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Enzo Scifo fez parte da geração de ouro da Bélgica e do último Torino vencedor

Com quatro Copas do Mundo no currículo, Enzo Scifo é um dos maiores jogadores belgas de toda a história. O meia, que sabia chegar muito bem ao ataque, foi um dos maiores expoentes da geração de ouro da Bélgica, que chegou a colocar os Diabos Vermelhos na semifinal do Mundial de 1986. O craque, de origem italiana, também passou pela Serie A, onde vestiu as camisas de Inter e Torino, fazendo sucesso com a camisa grená.

Vincenzo Scifo nasceu na região agrária da Valônia e é filho de pais italianos, que emigraram para a Bélgica em busca de trabalhos na área de mineração. Ele deu seus primeiros passos nos juvenis do extinto La Louvière, onde era chamado de “Pelezinho”, por sua habilidade. Logo chamou a atenção do maior clube do país, o Anderlecht, e foi concluir sua formação em Bruxelas. Estreou pelos Mauves com 17 anos e na primeira temporada já foi eleito o melhor jogador belga do ano por um jornal, foi vice-campeão da Copa Uefa e ainda foi convocado para a Euro 1984. Nos anos seguintes, foi tricampeão nacional e foi destaque da campanha dos Diabos Vermelhos na Copa de 1986, marcando dois gols e levando a Bélgica às semifinais e à quarta colocação.

Cobiçado pelas excelentes atuações no Mundial do México, Scifo ainda ficou um ano na Bélgica até se transferir para um grande centro do futebol – mais exatamente a Itália, que tinha o principal campeonato do mundo em 1987. O meia era comparado a Gianni Rivera e Michel Platini chegou a declarar que Scifo era seu único herdeiro, por causa das características que tinha em seu estilo de jogo: excelente visão em campo, técnica nos passes e no controle da bola, além de cadenciar bastante o ritmo da partida, sem contar a qualidade nas finalizações. No entanto, o maestro Scifo não fechou nem com Milan nem com a Juventus: assinou com a Inter, por 7,5 bilhões de liras.

A primeira grande chance do belga em um grande centro europeu foi na Inter, mas não terminou de forma positiva (imago)

Scifo chegou a Milão em 1987, juntamente com o atacante Aldo Serena, para fazer parte de um time que já tinha estrelas: Giovanni Trapattoni era o treinador, Walter Zenga era o arqueiro, Giuseppe Baresi, Giuseppe Bergomi, Riccardo Ferri e Daniel Passarella eram os zagueiros, Pietro Fanna assumia a criação no meio-campo e Alessandro Altobelli era o capitão e líder do time no ataque.

O elenco era muito bom para a disputa do fortíssimo campeonato, mas a Inter sucumbiu. O time não engrenou em momento algum: começou o ano mal, sofrendo para obter classificações na Copa Uefa e na Coppa Italia. No fim das contas, os nerazzurri ficaram apenas com a quinta colocação na Serie A, caíram frente ao Espanyol nas oitavas da competição continental e foram eliminados na semifinal da copa nacional pela futura campeã, a Sampdoria. Scifo teve dificuldades, como toda a equipe milanesa, e só fez cinco gols em 44 jogos. No final da temporada, foi vendido para o Bordeaux, da França.

Pelos girondinos, o belga novamente não foi bem, e acabou sendo negociado com o Auxerre. No AJA, sua carreira voltou aos trilhos: a equipe azul e branca chegou à sexta posição no Campeonato Francês, com 11 gols de Scifo, em 1989-90. Na temporada seguinte, após participar do segundo Mundial com a Bélgica, Scifo ajudou o time da Borgonha a conseguir a terceira colocação e a vaga na Copa Uefa, muito graças a seus 14 gols. Eleito melhor jogador da Bélgica no ano pela federação de futebol do país, o meia-atacante acabou voltando ao futebol italiano.

Após brilhar na Copa do Mundo, na Itália, Scifo aportou no Torino (EMPICS/Getty)

Na última vez que tinha ido à Itália, Scifo marcara um golaço contra o Uruguai, na Copa de 1990, e a Bélgica caiu nas oitavas da competição. Um indício de que a volta ao país, desta vez com a camisa do Torino, poderia ser mais produtiva? Mais maduro, com 25 anos, o jogador estava no melhor momento da carreira e conseguiu ajudar o Toro a viver o seu último grande momento.

O belga foi um dos grandes reforços para a temporada, juntamente com o atacante brasileiro Walter Casagrande. A dupla estrangeira se juntou a Luca Marchegiani, Roberto Cravero, Roberto Mussi, Rafael Martín Vázquez e Gianluigi Lentini como os principais nomes do elenco que levou a torcida do Toro a comemorar uma de suas melhores temporadas após a década de 1940, marcada pelo Grande Torino. Sob o comando do técnico Emiliano Mondonico, os granata ficaram com o terceiro lugar na Serie A, com a melhor defesa do torneio, e ainda chegaram a uma inédita final de competição europeia, a da Copa Uefa. Titular absoluto, Scifo foi o artilheiro da equipe na Serie A, com 9 gols, e ainda anotou outros dois na competição europeia.

No percurso continental, o time grená teve como ponto alto a eliminação do Real Madrid nas semifinais, em virada sobre um time que tinha Fernando Hierro, Ricardo Rocha, Robert Prosinecki, Luis Enrique, Gheorghe Hagi, Emilio Butragueño e Hugo Sánchez. Nas partidas das finais contra o Ajax, Scifo até foi bem, mas não conseguiu impedir a derrota: ficou 2 a 2 no Delle Alpi, na ida – dois de Casagrande, em dupla reação grená –, e 0 a 0 em Amsterdam. Pelo placar agregado, vitória holandesa.

Scifo foi titular na final da Copa Uefa, contra o Ajax (Getty)

No ano seguinte, o Torino se desfez de Lentini, Cravero e Benedetti, negociados com Milan, Lazio e Roma, respectivamente, e contratou Carlos Aguilera, do Genoa, e Andrea Silenzi, do Napoli. Na Serie A e na Copa Uefa o desempenho foi mediano, mas o Toro conquistou a Coppa Italia, deixando pelo caminho Lazio, a rival Juventus e batendo a Roma na final – vitória por 3 a 0 na ida e derrota por 5 a 2 na volta. Na campanha do último título expressivo da equipe de Turim, Scifo marcou dois gols, e em toda a temporada 1992-93 foram nove.

O belga já havia se tornado um dos ídolos da torcida grená, mas teve de ser negociado ao final do ano, porque o Torino estava com dívidas. Assim, Scifo assinou com o Monaco, clube treinado por Arsène Wenger. Nos três anos em que jogou no Principado, manteve o ótimo nível em seu futebol e foi campeão francês, em 1997, antes de retornar à Bélgica para atuar por Anderlecht e Charleroi. Pela seleção, a parceria com Marc Wilmots ficou mais estreita, e os Diabos Vermelhos alcançaram as oitavas em 1994. Do ponto de vista individual, além dos prêmios já citados, Scifo chegou a ser quatro vezes indicado à Bola de Ouro – ficou em sexto, em 1991.

Depois de se aposentar, Scifo assumiu o comando técnico do Charleroi, seu último clube como profissional. Sua carreira como técnico não chegou a decolar, e só no ano passado ele recebeu seu maior desafio: o cargo de treinador da seleção sub-21 belga. Fora de campo, ajudando a lapidar talentos, a dupla com Wilmots continua sendo importante para o futebol do pequeno país europeu.

Vincenzo Daniele Scifo
Nascimento: 19 de fevereiro de 1966, em La Louvière, Bélgica
Posição: Meio-campista
Times em que atuou: Anderlecht (1983-87 e 1997-2000), Inter (1987-88), Bordeaux (1988-89), Auxerre (1989-91), Torino (1991-93), Monaco (1993-97) e Charleroi (2000-01)
Títulos conquistados: Campeonato Belga (1985, 1986, 1987, 2000), Campeonato Francês (1997) e Coppa Italia (1993)
Carreira como treinador: Charleroi (2001-02), Tubize (2004-06), Excelsior Mouscron (2007-09), Mons (2012-13) e Seleção sub-21 da Bélgica (2015-hoje)
Seleção belga: 84 jogos e 18 gols

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