Pela segunda vez na temporada, alemães aplicam 7 x 1 em tradicional escola do futebol mundial. Vítima desta terça-feira foi a Roma, em casa, pela Liga dos Campeões; pelo menos equipe ainda depende só de si para classificar
Que Brasil e Itália têm muito em comum todo mundo sabe. Povo extravagante, desigualdade social, corrupção… e um futebol que vive do passado. Mas quem poderia imaginar que um 7 x 1 humilhante, também contra alemães, entraria para a lista de semelhanças entre as duas nações? Pois aconteceu. Em casa (!), para 70.544 torcedores verem, a Roma sucumbiu diante do Bayern de Munique, nessa terça-feira, e repetiu o vexame sofrido pelo Brasil na Copa do Mundo. Uma derrota que, certamente, não é só dos romanistas. Quando o time de melhor futebol do país na temporada leva uma goleada dessas, o buraco é mais embaixo. O 7 x 1 é um resultado que abre uma ferida e coloca em xeque (mais uma vez) todo o futebol italiano, que se apequenou em nível continental nos últimos anos.
Os problemas são muito parecidos com os do Brasil: política conturbada nos clubes e na Federação, falta de renovação técnica, má formação e uso da base, gestões atrapalhadas, entre outros. E, para piorar, a reabertura da discussão não deve acontecer, como foi com os brasileiros. A mesma Roma já tomou de 7 x 1 na Liga dos Campeões, em 2007, contra o Manchester United, e preferiu empurrar o vexame para baixo do tapete. O técnico Rudi Garcia, pelo menos, começou bem – melhor que Felipão – o pós-desastre. Em coltiva, ele admitiu que errou ao montar o time. Não falou em apagão e disse que deveria ter entrado com o time muito mais fechado para enfrentar o poderoso Bayern.
Garcia também errou ao não mudar o time logo. Aos 30 minutos, o placar já marcava 4 a 0 para os alemães e a Roma continuava a mesma em campo. Qualquer mudança nesses momentos é bem vinda, para tentar reanimar a equipe. Ashley Cole não poderia continuar em campo de jeito nenhum. Arjen Robben deitou e rolou em cima do veterano lateral-esquerdo. O holandês fez dois gols, deu 100 toques na bola – sem ser desarmado quase nunca -, completou 65 dos 69 passes que tentou, cruzou duas vezes e criou seis chances claras de gol.
Xabi Alonso (que partida!), Lahm e Gotze faziam a bola rodar com velocidade. Totti apenas assistiu ao massacre, de longe, e pouco tocou na redonda. A primeira etapa terminou com um castigante 5 x 0 no placar. Na volta do intervalo, claro, os visitantes diminuíram o ritmo e a Roma até alcançou seu gol de honra, com Gervinho, completando cruzamento de cabeça. Mas Ribery e Shaqiri ainda fizeram mais dois antes do fim para dar números finais (e impressionantes) ao jogo.
Hora certa
Como os brasileiros já perceberam, uma derrota dessas – apesar de dolorosa – não é apocalíptica. A Seleção Brasileira não deixou de existir, nenhum torcedor morreu de desgosto e o escrete nacional já até conseguiu vencer a Argentina de Messi, depois daquele histórico 7 x 1. Para a Roma, os prejuízos devem ser ainda menores. Os giallorossi perderam na hora que podiam. Uma derrota contra o Bayern já era esperada e não deve afetar muito o objetivo da equipe de passar às oitavas de final.
Isso porque o Manchester City – que acumula mais romadas do que a própria Roma na Champions – tropeçou de novo e a segunda colocação continua na mão dos italianos. Ou seja, os giallorossi dependem apenas de si para se classificar à próxima fase. Apesar da goleada desta terça, a equipe tem apresentado o segundo melhor futebol do grupo e tem sim condições de se classificar. Basta não deixar o psicológico afetar tanto. A notícia ruim é que o próximo jogo já é contra o Bayern de novo, dessa vez na Alemanha, no dia 5 de novembro. Esse duelo promete.
FICHA DO JOGO
Roma
De Sanctis; Torosidis, Manolas, Yanga-Mbiwa, Cole (Holebas); Nainggolan, De Rossi, Pjanic; Gervinho, Totti (Florenzi), Iturbe.
Gols: Robben, aos 9 do 1º tempo; Goetze, aos 23; Lewandowski, aos 25; Robben, aos 30; Müller, de pênalti, aos 35 do 1º tempo; Gervinho, aos 20 do 2º tempo; Ribery, aos 34; e Shaqiri, aos 35 do 2º tempo.
Amarelos: Iturbe, Torosidis e Nainggolan; e Bernat.