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Paolo Vanoli foi coadjuvante de times históricos, mas brilhou em muitas finais de copas

O Parma da temporada 1998-99 dispensa quaisquer comentários. Com tantos craques à disposição, como Gianluigi Buffon, Fabio Cannavaro, Lilian Thuram, Juan Sebastián Verón, Hernán Crespo, Enrico Chiesa, entre outros, não é difícil explicar por que o time se tornou campeão da Copa Uefa, da Coppa Italia e, de quebra, alcançou a quarta colocação da Serie A. Mas não basta contar apenas com estrelas para alcançar a glória. Para levar os dois troféus à cidade famosa pelo queijo parmesão e por um presunto que, se você, caro leitor, não experimentou, recomendo que o faça o quanto antes, um “operário” deixou a sua marca em ambas as finais: Paolo Vanoli. E quis o destino que a sua sede de gols em jogos derradeiros, que duas vezes levaram os ducali ao mais puro êxtase, um pouco mais tarde também os tenha arrancado lágrimas de tristeza.

Nascido em 1971, Paolo é irmão mais novo de Rodolfo Vanoli, defensor que vestiu as camisas de Lecce e Udinese na Serie A nas décadas de 1980 e 1990, e que, depois, se tornaria treinador com passagens pelas divisões inferiores da Itália e por países como Suíça, Eslovênia, Albânia e Geórgia. Natural de Varese, foi no clube que leva o nome da cidade que o jovem lateral-esquerdo teve o primeiro contato com o futebol profissional, em 1990. Na breve experiência, não colecionou qualquer minuto dentro de campo em jogos oficiais, mas talvez tenha sido melhor assim.

O Varese é um clube respeitável dentro de sua pequenez – termo que, aqui, se distancia de qualquer aspecto pejorativo. Três vezes campeão da segundona, o time coleciona passagens no primeiro escalão nacional. Mas, na virada dos anos 1980 para os 1990, a realidade não era de comemoração. Como um ioiô, os biancorossi ganharam a Serie C2, já com um jovem Vanoli no elenco, só que a campanha de oito vitórias, 14 empates e 12 derrotas decretou um deprimente retorno da terceira para a quarta divisão italiana. Com a queda, vários jogadores deixaram os bosini. Entre eles, Paolo.

No atual cenário do futebol, temos o hábito de nos apegar à precocidade. Se, aos 16 ou 17 anos, um jovem jogador não demonstra potencial para ser uma estrela ou não compõe o elenco dos clubes mais poderosos, qual é o seu valor? Quem tem a paciência de esperar um atleta que já passou dos 20 se desenvolver? Nas quatro linhas, o etarismo não aflige somente aqueles que estão na reta final de carreira, mas também esportistas que, cada vez mais cedo, precisam se provar.

O Verona foi o clube que permitiu a Vanoli estrear na Serie A (Allsport)

Talvez por isso, seja difícil te convencer, amigo ou amiga que nos lê, que o garoto Vanoli era, sim, um bom talento. Dono de uma canhota digna, o lateral tinha fôlego de sobra para demonstrar as suas valências defensivas e ofensivas. Porém, os seus primeiros “20 e poucos e anos” foram dedicados aos humildes Bellinzago e Corsico, na quinta divisão. Definitivamente, um anticlímax para defender os valores de um prospecto. Mas tal cenário não demoraria para mudar. Nas categorias inferiores, Paolo provou a sua confiabilidade. Embora não fosse um craque, seu refino era injustiçado. Seu lugar era outro.

Em julho de 1993, perto de seus 22 anos, o canhoto teve a sua primeira grande chance. Paolo chamou a atenção de olheiros do Venezia, que disputava a Serie B. E o jovem chegou preparado para aproveitar a oportunidade que surgira. Titular na maior parte da temporada, Vanoli a terminou com 30 jogos disputados na liga, além de cinco partidas jogadas de Coppa Italia. Com um elenco recheado de jogadores novos e experientes, o time do Vêneto teve equilíbrio para brigar pela subida, que não veio por pouco. Na sexta posição, a equipe ficou a apenas quatro pontos do acesso direto.

Depois de mais uma temporada ostentando a titularidade com a camisa arancioneroverde, o lateral – que, vale frisar, também era costumeiramente escalado na ala esquerda –, foi contratado pelo Verona, rival regional do Venezia, que também disputava a Serie B. Na cidade em que um frasco de veneno pôs fim a uma das mais tristes histórias de amor já contadas, Vanoli teve um bom começo. Suas qualidades defensivas eram dignas de reconhecimento.

Se as 30 vezes em que esteve em campo na temporada não o premiaram com um gol, ao menos corroboraram suas evidentes virtudes. A Serie B tornou-se pouco para o outrora garoto do Corsico? Seguramente. Ao menos, no entanto, o Verona fez justiça ao seu patamar. Contando com bons jogadores no elenco, como o já veterano Marco Baroni e os ainda garotos Marco Di Vaio, Damiano Tommasi e Fabrizio Cammarata, os butei garantiram o acesso à elite. A campanha de 17 vitórias, 12 empates e nove derrotas, por um triz, não coroou o clube com mais um troféu para sua galeria. Por apenas dois pontos, o Bologna levantou a taça.

No dia 14 de setembro de 1996, o menino de Varese entrou em campo pela primeira vez em um jogo da divisão mais almejada da Itália. O resultado não foi o mais feliz. Em casa, o Hellas foi derrotado pelo Bologna por 2 a 0. Por mais, no entanto, que o futebol seja um esporte coletivo, é claro que os feitos individuais merecem ser valorizados. Mesmo que seja apenas no íntimo de quem os faz. Embora aquela derrota exigisse, por protocolo, uma máscara de incômodo e frustração, não soa prepotente imaginar que o orgulho sentido pelo lateral foi maior do que qualquer resultado.

No Parma, o lateral começou a mostrar seu lado iluminado: marcou nas decisões da Coppa Italia e da Copa Uefa, vencidas pelos crociati (EMPICS/Getty)

A primeira experiência de Vanoli na Serie A foi marcada por dificuldades mais do que naturais, aquelas que se esperam de um clube com pouco orçamento que acaba de sair de uma divisão inferior. Diante da nítida incapacidade de competir de igual para igual com os membros já consolidados daquele escalão, a tradicional agremiação provincial sucumbiu. Os 27 pontos conquistados sequer mantiveram acesa a chama da esperança de uma fuga e só foram o bastante para ir além da lanterna – à frente da Reggiana, com apenas 19, mesmo com Sandro Tovalieri ocupando a terceira posição no ranking dos artilheiros da edição. Os três time imediatamente à frente do Hellas (Piacenza, Perugia e Cagliari) somaram 37 cada.

Dentro de campo, a versátil peça das posições da faixa esquerda, novamente, pouco fez no ataque. Ao contrário da temporada anterior, desta vez a sua ausência de gols foi sentida. Mas de um lateral não se deve esperar bolas nas redes, correto? Nos 27 jogos que marcaram a sua campanha de debute na elite, atuações defensivas regulares e uma única assistência, numa derrota em casa contra a pobre Reggiana, foram os poucos acréscimos positivos ao seu currículo.

Na temporada seguinte, de volta, então, à segunda divisão, os destaques foram poucos. Com três gols, sendo dois pela Serie B e um pela Coppa Italia, Vanoli caminhava para ser um daqueles jogadores de carreira digna, mas pouco empolgante aos nossos olhos de torcedor. Até porque, desta vez, o Verona sequer conseguiu um novo acesso.

A trajetória até a Serie A, não se engane, é uma bela história para se contar nos jantares em família ou na roda com os amigos. Mas para justificar a lembrança através de um perfil biográfico, é preciso mais. E este bônus, que a essa altura parecia improvável, estava para acontecer.

Apesar do insucesso para dar mais uma chance aos gialloblù na principal liga italiana, Vanoli encerrou sua passagem pelo Hellas ao final da temporada, após 89 aparições, e recebeu uma oportunidade de ouro – com uma camisa das mesmas cores daquela veronesa. Reforçando o seu elenco para os desafios de 1998-99, o Parma deu ao lateral um novo passe à primeira divisão. E quando falamos em plantel, queremos salientar qua qualidade não faltava. Além de Buffon, Cannavaro, Thuram, Verón, Crespo e Chiesa, citados anteriormente, Roberto Sensini, Dino Baggio, Faustino Asprilla e Abel Balbo também eram colegas de vestiário de Paolo. Um ou outro entendia um pouco da pelota, não?

Chiesa, Boghossian, Vanoli e a taça da Copa Uefa, uma das mais importantes da história do Parma (Bongarts/Getty)

Na nova aventura, o sarrafo subiu. Titular pouco contestado em seus clubes anteriores, Vanoli, agora, era um operário, uma peça com uma função a ser cumprida em determinados jogos. Isso, ao menos, na Serie A, uma vez que na Coppa Italia e na Copa Uefa, o lado esquerdo do campo era de sua responsabilidade. Só para registro, na formação com três zagueiros utilizada por Alberto Malesani, a titularidade pertencia a Antonio Benarrivo. Embora não fosse a estrela mais conhecida da constelação do time naquele ano, o ala, vice-campeão mundial em 1994, era o dono da faixa de capitão.

Confiável e inteligente, Vanoli seguia passando despercebido dos amantes de estatísticas, que cada vez mais desaprendem a olhar o futebol além dos números frios dos gols e das assistências. Com tantas figuras relevantes ao seu lado, no entanto, aumentou um pouco a sua média. Em 30 jogos – modestos 14 pela Serie A, sete pela Copa Uefa e nove pela Coppa Italia –, foram quatro bolas nas redes e o mesmo registro de passes finais para os colegas. Mas embora metade destes tentos tenha sido inútil, já que saíram em partidas em que o Parma foi derrotado por Udinese e Lazio, os outros dois não poderiam ter sido mais especiais.

No dia 5 de maio de 1999, o Parma entrava em campo para o jogo de volta da final da Coppa Italia, contra a Fiorentina. A ida havia terminado em 1 a 1. Se o time tinha um elenco que chamava atenção, o outro lado não era diferente. Os torcedores da agremiação de Florença se habituaram a acompanhar jogadores como Francesco Toldo, Rui Costa, Gabriel Batistuta e Edmundo defendendo o fardamento violeta mais conhecido e tradicional do planeta bola.

O jogo seguiu a tônica da final como um todo, sendo de extremo equilíbrio. Com tantos atletas talentosos de ambos os lados, somente os torcedores mais fanáticos, munidos da fé e não da razão, eram capazes de dizer quem levantaria o troféu. Vale a ressalva que a regra do gol fora de casa estava em vigor, portanto, a Viola é quem entrou em campo defendendo o que, ao longo de todo o tempo em que a partida esteve 0 a 0, era de seu pertencimento. Isso até, aos 42 minutos, Crespo abrir o placar, após assistência de Diego Fuser.

Agora não mais precisando atacar, mas sim defender, os gialloblù não foram nada exitosos com a nova missão. Logo no terceiro giro do relógio no segundo tempo, Tomás Repka empatou o jogo, após passe de Edmundo. Após 14 minutos, Rui Costa cobrou falta na cabeça de Sandro Cois, que virou o marcador. Florença estava em festa.

Vanoli passou dois anos no Parma e, depois de deixar o clube emiliano, se tornou seu carrasco (imago)

Porém, o destino tinha algo reservado para um menino nascido em Varese que sonhava em ser um jogador de futebol. Aos 71 minutos, Chiesa efetuou um cruzamento perfeito, que encontrou a cabeça de Vanoli. Que momento para o ala inaugurar a sua contagem de gols na copa nacional daquela temporada. A Fiorentina pressionou, mas nem mesmo o grandioso Giovanni Trapattoni foi capaz de fazer algo à beira do campo. Com o 2 a 2 no Artemio Franchi, o Parma era campeão da competição pela segunda vez e o lateral entrava para a história.

Aquele mês de maio ainda tinha guardado mais um momento de nobreza para o Parma e para o lateral. Uma semana após o confronto contra a Viola, Moscou recebia a decisão da Copa Uefa. De um lado, estava o Olympique de Marseille, estrelado por jogadores como Laurent Blanc e Robert Pirès. Do outro, os crociati. Aliás, vale destacar que a equipe emiliana teve uma “ajuda” de um outro clube italiano – um rival – para esta decisão. O ataque titular dos franceses era de respeito, formado pela dupla Christophe Dugarry e Fabrizio Ravanelli. Todavia, os astros estavam suspensos para a finalíssima. Num jogo quente, o primeiro citado se envolveu em uma confusão no túnel do Renato Dall’Ara, após eliminar o Bologna na semifinal, enquanto o segundo, que estava pendurado, recebeu cartão amarelo durante a partida. Mas isso não era problema do representante itálico naquela final continental.

Depois de um início de partida bastante estudado e equilibrado – até mesmo chato, com o perdão da informalidade –, os deuses da bola desistiram de sua imparcialidade e vestiram-se de azul e amarelo. Aos 26, Crespo fez 1 a 0. 10 minutos depois, Fuser recebeu livre na ponta direita e jogou a pelota em direção à área. Quem estava lá para cabecear? Vanoli. O arremate indefensável no canto esquerdo do goleiro Stéphane Porato aumentava o placar e dava mais tranquilidade ao Parma. Quando foi que o lateral ficou tão hábil em marcar gols de cabeça? Honestamente, não importa. Para a torcida crociata, menos ainda. Era momento de comemorar e nada mais.

Nocauteados, os franceses, na pressão que tentaram exercer, só conseguiram tomar mais um gol. Aos 55 minutos, Chiesa recebeu de Verón e finalizou com o pé direito para dar números finais ao jogo. O Parma vencia sua segunda Copa Uefa.

Para a temporada seguinte, o clube da Emília-Romanha trouxe novas figuras de destaque para o seu elenco, como o meia Ariel Ortega e o atacante Di Vaio, e teve um bom início de uma nova jornada, derrotando o Milan na final da Supercopa Italiana. Desta vez, Vanoli não balançou as redes, porém, iluminado, novamente foi decisivo. O Milan abriu o placar aos 54 minutos, com Andrés Guglielminpietro. Mas aos 66, Paolo acertou um cruzamento na cabeça de Crespo, que deixou tudo igual. Nos acréscimos, aos 92, Alain Boghossian virou a partida e sacramentou a conquista.

Pela Fiorentina, o ala também foi decisivo em uma final de Coppa Italia: ativou a lei do ex contra o Parma (imago/Contrast)

O inesperado poder de decisão alavancou o status de Vanoli, que ganhou a posição de Benarrivo no Parma. Em novembro, ele também alcançou uma das mais altas honrarias para qualquer atleta: defender as cores de sua seleção. Alguns meses antes, em setembro, ele foi convocado pela primeira vez. Mas foi em novembro, num amistoso contra a Bélgica, que o jogador, que nunca sequer havia defendido os azzurri na base, finalmente entrou em campo. Titular, jogou os 90 minutos e não fez feio, até marcou um gol. Este, o de honra na derrota por 3 a 1, em Lecce. Depois disso, só recebeu mais pouquíssimos segundos pela seleção, em abril de 2000, na vitória por 2 a 0 contra Portugal.

No restante da temporada, o Parma não demonstrou o mesmo brilho da anterior. Na Liga dos Campeões, foi eliminado na fase anterior à dos grupos, caindo para o Rangers. Na Copa Uefa, o Werder Bremen foi o seu algoz nas oitavas de final. Na Coppa Italia, também nas oitavas, fase na qual estreou na competição, sucumbiu diante do Cagliari. Nem mesmo a quinta posição na Serie A foi de alguma empolgação, uma vez que a colocação levaria o clube à Copa Uefa. Na época anterior, o quarto posto deu aos gialloblù o direito de tentar a sorte nas fases eliminatórias da Champions League.

Com o declínio, mudanças ocorreram. Vanoli, que teve uma temporada zerada em gols pelo clube e com apenas três assistências, foi cedido em copropriedade à Fiorentina, encerrando sua passagem pelos emilianos depois de 68 partidas. E o futebol tinha mais uma grande surpresa reservada para ele.

Pela Viola, Paolo nunca foi uma unanimidade. Mesclando entre a titularidade e a reserva, o jogador teve poucos momentos de impacto nas 27 partidas que fez pela Serie A, em seu primeiro ano de clube, mas o mesmo não pode ser dito dos jogos de mata-mata. Na copa nacional, a Fiorentina sobrava. O ataque formado por Rui Costa, Nuno Gomes e Chiesa, que também chegou do Parma, era implacável. Sem grandes problemas, a equipe que carrega a flor de lis em seu escudo atropelou a Salernitana e o Brescia, além de eliminar o Milan nas semifinais. Na final, Vanoli e Chiesa encontrariam seu antigo time. E o futebol, travesso como é, daria à dupla um novo momento de protagonismo.

Em 24 de maio de 2001, o Ennio Tardini, palco que Paolo conhecia como a palma da mão, recebeu o jogo de ida da final. O Parma não era o mesmo das temporadas anteriores, mas ainda tinha nomes respeitáveis. Thuram, Sensini e Cannavaro seguiam formando o pilar da defesa, enquanto o lateral Júnior, o meia Johan Micoud e o atacante Savo Milosevic eram respeitáveis novas opções. O duelo foi nervoso, equilibrado, mais brigado do que emocionante. E quando parecia que se encaminharia para o 0 a 0, aos 87 minutos o cruzamento do volante Mauro Bressan encontrou a cabeça de, bem, eu nem preciso dizer quem. Vanoli calava a torcida na Emília-Romanha. Que enredo.

Pelo Bologna, Vanoli se despediu da Serie A (imago/Buzzi)

No jogo de volta, o Parma fez 1 a 0 no primeiro tempo com Milosevic. Mas, aos 65 minutos, Chiesa foi o responsável pela assistência que culminou em gol de Nuno Gomes: 1 a 1, Fiorentina campeã, revanche concretizada, Vanoli herói e vilão das duas torcidas.

A conquista foi o último grande momento do lateral no futebol. Em 2001-02, viveu sua derradeira temporada na Viola e viu de perto o processo de falência da agremiação – que foi rebaixada em campo e, com dívidas estratosféricas, precisou reiniciar a partir da quarta divisão. Após a bancarrota, Vanoli só conseguiu ser liberado do vínculo com a Fiorentina em outubro de 2002. Passou alguns dias sem clube e, com a Serie A já em andamento, acertou com o Bologna, que tem justamente os gigliati e o Parma como maiores rivais.

Já experiente, com 30 anos de idade, Vanoli assumiu a titularidade na faixa esquerda do time treinado por Francesco Guidolin e contribuiu para que o Bologna tivesse uma campanha tranquila, encerrada no meio da tabela da Serie A. Aquela seria sua última experiência na elite italiana.

Em agosto de 2003, Vanoli rumou à Escócia para defender o Rangers, clube que desenvolveu uma boa relação com italianos ao contratar, em 1997, Gennaro Gattuso, Lorenzo Amoruso, Sergio Porrini, Marco Negri e Luigi Riccio – os quatro primeiros se tornaram ídolos em Glasgow. Paolo não atingiu o mesmo status dos célebres antecessores, mas teve uma razoável passagem de um ano e meio pela Grã-Bretanha. Em janeiro de 2005, antes de os Gers conquistarem o campeonato nacional e a Copa da Liga, o lateral retornou para a Itália.

Rememorando a sua trajetória de herói e vilão e o movimento que fizeram ao acertar com o Bologna, Vanoli assinou com o Vicenza, maior rival do Verona, que o projetara à elite, e cuja torcida também não nutre a melhor das relações com o Venezia, outro de seus antigos times. No Vêneto, o lateral disputou a Serie B e ajudou os biancorossi a, por pouco, evitarem o descenso à terceirona.

Vanoli foi um dos tantos italianos que defenderam o Rangers no período que compreendeu o fim dos anos 1990 e o início dos 2000 (imago)

Já na reta final de sua carreira, Vanoli ainda atuou pelo modesto Akratitos, da Grécia, e deixou o clube depois de apenas cinco jogos – antes que os alviverdes falissem e fossem rebaixados à segundona helênica. Por fim, representou o minúsculo Castelnuovo Sandrà, do Vêneto: jogando a sexta divisão, pendurou as chuteiras, no início de 2007, aos 34 anos.

De imediato, Vanoli se tornou técnico e assumiu o Domegliara, também do Vêneto – e militante na Eccellenza, a sexta divisão regionalizada da Itália. Em poucos meses, levou o time para a Serie D e lá permaneceu até 2009. No ano seguinte, se tornou funcionário da Federação Italiana de Futebol – FIGC e, por mais de meia década, emendou cargos de auxiliar de seleções de base e da própria Nazionale, sendo colaborador de Gian Piero Ventura entre 2016 e 2017. Também foi treinador das equipes sub-16, sub-18 e sub-19.

Tal trajetória na FIGC alavancou a carreira de Vanoli, que se tornou auxiliar de Antonio Conte: desempenhou a função no Chelsea e na Inter, até que, em 2021, finalmente se tornou treinador de um clube profissional. Paolo assumiu o Spartak Moscou e foi campeão da Copa da Rússia, não renovando o seu contrato apenas por causa da Guerra Russo-Ucraniana. Posteriormente, tornou ao Venezia e fez os aranconeroverdi serem competitivos na Serie B, promovendo-os à elite em 2024. Não à toa, foi catapultado ao comando do comando do Torino e, em seu debute na primeira divisão, mereceu elogios por seu trabalho no Piemonte.

Como técnico Paolo Vanoli vem tentando seguir o exemplo de seus tempos de jogador: comer pelas beiradas. Ele, sem dúvidas, não foi um craque. Talvez, fora das torcidas que fez sorrir e fez chorar, seja lembrado por poucos. Mas ao lado de tantos protagonistas da pelota, o simples coadjuvante era quem brilhava nas finais.

Paolo Vanoli
Nascimento: 12 de agosto de 1972, em Varese, Itália
Posição: lateral-esquerdo
Clubes como jogador: Varese (1990-91), Bellinzago (1991-92), Corsico (1992-93), Venezia (1993-95), Verona (1995-98), Parma (1998-2000), Fiorentina (2000-02), Bologna (2002-03), Rangers (2003-05), Vicenza (2005), Akratitos (2005-06) e Castelnuovo Sandrà (2006-07)
Títulos como jogador: Serie C2 (1990), Coppa Italia (1999 e 2001), Copa Uefa (1999) e Supercopa Italiana (2000)
Carreira como treinador: Domegliara (2007-09), Itália Sub-16 (2013), Itália Sub-18 (2013-15), Itália Sub-19 (2015-16), Spartak Moscou (2021-22), Venezia (2022-24) e Torino (2024-25)
Títulos como treinador: Eccellenza (2007; Vêneto) e Copa da Rússia (2022)
Seleção italiana: 2 jogos e 1 gol

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