Como foi a estreia de Antonio Conte treinando o Napoli em uma Champions League? Infelizmente, para os azzurri, comprometida. Pela 1ª rodada da fase de liga do torneio, os campeões italianos foram dominados pelo Manchester City, na Inglaterra, em razão de uma expulsão precoce do capitão, Di Lorenzo. Na derrota dos partenopei por 2 a 0, quem mais teve motivo para lamentar foi De Bruyne, ídolo dos Citizens, que foi afetado pelo cartão vermelho do colega e pouco ficou em campo.
O confronto estava cercado por muito mais do que uma partida europeia normalmente entrega. O Napoli é o clube italiano que melhor se reforçou para a atual temporada e, por isso, aparece à frente dos demais em qualquer competição que dispute. Não apenas pelas contratações, mas também pela consistência, os donos do scudetto chegaram ao confronto continental já com boa margem na corrida pelo bicampeonato nacional consecutivo.
Muito desse otimismo se devia à euforia e à qualidade do principal nome da noite: após 10 anos como ídolo do Manchester City, De Bruyne retornava ao Etihad Stadium, desta vez como adversário. Pena que a história ficou apenas na imaginação. Logo no início, o belga foi sacrificado para reparar a ferida aberta pela expulsão de Di Lorenzo. Foram 21 minutos de partida napolitana até a entrada de Olivera. A partir daí, restou apenas reagir às investidas do forte time de Pep Guardiola, que só não liquidou a fatura ainda no primeiro tempo porque, como dito, o Napoli foi certeiro no mercado. Uma das outras novidades da janela azzurra, Milinkovic-Savic, roubou os holofotes.

A tola e precoce expulsão de Di Lorenzo, por falta em Haaland, condicionou o jogo e atrapalhou os planos do Napoli (Getty)
Os partenopei começaram a peleja com Milinkovic-Savic no gol, Di Lorenzo, Beukema, Buongiorno e Spinazzola numa linha de quatro. Lobotka, mais recuado, conectava a defesa ao meio com Politano, Anguissa, De Bruyne e McTominay, que municiavam Højlund. Esses dois últimos, inclusive, encontraram em Nápoles um refúgio seguro após a saída conturbada do grande rival do adversário europeu da noite, o Manchester United.
O jogo, desde o começo, se ofereceu aos mandantes. Logo aos 8 minutos, Milinkovic-Savic defendeu uma bomba de Reijnders, ex-Milan. Pouco depois, o Napoli teve sua melhor chance, numa cabeçada de Beukema após escanteio, mas Donnarumma – novidade na meta inglesa – fez grande intervenção. Na sequência, Foden encontrou Haaland em velocidade. Di Lorenzo não conseguiu acompanhar o cometa e foi obrigado a cometer a falta. Inicialmente, o árbitro Felix Zwayer nem infração assinalou, mas, após revisão do VAR, o capitão napolitano acabou expulso. Sai De Bruyne, entra Olivera. Com isso, as esperanças visitantes praticamente se esvaíram.
O Napoli ainda tentou resistir, mas, a partir dos 10 minutos finais da etapa inicial, o duelo virou um bombardeio. Rodri, atual Bola de Ouro, O’Reilly e Rúben Dias testaram os reflexos do goleiro sérvio, que operou verdadeiros milagres para manter o placar zerado. Quando não conseguiu intervir, em outro chute de Reijnders, foi Politano quem salvou em cima da linha, já nos acréscimos. Sua comemoração deixou claro o objetivo italiano no Etihad: com um jogador a menos desde os 20 minutos, um empate seria celebrado como goleada, uma vitória, como tocar o céu.

O Napoli não resistiu à inferioridade numérica por mais de uma hora e sofreu dois gols do Manchester City (Getty)
O que parecia um empate heroico durou pouco. Aos 55, imediatamente após a entrada de Juan Jesus no lugar de Politano, Foden encontrou passe magistral para Haaland, que, de cabeça, encobriu Milinkovic-Savic e alcançou a marca de 50 gols em 49 jogos na competição. Dez minutos depois, Doku recebeu na entrada da área e exibiu sua maior virtude, partiu para cima, invadiu a área com muita facilidade e finalizou para decretar o placar final. Um golaço que coroou a supremacia do City, que, com um homem a mais e diante da estratégia napolitana de entregar a posse, dominou o adversário sem grandes dificuldades.
Sem necessidade de forçar, com amplo controle da bola, o Manchester City passou a cadenciar. O Napoli apenas se defendeu para não se expor mais e, dessa forma, a partida se encerrou, sem novas chances claras para nenhum lado. Uma pena, já que em um torneio repleto de enredos memoráveis, um dos mais aguardados da temporada terminou antes de completar sequer meio tempo em condições normais. Fica a dúvida: o que teria acontecido se Di Lorenzo não tivesse sido expulso? Apesar da derrota, não se pode ignorar a atuação monumental da novidade no gol azzurro. O placar poderia (e deveria) ter sido mais elástico.
Certamente a equipe de Conte não se deixará abalar pelo primeiro revés da temporada. Na próxima segunda-feira, 22 de setembro, o Napoli receberá o recém-promovido Pisa, tentando manter a invencibilidade e a liderança da Serie A. Pela Champions League, retorna a campo contra o Sporting, em 1º de outubro, também em casa. Já o Manchester City buscará usar o ânimo de vencer o campeão italiano para se recuperar das derrotas recentes, enfrentando o Monaco, na França, também no início de outubro.