Seleção italiana

Os 23 de Lippi: Andrea Pirlo

Na temporada irregular do Milan, Pirlo jogou em pelo menos três posições diferentes no meio-campo.
Se desta vez não foi brilhante, pelo menos manteve o ritmo (AP Photo)

Um líder silencioso, que fala com os pés. Para Marcello Lippi, este é Andrea Pirlo, um dos meio-campistas de melhor visão de jogo no futebol mundial. Com uma enorme eficácia em seus passes e lançamentos, além de dribles de corpo muito úteis no meio de campo, constrói o jogo com relativa facilidade, principalmente atuando como regista da seleção e do Milan, onde está desde 2001. Mas, nos últimos meses, tem jogado mais adiantado que o habitual nas duas frentes, e tido boas apresentações. No 4-3-1-2 provável de Lippi, Pirlo deve ser o responsável direto pela armação. Assim como tem sido nas vezes em que faz a função no 4-2-1-3 de Leonardo – quando não é sacrificado e acaba jogando na linha de marcação do meio-campo.

Outra de suas características fundamentais, a precisão nas bolas paradas, Pirlo treinou desde o início de sua carreira. Algo que ainda melhorou nos últimos anos, quando passou a cobrar faltas inspirado em Juninho Pernambucano, a partir de 2005. Mas ao contrário do brasileiro, Pirlo cobra usando o peito do pé, não de trivela. Com tanto talento para fazer seus gols e ainda entregar vários deles a seus companheiros, muitas vezes passa despercebido a dificuldade que ele tem para ajudar na marcação de times mais velozes. Reflexo de seu início no Brescia, onde começou jogando de atacante. Mal comparando, um estilo próximo ao que Totti faz hoje na Roma. Com a diferença de que o romanista foi se adiantando, com o passar do tempo. O bresciano teve de recuar, para deixar de ser um promissor atacante de técnica apurada e se transformar num dos eixos da Nazionale.

Pirlo estreou na Serie A aos 16 anos, no campeonato 1994-95. No verão de 1998, foi negociado com a Internazionale. Lá, teve pouquíssimas chances como titular e foi emprestado à Reggina para disputar seu primeiro torneio como protagonista de um time. Após um ano, voltou para Milão e continuou sem chances no primeiro semestre da temporada 2000-01 – no total, foram 20 jogos nas duas passagens. Acabou de novo emprestado, agora ao Brescia que havia o revelado. Para conseguir jogar ao lado de Roberto Baggio, foi recuado por Carlo Mazzone para a posição na qual atua até hoje. Foram apenas dez jogos no returno da Serie A. O suficiente para a Inter decidir não apostar em seu futebol. E o Milan investir.

35 bilhões de liras depois, Pirlo chegou ao Milan e passou longe de convencer. Só depois de uma temporada completa e várias especulações sobre mais uma negociação na janela de transferências é que conseguiu se afirmar. Aproveitando-se das lesões de Ambrosini e Gattuso, passou a ser aproveitado por Carlo Ancelotti na mesma posição em que jogava no Brescia. Virou titular absoluto e ídolo, fazendo com que o Milan se confirmasse com o 4-3-1-2 que manteve por tantos anos, com ele à frente da defesa ao lado de Gattuso e Seedorf, enquanto Rui Costa ficava na armação. Com esse meio-campo, o Milan conseguiu o título da Liga dos Campeões, em 2003. Pirlo tornou-se “um Zico à frente de sua defesa”, nas palavras de Carlos Alberto Parreira. E também alcançou a seleção, depois da decepção na Copa do Mundo de 2002.

Com o Milan, Pirlo ainda venceria outra Liga dos Campeões, em 2007, além de um Mundial de Clubes, uma Coppa Italia, uma Supercoppa e um título da Serie A. Na seleção italiana, à qual chegou aos 23 anos pelas mãos de Giovanni Trapattoni, só conseguiu se transformar de vez em titular durante a Euro 2004. Teve suas melhores prestações em azzurro durante a Copa do Mundo seguinte, na Alemanha, com direito a um golaço na estreia contra Gana e mais duas ótimas assistências, uma na semifinal e outra na final. Em seu segundo Mundial, chega com mais experiência e versatilidade para tentar, pelo menos, manter o bom ritmo com que vem jogando nesta difícil temporada para o Milan.

Andrea Pirlo
Nascimento: 19 de maio de 1979, em Flero
Posição: meio-campista
Clubes: Brescia (1994-98), Inter (1998-99), Reggina (1999-2000), Inter (2000), Brescia (2001), Milan (2001-hoje)
Seleção italiana: 65 jogos, 8 gols
Títulos: 1 Serie A (2004), 1 Coppa Italia (2003), 1 Supercoppa (2004), 2 Ligas dos Campeões (2003, 2007), 2 Supercopas Uefa (2003, 2007), 1 Mundial de Clubes (2007), 1 Europeu Sub-21 (2000), 1 Copa do Mundo (2006)

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