Serie A

20ª rodada: Leveza e tormenta em Milão

Seedorf chegou em Milão e já dá sinais de que mudou o ambiente interno rossonero (AFP)

Outono é época de muita chuva na Itália. E foi assim, debaixo de muita água, que quase todas as partidas da 20ª rodada aconteceram. Na rodada, poucas novidades: Juve e Roma continuam vencendo, e aproveitaram um tropeço do Napoli, que vê suas chances de scudetto se complicarem. A Fiorentina começa a ficar tranquila na zona de Liga Europa e até ambiciona mais, devido a crise da Inter, que se encontra em uma tormenta no mesmo momento em que o rival Milan ensaia engrenar. De cara nova (mas bem conhecida de suas torcidas), o Diavolo, assim como a Lazio, enxerga uma luz no fim do túnel. Acompanhe o resumo da rodada.

Milan 1-0 Verona

“Os jogadores estavam sentindo vontade de mudanças”, disse Seedorf em uma de suas primeiras entrevistas como técnico do Milan. E o holandês mudou: como bem explica André Rocha no ótimo Olho Tático, o novato treinador escalou sua equipe em um 4-2-3-1 similar ao do Botafogo, e teve sucesso. Apesar de a partida rossonera contra o Verona não ter sido um primor, o Milan teve 70% de posse de bola contra uma equipe perigosa, e pouco sofreu – o Hellas, é verdade, não tinha Jorginho, negociado com o Napoli, e Toni, gripado.

Na partida que fechou a rodada, um Milan pouco criativo, mas com muita movimentação, colocou o Verona contra as cordas, mas não chegou a finalizar tão bem – foram 18 chutes a gol, mas fora um chute de Robinho que beliscou a trave, Rafael trabalhou com tranquilidade. O jogo só foi decidido nos 15 minutos finais, depois que González cometeu pênalti infantil sobre Kaká, que dificilmente faria jogada perigosa na linha de fundo. Balotelli converteu, saudou Seedorf (e ganhou cumprimentos à distância), e mostrou que o Milan é outro. Na mentalidade, o time parece mais leve e tende a crescer. Já o Verona estaciona nos 32 pontos, mesma quantidade que a Inter, e, em 6º, segue pensando em Liga Europa. (Nelson Oliveira)

Juventus 4-2 Sampdoria

Nem as ausências de Bonucci e
Pirlo, poupados, puderam frear a Juventus. Ajudou, sim, no susto que a
Velha Senhora levou em certo ponto da partida, mas, no geral, a Juve
dominou a Sampdoria e alcançou sua 12ª vitória consecutiva e a décima
vitória em dez jogos no Juventus Stadium. São 55 pontos em 20 partidas,
um recorde da Serie A, que mantém a Roma ainda a oito pontos de
distância. Caso consiga mais cinco vitórias, esta Juventus iguala o
recorde  máximo da Inter de Mancini, que na temporada 2006-2007 venceu
17 compromissos em sequência. Freada a reavivada Samp de Mihajlović, que foi apenas o
terceiro time nesta temporada a marcar mais de um gol na Juve jogando
em Turim – ao menos, a equipe não teve prejuízos pelas derrotas de seis dos sete times
que vêm atrás. O time contou com  uma memorável apresentação de Gabbiadini, que ainda tem 50% de seus direitos ligados à própria
Juventus.

Vidal abriu o placar aos 18, após uma
assistência primorosa de Pogba, achando o chileno no meio da zaga
blucerchiata, deixando-o cara a cara com Júnior Costa para tocar no canto.
Apenas seis minutos depois, Llorente cabeceou para
fazer o segundo. Sem se entregar, porém, a Samp achou um gol aos 38,
quando Gabbiadini invadiu a área na ponta esquerda, cruzou e Barzagli
fez um gol contra. Na jogada seguinte, o mesmo atacante chutou da
esquina da área e a bola desviou na mão de Lichtsteiner, mas o árbitro
nada marcou. Aos 41, Vidal sofreu e converteu pênalti para fazer 3 a 1
no primeiro tempo. Alterada no intervalo, a Samp deu trabalho e marcou
aos 24, com Gabbiadini pegando uma sobra na pequena área. E o mesmo
atacante esteve a centímetros de empatar o jogo no minuto seguinte, com
um chutaço no travessão. Mas Pogba tratou de matar o jogo aos 33 com um
golaço, chutando uma bomba da entrada da área, no ângulo esquerdo. (Thiéres Rabelo)

Roma 3-0 Livorno

No primeiro jogo da rodada, sábado, o Livorno parece nem ter entrado em campo. Amplamente dominado pela Roma, o time do estreante técnico Perotti só não levou uma goleada maior por causa, de novo, das boas defesas do goleiro Bardi. Mesmo sem Totti e Maicon, poupados para o duelo do meio de semana, contra a Juve, pela Coppa Italia, os donos da casa começaram o jogo em ritmo alto e abriram o placar logo aos seis minutos de jogo, depois de boa jogada na direita que acabou nos pés de Destro, cada vez mais em forma. O gol inaugural do placar, porém, foi motivo de muita reclamação, por conta de posição duvidosa de Gervinho, que participou do lance.

Sem tomar conhecimento do adversário, a Roma continuou atacando e chegou ao segundo gol ainda no primeiro tempo, com Strootman. Ao fim do jogo, as estatísticas mostravam a superioridade giallorossa: foram 22 chutes a gol contra apenas quatro do Livorno – todos para fora. Aos 33 da etapa final, Ljajic conseguiu finalmente superar o goleiro Bardi e acertou belo chute de fora da área, fazendo 3 a 0. Com o empate do Napoli no dia seguinte, a Roma abriu quatro pontos de vantagem para o terceiro colocado e agora respira mais aliviada na briga por vaga na Liga dos Campeões. O Livorno continua em péssima fase – foi a quinta derrota seguida – e na zona de rebaixamento. (Rodrigo Antonelli)

Bologna 2-2 Napoli

Davide Ballardini assumiu o Bologna há pouco mais de uma semana, e sabia que teria duas duras missões de cara para tentar tirar o time emiliano da zona de rebaixamento. Até agora, a equipe não ainda não perdeu com o novo treinador.
Nem mesmo contra o poderoso Napoli. Com uma doppietta de Bianchi,
incluindo o gol de empate aos 46 do segundo tempo, o time da casa
deixou, por fim, a zona de rebaixamento, graças à derrota do Sassuolo.
Prejuízo imensurável para o Napoli, que com as vitórias de Juventus e
Roma vê o sonho do scudetto ficar ainda mais distante, já que os
bianconeri têm agora 12 pontos de vantagem e a Roma abre quatro na
vice-liderança. A vitória da Fiorentina coloca alerta laranja na
briga dos partenopei pela vaga na Liga dos Campeões: a Viola está,
agora apenas três pontos atrás. Nota negativa: a partida registrou cânticos racistas da
torcida bolonhesa contra os dez mil napolitanos presentes no estádio,
antes de a bola rolar.

Diamanti, bastante assediado pela
Juventus e pelo Guangzhou de Marcello Lippi e que pode deixar a equipe
da qual é capitão, cruzou da esquerda e Bianchi cabeceou no meio da
área, para fazer o único gol do primeiro tempo. Aos 14 do segundo tempo,
Dzemaili sofreu pênalti na entrada da área e Higuaín empatou. Depois de
muita pressão, o gol da virada veio aos 35, quando Hamsík roubou bola
no meio de campo, lançou Higuaín, que tocou curto para Callejón, na ponta
direita em velocidade, bater cruzado no canto direito de Curci.
Quando um destemperado Kone recebeu o segundo amarelo aos 39, o jogo parecia definido,
mas Bianchi, aos 46, puniu a passividade dos napolitanos. Diamanti
cobrou escanteio da direita, a zaga furou e o atacante, livre, dominou no peito e
mandou uma bomba de perna direita, empatando o jogo. (TR)

Catania 0-3 Fiorentina

Nem os torcedores mais otimistas esperavam uma estreia tão boa de Matri. Contratado em emergência para substituir os lesionados Rossi e Gómez, o ex-atacante do Milan chegou com tudo e, mostrando muita disposição, foi o principal nome do jogo contra o Catania. Com a promessa de mais de 10 gols até o fim da temporada pela viola, o centroavante não quis perder tempo e marcou logo dois gols no seu debute. Além disso, deu a assistência para o primeiro gol, de Fernández. Enquanto isso, o Catania não mostra forças para reagir e parece mesmo fadado a brigar contra o rebaixamento até o fim.

O técnico Maran, de volta ao cargo após demissão de De Canio, parece não ter conseguido mexer com os brios do elenco, tão apático até aqui, e a Fiorentina não demorou para perceber isso. O time de Montella partiu para cima do Catania, mesmo jogando fora de casa, e resolveu o jogo ainda no primeiro tempo. Matri rolou para Fernández abrir o placar aos 25 minutos e três minutos depois mostrou sua presença de área se antecipando a Spolli e marcando 2 a 0. Aos 41, o atacante voltou a aparecer bem: ganhou na corrida da defesa e fez 3 a 0. No segundo tempo, a Fiorentina controlou o jogo e esperou o tempo acabar. Ótimo resultado em dia que o Napoli apenas empatou e permitiu aproximação da viola, que agora vê o sonho de uma vaga na Liga dos Campeões mais perto. O Catania permanece na lanterna da competição, com 13 pontos. (RA)

Genoa 1-0 Inter

Em 2014, a Inter continua sem vencer. Nos últimos oito jogos, a equipe de Mazzarri só conseguiu uma vitória – fora de casa, não vence há dois meses. E desta vez, perdeu uma partida que leva um gosto ainda mais amargo, já que o Genoa, que não vencia a adversária em casa há 20 anos, é dirigido por Gasperini, demitido da equipe milanesa há quase três anos, e desafeto de dirigentes e jogadores. Dessa vez, a Beneamata até jogou melhor, com dois atacantes (curiosamente, ambos ex-Genoa: Palacio e Milito) e um meio-campo mais leve. Porém, Perin teve boa atuação, e a defesa, formada por De Maio, que jogava a Serie B até junho, e dois laterais, Antonini e Marchese, também foi bem. A fase não é boa e a sorte também não ajuda. Agora, a Inter vê a Fiorentina, 4ª colocada, 8 pontos à sua frente. Seis pontos atrás, o Genoa está em 10º.

Em meio ao temporal que caiu em Gênova, a partida do Marassi aconteceu normalmente. Melhor em campo, a Inter criava oportunidades, e teve a melhor chance do primeiro tempo com Jonathan, que foi bem defendida por Perin. O goleiro genovês, inclusive, fez mais duas defesas importantes no jogo, garantindo a imbatibilidade da zaga grifone. No segundo tempo, o jogo caiu um pouco em termos técnicos, e a Inter continuou sem chegar ao gol, mesmo com Milito, Palacio, Kovacic, Guarín e Botta em campo. Aí, aos 37, Antonelli aproveitou uma cobrança de escanteio para cabecear com força, definindo o jogo. No final, Botta tentou empatar, mas Perin defendeu novamente. (NO)

Udinese 2-3 Lazio
Ainda sem vencer fora de casa pela Serie A e sem empolgar desde que Reja assumiu, a Lazio foi até o topo da bota enfrentar a Udinese, motivada pela vitória contra o Parma na Coppa Italia. Os bianconeri por sua vez também se encontram em situação pouco tranquilizadora. Na 15ª colocação e a quatro pontos da zona de rebaixamento, a equipe de Guidolin ao menos contava com o retrospecto favorável contra os laziali. Nos últimos três jogos, três vitórias friulianas. Em campo, tudo parecia se encaminhar para mais uma partida de jejum romano, isso porque logo aos 8 minutos, a Udinese já vencia com um gol de pênalti de Di Natale, marcando depois de mais de dois meses em branco. Com maior posse, a Lazio dominou a primeira etapa, mas foi improdutiva no ataque.

Na segunda etapa, os biancocelesti perderam Onazi, expulso, logo nos primeiros minutos, mas, ainda assim, conseguiram o gol de empate logo na sequência. Domizzi cometeu pênalti em Klose e Candreva igualou o marcador. A Udinese voltou a frente do marcador cinco minutos após levar o gol de empate, graças a um belo chute de Badu, acertando o ângulo de Berisha. Mais perigoso após as entradas de Ederson e Hernanes o time da capital conseguiu uma reação já nos minutos finais. O empate veio com um gol contra de Lazzari, após colaboração de Brkic, e nos instantes finais brilhou a estrela de Hernanes, que acertou um chutaço no último minuto do tempo regulamentar e sacramentou a espetacular vitória da Lazio, que colocou o time novamente próximo do grupo dos que brigam pela Liga Europa. (Caio Dellagiustina)

Sassuolo 0-2 Torino
Depois da sensacional vitória frente ao Milan, o
Sassuolo voltou à sua dura realidade. Encarando o Torino, sob os olhares
de Cesare Prandelli – que estava no Mapei Stadium para observar Berardi –
e debaixo de um dilúvio que caiu ainda no primeiro tempo, os emilianos
sucumbiram às chances desperdiçadas e seguem o duro caminho contra o
rebaixamento. O Torino, por sua vez mantém a 7ª colocação e Ventura vê a
Liga Europa como um sonho possível.

Os donos da casa até
começaram bem a partida, melhor ordenados e com maior posse de bola, mas
desperdiçaram as boas oportunidades que tiveram. Quando deu vacilo, o
Torino não desperdiçou. Immobile aproveitou bobeira de Longhi, roubou a
bola ainda no meio campo e deu apenas um toque na saída de Pegolo. Com
Berardi muito aquém do esperado, os neroverdi foram pouco produtivos no
ataque. Eficiente, o Toro chegou ao segundo gol logo no início da
segunda etapa, com Brighi aproveitando rebote de Pegolo, definindo o
jogo. Se Prandelli foi ao Mapei ver Berardi, acabou vendo Cerci e
Immobile, criando ainda mais dúvidas para um companheiro para Balotelli na Squadra Azzurra. (CD)

Chievo 1-2 Parma

Com um gol a 30 segundos do
apito final, o Parma virou para cima do Chievo, em Verona, e conseguiu
sua terceira vitória consecutiva na Serie A, além de alcançar a marca de
nove partidas seguidas sem perder. Mesmo sem ter subido posições com a
vitória, o time emiliano está a apenas três pontos do Verona, primeiro
time dentro da zona de classificação para a Liga Europa. Por outro lado,
a derrota em casa foi o quinto jogo consecutivo do Chievo sem
vitória e a zona de rebaixamento volta a ser uma preocupação. O time de
Eugenio Corini, que se animou quando da chegada do técnico e deixou a
lanterna, volta a se ver ameaçado. O primeiro time dentro da zona de
rebaixamento, o Sassuolo, tem os mesmos 17 pontos que os gialloblù.

Os
donos da casa abriram o placar logo aos 15 minutos do primeiro tempo.
Após cruzamento da esquerda, Paloschi mandou uma bomba a meia altura de
esquerda, para defesa milgrosa de Mirante. No rebote, Bentivoglio
cabeceou no travessão, mas o mesmo Paloschi pegou a sobra e estufou as
redes. A partir daí, pressão total do Parma. Aos 23, pênalti marcado,
quando Hetemaj desviou de mão cruzamento de Parolo. Contudo, o
ítalo-brasileiro Amauri desperdiçou a cobrança, defendida por Puggioni.
Quatro minutos depois, Cassano fez jogada individual e bateu rasteiro de
fora da área, para ver a bola morrer fraca no canto direito. Mandando
no jogo, o Parma até acertou o travessão de Puggioni, mas o gol da
vitória só veio no minuto final. Após toque de letra magistral de
“Fantantonio”, o capitão Lucarelli recebeu na lateral da área, bateu
rasteiro e contou com a falha de Puggioni, que desviou a bola para o
gol. (TR)

Atalanta 1-0 Cagliari
A Atalanta soube aproveitar bem a sequência de jogos no Atleti Azzurri d’Italia. Venceu o Catania na última semana e agora bateu o Cagliari, novamente com um placar apertado, mas que fez com que o time se distanciasse da temida zona de rebaixamento. Do lado rossoblù, o time segue sem vencer fora de casa e acumulou a quinta partida sem vitória. Iguais na tabela no início da rodada, o time de Bérgamo saltou para a 11ª colocação, enquanto o time sardo permaneceu na 14ª e contou com a ineficiência de seus concorrentes que não venceram na rodada para se manter longe dos últimos colocados.

Mas para vencer, foi necessária muita sorte. Com o domínio da partida, o time de Diego López não aproveitou as oportunidades, carimbando a trave em três oportunidades, duas com Ibarbo e uma com Conti. A Atalanta foi mais eficiente e em uma das poucas chances criadas, marcou com Bonaventura e definiu o jogo. O camisa 10 aproveitou cruzamento de Brienza e escorou de primeira, sem chances para Avramov. Nos acréscimos, Ibarbo ainda agrediu Raimondi e acabou expulso. (CD)

Relembre a 19ª rodada aqui.
Confira estatísticas, escalações, artilharia, além da classificação do campeonato, aqui.

Seleção da rodada
Perin (Genoa); Darmian (Torino), Lucarelli (Parma), Zapata (Milan), Pasqual (Fiorentina); Vidal (Juventus), Pogba (Juventus), Strootman (Roma), Pjanic (Roma); Matri (Fiorentina), Bianchi (Bologna). Técnico: Rudi Garcia (Roma).

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