Fiorentina atropelou a Roma e agora viaja até a Ucrânia (ESPN)
Nas oitavas da Liga Europa, o roteiro foi clichê: entre os times italianos, classificaram-se aqueles que viviam melhor fase que seus adversários e que, por isso, eram favoritos em seus duelos. No confronto totalmente azzurro, melhor para a Fiorentina, que vive grande momento e aproveitou-se de toda a instabilidade da Roma nos últimos meses para passar o carro por cima dos adversários, em pleno Olímpico. Para o Napoli, ordinária administração do bom resultado na ida e classificação em Moscou. Já a Inter esbarrou em suas limitações e mais uma vez deu vexame contra o Wolfsburg. O Torino, por sua vez, foi eliminado, mas caiu de pé contra o Zenit, um dos favoritos ao título.
Quartas de final
Dynamo Kyiv-Fiorentina
Napoli-Wolfsburg
Roma 0-3 Fiorentina
A Roma não sabe mais vencer. Pior, não sabe mais se controlar. O time de Rudi Garcia vinha ganhando jogos até janeiro, é verdade, mas muitas vezes não convencia. Passava pelos adversários na marra, e muitas vezes com erros de arbitragem. A partir de fevereiro, a crise chegou: o futebol continuava burocrático, as lesões tomaram conta do elenco e o rendimento de vários jogadores caiu bastante – vide De Rossi, Pjanic, Manolas e Gervinho. Era outro time e seu treinador não conseguia mudar isso. A equipe romana começou a empatar demais, viu a Juventus deslanchar na ponta da Serie A e a Fiorentina eliminá-la na Coppa Italia. O psicológico ruiu e foi a própria equipe viola que fez a torcida romana ter um surto de lucidez. No Olímpico, 3 a 0, sem choro nem vela.
Já nos minutos iniciais, só dava viola. Parecia que o jogo era no Artemio Franchi. Aos 8 minutos, Mati Fernández já era derrubado por Holebas dentro da área, em pênalti infantil – o chileno era marcado por dois. Gonzalo Rodríguez precisou bater por duas vezes para abrir o placar. A esta altura, a Roma já havia sofrido um baque. E foi à lona nove minutos depois. Skorupski, goleiro reserva utilizado por Garcia na Liga Europa, tentou evitar escanteio após recuo de bola da zaga. Porém, deixou a bola escapar. Alonso, que não é bobo e havia ido pressionar o polonês (que estava longe de sua meta), aproveitou, roubou a pelota e só completou para o gol vazio. A missão, que já era difícil para a Roma, tornou-se impossível quando Basanta subiu livre (Holebas falhou de novo) e testou forte para as redes. Implacável.
Nem adiantou que a Roma tentasse diminuir. Neto e a defesa florentina estavam lá para afastar qualquer perigo. Após o terceiro gol, a Curva Sud romanista se esvaziou. A organizada foi embora – algo que não aconteceu nem após o 7 a 1 do Bayern de Munique e em outros momentos delicados – e foi protestar. Deixou faixas agressivas no confronto dos jogadores (“mercenários”, diziam), e entoou cânticos pesados. No final do jogo, longa conversa entre atletas e torcida, e a entrevista do diretor Walter Sabatini, que assumiu erros no mercado de verão, mas especialmente no de janeiro – por exemplo, Doumbia, que chegou do CSKA Moscou por 18 milhões de euros e acabou nem sendo relacionado para esta partida.
A Fiorentina, por sua vez, vive grande momento. Está viva em três competições, com duas chances de chegar à Liga dos Campeões (via Liga Europa e Serie A) e com a possibilidade de levantar dois títulos (LE e Coppa Italia). A equipe voltou à Florença de trem e foi recebida de forma calorosa por centenas de torcedores na estação de Santa Maria Novella. Montella, que treinou a Roma em 2011 e foi dispensado, é ídolo na cidade e tem a grande chance de arrematar seu primeiro troféu como técnico e o primeiro título viola desde a Coppa Italia de 2002. Para chegar ao título continental, a Fiorentina precisará, primeiro, passar pelo embalado Dynamo Kyiv. A equipe, que é líder do Campeonato Ucraniano, enfiou 5 a 2 no Everton nas oitavas e é uma adversária perigosa. (Nelson Oliveira)
Dinamo Moscou 0-0 Napoli
Ainda restam cinco jogos para o fim da competição, porém, o Napoli está mais perto do objetivo da temporada. Esta é a primeira vez desde 1989 que os partenopei alcançam as quartas de final de um campeonato europeu. Naquela oportunidade, a equipe levantou o caneco da Copa Uefa. Na Rússia, o Napoli jogou o simples para ficar com a vaga na fase seguinte. A chance inicial saiu da cabeça de Maggio, que não acertou a bola da forma correta após bom cruzamento de Gabbiadini, ainda aos três minutos. Mertens acertou a trave e Callejón chutou para fora no único momento que saiu na frente de Gabulov.
O Dinamo esboçou uma reação com o gol invalidado de Samba. Ele desviou a cobrança de falta e o assistente marcou um impedimento duvidoso no lance. Para protestos da torcida, Kokorin também balançou a rede, mas também estava à frente do último defensor. O mesmo atacante parou, na chance seguinte, em Andújar. Kuranyi tentou de cabeça e de bicicleta, contudo, não conseguiu vazar o goleiro do Napoli de forma legal.
O Napoli avança pelo resultado obtido no San Paolo – 3 a 1 –, com a excelente tripletta de Higuaín. O atacante argentino ainda teve a chance de marcar em Moscou ao desarmar Gabulov fora da área. Ele tentou chutar de primeira, encobrindo os zagueiros. A bola bateu em Kozlov e Hubocan conseguiu rebater, no segundo tempo. Agora, os azzurri terão pela frente o Wolfsburg, vice-líder da Bundesliga. O time dos ótimos De Bruyne, Dost, Benaglio e Luiz Gustavo vive ótima fase no Campeonato Alemão e passaram pela Inter com facilidade, mas muito pelas falhas defensivas dos nerazzurri. Se jogarem o futebol dos confrontos contra a Beneamata, o Napoli leva ligeira vantagem. Mas, se for o Napoli dos últimos jogos na Serie A contra o time alviverde que encanta a Alemanha, a história é diferente. Em uma espécie de final antecipada da competição, tudo pode acontecer. (Murillo Moret)
Faltou lucidez à Inter de Hernanes contra o Wolfsburg (Eurosport)
Inter 1-2 Wolfsburg
Passa para lá. Passa para cá. Para um lado. Para o outro. Para trás. Só quem não passa nesse ritmo é a Inter, que mais uma vez sucumbiu a erros de uma defesa muito contestada e à baixíssima criatividade do meio-campo. Agradecem o técnico Dieter Hecking e todo o time do Wolfsburg, que mesmo longe de terem sido geniais, passaram às quartas da Liga Europa.
Após levar 3 a 1 na Alemanha, a Inter precisava de um gol na primeira etapa, já para abrir o confronto. Precisava começar ligada, para ter mais tempo de buscar o segundo gol, que a mandaria para a próxima etapa do torneio. Mas esta equipe não é do tipo que não sofre gols – desde a volta de Mancini, isso aconteceu apenas três vezes, diante de Chievo, Empoli e Palermo. Jogando fechado e em busca de contra-ataques, o time alemão já havia levado perigo duas vezes, e achou seu primeiro gol aos 24. Rodríguez lançou De Bruyne, que cruzou rasteiro para Caligiuri anotar – Juan Jesus ainda estava entrando no táxi para voltar e realizar a marcação e Carrizo hesitou para sair do gol.
Agora, o time italiano precisava de três gols para levar o jogo para a prorrogação. Não conseguiu nem criar muitas chances, porque Shaqiri estava fora, lesionado, e seu substituto, Kovacic, além de viver uma fase muito negativa, que compromete a sua evolução, saiu machucado no início do segundo tempo. Hernanes e Guarín pecaram demais e erraram passes e chutes em demasia, escolhendo muitas vezes as jogadas erradas. Faltou lucidez e sobrou nervosismo. Ansiedade ampliada por Benaglio, que fez três defesas em chances de Hernanes, Icardi e Palacio. E pela bola que teimava em passar perto, como nas finalizações do brasileiro e do jovem argentino.
O gol da Inter surgiu já nos 20 minutos finais, quando as entradas de Kuzmanovic e D’Ambrosio (vejam só) deram vitalidade ao time, que jogou melhor. Aos 72, uma boa triangulação entre Palacio e Hernanes acabou no gol do argentino. Aí, o Wolfsburg sentiu o gol, mas a blitz italiana, que durou cerca de 10 minutos, não teve êxito. A partir de então, Hecking adiantou suas linhas de marcação, forçando a Inter a jogar no seu campo de defesa. E Bendtner (!!!) matou o jogo, depois de receber na área e girar para o gol. A temporada da Inter está praticamente finalizada: eliminada da Liga Europa e da Coppa Italia, e com chances de chegar à Liga dos Campeões bem reduzidas através da Serie A. Mesmo voltar à segunda competição continental europeia é complicado – e, talvez, até indesejado. É hora de pensar em 2015-16. (NO)
Torino 1-0 Zenit
A torcida foi à loucura, aos 44 da segunda etapa após o gol de Glik. Porém, os sete minutos restantes não foram suficientes para o Torino. Ao final, aplausos de todo o Estádio Olímpico para uma equipe que mesmo com a eliminação da Liga Europa, foi valente e lutou até onde podia, até onde conseguiu. Faltou talento, faltou jogadores, faltou um gol… Só não faltou esforço e o carinho de toda a Itália que, segundo a própria imprensa local, encheu de orgulho da equipe turinense. No final das contas, o multimilionário Zenit é uma equipe mais forte e deu a lógica. Por pouco, mas deu.
Depois do 2 a 0 na Rússia, a missão grená não seria nada fácil, mas acabou tornando-se ainda mais difícil após o fraco primeiro tempo feito pelos granata. As melhores chances apareceram apenas na bola parada, enquanto, por sua vez, o Zenit fazia valer a vantagem. No segundo tempo, o gol chegou, mas acabou anulado, corretamente. Sem tantas opções, Ventura encheu o time de atacantes, que pressionaram, mas pararam nas defesas de Ludgyn.
O gol de Glik deu esperanças, mas a essa altura, faltava tempo. Pouco após o gol, Lombaerts ainda salvou cabeçada em cima da linha, decretando a vitória da equipe de Hulk. No final das contas, os italianos se lamentaram muito pelo jogo de ida, no qual a expulsão de Benassi e algumas decisões da arbitragem atrapalharam. (Caio Dellagiustina)