Quando jovem, Abel Balbo começou a jogar futebol no Newell’s Old Boys, mas poderia ter iniciado no Independiente: já tinha um teste marcado no clube de Avellaneda, mas, quis o destino que sua irmã fosse contratada para trabalhar no escritório de advocacia do vice-presidente dos leprosos. Sabendo que o garoto faria o teste no Rojo, o comandante da formação de Rosário também quis que ele fosse testado em seu time, onde foi aprovado.
Com essa ajuda da família, Balbo iniciou no futebol, e, em seu último ano como juvenil, participou de 32 jogos e fez 15 gols. Depois, já integrado ao time principal, um novo desafio: liderou uma equipe formada completamente por jogadores formados nas categorias de base do clube ao título do Campeonato Argentino – sua única conquista em terras portenhas. Mesmo com o interesse do Verona, Balbo acabou se transferindo para o River.
O atacante julga que sua passagem nos Millonarios foi um sucesso, pois lá fez 12 gols e conseguiu pela primeira vez ser convocado pela seleção argentina. Depois disso, o destino mais uma vez sua parte. Marino Mariottini, diretor esportivo da Udinese, havia vindo à América do Sul para observar Roberto Sensini (ex-companheiro de Balbo no Newell’s). Porém, o atacante também chamou a atenção e ambos rumaram à Itália. Assim, Abel chegaria ao país de seus avós paternos, oriundos da região do Piemonte.
Nos bianconeri, foram quatro anos de sucesso, nos quais Balbo considera ter marcado mais gols do que imaginava. E foram muitos mesmo: ao todo, 65 tentos. No período que esteve em Údine, foi chamado pela Argentina para a Copa de 1990 (disputada na Itália), na qual os albicelestes foram derrotados pela Alemanha na final.
Após mais de 120 partidas vestindo bianconero, Balbo foi jogar na capital italiana. A Udinese não vinha bem e na temporada 1992-93, o time escapou de um rebaixamento para a Serie B apenas nos playoffs, muito por causa de Balbo, que foi vice-artilheiro da Serie A ao lado de Roberto Baggio. E, mais uma vez, o imprevisto permeou sua carreira: antes de fechar com a Roma, Balbo tinha um acordo pronto com a Inter, que só não foi assinado porque os nerazzurri já tinham os três estrangeiros autorizados pela Federação Italiana.
Na Roma, o atacante argentino alcançou a idolatria e chegou a usar a braçadeira de capitão. Seu bom desempenho no time da capital ainda o levou para mais duas Copas do Mundo, em 1994 e 1998, para duas participações medianas da Argentina. Em Roma, sua primeira temporada não rendeu títulos, mas levando vantagem de seu tradicional oportunismo, os gols não faltaram. Nas mais de 170 partidas em que vestiu giallorosso foram 78 tentos. Porém, em 1998, após cinco anos de clube e se encaminhando para o fim da carreira, Balbo encerrou sua primeira passagem na Roma.
No Parma, à época comandado pela Parmalat, ele reencontrou Roberto Sensini, capitão do clube. Juntamente com os compatriotas Sensini, Verón e Crespo, Balbo venceu sua única taça continental, a Copa Uefa de 1999, e também levou a Coppa Italia do mesmo ano. Em Parma ele ficou apenas um ano, algo que se repetiu em Florença, onde formou dupla com Batistuta, antes de retornar à Roma.
O final da carreira foi em baixa, jogando pouco, mas o argentino acabou fazendo parte do elenco capitolino campeão da Serie A 2000-01 e da Supercopa Italiana de 2001. Para fechar sua história dentro de campo, o jogador ainda acrescentou uma passagem relâmpago pelo Boca Juniors.
Ao deixar o par de chuteiras de lado, Balbo – fã dos Beatles – tentou ser cantor e até gravou um álbum com fundos voltados à beneficência, porém logo deixou a música de lado. O argentino fez o curso da Uefa para ser treinador e teve uma carreira bem singular na função.
Primeiro, uma curtíssima e atribulada passagem pelo Treviso, na Serie B, que durou apenas três semanas e antecedeu o rebaixamento biancoceleste; depois, meses positivos no Arezzo, da quarta divisão, interrompidos por uma demissão por motivos pessoais. Balbo voltaria aos bancos de reservas somente na década de 2020, na elite de seu país: teve duas experiências pelo Central Córdoba e uma pelo Estudiantes. Entre esses trabalhos, o ex-atacante fez de tudo um pouco: foi comentarista da RAI, empresário de atletas, dono de escolinha e até mesmo se arriscou no agronegócio. Nem sempre com o mesmo faro de gol que o levou a três Copas do Mundo e ao sucesso no futebol italiano.
Abel Balbo
Nascimento: 1º de junho de 1966, em Empalme, Argentina
Posição: atacante
Clubes como jogador: Newell’s Old Boys (1987-88), River Plate (1988-89), Udinese (1989-93), Roma (1993-98 e 2000-02), Parma (1998-99), Fiorentina (1999-2000) e Boca Juniors (2002-03)
Títulos como jogador: Campeonato Argentino (1988), Coppa Italia (1999), Copa Uefa (1999), Serie A (2001) e Supercopa Italiana (2001)
Clubes como treinador: Treviso (2009), Arezzo (2010-12), Central Córdoba (2022 e 2024) e Estudiantes (2023)
Seleção argentina: 37 jogos e 11 gols
Pedro,
Parabéns pelo texto – grande resenha da carreira do ótimo Abel!
Abraços,