Nas décadas de 80 e 90, um meio-campista se destacou no futebol italiano por aliar técnica, raça e constantemente aparecer na área para marcar gols importantes. Ele era Nicola Berti, mediano que iniciou a carreira no Parma, passou pela Fiorentina e alcançou o sucesso na Inter. Após 16 anos de Itália, Berti ainda jogou em clubes da Inglaterra e da Espanha, além de ter vivido uma aventura na Austrália.
Com 16 anos, Berti ainda concluía sua formação nas categorias de base do Parma, mas, já no ano seguinte, o meia fez parte do elenco campeão da terceira divisão italiana. A titularidade foi conquistada na temporada 1984-85, quando os gialloblù jogavam a Serie B. Porém o primeiro ano entre os 11 iniciais não foi bom para a equipe, que terminou em último lugar, retornando à Serie C1.
O meia de 18 anos, no entanto, não acompanhou a queda do clube para a terceira divisão do futebol italiano, já que foi contratado pela Fiorentina. Foram três anos na equipe viola, sempre disputando a Serie A e sempre como titular. Em sua temporada de estreia, Berti ajudou seu time chegar à quarta colocação na Serie A e às semifinais da Coppa Italia. O tempo em Florença foi fundamental para dar experiência ao jovem meia que, ao final da temporada 1987-88, se despediu da cidade para jogar na Inter.
No primeiro ano vestindo nerazzurro, o meia foi personagem importante da conquista do scudetto. Utilizando a camisa 8, Berti foi titular e teve a seu lado no forte meio-campo interista, ao lado de Giancarlo Matteoli, Alessandro Bianchi e Lothar Matthäus. Juntos, eles ajudaram a equipe a vencer tranquilamente a Serie A de 1998-89 com 11 pontos de vantagem sobre o vice-campeão Napoli, de Maradona e Careca.
Conhecido como Cavallo Pazzo – ou “cavalo doido”, em português –, devido a seus arranques, Berti ajudou o time a quebrar vários recordes que se mantém até hoje para campeonatos de 18 times, como o de pontos conquistados (58, quando uma vitória valia dois), o de vitórias fora de casa (11) e o de vitórias no total (26). Na Copa Uefa, marcou um gol antológico nas oitavas de final contra o Bayern de Munique, embora a Inter tenha sido eliminada no jogo de volta.
A temporada seguinte começou com a vitória na Supercoppa de 1989, frente à Sampdoria, mas teve a eliminação frente aos suecos do Halmstadt na Copa dos Campeões e foi concluída com o terceiro lugar na Serie A. Berti voltou a comemorar um título com a Inter em 1991, quando os nerazzurri derrotaram a Roma na final da Copa Uefa. No primeiro jogo, disputado no Giuseppe Meazza, Berti sofreu o pênalti que deu origem ao primeiro gol interista e anotou o segundo, confirmando a vitória por 2 a 0. Na capital italiana, os giallorossi conseguiram marcar apenas um gol, o que não foi suficiente para tirar o título dos visitantes.
Suas boas performances e gols importantes na Inter aumentaram suas chances de fazer parte da seleção italiana. Já com extensa carreira na sub-21, o primeiro chamado para defender a Nazionale ocorreu no final de 1988. Na Copa de 1990, o treinador Azeglio Vicini o convocou e lhe deu a camisa dez, porém, na reta final do Mundial, Berti perdeu a vaga no time titular, e viu do banco a Itália que conquistar o terceiro lugar da competição.
Quatro anos depois, novamente presente em uma Copa do Mundo, o meio-campista alternou entre o banco de reservas e a equipe titular de Arrigo Sacchi. Na final, contra o Brasil, Berti jogou o tempo todo, mas não foi escalado para as cobranças de pênaltis, que deram o título aos sul-americanos. A caminhada na Squadra Azzurra foi encerrada relativamente cedo, quando tinha apenas 28 anos, na vitória por 2 a 0 contra a Alemanha, em 1995.
Na Inter, além do scudetto e da Supercoppa nas primeiras duas temporadas, Berti não conquistou mais taças em campeonatos nacionais, pois os nerazzurri viam o rival Milan, de Silvio Berlusconi, treinado por Sacchi e, depois, por Fabio Capello, ter grande destaque. Porém, na Copa Uefa a Beneamata seguia sendo forte, sendo símbolo do domínio italiano na competição durante os anos 90. Em 1994, o time de Milão conquistou mais um título, dessa vez frente ao Casino Salzburg e novamente teve Berti marcando, no jogo de ida.
Em 1997, a Inter ficou perto do título, mas foi derrotada por 1 a 0 pelo Schalke 04. A última conquista de Berti jogando com a camisa nerazzurra veio em 1998 e foi, justamente, uma Copa Uefa – a terceira do clube, recordista em títulos, ao lado da Juventus. Em Paris, com gols de Zamorano, Zanetti e Ronaldo, a Inter venceu a primeira final em jogo único da história do torneio, contra a Lazio, mas Berti não entrou em campo.
Sem muito espaço na Inter, o meia deixou o time, mas ficou no coração da torcida. Além dos gols, cunhou frases que até hoje são utilizadas pelos torcedores, como “meglio sconfitti che milanisti” – “melhor ser derrotado que ser milanista”, em tradução livre. O jogador seguiu para o Tottenham, que vivia entressafra no futebol inglês. Na Inglaterra, Berti se tornou querido pela torcida dos Spurs e ajudou o time a se manter na primeira divisão sem grandes dificuldades e ainda participou da campanha do título da Copa da Liga Inglesa.
Antes de se aposentar, Berti ainda teve uma passagem rápida em 1999 pelo Alavés, da Espanha, onde ficou apenas uma temporada e pouco jogou. Para terminar a carreira, no ano seguinte o meia foi contratado pelo Northern Spirit da Austrália, com objetivo de ajudar a popularizar o futebol na terra dos cangurus. Hoje, Nicola Berti é comentarista esportivo do programa Controcampo.
Nicola Berti
Nascimento: 14 de abril de 1967, em Salsomaggiore Terme, Itália
Posição: meio-campista
Clubes: Parma (1982-85), Fiorentina (1985-88), Inter (1988-98), Tottenham (1998-99), Alavés (1999) e Northern Spirit (2000)
Títulos: Serie C1 (1984), Serie A (1989), Supercopa Italiana (1989), Copa Uefa (1991, 1994 e 1998) e Copa da Liga Inglesa (1999)
Seleção italiana: 39 jogos e 3 gols
Grande texto. Só faltou citar a quase transferência para o Fluminense em 1999 😛
Abraços.