Após dez dias de (merecida?) folga, o QT finalmente retoma seus trabalhos, outra vez. O especial que descama as equipes da Serie A no recesso de Ano Novo retorna amanhã, enquanto hoje apresentamos um texto sobre Sebastian Giovinco, uma das grandes promessas do calcio.
O artigo foi escrito originalmente para o Olheiros, projeto parceiro do QuattroTratti.
—Sebastian Giovinco: o retorno da Formiga Atômica Salvar o Empoli da queda, se firmar na Juventus: missão para super-herói“Lá vai a triônica, a Formiga Atômica!” Exibida nas extintas TV Tupi e Rede Manchete e atualmente no canal fechado Boomerang, a Formiga Atômica deve voltar a se destacar na tevê a partir de agosto. É quando Sebastian Giovinco, fantasista da Juventus emprestado ao Empoli, retornará ao clube que o revelou. Com 59 kg distribuídos em 1,64m, não demorou para que a torcida bianconera lhe desse a alcunha do notório personagem de Hanna Barbera, que, apesar de seu aspecto frágil, não deixava de esmagar qualquer quadrilha de criminosos. E realmente os “vilões” têm sofrido depois que o jovem piemontês assumiu de vez a titularidade no Empoli. Ele abriu o placar contra o Genoa, deu duas assistências para gols de Pozzi no Cagliari, cruzou para Raggi empatar com a Udinese e marcou contra a Roma no último minuto de jogo, pegando Doni de surpresa e selando o empate. Tudo isso de novembro para cá, nada mal para quem galga seu espaço num clube que tem lutado contra o rebaixamento.Giovinco é um fantasista que pode atuar tanto pelo centro quanto pela esquerda, numa formação mais ofensiva. Baixas estatura e idade, bom toque de bola, visão de jogo, classe refinada e agilidade. Num campeonato duro como o italiano, é a força física seu calcanhar de Aquiles, como é sabido pelo próprio, que faz trabalhos extras no Empoli para desenvolver este aspecto. Giovinctambém peca um pouco na finalização – não é raro vê-lo falhar oportunidades claras nas proximidades do gol.Um passo de cada vez Após chegar aos pulcini da Juventus, categoria mais jovem da base italiana, Giovinco foi titular em todas as seguintes, dos esordienti até a primavera. O jovem de família milanista convencia na Juve ano a ano, até conquistar conquistou o scudetto e a supercoppa primavera em 2006, além da coppa em 2007. Também representou a Itália em todas as seleções de base, desde a sub-16 até a sub-21, com cinco gols em 29 jogos. O destaque na base o levou a treinar por um mês entre os profissionais, ainda na época de Capello, que o utilizava como regista no time reserva dos coletivos. Sua estréia, porém, só veio numa partida contra o Bologna em 12 de maio de 2007, mas em grande estilo. Giovinco entrou no quarto final da partida, até então empatada, fez o lançamento que originou um pênalti sobre Marchionni e serviu Trézéguet nos acréscimos para fechar o placar e confirmar a promoção da Juve a Serie A. O talento já tinha vinte anos e parecia desperdiçado. Não bastava estar na Serie B, as chances entre os titulares de Deschamps eram ínfimas. Com esse panorama, o CSKA de Moscou apresentou uma proposta de quinze milhões de euros para assegurar as prestações de Giovinco, proposta logo refutada pela direção da Juventus, que optou em mandá-lo por empréstimo para o Empoli, não só como contrapeso na negociação de Almirón, mas também em busca de experiência: “a transferência em empréstimo aconteceu logo no início da abertura do mercado e eu também a quis, em absoluto acordo com o clube, sobretudo porque, analisando a situação, jogar nesta Juve teria sido efetivamente difícil. A experiência é muito importante, está me ajudando a crescer, melhorar, em suma uma escolha absolutamente feliz”, declarou ao j1897.com, um dos sites da torcida juventina. Pela primeira vez na Copa da Uefa, o Empoli caiu na tradicional armadilha de buscar Europa e Itália com mesma prioridade e elenco curto e o erro crasso no planejamento culminou na queda de Cagni do comando azzurro. O experiente técnico optava por um time mais preso à defesa e sua substituição por Malesani auxiliou na afirmação de Giovinco, geralmente fazendo dupla com Vannucchi nas costas de Pozzi ou Saudati. A presença do primeiro, um dos principais engenheiros de jogo do calcio atual, deve contribuir para o crescimento exponencial de seu futebol durante a luta pela permanência. Velha senhora, nova estratégia Voltando à Juventus, a queda para a segunda divisão redimensionou algumas idéias tradicionais da sociedade. Mesmo que a contratação do talentoso Rafael van der Vaart pareça iminente, a prioridade para os próximos deverá ser revelar jovens talentos no próprio clube. Após um passado onde as fornadas geravam Boniperti, Furino e Paolo Rossi, a base bianconera havia sido posta de lado nas gestões de Trapattoni, Lippi e Ancelotti em favor de contratações milionárias (Buffon, Zidane, Nedved) e apostas em revelações de outros times (Pessotto, Zambrotta, Del Piero).”Não nos interessa contratar Ronaldinho, nossa meta é encontrar o próximo Ronaldinho. Queremos encontrar e fazer crescer aqui em Vinovo o Ronaldinho de amanhã”. Com estas palavras Jean-Claude Blanc assumiu a função de administrador-delegado da Juventus. Para substituir os ídolos de hoje, então, os olhos voltaram-se para a base: da seleção italiana sub-21 que se classificou para Pequim, Palladino, Nocerino e Marchisio se destacaram. Os dois primeiros têm sido peças importantes na boa campanha de terno à Serie A, enquanto Marchisio teve o mesmo destino de Giovinco e foi emprestado ao Empoli. Com uma queda substancial em seus direitos televisivos para as próximas temporadas e ainda abatida pela disputa da Serie B, é possível que esta estratégia seja mesmo prioritária. Apesar disso, as movimentações no mercado levam a crer que contratações de alguns nomes fortes voltarão a ser feitas em breve. Até onde isso pode ser prejudicial à boa geração juventina não se sabe – Giovinco voltará ao clube mais forte e maduro, mas seu aproveitamento dependerá do nível da concorrência. Entre deixar no banco um jovem e uma contratação milionária, geralmente opta-se pelo mais confortável.
É por isso que eu sou contra as equipes italianas investirem tanto em estrangeiros. Se souberem trabalhar bem a base, é possível montar um bom time e ainda fortalecer a seleção do país, melhorando a renovação da mesma.
É por isso que eu sou contra as equipes italianas investirem tanto em estrangeiros. Se souberem trabalhar bem a base, é possível montar um bom time e ainda fortalecer a seleção do país, melhorando a renovação da mesma.