Estamos em 2022-23 de novo? Se é justamente criticada por, na Serie A, não estar sendo capaz de render tanto quanto na campanha passada, na qual faturou o título, a Inter vem construindo uma trajetória quase perfeita na Champions League – repetindo as oscilações de desempenho entre as competições, o que aconteceu há duas temporadas. Nesta quarta, 6 de novembro, os nerazzurri mantiveram esta condição ao venceram o Arsenal por 1 a 0, em San Siro.
No Giuseppe Meazza, a Inter teria um adversário qualificado pela frente. Afinal, além de ser vice-campeão inglês e estar na quinta posição desta edição da Premier League, o Arsenal era um dos dois oponentes do pote 1 que os nerazzurri deveriam enfrentar nesta Champions League – o outro foi o Manchester City, com o qual empatou na estreia. Ademais, Milão receberia um duelo de invictos. Ao fim da noite, só os mandantes mantiveram esta condição: numa performance de muita garra e sacrifício, além de saírem de campo vitoriosos, continuaram sem sofrer gols no torneio continental.
Pela Inter, o técnico Simone Inzaghi manteve a prática de mesclar peças que frequentemente iniciam as partidas e outras que costumam ficar na reserva. Dessa vez, o rodízio foi impulsionado pela importância do compromisso que terá na Serie A, no domingo: os nerazzurri recebem o Napoli, em confronto direto pela liderança.
Assim, Bastoni, Dimarco, Barella, Mkhitaryan e Thuram ficaram como alternativas a serem consideradas com o jogo em andamento, dando espaço a Bisseck, Dumfries (com Darmian na aka esquerda), Frattesi, Zielinski e Taremi. Çalhanoglu, após lesão, retomou seu lugar no meio-campo da Inter. Já Acerbi, que também se recuperou de contusão, segue no banco. De Vrij ocupou seu posto na zaga.
No lado adversário, o técnico Mikel Arteta escalou o Arsenal num 4-4-2, com Saka e Martinelli bem abertos na linha de meio-campo e Partey e Merino ficando responsáveis pela construção central. Por dentro, já no ataque, Havertz e Trossard compunham uma dupla de muita movimentação e que não oferecia referências fixas à marcação nerazzurra.
A Inter começou melhor e teve um bom volume de jogo nos 15 primeiros minutos. Logo aos 2, Dumfries recebeu cruzamento de Zielinski, dominou e acertou um petardo no travessão. Na sequência, o polonês interceptou uma saída de bola do Arsenal e serviu Çalhanoglu na intermediária. O turco arriscou o arremate de média distância e levou perigo, embora a pelota tenha passado ao lado direito do gol de Raya.
Com o passar do tempo, o Arsenal equilibrou a partida em termos territoriais e deixou de sofrer com a pressão alta interista. Porém, o primeiro chute dos Gunners só aconteceu aos 27 minutos, quando Saka cortou Bisseck e atrasou para Sommer. Aos 28, o goleiro suíço deu um susto ao sair mal de suas traves e errar o tempo de bola, dividindo com Merino e ficando perto de, ao mesmo tempo, sofrer o gol e cometer um pênalti – algo que ele já tinha feito na temporada anterior, em lance similar, contra a Fiorentina. O árbitro István Kovács marcou apenas o escanteio.
O jogo seguiu sem grandes chances até o fim do primeiro minuto de acréscimos. Exatamente quando o ponteiro do relógio bateu nos 46, a Inter teve um pênalti a seu favor: após levantamento de Çalhanoglu na área, Taremi escorou a pelota e Merino, com o braço direito aberto, bloqueou a sua trajetória. Impecável da marca da cal, o turco optou pela bola de segurança e finalizou no meio da baliza, abrindo o placar no último lance da etapa inicial.
O Arsenal voltou do intervalo mais ofensivo, com Gabriel Jesus no lugar de Merino. E também muito ligado, a ponto de imprensar a Inter em seu campo de defesa durante todo o tempo complementar. Com apenas alguns segundos de bola rolando, o time inglês recuperou a posse no campo ofensivo e Gabriel Martinelli arriscou um chute, acertando a parte externa da rede. Em seguida, Saliba teve chance num dos vários escanteios que os ingleses conseguiram no jogo, mas cabeceou para fora.
Na casa dos 58, o Arsenal teve outro tiro de canto e, novamente, foi perigoso. Dumfries, em cima da linha, cortou a bola escorada por Gabriel Magalhães – e parcialmente defendia por Sommer – na cobrança fechada na pequena área. No minuto seguinte, os Gunners ratificaram que viviam seus melhores momentos na partida e quase marcaram outra vez: Havertz bateu com curva e tentou encobrir o arqueiro suíço, que foi bem e, ao espalmar, cedeu o enésimo escanteio favorável aos adversários. Foram 13 para os britânicos ao longo do jogo, e nenhum para os italianos.
Buscando retomar o controle da partida, Inzaghi efetuou três mexidas aos 62 minutos. O comandante sacou os meias Frattesi e Zielinski, pondo Barella e Mkhitaryan em seus lugares. Além disso, para não correr o risco de ficar em inferioridade numérica, também trocou o amarelado Lautaro por Thuram. Novo capitão, Barella bobeou pouco depois e, ao colocar a mão na bola, recebeu um cartão desnecessário. Pensando em limitar danos caso eventuais coberturas tivessem de ser paradas com faltas e expor sua equipe ao perigo de ficar com um homem a menos, aos 71, o treinador optou por substituir o exausto Çalhanoglu por Asllani.
O controle desejado por Inzaghi jamais foi retomado. Mas, certamente, a Inter ganhou mais fôlego para competir e se defender com competência. Tanto é que, aos 75 minutos, tivemos a última ocasião cristalina da partida.
Naquele momento, Havertz recebeu na área e finalizou no contrapé de Sommer. A bola ia para o gol, mas Bisseck a desviou na hora certa – ainda assim, a pelota passou perto da trave. O corte providencial do alemão foi a síntese de uma atuação de muito sacrifício por parte dos nerazzurri, especialmente daqueles que vinham sendo contestados por erros defensivos. Dumfries e De Vrij também conseguiram protagonizar exibições sólidas.
Até o apito final, tivemos um jogo de ataque contra defesa propriamente dito, já que a Inter não conseguia reter a bola e erguia um muro para evitar que o Arsenal arrematasse. E a equipe de Inzaghi teve sucesso absoluto em sua estratégia, já que ganhou quase todos os duelos aéreos e se doou bastante para fazer dobras de marcação e eliminar o perigo. Vitória garantida, portanto.
Ao vencer o Arsenal mesmo diante de um rodízio que colocou cinco titulares frequentes no banco, a Inter mostrou força. Ao mesmo tempo, ratificou que tem que ser mais dominante na Serie A, onde vem rateando defensivamente, principalmente contra adversários mais frágeis. Isso até pode ser assunto para uma conversa em outro momento, já que, agora, a classificação da Champions League mostra a Beneamata no grupo das oito melhores equipes da competição: é a quinta colocada, com 10 pontos e cinco gols de saldo. O próximo compromisso dos nerazzurri será novamente em casa, no dia 26 de novembro, contra o RB Leipzig.