O placar de 3 a 2 e alguns lances da partida até fariam quem só viu os melhores momentos acreditar que a Fiorentina suou muito para bater o Pafos, pela quarta rodada da Conference League. Bem, não foi exatamente assim. Apesar de alguns períodos de equilíbrio no Artemio Franchi, a equipe violeta jamais pareceu distante da vitória sobre os cipriotas e, com o resultado, seguiu no grupo das oito primeiras posições na fase de liga do torneio continental.
Para a partida desta quinta, Raffaele Palladino propôs um 4-2-3-1 diferente, com o zagueiro e capitão Martínez Quarta atuando como volante – foi uma maneira de acomodar, em seu rodízio habitual, o beque Pongracic, que voltou de lesão há algumas semanas e ainda precisa recuperar o ritmo de jogo. De Gea, Adli e Kean, que estão entre os melhores jogadores da equipe em 2024-25, foram poupados.
Por sua vez, o Pafos do espanhol Juan Carlos Carcedo tem um elenco recheado de brasileiros – fruto, em grande medida, do fato de parte do departamento de scout contar com profissionais do país. São seis brazucas no plantel: Rafael Pontelo, Bruno Felipe, Anderson Silva, Jajá, Léo Natel e o capitão Jairo. Entretanto, só o dono da braçadeira e Bruno Felipe começaram jogando pelo time do Chipre.
Logo aos 4 minutos de partida, a Fiorentina teve a primeira chance de marcar. Mandragora cobrou escanteio e Kouamé, de fora da área, arriscou sem deixar cair, levando perigo. O Pafos respondeu aos 23, quando Jairo ganhou de Comuzzo na disputa corpo a corpo, após lançamento. O brasileiro só não marcou porque Pongracic chegou travando na cobertura e desviou o seu chute para escanteio. Pouco depois, Tankovic quase chegou na bola para completar um cruzamento rasteiro para as redes.
A partida se desenvolvia de forma equilibrada àquela altura, com a Fiorentina sofrendo um pouco com chegadas do Pafos, mas levando perigo quando Dodô atacava pela direita, incomodando o ponta Tankovic. Aos 38, aliás, foi por ali que saiu o primeiro gol do jogo. Parisi e Ikoné trabalharam a bola e o francês acionou o brasileiro, que cruzou rasteiro, buscando Kouamé. A pelota tocou em dois defensores do time cipriota, bateu no abdome do marfinense e terminou na rede.
No segundo tempo, a Viola ampliaria o placar na primeira jogada de maior relevância, aos 52 minutos. O Pafos tentou sair para jogar, porém perdeu a bola e a Fiorentina acelerou a transição com uma ligação direta para o veloz Sottil. O camisa 7 partiu pela esquerda e cruzou na área, novamente buscando Kouamé, mas Goldar cortou e acabou marcando contra.
A vantagem de dois gols deu muita tranquilidade à Fiorentina. Talvez até demais. Na casa dos 67 minutos, por exemplo, a equipe teve uma grande chance de fazer o terceiro quando colocou três jogadores contra dois adversários dentro da grande área. Bove, entretanto, decidiu arriscar o chute e mandou por cima do travessão. O castigo veio em seguida, num lance muito bobo. Parisi tentou cortar, de forma atabalhoada, um lançamento longo, vindo do campo de defesa, e errou, deixando a bola com Bruno Felipe. O brasileiro buscou o compatriota Jairo na pequena área e, com um toque de letra que, caprichosamente, ainda bateu na trave, o camisa 10 diminuiu para o Pafos.
A Viola, contudo, não sentiu o gol. Já aos 70 minutos, Mandragora finalizou de ótima posição, mas praticamente atrasou para Ivusic. Na casa dos 72, então, o recém-entrado Kayode manteve o nível que Dodô vinha apresentando e lançou com perfeição para Martínez Quarta cabecear em diagonal e fazer o terceiro dos gigliati. Em seguida, porém, o capitão deixou o campo com uma lesão na coxa e deixou Palladino preocupado para a sequência da temporada – no domingo, aliás, os toscanos têm confronto direto com a Inter, pela Serie A.
Com a recuperação da vantagem de dois gols, a Fiorentina passou a administrar o jogo e o fez muito bem, no geral. Aos 87 minutos, porém, uma desatenção defensiva permitiu que Tankovic tirasse tinta da trave com uma cabeçada solitária. Poucos segundos depois, a Viola fez ainda pior. Ou melhor, Terracciano é quem teve de assumir total responsabilidade por isso. Numa troca de passes, o goleiro quis carregar a bola, hesitou e foi desarmado por Jajá, que só empurrou para o gol aberto e diminuiu para os cipriotas. Para a sorte dos mandantes, foi apenas um susto que não condicionou o resultado final.
Reencontrando a vitória após a derrota para o APOEL, também do Chipre, a Fiorentina subiu duas posições na Conference League: passou de oitava para sexta, com os mesmos 9 pontos de Olimpija Ljubljana (sétimo), Lugano (oitavo) e Heidenheim (nono, fora da zona de classificação direta para as oitavas). Todos os times que chegaram a 10 já garantiram vaga ao menos na fase de 16-avos de final. A Viola, contudo, quer evitar esta fadiga. E, para isso, triunfos sobre LASK Linz e o qualificado Vitória de Guimarães serão fundamentais para aumentar a possibilidade de depender apenas de si e não ter de fazer contas com o saldo de gols.