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Hidetoshi Nakata, o primeiro asiático a fazer sucesso na Itália

Pouco mais de 10 anos antes que Yuto Nagatomo começasse a atrair o interesse dos japoneses e uma horda de fotógrafos para acompanhá-lo no futebol italiano, um outro nipônico abriu as portas para que seus conterrâneos jogassem na Itália. Hidetoshi Nakata foi o jogador japonês que teve mais sucesso no mundo e contribuiu muito com a evolução do futebol na terra do Sol Nascente.

O meio-campista ambidestro, dotado de muita técnica e com boa chegada no ataque além de um ícone no seu país, fez boa carreira na Itália, onde defendeu cinco clubes e conquistou dois títulos. Nakata também ficou muito conhecido pelo que fazia fora de campo: estrelou diversas campanhas publicitárias e foi um dos primeiros jogadores que inauguraram a tendência de confundir futebol e marketing.

No início da carreira, mesmo ainda atuando em clubes amadores, Nakata passa a ter presença constante nas seleções menores do Japão. Após se graduar na escola Nirazaki, aos 18 anos, o meia se juntou ao Bellmare Hiratsuka, da J-League, onde participou do elenco campeão da Recopa Asiática no ano de seu debute profissional.

Os primeiros passos de Nakata na Itália foram dados pelo ambicioso Perugia de Gaucci (imago)

“Hide” foi a surpresa japonesa na Olimpíada de 1996 e dois anos depois também esteve na lista do Mundial da França, depois de ter sido eleito por duas vezes seguidas, em 1997 e 1998, como melhor jogador asiático. Em sua primeira Copa, jogou todas as três partidas dos Samurais Azuis e, mesmo com a eliminação japonesa depois de três derrotas, chamou atenção de clubes europeus.

Após o Mundial, o Perugia contratou o meia por 3,3 milhões de dólares, através do jovem diretor Alessandro Gaucci, filho do dono da equipe, Luciano Gaucci. A contratação foi um sucesso tremendo de marketing e a camisa 7 de Nakata vendeu 25 mil exemplares logo de cara. Em sua estreia contra a Juventus, cinco mil japoneses vieram para vê-lo e não se decepcionaram: apesar da derrota biancorossa por 4 a 3, “Hide” anotou uma doppietta. Após uma temporada e meia de sucesso dentro e fora de campo, em que atuou em 47 partidas e marcou 12 gols, a Roma o contratou.

Na equipe capitolina, Nakata participou do último título da Serie A conquistado pela Roma, na temporada 2000-01. O ponto alto de sua temporada foi, novamente, um jogo contra a Juventus, no Delle Alpi. A Velha Senhora vencia por 2 a 0 e o japonês substituiu o capitão Totti, que ainda jogava como trequartista e estava em dia pouco inspirado. Ele marcou uma vez e, depois de um arremate seu, que Van der Sar soltou, Vincenzo Montella empatou o jogo. Depois da conquista do scudetto, Nakata ficou mais meia temporada em Roma e continuou sem muitas oportunidades, já que era reserva do capitão Totti. No mercado de inverno, o Parma contratou o meia.

Na Roma, o japonês se destacou num jogo contra a Juventus (imago/Baering)

Com os crociati, Nakata venceu a Coppa Italia de 2001-02, sobre a Juventus. Novamente, o japonês marcou no Delle Alpi e confirmou que a Juventus era sua vítima preferida. No primeiro jogo da final, o Parma perdia por 2 a 0, quando o camisa dez entrou em campo e, nos acréscimos, diminuiu. O gol deu mais chances para a equipe gialloblù, que com o 1 a 0 em casa, levantou a taça. No final da temporada, na Copa da Coreia do Sul e do Japão, Nakata foi um dos selecionados e novamente jogou todas as quatro partidas da seleção japonesa. Contra a Tunísia, ele marcou o seu único gol na competição.

O meia estava ficando sem espaço entre os titulares, e, como tinha um grande salário e a crise da Parmalat começava a se agravar, foi emprestado ao Bologna, no meio da temporada 2003-04. Se no Renato Dall’Ara, Nakata teve espaço com o técnico Carlo Mazzone, na temporada seguinte, ele não conseguiu sucesso na Fiorentina, que voltava à Serie A. Em Florença, o japonês ficou a maior parte do tempo no banco de reservas e, ao fim da temporada, se transferiu para o Bolton. Na Inglaterra, o japonês teve mais espaço e, mesmo sem um desempenho impressionante, acabou convocado para seu terceiro Mundial.

Na Copa da Alemanha, como tradição, Nakata participou de todas as partidas dos Samurais Azuis, que foram eliminados na primeira fase. Ao final da participação japonesa, “Hide” anunciou a sua retirada do futebol, com apenas 29 anos.

A camisa que o japonês vestiu por mais tempo na Bota foi a do Parma (Getty)

Mesmo longe do esporte, Nakata segue forte como figura pública. Em 2007, ele reapareceu duas vezes jogando futebol. Primeiro com Luís Figo, em partida contra a pobreza disputada na Europa, e depois, no final do ano, o meia prestigiou o ex-técnico Zico, no jogo das estrelas, no Maracanã. Nakata também costuma usar sua popularidade para promover ações humanitárias. Por exemplo, ele chegou a leiloar um par de chuteiras por 1,5 milhão de dólares, dinheiro para as vítimas de um terremoto no Haiti.

Hidetoshi Nakata
Nascimento: 22 de janeiro de 1977, em Yamanashi, Japão
Posição: meio-campista
Clubes: Hokushin Boys Soccer Club (1986-89), Kofu Kita Jr. (1989-92), Nirasaki (1992-95), Bellmare Hiratsuka (1995-98), Perugia (1998-2000), Roma (2000-01), Parma (2001-04), Bologna (2004), Fiorentina (2004-05) e Bolton (2005-06)
Títulos: Recopa Asiática (1996), Copa Kirin (1997), Copa da Dinastia (1998), Serie A (2001) e Coppa Italia (2002)
Seleção japonesa: 77 partidas e 11 gols

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