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Antes de ser técnico, Carlo Ancelotti foi ídolo de Roma e Milan

Até a década de 1980, o jogador de futebol mais importante crescido na pequena Reggiolo era Roberto Mozzini, zagueiro histórico de Inter e Torino, com dois títulos italianos, o último deles na temporada 1979-80. A mesma que marcou a chegada de Carlo Ancelotti à Roma. E, acredite, a mesma que poderia ter sido aquela de estreia do mesmo Carletto nas filas da campeã Inter.

Ancelotti estreou na Serie C durante a temporada 1976-77. Então pelo Parma, tinha 18 anos recém-completados e não era qualquer um destes garotos espetaculosos de categorias de base. Surgiu calado e mostrando seu futebol, sempre fisicamente vigoroso no meio-campo, com verticalizações rápidas para as laterais. Quando chegara ao clube gialloblù, ainda com a camisa 9 nas costas, não poderia ter tanto futuro. Sorte ter encontrado Cesare Maldini, que o colocou primeiro como trequartista e continuou recuando o jovem emiliano.

Em maio de 1979, garantiu o salto da carreira ao marcar dois gols contra a Triestina no spareggio que deu ao Parma a subida para a Serie B e foi o melhor em campo. Nas tribunas, aquele dia, estava a cúpula romanista: o presidente Dino Viola, o treinador Nils Liedholm e o diretor esportivo Luciano Moggi.

Ancelotti foi revelado pelo Parma, quase fechou com a Inter e acabou virando capitão da Roma (Getty)

Para o torcedor contemporâneo da Roma entender melhor seu estilo, àquela época Ancelotti seria um misto de Aquilani com De Rossi. Mas não seria das tarefas mais fáceis levá-lo à capital: Liedholm exigia o talentoso meia do Parma, que não queria perder seu melhor jogador para a disputa da Serie B. E ainda havia a Inter, que conseguira sua liberação e havia até feito o jogador entrar em campo em um amistoso contra o Hertha Berlim.

O impasse estava no preço: a equipe não topara pagar 750 milhões de liras por metade de seu passe, o relativo a quase 400 mil euros de hoje, imenso valor para aquele tempo. A Roma aceitou. Parecia loucura, aquele que se revelaria um golpe de mestre.

Entre problemas físicos e grandes atuações, Ancelotti se consolidou como ídolo da Roma (imago)

Desde o início, Carletto caiu nas graças da torcida e dos colegas de elenco. O espetáculo nos campos converteu-se no sonho de todo romanista a partir do momento em que o segundo scudetto da história do clube era conquistado, em 1983. Um ano antes, a Roma já havia sido vice-campeã. No outro ano, fecharia em terceiro lugar e finalista derrotada da Liga dos Campeões.

Foi a mesma época em que Ancelotti começou a conhecer a dor que lhe acompanharia por toda a carreira. Era peça importante para a Copa do Mundo de 1982, mas uma dividida com Francesco Casagrande, da Fiorentina, fez torcer seu joelho direito. O problema ocorreu em outubro de 1981 e o meia já estava na fase final de recuperação quando viu os ligamentos cruzados se romperem num treinamento.

Carletto chegou ao Milan no fim da década de 1980 e, sob a batuta de Sacchi, empilhou taças (Getty)

Tecnicamente, o retorno aos campos foi ainda melhor que seu começo na Roma. Ancelotti voltou ainda mais equilibrado, chamava o jogo para si. Até que, em dezembro de 1983, contra a Juventus de Cabrini, foi a vez de o joelho esquerdo se romper e lhe dar uma perspectiva de mais um ano parado. Desfalcada de uma das almas do time, a Roma caiu na final da Copa dos Campeões, perdendo nos pênaltis para o Liverpool. Para a temporada seguinte, ele voltava como protagonista, contra todos os que não acreditavam em seu regresso.

Agora com Eriksson como técnico, os giallorossi preparavam o lançamento de Giannini, herdeiro natural de Carletto, capitão da equipe. Depois de mais um assalto em vão ao título, o presidente Viola negocia Ancelotti com o Milan. Enquanto na capital já acreditavam que o jogador não valia o que recebia, em Milão Arrigo Sacchi tinha certeza de que ele seria peça-chave de seu time revolucionário.

Eis o último ressurgimento de Ancelotti, 28 anos, a partir de então o melhor intérprete do futebol total sacchiano. No “Milan holandês”, o meia se tornou o grande pilar do jogo que conquistou quase tudo o que disputou: foram três títulos nacionais e seis internacionais em cinco anos de carreira em rossonero.

Títulos e mais títulos: foi assim que Ancelotti começou a construir grande identificação com o Milan (imago/Colorsport)

Em seu último ano como jogador, foi comandado por Fabio Capello e se despediu com o scudetto no peito, ainda que com partidas mais esparsas ao decorrer da temporada. Outra vez, se preocupava com seu possível herdeiro, agora Albertini.

Em maio de 1992, se despediu dos campos numa partida contra o Verona, em San Siro. Capello lhe deu 20 minutos e Ancelotti disse adeus com dois gols. Ou um “até mais”, já que ainda voltaria ao time para comandá-lo do banco por quase uma década inteira, na fase inicial de uma longa e esplendorosa carreira como treinador – muito além da já magnífica trajetória como atleta.

Carlo Ancelotti
Nascimento: 10 de junho de 1959, em Reggiolo, Itália
Posição: meio-campista
Clubes como jogador: Parma (1976-79), Roma (1979-87) e Milan (1987-92)
Títulos como jogador: Coppa Italia (1980, 1981, 1984 e 1986), Serie A (1983, 1988 e 1992), Supercopa Italiana (1988), Copa dos Campeões (1989 e 1990), Supercopa Uefa (1989 e 1990) e Copa Intercontinental (1989 e 1990)
Clubes como treinador: Reggiana (1995-96), Parma (1996-98), Juventus (1999-2001), Milan (2001-09), Chelsea (2009-11), Paris Saint-Germain (2012-13), Real Madrid (2013-15 e 2021-24), Bayern de Munique (2016-17), Napoli (2018-19) e Everton (2019-21)
Títulos como treinador: Copa Intertoto (1999), Coppa Italia (2003), Liga dos Campeões (2003, 2007, 2014, 2022 e 2024), Supercopa Uefa (2003, 2007, 2014 e 2022), Serie A (2004), Supercopa Italiana (2004), Community Shield (2009), Mundial de Clubes (2007, 2014 e 2022), Copa da Inglaterra (2010), Premier League (2010), Ligue 1 (2013), Copa do Rei (2014 e 2023), Supercopa da Alemanha (2016 e 2017), Bundesliga (2017), Supercopa da Espanha (2022 e 2024) e La Liga (2022 e 2024)
Seleção italiana: 21 jogos e 1 gol

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