Momentos distintos: Genoa e Milan simbolizam fases de equipes de Gênova e Milão; Samp e Inter idem (Ansa)
26 de maio de 1991. Em nenhum outro momento da história a cidade de Gênova esteve tão à frente das outras cidades italianas no quesito futebol. Naquele dia, o país via a Sampdoria consagrada como campeã nacional pela primeira vez e o rival Genoa, em sua melhor campanha pós-Segunda Guerra Mundial, alcançar a quarta posição e classificar-se à Copa Uefa. Nenhuma outra vez na história as duas equipes ficaram juntas entre as cinco primeiras colocadas do Campeonato Italiano. Algo que pode mudar nesta temporada. Atualmente, o Genoa é o terceiro colocado e logo atrás, em quarto, está a Sampdoria. Com o futebol que as duas equipes genovesas tem jogado, é possível imaginar que elas consigam se manter nesta posição.
Por outro lado, Milão vive situação crítica. A última vez que Inter e Milan tiveram campanhas tão ruins ao mesmo tempo foi no longínquo 1957-58, quando terminaram a temporada empatadas com 32 pontos, na 11ª e 9ª posições, respectivamente. Em crise financeira e técnica, as equipes patinam e vão tropeçando mais do que o devido. Juntas, somam 38 pontos, apenas três a mais que a líder Juventus – os times genoveses tem 10 a mais.
Fora a solidificação da dualidade entre genoveses e milaneses, o campeonato viu pouca coisa nesta 14ª rodada. Juventus, Roma e Napoli empataram; a Lazio voltou a vencer e subiu na tabela, e aconteceram mudanças na parte mais baixa da tabela. Acompanhe o resumo.
Genoa 1-0 Milan
Nove jogos sem derrotas e a incrível terceira
colocação. O Genoa passou de contestado para sensação da atual
temporada na Itália. Contra um Milan nervoso e sem criação, a equipe de
Gasperini – que venceu sua 100ª partida no comando dos grifone – anotou
apenas um gol, o suficiente para somar mais três pontos e ultrapassar o
Napoli na classificação. Depois de duas chances com Ménez, uma aos
outras 7 e a outra aos 27 (saindo cara a cara com Perin), o Milan, que
já não empolgava, sofreu o gol. Perotti cobrou escanteio e Antonelli
subiu livre para cabecear no canto de Diego López.
A pressão
continuou e o Genoa quase ampliou ainda na primeira etapa. Após bobeira
de De Jong, Perotti aproveitou a sobra na entrada da área e Bonera
salvou quase em cima da linha. Na segunda etapa, domínio rossoblú
continuou, embora pouco incisivo. As raras chances vieram de chutes a
longa distância. Mesmo com as entradas de Pazzini e Niang, o time
milanista chegou apenas nos minutos finais, quando Bonaventura chutou
por cima a chance do empate. Festa genovesa e preocupação rossonera. O
Diavolo acumula apenas uma vitória nos últimos cinco jogos, caiu para a
sétima colocação e se distancia da zona de Champions League. Já o Genoa sonha em pela primeira vez jogar a competição, algo que não aconteceu em 2009-10 apenas por critérios de desempate – a Fiorentina tinha melhor saldo. A empolgação toma conta do lado vermelho e azul da cidade, e até mesmo o técnico Gasperini afirma que este time é melhor do que aquele, treinado por ele. (Caio
Dellagiustina)
Verona 1-3 Sampdoria
Mais uma vez, a Samp deu uma mostra de que a sua ótima campanha até aqui não é obra do acaso. Sob os olhos do folclórico presidente Massimo Ferrero, que deu mais um show nas arquibancadas, a equipe treinada por Mihajlovic agora ocupa a quarta posição, um a menos que o rival Genoa e um acima do Napoli. Já o Verona vai aprofundando seu momento negativo – não vence desde outubro, sexta rodada – e já flerta com a zona de rebaixamento.
A Sampdoria contou com ótima atuação de seu trio de ataque, Okaka, Éder e Gabbiadini – os três em grande fase – e com a expulsão do zagueiro Rafa Márquez logo no início da partida para vencer o Verona sem tantas dificuldades. Após algumas oportunidades para os dois lados, Márquez derrubou Éder na área e foi expulso. O brasileiro cobrou a penalidade e abriu o placar. Mesmo com 10 em campo, o Verona empatou o jogo, quando Toni foi esperto e aproveitou rebote dado por Romero. Na segunda etapa, após uma bronca de Mihajlovic nos vestiários, os blucerchiati voltaram a mandar no jogo e, sempre atacando pela esquerda, marcaram dois gols. Primeiro, Gabbiadini cruzou para Okaka completar para as redes. Depois de boa tabela entre Okaka e Éder, o brasileiro penetrou na área scaligera e apenas serviu Gabbiadini (possível reforço do Napoli), que empurrou para o gol. (Nelson Oliveira)
Inter 1-2 Udinese
Parecia que iria ser diferente. Que, enfim, a vitória voltaria a acontecer – pela primeira vez após a chegada de Mancini – e que a paz voltaria a reinar, ao menos temporariamente, no lado azul e preto de Milão. Mas a Inter, praticamente sozinha, conseguiu implodir uma vitória que estava encaminhada e caiu para a 12ª posição, mais perto da zona de rebaixamento do que da zona Uefa – seis contra sete pontos de diferença, respectivamente. A Udinese, treinada por Stramaccioni e com Stankovic em seu corpo técnico – duas figuras ligadas ao passado recente da Inter, homenageadas por torcida e diretoria – não teve nada a ver com isso e voltou a vencer depois de mais de um mês, em sua segunda partida jogada em Milão em sete dias.
Em campo, a Inter dominou amplamente por 50 minutos. Era um domínio territorial e de posse de bola nítido, mas que não necessariamente originava chances de gol. No 4-3-1-2, com Kovacic atrás dos atacantes, a Beneamata jogou seu melhor futebol desde a chegada de Mancio. Acertou a trave com o meia croata e, no final do primeiro tempo, após belo passe de Guarín, Icardi marcou seu oitavo gol na Serie A. No segundo tempo, tudo mudou. Após erros de Dodô, Bruno Fernandes acertou bonito chute da entrada da área e empatou. Minutos depois, Palacio tentou recuar uma bola sem olhar para trás e deu um presentaço para Théréau, que driblou Handanovic antes de fazer o gol da vitória friulana. Depois do 2 a 1, uma Inter abatida e sem ideias tentou empatar, mas não conseguiu. A consolação é que faltam apenas duas partidas antes de o mercado de inverno se abrir. Com reforços no ataque e na defesa (incluindo laterais), os nerazzurri podem subir na tabela. De outra forma, parece difícil. (NO)
Fiorentina 0-0 Juventus
No jogo que abriu a rodada, sexta-feira, Fiorentina e Juve fizeram partida muito equilibrada, mas sem muitas ocasiões claras de gol. As equipes se comportaram muito bem taticamente, e, com muita intensidade física de ambos os lados, seguraram o 0 a 0 no placar até o apito final do árbitro Rizzoli. Com Pirlo bem marcado, Pogba era quem tinha as melhores chances para tentar criar para a Velha Senhora. O francês, porém, não estava em tarde muito inspirada. Do outro lado, Cuadrado, Valero e Pizarro também não foram bem e a viola pouco produziu ofensivamente.
Com o resultado, a Juve poderia ver a Roma se aproximar na classificação e ficar apenas um ponto na frente dos capitolinos. Como a equipe de Totti também empatou, no sábado, contra o Sassuolo, a Velha Senhora pôde comemorar a liderança com boa vantagem antes do jogo decisivo contra o Atlético de Madri, pela Liga dos Campeões. A Fiorentina foi a 20 pontos e perdeu a 8ª colocação para a Udinese, que venceu a Inter. (Rodrigo Antonelli)
Roma 2-2 Sassuolo
A Roma não conseguiu tirar proveito do empate da Juventus e fez o mesmo contra o Sassuolo: resultado de 2 a 2 contra os neroverdi, em casa. Aos 16 minutos, De Sanctis vacilou feio ao tentar driblar Zaza. O atacante foi mais rápido que o goleiro e mandou a bola para o fundo do gol, quando ele tentava afastá-la para longe. Na sequência, a linha de impedimento não funcionou e o artilheiro dos neroverdi, lançado por Missiroli, aumentou a vantagem, batendo na saída do arqueiro. Os giallorossi não tiveram de buscar a bola na rede novamente porque Yanga-Mbiwa travou Zaza em lance crucial e De Sanctis se redimiu com uma boa defesa em finalização de Berardi.
Berardi, aliás, protagonizou outra cena importante da partida. Aos 6 minutos do segundo tempo, ele sofreu falta de De Rossi, em contra-ataque, e o volante da Roma foi expulso. Apesar da desvantagem numérica, o time da casa melhorou com a entrada de Gervinho e descontou com Ljajic, de pênalti. A marcação do árbitro Massimiliano Irrati foi bem polêmica – mão de Vrsaljko., após tentativa de passe do marfinense A vice-líder do campeonato empatou nos acréscimos novamente com Ljajic, esta após boa jogada de Gervinho e Florenzi – este, impedido antes de realizar o cruzamento. Com o empate cedido no final, o Sassuolo perdeu a chance de saltar para o sétimo lugar. (Murillo Moret)
Napoli 2-2 Empoli
Enquanto os genoveses seguem em boa fase (resta
saber até quando), o Napoli de Benítez não cansa de tropeçar e perder
pontos, justamente na segunda temporada, onde se esperava a
consolidação de um time. Mas a verdade é que o sistema defensivo é falho
e o ofensivo nem tão produtivo assim, sem Higuaín e Insigne, um
Callejón muito irregular e um Hamsík irreconhecível. Já o Empoli, muito
bem treinado por Sarri, um ex-banqueiro, é um dos mais organizados times do
campeonato e, apesar de ter cedido a vitória, deve ficar orgulhoso do
desempenho.
De início, após 15 minutos sem oportunidades de gols –
depois de duas defesas de Sepe, ex-Napoli, logo no começo –, o Empoli abriu o placar
em contra-ataque depois de escanteio napolitano, com o veterano
Maccarone puxando a jogada e passando para Verdi, de volta ao time
titular e em grande dia, fazer seu primeiro gol na Serie A. O Napoli
respondeu imediatamente com seguidas chances, enquanto o Empoli levava
perigo a cada contra-ataque. Os gols, porém, ficaram para o segundo
tempo. E aos 53, na muito bem trabalhada bola aérea dos toscanos, Rugani
ampliou depois de cobrança escanteio de Valdifiori desviada por Maccarone. Depois de
muito sufoco, chances perdidas e defesas de Sepe, goleiro emprestado
justamente pelos partenopei, o time da casa empatou em cinco minutos:
com Zapata, em escanteio de Mertens, e com De Guzmán, após cruzamento
desviado de Maggio. O placar seguiu assim, apesar de ambos terem criado
oportunidades de gol no fim. (Arthur Barcelos)
Parma 1-2 Lazio
A Lazio voltou a vencer no campeonato, após três jogos (duas derrotas e um empate), e já volta a sonhar com uma vaga entre os classificados para as competições europeias. No fim de semana, a vítima foi o Parma, cada vez mais lanterna da competição. Jogando em casa, a equipe de Roberto Donadoni mais uma vez foi dominada pelo adversário e chegou à quarta derrota consecutiva na Serie A. Com apenas cinco pontos somados em 14 jogos, os crociati estão oito pontos atrás do primeiro time fora da zona de rebaixamento, o Torino.
E olha que os donos da casa marcaram primeiro, com Palladino. O atacante desviou para o gol bom cruzamento de Santacroce e colocou o Parma em vantagem. A alegria dos torcedores locais, porém, não durou muito: Mauri respondeu na mesma moeda e empatou para a Lazio de cabeça, aos 47 minutos do primeiro tempo, após cruzamento de Cana. Após o intervalo, a Lazio pressionou pela virada e alcançou após erro da defesa do Parma. Após trapalhada coletiva, o brasileiro Felipe Anderson aproveitou para marcar seu primeito gol na Serie A e garantir a vitória da Lazio. (RA)
Torino 2-2 Palermo
Treinado pelo auxiliar Salvatore Sullo, o Torino lutou para deixar o Olímpico com um empate em 2 a 2 contra o Palermo. O técnico Gian Piero Ventura foi suspenso após fazer um gesto obsceno para um torcedor que o insultou na partida contra a Juventus, na última semana, e ficou nos camarotes. No primeiro tempo, Rigoni marcou para os rosanero, enquanto o venezuelano Martínez balançou a rede pela primeira vez na Serie A e igualou o marcador. O Toro não conseguiu empatar antes porque o tento de Quagliarella, pouco depois do realizado por Rigoni, foi anulado.
Dybala chegou ao quinto gol na competição ao soltar uma bomba no ângulo, sem chances para Gillet. O Torino empatou novamente com uma forte cabeçada de Glik após cobrança de escanteio. O árbitro Piero Giacomelli anulou outro gol da equipe da casa no fim da partida. Darmian, contudo, estava em posição irregular no início da jogada. No final das contas, empate justo em uma partida aberta e bem jogada pelas equipes. Porém, enquanto o Palermo vai se mantendo no meio da tabela, o Torino agora ocupa a 17ª posição, apenas dois pontos acima da zona de rebaixamento. (MM)
Cagliari 0-2 Chievo
A apatia nos minutos
iniciais custou caro ao Cagliari. Num duelo direto contra o
rebaixamento, a equipe de Zeman foi facilmente superada pelo time de
Maran. Em 10 minutos, os veroneses já venciam por 2 a 0 em pleno
Sant’Elia. Meggiorini aos 3, numa bela puxeta, e Paloschi aos 9, deram a
vantagem ao Chievo. Depois do “apagão”, os rossoblù, foram ao ataque e
até tiveram um gol, bem anulado, de Ibarbo, mas deixaram espaços na
defesa. Paloschi teve duas chances, mas não aproveitou para ampliar.
Na
segunda etapa, Zeman resolveu fazer as três substituições logo no
intervalo, e o time ganhou mais iniciativa, embora o Chievo tenha
seguido melhor no jogo. Nas poucas oportunidades, Ibarbo pecou na hora
da conclusão. O resultado tirou o Chievo da zona de rebaixamento,
acumulando o quinto jogo sem derrota. Por outro lado, o Cagliari agora é
quem figura entre os três últimos. Ao final da partida, Zeman declarou
que gostaria de ter feito onze substituições no intervalo, e tanto ele
quanto o presidente Giulini comentaram que o time talvez estivesse
cansado pelos 120 intensos minutos da partida de quinta, um 4 a 4 na
Coppa Italia diante do Modena. (CD)
Atalanta 3-2 Cesena
Os três pontos, enfim. Depois da classificação na Coppa, enfim a Atalanta voltou a vencer na Serie A. Depois de seis jogos, o decepcionante time de Colantuono, de desempenho bem abaixo do esperado, venceu pela terceira vez no campeonato e abriu três pontos para o primeiro da zona de rebaixamento – e, com os três gols, marcou quase a mesma quantidade de gols que tinha anteriormente; cinco. E o Cesena, como se com esse elenco modestíssimo achava que conseguiria uma campanha fantástica, foi o primeiro clube a demitir o treinador, contratando Di Carlo para o lugar de Bisoli. Enquanto isso, o time ocupa a 19ª colocação, com uma vitória, conquistada na primeira rodada.
Com a bola rolando, apesar de toda pressão do time da casa, os visitante abriram o placar aos 31 e ampliaram aos 42, sempre com Defrel e sempre com muito espaço. Mas os bergamascos trataram de responder, e rapidamente. Benalouane descontou no final do primeiro tempo, após bate-rebate sobrar a bola para Cigarini lançá-lo da entrada da área. O segundo veio com Stendardo, após rebote da cabeçada de Bianchi em falta de Cigarini, aos 50. Na jogada seguinte, o último, terceiro e gol da vitória, com Moralez aproveitando erro clamoroso da defesa adversária. Stendardo, com o gol aberto, poderia ter feito sua doppietta e o quarto atalantino, mas chutou para fora. (AB)
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