Com o campeonato indefinido, Miccoli joga bem pelo Palermo e quer ir à Copa (Getty Images)
A 27ª rodada da SerieA passou longe de empolgar. Na verdade, foi uma das menos emocionantes de todo o campeonato. Ao todo, foram cinco empates, três deles por 0 a 0. Destes empates, dois aconteceram nas partidas mais importantes da rodada, que valiam a disputa pelo título. Roma (3ª, 52 pontos) e Milan (2º, 55), das quais se esperava um jogo mordido para decidir qual das duas equipes continuaria seguindo a Inter (líder, 59), fizeram um jogo muito abaixo das expectativas. De Rossi e Julio Baptista até deram bons motivos para os romanistas acharem que poderiam vencer, mas logo o Milan passou a mandar no jogo. Atacando sobretudo pelo lado esquerdo, a equipe rossonera foi perigosa, mas nada que deixasse Júlio Sérgio – de volta ao gol da Roma no lugar de Doni – de cabelos em pé. A chance mais clara do jogo surgiu no finalzinho da partida, quando Huntelaar tinha o gol aberto para marcar de cabeça e foi atrapalhado por Burdisso. Logo depois, Riise quase surpreendeu o Milan com uma bomba de fora da área, mas Abbiati confirmou sua boa partida com uma excelente defesa.
Em Milão, a Inter chegou a seu quarto empate (terceiro por 0 a 0) em um mês e já se preocupa com o fato de não conseguir disparar na liderança. Mourinho escalou um time ofensivo, sem volantes de origem, para que sua Inter aproveitasse o resultado do sábado e passasse pelo Genoa (9º, 39), mas teve seu plano frustrado. Maicon e Sneijder foram tímidos, fazendo com que os nerazzurri criassem muito pouco e mal importunassem a defesa rossoblù, liderada pela boa atuação de Bocchetti. Eto’o começou a partida no banco, mas entrou tão mal quanto Pandev, que havia iniciado a partida em seu posto. Milito, que enfrentava pela primeira vez o time que lhe deu grandes oportunidades na carreira, e Balotelli, que almeja ir a Copa da África do Sul, também decepcionaram e sucumbiram ao bom desempenho da segunda pior defesa desta Serie A.
Atrás dos três primeiros, a briga segue forte entre Juventus (5ª, 44) e Palermo (4º, 46). A Juve visitou Florença para enfrentar um de seus adversários históricos, a Fiorentina (10ª, 35). Zaccheroni não contava com Del Piero e Amauri, o que abriu espaço para que Trezeguet começasse jogando. Atrás do francês, Candreva e Diego atuavam juntos pela primeira vez próximos a área. A alternativa logo deu certo: o italiano tocou em profundidade para Diego (impedido), abrir o placar com dois minutos de jogo. Aos oito, Gilardino perdeu chance clara, frente a frente com Manninger. O goleiro, que substituía Buffon, falhou no primeiro tempo, ao sair do gol de maneira desastrosa, permitindo que Marchionni, ex-Juventus, empatasse o jogo. Na segunda etapa, porém, Grosso entrou no lugar de De Ceglie e definiu o placar, após ótimo passe de Sissoko. Resultado importante para a Juventus, que vai se consolidando como favorita pela quarta colocação. Já a Fiorentina aposta sua temporada no confronto desta terça, contra o Bayern de Munique, em jogo válido pelas oitavas-de-final da Liga dos Campeões.
No Renzo Barbera, o Palermo não deixou que a Velha Senhora assumisse a quarta posição e venceram o Livorno (18º, 23) num sofrido 1 a 0. Os amaranto praticamente não atacaram na partida e chegaram até a permitir que o zagueiro Bovo, improvisado na lateral direita rosanero, subisse com frequência. Mas o goleiro Rubinho estava insipirado. O brasileiro, emprestado aos toscanos pelo próprio Palermo, fez valer a “lei do ex”: ia garantindo o resultado positivo para sua equipe com quatro defesas magníficas em chutes de Miccoli, Cavani e Pastore. Resultado que seria ainda mais expressivo se Liverani não tirasse gol certo de Knezevic. Porém, como nem sempre a sorte está do lado mais fraco, Miccoli aproveitou sobra e bateu da entrada da grande área, garantindo três pontos valiosos para a briga pela Liga dos Campeões. O Romário do Salento chegou a seu décimo gol na Serie A, e já começa a se perguntar porque Marcello Lippi ignora sua grande fase e não o convoca para a seleção italiana.
A vitória de virada da Sampdoria (6º, 43) sobre a Lazio (17ª, 26), por 2 a 1, dá sinais mais claros de que a Samp voltou a brigar seriamente por uma vaga na Liga dos Campeões. Mas, de maneira inesperada, foram os visitantes que começaram mais ligados no jogo. A Lazio, escalada por Reja com três atacantes, se lançou ao ataque no início da partida, e quase marcou com Rocchi, que chutou forte e exigiu boa defesa de Storari. Aos sete, o goleiro doriano não impediu que Floccari (impedido) abrisse o placar. Porém, a virada veio ainda no primeiro tempo, com participação efetiva de Guberti, emprestado ao time genovês pela Roma. O ponta empatou a partida ao acertar um belo chute a 30 metros de distância, e depois armou a jogada que acabou no gol de Pazzini, que chegou a 13 nesta Serie A. Na segunda etapa, a Lazio até pressionou, mas as expulsões de Reja e de Zárate, por reclamação, praticamente decretaram a derrota biancoceleste. O atacante argentino saiu às lágrimas, mas não adianta chorar: o futuro da Lazio na elite deve ser decidido apenas nas últimas rodadas. Destaque também para o retorno de Cassano, que jogou 20 minutos. Em um mês, graças a um breve afastamento e uma leve lesão, Fantantonio apenas assistira a subida de produção da Sampdoria, que deve ganhar mais força com sua contribuição.
Se a Lazio está cada vez mais envolvida na luta contra o rebaixamento, algumas equipes parecem estar cada vez mais livres do fantasma da Serie B. A situação que mais impressiona é a do Bologna (13º, 34), que venceu o Napoli (7º, 41) por 2 a 1 e já soma 17 pontos nas últimas oito partidas. Marca expressiva para a equipe treinada por Franco Colomba, que faz um dos melhores trabalhos de sua carreira. Sem Di Vaio, Adaílton tem dado conta do recado, num time guarnecido por uma defesa bem postada. Defesa que não teve dificuldades em se proteger do ataque partenopeu, tão pouco efetivo nos últimos jogos. A equipe azzurra não vence desde o longínquo 24 de janeiro e perde cada vez mais terreno na luta por uma vaga europeia, o que fez o técnico Mazzarri ligar o sinal de alerta. No gramado do Renato Dall’Ara, o time da casa abriu 2 a 0 com 11 minutos, graças a Zalayeta e Adaílton, que não tiveram lá aquela intenção de fazer gol. Rinaudo diminuiu logo depois, mas a defesa rossoblù garantiu o resultado. Viviano ainda fez duas boas defesas em chutes de fora da área e selou a vitória do Bologna.
O Bari (12º, 35) venceu o Chievo (11º, 35) graças ao primeiro gol de Castillo em biancorosso. A vitória sobre o desfalcado time de Verona foi magra, mas pelo menos três outras boas chances foram criadas: Alvarez acertou o travessão, Meggiorini perdeu gol feito e Sorrentino defendeu pênalti batido por Donati já nos acréscimos. O Catania (15º, 28) está mais abaixo na tabela, mas manteve a boa fase ao voltar da Sardenha com um bom empate por 2 a 2 contra o Cagliari (8º, 39). Os sardos saíram na frente, com um golaço de Lazzari, indefensável para Andújar. Na defesa cagliaritana, porém, Canini fez jornada desastrosa: cometeu pênalti que seria convertido por Mascara, e, quatro minutos depois, deixou Maxi López desmarcado para assinalar a virada dos visitantes. Para completar, foi expulso no segundo tempo, deixando seu time vulnerável. Izco quase matou o jogo para o Catania, mas seu forte chute acertou o travessão. Só mesmo Cossu, chamado pelos torcedores de “orgulho da Sardenha”, salvaria o Cagliari. O trequartista foi poupado por Allegri porque jogou o amistoso entre Itália e Camarões, mas entrou no segundo tempo, fez as jogadas rossoblù fluírem e marcou o gol de empate após a expulsão de Canini.
O Parma (14º, 34) também parece tranquilo, a 11 pontos da zona de rebaixamento. Os gialloblù visitaram o Siena (último, 21) e conseguiram um ponto valioso. Tziolis quase abriu o placar para os senese com uma forte cabeçada que explodiu no travessão, mas quem saiu na frente foi o Parma, com Biabiany. Na segunda etapa, o capitão Morrone poderia ter liquidado a fatura para os visitantes quando acertou a trave de Curci após chutar, sem marcação e da entrada da área. O capitão do Siena, por sua vez, não errou quando teve a chance: Vergassola apareceu de surpresa na área adversária e completou um cruzamento vindo da direita. O Parma até poderia forçar um pouco mais, não fosse a segunda expulsão do chileno Jiménez em dois meses, mas o empate ficou de bom tamanho para os dois times. Um empate também aconteceu em Bérgamo, mas não agradou a Atalanta (19ª, 22) , que pressionou a Udinese (16ª, 28) durante toda a partida sem obter sucesso. O jogo passou longe de ser um exemplo de bom jogo de futebol e foi bastante tenso. No último minuto, Asamoah teve a chance de dar a vitória aos friulanos, mas não alcançou cruzamento de Sanchez, no último minuto, para alívio da equipe nerazzurra, que segue sonhando em permanecer na Serie A.
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