Seleção italiana

Apesar do extracampo agitado, a Itália goleou Malta e só depende de si para ir à Euro 2024

Naquela que vem sendo chamada por muitos italianos como “data Fifa mais caótica dos últimos anos”, a Itália goleou Malta por 4 a 0, num jogo que começou antes mesmo do apito inicial. Na verdade, a partida em si foi um mero adorno para tudo aquilo que vem acontecendo com a Squadra Azzurra nesta semana.

Tudo começou na última quarta, quando o jornal La Stampa divulgou que Fagioli, meio-campista da Juventus, estaria envolvido com apostas ilegais. A notícia desencadeou uma série de outras denúncias feitas pelo paparazzo Fabrizio Corona, figurinha carimbada em polêmicas no futebol italiano – anos atrás, foi acusado de extorquir jogadores como Gilardino, Trezeguet, Adriano, Totti e Sculli. Corona colocou em cena os nomes de outros atletas: o polonês Zalewski, além de Tonali e Zaniolo, convocados para a Nazionale.

Na quinta, os ex-jogadores de Milan e Roma, que atualmente vestem as camisas de Newcastle e Aston Villa, respectivamente, foram ouvidos pelas autoridades italianas no centro de treinamentos de Coverciano. Em seguida, foram desconvocados da seleção porque a situação lhes tirou o foco total do campo. Assim, Tonali e Zaniolo se tornaram desfalques juntamente a Chiesa e Zaccagni, lesionados.

Para os lugares dos investigados Tonali e Zaniolo, Luciano Spalletti convocou Ricci e Politano, enquanto El Shaarawy foi chamado para repor a baixa de Chiesa – Zaccagni, que tentaria se recuperar para o jogo contra a Inglaterra, foi cortado neste sábado e não terá substituto. Nesse contexto caótico, a Itália foi a campo contra Malta em busca da vitória e da manutenção do segundo lugar do Grupo C das Eliminatórias da Euro 2024.

Bonaventura voltou à seleção italiana e se tornou o mais velho a marcar o primeiro gol pela equipe (Getty)

O jogo

Após a vitória da Ucrânia sobre a Macedônia do Norte, a Itália precisava da vitória para igualar os 10 pontos da adversária e aproveitar o jogo a menos que tem – que será disputado na próxima terça, contra a Inglaterra – para se firmar nas primeiras duas posições da chave. Por conta dos cortes e de lesões que impediram as convocações de nomes como Immobile e Retegui, a Nazionale teve um trio de ataque formado por Berardi, Raspadori e Kean. No meio-campo, Bonaventura tornava a vestir azzurro mais de três anos após sua última partida pela seleção.

A Itália começou pressionando no estádio San Nicola, em Bari: após 5 minutos de bola rolando, já contava com uma finalização para fora e uma no travessão, com Mancini. Como era de se esperar, a Nazionale se impôs sobre a frágil seleção de Malta e abriu o placar aos 23 minutos. Dimarco recuperou a posse, Kean recebeu a bola dentro da área e deixou para Bonaventura, que acertou um belo chute colocado, sem chances para o arqueiro Bonello. Com mais de 34 anos, Jack deu continuidade à boa fase que vive na Fiorentina e se tornou o mais velho jogador a marcar o seu primeiro gol vestindo a camisa azzurra.

Malta não ameaçava e, mesmo tendo chegado poucas vezes ao gol adversário, a Itália ampliou o placar já nos acréscimos, com Berardi. O ponta do Sassuolo acertou um chute colocado, que ainda beijou a trave antes de cruzar a linha, mandando as equipes para os vestiários sob uma vantagem de dois gols para os azzurri.

Frattesi entrou no finalzinho e fechou a conta contra Malta (Getty)

A Itália foi para o segundo tempo mais tranquila, seguiu não dando chances a Malta e manteve sua marcação alta, induzindo o goleiro Bonello ao erro em mais de uma oportunidade. Aos 63, Raspadori correu pela esquerda e serviu Kean, que furou no meio da área. O erro acabou mudando a trajetória da bola, que foi em direção a Berardi. De direita, o ponta não desperdiçou e anotou sua doppietta, fazendo o terceiro da Squadra Azzurra.

Após ampliar o placar, a Itália passou a administrar a vantagem com ainda mais calma e menos intensidade, mantendo a posse e jogando da metade do campo para frente, sem permitir qualquer alegria a Malta. Spalletti aproveitou para rodar o elenco e dar minutos a jogadores como Frattesi e Scamacca, além de possibilitar a estreia de Udogie pela seleção italiana. Já nos acréscimos, Frattesi acertou um chute no contrapé de Bonello e fechou o placar em 4 a 0 para a Nazionale.

Os mais de 56 mil torcedores que lotaram o San Nicola puderam ver uma boa atuação de uma Itália que, apesar de todos os problemas extracampo, venceu com tranquilidade a seleção de Malta, sem dar sopa para o azar. Foram quatro finalizações a gol, todas convertidas. É verdade que a Nazionale poderia ter sido mais intensa, mas uma goleada tranquila está de bom tamanho por todo o pano de fundo que atrapalhou a preparação para o jogo.

A Nazionale volta a campo nesta terça, quando vai até Wembley, em Londres, para enfrentar a seleção inglesa. Para Spalletti, será “o jogo para conhecer o real potencial desta Itália”. Com 10 pontos, os azzurri estão na segunda posição do Grupo C, estando à frente da Ucrânia graças ao confronto direto. Se vencer a Inglaterra, igualará a rival e poderá até ultrapassá-la se conseguir um triunfo por pelo menos dois gols de diferença. Por outro lado, os britânicos já podem garantir a classificação caso ganhem a partida.

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