Silvio Piola era um autêntico goleador. Em toda a sua carreira, marcou 274 gols em 537 partidas pela Serie A e, até hoje, é o maior artilheiro da principal competição italiana. Durante os 25 anos de carreira, Piola foi ídolo na Lazio, na Juventus e no Novara, porém seus gols não o levaram a comemorar títulos nacionais. A Copa do Mundo de 1938, bicampeonato da seleção italiana, foi o único título que conquistou.
A trajetória do artilheiro começou cedo pelo Pro Vercelli, situado próximo à Robbio, onde nasceu. Nos leoni, à época clube de Serie A, Piola estreou em 1930 e na temporada seguinte, com apenas 17 anos, o atacante foi destaque ao marcar 13 gols, sendo o artilheiro da sua equipe no campeonato. Na temporada 1933-34, outros 15 tentos ajudaram o Pro Vercelli a alcançar o sétimo posto na Serie A. Na partida contra a Fiorentina, em outubro, os piemonteses venceram por 7 a 2, com seis gols de Piola, que estabeleceu o recorde de número máximo de gols de um jogador em apenas um jogo – depois igualado por Omar Sívori, da Juventus.
Ao final da temporada, a Lazio contratou o bomber, mas a transferência foi recheada de polêmica. Pois o partido fascista, que à época dominava o país e tinha ligação com os aquilotti, recebeu acusações de ter influenciado essa mudança. O atacante ignorou tudo isso e logo apresentou seu cartão de visitas: marcou 21 gols no primeiro campeonato italiano vestindo biancoceleste e foi o vice-artilheiro da competição.
No ano seguinte, Silvio Piola novamente apareceu entre o líderes da artilharia ao marcar 20 vezes. Os gols que apareciam em grande escala e fizeram com que ele fosse convocado para a Squadra Azzurra. Na estreia pela Nazionale, contra a Áustria, foi chamado às pressas para substituir o bolonhês Angelo Schiavio e marcou uma doppietta na vitória por 2 a 0. Depois, só deixou a seleção em 1952.
Na temporada 1936-37, marcou 21 gols e, pela primeira vez, foi artilheiro da Serie A. Com seus gols, a Lazio alcançou o vice-campeonato, que lhe garantiu a participação na Copa Mitropa, extinto torneio continental. Os biancocelesti foram bem na competição e acabaram no segundo lugar, perdendo para o Ferencváros, da Hungria. Na Serie A, a campanha não foi boa, mas Piola novamente mostrou sua força e marcou 15 vezes.
Os bons desempenhos lhe garantiram vaga na seleção italiana que foi à Copa da França de 1938, como detentora do título. Na equipe que tinha Giuseppe Meazza como protagonista, Piola fez o seu papel e marcou cinco vezes. Foi fundamental nas oitavas, contra a Noruega, pois marcou o gol decisivo na prorrogação, e nas quartas, quando fez dois para eliminar a anfitriã. Na final, contra a Hungria, os azzurri venceram por 4 a 2 e conquistaram o bicampeonato com dois gols seus. Piola concluiu o Mundial como artilheiro da Nazionale, ficando atrás apenas do brasileiro Leônidas na classificação geral.
O agora campeão mundial voltou para a Lazio, onde seguia sendo a principal esperança e, de certo modo, fazia a equipe dependente de si: quando ele marcava mais gols, a equipe ficava mais à frente na tabela, porém se o mesmo não acontecia, os laziali sofriam. Na sua última temporada na capital italiana, em 1942-43, Piola foi novamente o artilheiro da Serie A, com 21 gols, concluindo sua passagem pelos aquilotti com 143 gols marcados.
Com o avanço da guerra, o futebol praticamente parou e Piola se transferiu para Torino, onde jogou apenas o campeonato de guerra do norte italiano, antes de se juntar à Juventus. Após a saída da Lazio, as convocações para a Nazionale deixaram de ser rotina para o atacante, mas enquanto jogava pela equipe bianconera, ele ainda fez mais duas partidas em azzurro e marcou em ambas. Até hoje, Piola tem a maior média de gols pela seleção: marcou 30 em 34 partidas disputadas, alcançando a média de 0,88 gols por partida, à frente de Luigi Riva (0,83) e Giuseppe Meazza (0,62).
Piola jogou duas temporadas pela Velha Senhora e chegou perto de conquistar a Serie A em 1945-46, quando a Juve estava à frente do Grande Torino até a última rodada. Porém, um empate contra o Napoli fez os rivais comemorarem o título mais suado daquele período. Já visando encerrar a carreira, o artilheiro voltou para a região em que nasceu e foi ajudar o Novara a retornar à Serie A, na única temporada em que não jogou na elite do futebol italiano.
Logo depois de ser protagonista no retorno dos azzurri para a primeira divisão, Piola contribuiu com 15 gols e foi fundamental para manutenção da equipe na divisão de elite do futebol nacional. No ano seguinte, os piemonteses brigaram novamente contra o rebaixamento e escaparam. A temporada 1950-51 viu um grande desempenho de Piola, que marcou 19 vezes e, dessa forma, uma possível volta à Serie B passou longe.
Na disputa de 1951-52, novamente o Novara apareceu bem e ficou na metade de cima da tabela, pois seu artilheiro teve outro ótimo desempenho, marcando 18 gols. Após mais dois anos vestindo a camisa do Novara, em que jogou e marcou menos, Piola optou por pendurar as chuteiras. O clube sentiu a sua ausência e, duas temporadas depois, acabou rebaixado para a Serie B e nunca mais retornou à elite.

No final da carreira, Piola ainda encontrou disposição para arrebentar pelo Novara e elevar o patamar do time (Archivi Farabola)
O histórico artilheiro chegou a dirigir a seleção italiana logo depois de pendurar as chuteiras, na Copa de 1954, em um sistema de tríplice comando, em parceria com o ex-artilheiro Schiavio e com o húngaro Lajos Czeizler. Treinou também o Cagliari em duas oportunidades, mas não teve sucesso na empreitada como técnico.
Silvio Piola morreu em 1996 e, no ano seguinte, em 23 e outubro de 1997, o estádio Viale Kennedy, de Novara, recebeu o nome do ex-artilheiro. A nomeação teve presença de boa parte da família do campeão do mundo. Por sua grande estreia no Pro Vercelli, desde 2002, Silvio Piola dá nome ao prêmio para o melhor atacante sub-21 das séries A e B. Homenagens à altura do grande atacante que foi.
Silvio Piola
Nascimento: 29 de setembro de 1913, em Robbio, Itália
Morte: 4 de outubro de 1996, em Gattinara, Itália
Posição: atacante
Clubes como jogador: Pro Vercelli (1929-34), Lazio (1934-43), Torino (1944), Juventus (1945-47) e Novara (1947-54)
Títulos como jogador: Copa do Mundo (1938)
Carreira como treinador: Itália (1953-54) e Cagliari (1954-56 e 1957)
Seleção italiana: 34 partidas e 30 gols
Só faltou dizer que ele só chegou à Lazio porque o regime fascista o obrigou a sair da Pro Vercelli…
Já acrescentei ao texto, valeu pelo toque, Braitner.