A campanha: 2ª colocação, 76 pontos. 23 vitórias, 7 empates, 8 derrotas.
A decepção: Diego Milito
Não é nenhum exagero dizer que a Inter levou a temporada 2010-11 como se ela pudesse ser dividida em duas distintas. A primeira parte, com Rafael Benítez, foi desastrosa: a defesa sofria poucos gols, mas jogava muito avançada e se desgastava demais. Desgastada como a relação dos jogadores com o treinador espanhol, que aplicava métodos que descaracterizaram a equipe construída por José Mourinho e também forçavam o físico dos jogadores – durante toda a temporada, o elenco sofreu com lesões e esteve bastante desfalcado. O erro de contratar Benítez – reconhecido pela diretoria -, um treinador bom para começar equipes do zero, mas não para continuar trabalhos já iniciados, penalizou muito a Inter, que até venceu a Supercopa italiana e o Mundial de Clubes da Fifa com o espanhol, mas melhorou mesmo a partir da chegada de Leonardo.
O ex-técnico do Milan fez o estilo paizão, conquistou os jogadores, conseguiu recuperar a coesão do grupo e incentivou a caçada ao Milan, que não terminou com o título, mas foi uma grande recuperação – sobretudo de performance – de um time que vinha jogando mal. A defesa acabou mais exposta, por conta de escolhas táticas de Leo, mas também pelo fato de a equipe nerazzurra ter de se lançar ao ataque, precisando de vitórias. Ao final de seu trabalho, Leonardo sofreu uma fundamental derrota no dérbi de Milão e também com uma humilhante eliminação na Liga dos Campeões para o Schalke 04, mas também conquistou seu primeiro título como treinador, a Coppa Italia, e terminou a temporada com 100% de aproveitamento em casa e 21 vitórias em 32 jogos, em todas as competições. No campeonato italiano, se Leonardo fosse uma equipe, teria ficado com o scudetto, por ter aproveitamento superior ao do Milan. Por isso, está confirmado para a próxima temporada.
No plano individual, as inúmeras lesões e o desgaste físico prejudicaram a temporada de muitos jogadores (Júlio César, Maicon, Cambiasso, Thiago Motta, Sneijder e Milito, sobretudo). Alguns destes até conseguiram atuar em alto nível durante o ano, mas nenhum jogou como Eto’o. O camaronês foi o motor da equipe desde a primeira rodada do campeonato e, polivalente, atuou em quase todas as funções do ataque, chegando ao fim de temporada exausto, mas com 37 gols – seu recorde pessoal. Para a próxima temporada, o elenco deve ser retocado e renovado com novos reforços, e contar com a saída de gente que jogou pouco, como Mariga, e deve ganhar ainda mais entrosamento com a plena adaptação de Nagatomo, Ranocchia e Pazzini, contratados em janeiro. A base para brigar por títulos já está formada e a equipe não precisa ser refundada, como diziam alguns nos piores momentos de 2010.
Belo texto Nelson. Parabéns.