animou o Bayer Leverkusen, que passou a tentar encontrar o seu gol sempre por ali, acionando Demirbay com frequência. O camisa 10 dos Schwarzroten até era capaz de encontrar espaços para receber a bola num primeiro momento, mas não conseguia penetrar na área e precisava arriscar de média distância – na melhor oportunidade, aos 21 minutos, Rui Patrício colocou para escanteio. Além disso, as ocasiões dos mandantes pelo setor rarearam depois dos 34, quando Spinazzola foi vítima de problemas físicos e teve de ceder seu lugar a Zalewski.
No segundo tempo, a partida se tornou muito faltosa, para o deleite da Roma – que já havia aberto mão de Belotti para reforçar o meio-campo com Wijnaldum. Pelo menos metade da etapa final foi bastante picotada e dominada pela zaga giallorossa: Cristante, Ibañez e Mancini cortavam e bloqueavam quase tudo que aparecia pela frente.
Com o passar do tempo, a Roma recuou ainda mais as suas linhas, diminuindo os já parcos espaços que o Bayer Leverkusen tinha para trabalhar. Aos 67 minutos, Demirbay arriscou mais um chute rasteiro, da entrada da área, e Rui Patrício acabou dando rebote. Azmoun ia aparecendo para completar, mas Mancini foi providencial ao bloquear o iraniano na hora H, mandando a bola para escanteio.
Quando Çelik se lesionou, aos 78 minutos, a torcida da Roma tremeu. Sem opções, Mourinho teve que mandar a campo um Smalling distante das melhores condições físicas, movendo Cristante da zaga para o centro e improvisando Bove como ala pela direita. O inglês mostrou garra ao já entrar no ritmo que a partida pedia e bloqueou um chute de Adli, aos 81. A sobra ficou com Azmoun, que bateu de primeira e tirou tinta da trave giallorossa. Em seguida, aos 85, Ibañez se atirou para cortar o arremate de Frimpong, que ia no canto, e amorteceu a bola para a defesa de Rui Patrício.
Àquela altura do confronto, a Roma já se defendia com 11 jogadores da meia-lua para trás. O ônibus estava devidamente estacionado no gramado da BayArena e os atletas do Bayer Leverkusen não tinham a chave para tirá-lo de lá. Xabi Alonso, técnico dos aspirinas, também não.
Ao fim de longo período de acréscimos, o árbitro Slavko Vincic apitou pela última vez e determinou que a Roma estava classificada para a decisão da Liga Europa. A equipe giallorossa foi a segunda das três italianas a garantirem vaga em finais continentais na temporada 2022-23: antes, a Inter confirmou seu lugar na finalíssima da Champions League, contra o Manchester City e, minutos depois do duelo na Alemanha, a Fiorentina se classificou para encarar o West Ham na da Conference League.
A final da Liga Europa acontecerá no dia 31 de maio, em Budapeste, capital da Hungria. Na Puskás Arena, José Mourinho e seus comandados irão encarar páreo duro: o Sevilla, que eliminou a Juventus nas semifinais e é o maior vencedor do torneio, com seis taças. Essa Roma, contudo, teve espírito renovado pelo Special One e já mostrou ser aguerrida e copeira o suficiente para não temer nem mesmo os bichos-papões da competição.

