Serie A

900 minutos em 9: 15ª rodada

Marchisio supera Júlio César: campeonato reaberto?

No sábado, a rodada foi movimentada pelas equipes que teriam jogos pela Liga dos Campeões, exceto a Fiorentina, já classificada. No jogo que abriu a rodada, nenhuma dificuldade para o Milan bater, em 25 minutos e por três a zero (Borriello, Pato e Seedorf), uma Sampdoria que sofreu três gols e inexistiu pela segunda vez consecutiva, junto a Cassano. Enquanto os doriani se preocupam com a queda livre de sua equipe, Leonardo comemora seu sucesso: o Milan é segundo colocado, a quatro pontos da Inter, e seu esquema tático colocou Seedorf em perfeita sintonia com Pato e Ronaldinho. Os brasileiros, aliás, tem feito excelentes exibições e já há quem peça por seus retornos à Seleção. Ronaldinho, por exemplo, só jogou por trinta minutos, mas foi autor de duas belas assistências.

Porém, era óbvio que a atenção do sábado estaria mais voltada para o Derby d’Italia. A vitória da Juventus sobre a Inter por dois a um evitou a fuga da rival e pode ter recolocado a Velha Senhora na briga pelo Scudetto. Foi uma partida marcada pelas expulsões de Mourinho, por reclamação, e Felipe Melo, por agressão a Balotelli. Outra marca negativa foi a péssima atuação do árbitro Saccani, que deu motivos para que as duas equipes reclamassem muito. A Inter talvez tenha mais do que reclamar: o primeiro gol da Juve saiu de uma falta inexistente em Del Piero e poderia ter sido anulado por impedimento de Felipe Melo. Os interistas também reclamaram dois pênaltis, que Saccani não deu. Por outro lado, Samuel e Balotelli poderiam ter sido expulsos. Com a bola no pé, ambas as equipes jogaram de igual para igual até o momento em que Marchisio fez o belo gol da vitória bianconera. A partir de então, os nerazzurri, metaforizados na figura de Balotelli, jogaram de maneira nervosa e pouco efetiva.

A boa demonstração de força da Juventus pode ser muito valiosa nesta terça, quando a equipe joga as fichas de sua temporada europeia frente ao Bayern, em casa. A Inter tem dois problemas graves: o primeiro é a queda de rendimento de Júlio César, que não tem demonstrado a mesma segurança que o levou a ser considerado o melhor goleiro do mundo. O segundo é a ausência de “Talisneijder”, como já tem sido chamado o holandês. Com ele em campo, a Inter não perdeu nenhuma partida. Para os nerazzurri supersticiosos, uma boa notícia: Sneijder enfrenta o Rubin Kazan, nesta quarta. Na Serie A, a Inter pode se consolar no fato de ter uma tabela mais simples do que suas duas rivais até o fim do primeiro turno. Milan e Juventus se enfrentarão justamente no fechamento da primeira parte do campeonato.

No Marassi, um dos jogos mais agradáveis e movimentados da rodada acabou empatado em dois a dois. Foi uma partida muito aberta, entre duas equipes que continuam separadas por um ponto na tabela, e que cresceu no segundo tempo com as diversas ocasiões de gols para ambos os lados. Aproveitando-se da inteligência tática de Galloppa e da velocidade de Biabiany, o Parma encontrou a fórmula correta para furar por duas vezes a defesa rossoblù, que permanece como a pior de toda a Serie A. No entanto, o ataque, segundo melhor da competição, mostrou serviço mais uma vez, nas figuras de Palacio e Palladino. O italiano, que tem jogado muito bem e é titular absoluto, encontrou em Mirante uma muralha quase intransponível, mas mesmo assim marcou, com um belo chute de fora da área. E, desta vez, o Genoa só não saiu com a vitória porque Brighi anulou um gol legal de Milanetto. O resultado deixa o Genoa na sétima colocação, grudadinho no Parma, que permanece na zona Champions, cinco pontos atrás da Juventus.

Logo depois do Parma vem a Fiorentina, em quinto lugar e um só ponto atrás dos crociati. Após o começo tétrico de temporada, Montolivo tem subido bastante de rendimento e foi o melhor em campo no 2 a 0 contra a Atalanta, ainda que Vargas tenha acertado mais uma linda bomba da intermediária. A defesa viola também foi uma boa nota da noite, com a melhora constante de dois que eram reservas há pouco tempo, Kroldrup e Pasqual. Pelas ofensas ao árbitro Celi, Conte vai assistir das tribunas o próximo jogo de sua Atalanta, contra a Inter, num jogo de treinadores suspensos. Com 12 pontos, a Atalanta é o primeiro time fora da zona de rebaixamento, mas só três acima dos lanternas Siena e Catania, que jogaram entre si. Melhor para os bianconeri, que não venciam em casa desde 9 de maio. Malesani arriscou no intervalo, trocando Fini e Ghezzal por Calaiò e Paolucci. Deu certo. O primeiro empatou o jogo com assistência do segundo que, por sua vez, marcou o terceiro para virar os dois gols que Martínez havia feito para os etnei. Com a derrota, Atzori é o nono treinador a cair na Serie A, dando lugar a Mihajlovic.

Outro fiel componente da zona de rebaixamento é o Livorno, que perdeu o quarto de oito jogos em casa, dessa vez para o Chievo – que venceu sua quarta de oito partidas fora. Com o capitão Lucarelli expulso aos 25 minutos por reclamar demais com Gava, os amaranto foram bem dominados pelo bom time de Di Carlo. O 2 a 0 imposto pelo Chievo com um gol em cada tempo (Rigoni e Bentivoglio) ficou barato. Com Pellissier em boa forma, é um time duro de ser batido. Olho em Yonese Hanine, 19 anos, italiano de origem marroquina que estreou na Serie A após marcar um golaço no Frosinone pela Coppa Italia. Quem vai saindo da parte de baixo da tabela é o Bologna, de ótima recuperação com Colomba, que faz milagre para recuperar três jogadores: Guana, Mudingayi e Adaílton. O brasileiro é o melhor rossoblù da temporada e abriu o placar contra a Udinese, no Renato Dall’Ara. De nada adiantou o empate de Di Natale (artilheiro isolado da Serie A, com 11 gols): no segundo tempo, um pênalti de Di Vaio fecharia o placar.

Com a derrota, a Udinese caiu mais duas posições e vai se preparando para um ano sabático. Um dos times que a ultrapassou foi o Palermo, agora em 13º. A virada de 2 a 1 sobre o Cagliari no “dérbi das ilhas” pode reanimar um time de início ambicioso e consequente decepção. Na estreia de Delio Rossi no Renzo Barbera, o ex-treinador da Lazio esteve incontrolável no banco de reservas e foi consertando o time no decorrer do jogo, mesmo sem Liverani, Miccoli e Bresciano. Para responder o lindo gol de Matri em lançamento de Cossu, Budan bateu de esquerda e dois zagueiros rosanero garantiram a virada: Bovo bateu escanteio, Kjaer mandou de cabeça. Migliaccio, que vinha sendo aproveitado por Zenga como zagueiro, foi bem na meia-direita. O resultado foi um balde de água fria para o Cagliari, que no intervalo estava em quarto lugar, mas terminou a rodada em décimo.

Em Nápoles, o “efeito Mazzarri” continua firme: já são oito jogos de invencibilidade sob o comando do técnico toscano. Se a semana do Napoli começou com o presidente De Laurentiis em guerra com Trefoloni e Collina, no domingo as atenções ficaram apenas no campo de um belo San Paolo que comemorava seus 50 anos. Mesmo número de dias que Quagliarella não marcava um gol. E, mesmo jogando bem, não parecia um bom dia para o atacante: foi Barreto quem abriu o placar, encobrindo De Sanctis. Mas logo veio a resposta e Quagliarella empatou de cabeça. De nada adiantou Ranocchia recolocar o Bari na frente, pois o homem do queijo estava ali: passe para Maggio e gol da virada no finalzinho, 3 a 2. Quem falta faz aos galletti é o argentino Rivas, machucado. Semana que vem, contra a Juve, Ranocchia e Parisi estão suspensos e Masiello é dúvida. Notícia tensa para uma defesa que tomou metade de seus 14 gols nos últimos três jogos.

Para finalizar, o dérbi da Cidade Eterna, outra vez tenso em campo e fora dele. Com as torcidas distribuindo bombas nas curvas, o jogo foi marcado por uma interrupção de quase dez minutos durante o primeiro tempo. A partir daí, surgiu espaço para o futebol. Ou não, já que a Lazio dominou a partida inteira, mas não sabia o que fazer com a bola nos pés. Bom para uma Roma que jogava um futebol plástico e inofensivo até a bela troca de passes concluída por um herói inesperado para a noite: o lateral Cassetti. Se é uma Roma que ganha confiança e motivos para se orgulhar, por outro lado é uma Lazio que já tem motivos para se preocupar com o rebaixamento.

Texto com a colaboração de Nelson Oliveira.

Para resultados, escalações, classificação e estatísticas da 15ª rodada, clique aqui.

Seleção da 15ª rodada
Julio Sergio (Roma); Cáceres (Juventus), Kjaer (Palermo), Juan (Roma); Marchisio (Juventus), Pirlo (Milan), Montolivo (Fiorentina), Galloppa (Parma); Ronaldinho (Milan), Quagliarella (Napoli), Biabiany (Parma).

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