O site do clube comprova: Zdenek Zeman é o centro do projeto do Foggia (usfoggia.it)
Há um mês, o Foggia de Pasquale Casillo trazia de volta o maior técnico de sua história, o tcheco Zdenek Zeman. Parte de um planejamento para melhorar resultados e reaproximar time e cidade.
A história começou quando os torcedores vibraram com o gol de Caraccio, no último minuto do play-out com o Pescina, que selou a permanência do Foggia na Lega Pro Prima Divisione, em maio. O rebaixamento passou perto justamente quando o Foggia abriu mão de elencos caros e apostou em jovens de outras equipes. Ali, o futuro parecia reservar apenas decadência para o time sensação na Serie A, nos anos 90.
Inflamar a cidade
Poucos dias depois de o Foggia se manter na terceira divisão, teve seu pacote societário comprado por Pasquale Casillo, presidente dos tempos de ouro da equipe rossonera. Reencontrou um ambiente ainda mais deprimido do que aquele de 1986, quando assumiu pela primeira vez: há mais de uma década distante da Serie B, a cidade começava a se acostumar com as seguidas frustrações e se agarrar ao passado.
Entre as boas lembranças do futebol foggiano, se destacava a Zemanlandia – o período em que o clube foi comandado por Zdenek Zeman, saltou da Serie C1 à Serie A e marcou época com uma equipe jovem, de futebol vibrante, obstáculo de grandes clubes. Casillo entendeu que reviver a empolgação deste período deveria ser a linha-mestra do novo projeto e a melhor maneira de fazê-lo seria resgatar os protagonistas daquela época: o diretor esportivo Peppino Pavone e o técnico Zeman.
Imagem da reconstrução
A Zemanlandia aconteceu entre 1989 e 1994, na segunda passagem do treinador tcheco pelo clube. As máximas de Zeman faziam o jogo da equipe divertir. Incentivador do futebol-espetáculo, ele dizia que, para vencer, “basta preciso marcar um gol a mais que o adversário”. Algumas futuras realidades do futebol italiano, como Signori, Baiano, Di Biagio e Rambaudi, passaram pelas mãos de Pavone e Zeman. Mas, mais do que qualquer nome, era a proposta de jogo, de diversão durante 90 minutos, que fazia aquele Foggia encantador.
A representação imaginária do período é, ainda hoje, Zeman. Bastou que seu nome fosse cogitado no novo Foggia para que toda a grande mídia italiana se voltasse para a cidade. Os ganhos de imagem eram notáveis e se confirmaram quando o tcheco foi apresentado oficialmente para sua terceira passagem no clube: mais de mil torcedores foram ao estádio Zaccheria. Para aquelas pessoas, a Zemanlandia passava de lembrança para possibilidade concreta. Até o tempo estimado para o novo milagre de Foggia é o mesmo do passado: em três anos, o clube pretende retornar à Serie A.
Solução estrutural
O Foggia, como a maioria dos clubes da Lega Pro, não tem patrimônio financeiro para montar um elenco independente. Para estas equipes, a melhor possibilidade de formação para a temporada é recorrer a empréstimos pouco onerosos de jogadores jovens. Foi o que o clube rossonero fez, sem qualquer planejamento, na temporada passada. Por pouco, não acabou rebaixado. Com Zeman, até este quadro se inverteu: o perfil do treinador, que gosta de trabalhar e formar equipes jovens, transformou o time em catalizador de ofertas de empréstimo dos clubes maiores.
Os satanelli estão repletos de jogadores com grande potencial em todos os setores. Na defesa, os maiores destaque são o lateral-esquerdo Vasco Regini, 21 anos, formado no Cesena e atualmente de propriedade da Sampdoria e os zagueiros Michele Rigione (19, Internazionale) e Simone Romagnoli (20, Milan). No meio-campo, os mais promissores são o marfinense Moussa Kone (20, Atalanta) e o polonês Bartosz Salamon (19, Brescia). Para o ataque, a grande esperança é Lorenzo Insigne (19), grande talento das categorias de base do Napoli. Mas Marco Sau (22, Lecco) e o húngaro Roland Varga (20, Brescia) também merecem atenção.
Contando com um número maior de jovens, o Foggia receberá incentivos financeiros da Lega Pro. Pelo novo regulamento, há premiação para equipes que lançam jogadores sub-23 durante o campeonato. Mais que isso, as figuras de Zeman e Pavone representam garantias de exposição para os jogadores. O lateral-direito Marco Candrina tinha ofertas da Serie B, mas preferiu jogar com o treinador tcheco.
Tais facilidades permitiram ao Foggia dar espaço aos melhores valores da própria base, como os defensores Alessandro Basta e Andrea Torta, e emprestar futuros potenciais a equipes de categorias menores. O Manfredonia, treinado pelo irmão mais novo de Zeman, e que atualmente milita no campeonato de Eccellenza, foi um dos beneficiados.
Primeiros efeitos
No futebol, qualquer estratégia acaba medida pelos resultados do campo – e assim testemunham os recentes projetos fracassados de Cremonese, Ravenna e Hellas Verona. Por enquanto, o Foggia fez apenas três jogos: vitórias sobre L’Aquila e Giulianova, pela Coppa Italia Lega Pro, e goleada fora de casa, sobre a Cavese, na estreia da Prima Divisione. Lampejos do que pode se tornar bom futebol quando a equipe estiver mais bem entrosada.
Outros fatores colaboram para a expectativa da nova Zemanlandia. Graças às punições da temporada passada, o Foggia fará os três primeiros jogos no estádio Zaccheria de portões fechados. Se, por um lado, isto tira do clube a possibilidade de renda, por outro, faz crescer a espera para o reencontro entre técnico e torcida. A ansiedade se confirmou na venda de carnês para a temporada, que já ultrapassavam 2.500 para um objetivo fixado entre 4 e 5 mil inscrições – quase metade das vendas do Hellas Verona, recordista da categoria na temporada passada.
O caminho de volta é longo e recuperar os quase 12 anos de ausência da Serie B em apenas uma temporada é tarefa difícil. Quase tão difícil quanto semear esta esperança entre os torcedores do Foggia. O trabalho mais difícil foi feito – o resto, como diria Zeman, “é diversão”.