Nesta segunda-feira, o quarto título mundial da squadra azzurra faz seu primeiro aniversário. No dia nove de julho do ano passado, Zidane abria o placar em cobrança de pênalti, Materazzi empatava de cabeça, e os dois se confirmavam na condição de protagonistas quando o francês acertou o peito do italiano. E, na disputa de penais, o único a falhar foi Trezeguet – garantindo para a Itália um título que não vinha desde 1982. Um ano depois, é hora de conferir como foi a temporada dos quadricampioni.
Entre os goleiros, Buffon foi o de temporada mais regular. Continuou a defender a Juventus, mesmo com várias propostas para deixar a Serie B, e tornou-se o pilar da instável defesa bianconera. Mesmo tendo pela frente Boumsong e Kovac em temporadas calamitosas, Gigi garantiu para a Juve bons resultados em jogos apertados. E nem a tripletta de Serafini conseguiu macular seu ano. Já a temporada mais marcante foi a de Peruzzi. Mesmo lutando contra lesões, o goleiro da Lazio esteve presente na maioria dos jogos do time, sempre com participações fundamentais. Peruzzi ainda liderou a defesa menos vazada da Serie A, que ajudou a garantir à sua Lazio uma vaga na próxima Liga dos Campeões. Sempre desafiando as leis da física, um dos maiores goleiros da década se aposentou no fim da temporada, aos 37 anos. E a temporada mais quente foi a de Amelia. Em novembro, marcou de cabeça um gol nos minutos finais para empatar a partida contra o Partizan, pela fase de grupos da Copa da Uefa. Em janeiro, comprou briga com Aldo Spinelli por conta de sua renovação contratual, e acabou afastado do time titular por mais de um mês. Tecnicamente, também não foi uma grande temporada para o goleiro de Frascati, que dificilmente continuará no Livorno para a próxima.
Os quatro campeões provenientes do Palermo definitivamente não tiveram uma temporada inesquecível. Zaccardo manteve-se como titular rosanero, mas não repetiu suas boas atuações que o levaram à Copa. Passou, aliás, a ser aproveitado na função de zagueiro na maioria das partidas do Palermo, graças à boa temporada de Cassani na lateral direita. Formou dupla com o também campeão Barzagli. Este último seguiu a risca a fase do time. Foi muito bem até janeiro, mas caiu de produção, junto de todo o grupo, a partir da lesão de Amauri. Já Barone deixou o clube em agosto, rumo ao Torino. Se no Palermo encantou a Itália ao tornar-se um dos melhores medianos do país, pelo Toro foi uma completa decepção, junto de todo o time granata. Sua maior conquista da temporada foi, sem dúvidas, o casamento com a ex-Miss Itália Carla Duraturo. Outro que deixou o Palermo foi o lateral Grosso, ainda durante a Copa. Importantíssimo na Alemanha, ao marcar um gol nas semifinais e sofrer um pênalti nas oitavas, custou seis milhões de euros ao cofre da Inter, sem jamais mostrar a que veio. Mal técnica e fisicamente, atuou em apenas nove partidas completas. E acaba de ser apresentado no Lyon, sem deixar saudade.
O melhor jogador da Copa, Cannavaro, também não teve vida fácil em Chamartín. Chegou ao Real Madrid com as bênçãos de Capello, o que acabou se tornando um fator incômodo em sua relação com a torcida. Começou mal a temporada, mas terminou por cima, com o título espanhol e boas atuações no sprint madridista. Outro representante bianconero que partiu para a Espanha foi Zambrotta. Atuando pelo Barcelona, o lateral não conseguiu reeditar suas atuações na Juventus e na Seleção Italiana e já aparece ligado a especulações de um possível retorno à Itália. Camoranesi, se pudesse seguir seu próprio rumo, também teria saído. Permaneceu na Serie B contra sua vontade, alternando excelentes exibições com outras nada convincentes. Mesmo assim, tem uma proposta do clube e deve renovar até 2011. Já Del Piero fez uma temporada fantástica, terminando como capocannoniere da Serie B, com lindos lances e belos gols. Durante o campeonato, alcançou a marca dos 200 gols e das 500 presenças com a camisa da Juventus, gravando seu nome na categoria dos imortais.
Totti foi outro trequartista a brilhar. Sempre pela sua Roma, alcançou a artilharia da Serie A com seis gols de vantagem sobre Lucarelli, o segundo colocado. Fez ótimas partidas, marcou gols históricos e deu passes antológicos, guiando o time a uma improvável classificação para as quartas-de-final da Liga dos Campeões. De Rossi confirmou as condições de melhor volante italiano em atividade e de bandeira romanista, sendo o único marcador de ofício no meio de campo romanista. E Perrotta provou sua importância ao time atuando como um verdadeiro playmaker. Com ele, o time vencia e convencia, como contra Inter, Lyon e Milan. Sem ele em campo, não foram poucas as vezes em que o futebol giallorosso simplesmente não encontrava um rumo. Um bom exemplo é o desastre de Old Trafford.
Gattuso e Pirlo mantiveram a regularidade daqueles que há seis anos formam uma das melhores duplas do calcio. Várias vezes poupados na Serie A, foram fundamentais na campanha do Milan na Liga dos Campeões, que era o que realmente valia na temporada rossonera. Ressonante foi a decepção com Gilardino, que mais uma vez pôs em dúvida o investimento do clube em seu futebol. Com uma média de 0,36 gols por partida, não lembra, nem de longe, o prolífico atacante que era no Parma. Envolto em lesões, Nesta praticamente não entrou em campo pela Serie A, e chegou a ficar quatro meses afastado, a partir de dezembro. Pela CL, porém, alcançou a perfeição contra Manchester, Bayern e Liverpool. E mostrou à torcida milanista que, em forma, ainda é um dos melhores zagueiros do mundo. Já Inzaghi, rodada a rodada, dava mostras de que sua carreira já chegava ao fim. Marcou apenas dois gols em vinte jogos pelo campeonato, enquanto pela Europa decidia o título em favor do Milan. Se o físico não o ajudou nos últimos meses, a sorte se manteve apurada.
Quatro clubes tiveram apenas um representante no elenco campeão. Toni, na Fiorentina, chegou a declarar, no pós-Copa, que pretendia deixar o clube e assinar com a Inter. Mas permaneceu com a camisa viola, manteve o faro de gol e lutou pela artilharia da Serie A até uma lesão crônica no metatarso tirá-lo de combate nas rodadas finais da competição. Toni se despede da Fiorentina rumo ao Bayern com 47 gols anotados em apenas duas temporadas. Iaquinta também se envolveu em algumas novelas, sendo diversas vezes “negociado” com Milan e Roma. Assim como Toni, porém, continuou na Udinese, mantendo uma boa média de gols antes de ser negociado com a Juventus. Oddo começou a temporada como capitão da Lazio, mas a terminou como titular do Milan na final contra o Liverpool. Teve um ótimo primeiro turno com a equipe celeste e atuou muito bem nas partidas decisivas da CL. E fechou esta como sua melhor temporada desde que saiu do Verona.
Materazzi merece um parágrafo à parte. Principal figura do título mundial, atingiu seu auge neste ano, aos 33 anos. Titular da Inter e da Seleção, marcou gols de cabeça, de bicicleta, de pênalti, de falta. Com direito a cinco gols nas últimas cinco partidas da Inter pela Serie A. Se sozinho não foi capaz de fazer a Inter passar pelo Valencia na Liga dos Campeões, ao menos teve atuações seguras em todas as partidas disputadas. Enfim, nos surpreende cada vez mais, se firmando na condição de neo-estrela.