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Serie B: Bilhetes emitidos

Líder do campeonato, Crotone pode estrear na Serie A em 2016-17 (Eurosport)

Após 30 rodadas, a Serie B parece não reservar muitas surpresas e loucuras nesta temporada. Líderes desde a 6ª rodada, aumentando a vantagem desde então e se revezando no primeiro lugar, Crotone e Cagliari têm, respectivamente, 14 e 13 pontos de vantagem para o terceiro lugar. Restando 12 rodadas e, claro, levando em conta suas sólidas campanhas, estão virtualmente garantidos na próxima Serie A, pois dificilmente perderão as duas vagas diretas à elite. Vale
destacar, a alternância na liderança entre os rossoblù
Crotone e Cagliari, que teve o time sardo mais vezes na primeira
posição, mas agora vê os calabreses de volta ao topo. Em detalhes aqui.

Para o Crotone, o iminente acesso é fruto de um trabalho duro, que começou na segundona neste século, em 2000-01, na primeira vez que o clube da Calábria participou do torneio. A partir de 2009, os tubarões tiveram cinco campanhas acima do meio da tabela, e inclusive bateram na trave em 2013-14, caindo nos play-offs de acesso para a elite.

Em 2015-16, a grande estrela é o técnico Ivan Juric, aprendiz de Gian Piero Gasperini, que o conheceu na passagem pelo Crotone, quando o croata era jogador, e o levou para o Genoa – o jovem treinador o acompanhou também nos trabalhos em Inter e Palermo, já como assistente. Após experiência pelo Mantova na Lega Pro, o ex-volante retornou para a Calábria e hoje lidera a Serie B com o melhor futebol do campeonato, que lembra muito o Genoa de Gasperini. Além do sistema ser o mesmo, o 3-4-3, o Crotone apresenta agressividade e alto ritmo.

Como não poderia deixar de ser, os jovens estão sempre lá. Dessa vez, a base do time tem o zagueiro Yao, da Inter, o talentoso regista Capezzi, da Fiorentina, e Balasa e Ricci, ala e ponta pela direita, ambos da Roma. Barberis, meio-campista promissor, ex-Varese, e Budimir, centroavante croata emprestado pelo alemão St. Pauli e artilheiro do time, são outros jovens importantes. Do falido Parma também foram contratados Cordaz e Ferrari, os únicos que jogaram todos os minutos na Serie B, líderes da defesa menos vazada (23 gols sofridos). Assim como velhos conhecidos, a exemplo do brasileiro Claiton (capitão do time), Stoian e Palladino.

A história do Crotone é diferente do outro rossoblù do topo da tabela, o Cagliari. O rebaixamento na última temporada foi um duro golpe para a gestão de Tommaso Giulini, que prometeu fazer o time voltar mais forte em 2016. O time treinado por Massimo Rastelli, contratado após bom trabalho no Avellino, tem o melhor ataque (54 gols marcados), apesar do seu craque não estar bem: o baixinho Sau, que começou artilheiro, se machucou em outubro e nunca mais recuperou a forma. Ainda assim, o time é o “poderoso” desta temporada, com os maiores investimentos e um grupo de nível suficiente para jogar na Serie A.

A perda de Sau é importante, claro, mas o grande elenco sardo reagiu bem a sua lesão. Os brasileiros Diego Farias e João Pedro são os destaques ofensivos, artilheiros juntamente a Melchiorri e Giannetti. No 4-3-1-2 de Rastelli, Farias abandonou a ponta para jogar como meia-atacante ou segundo atacante, e tem aproveitado a liberdade no último terço do campo: é o líder em gols e assistências do time (12 e 11, respectivamente).

Crias de Milanello, Fossati e Di Gennaro lideram com João Pedro o meio-campo desfalcado do capitão Dessena, que fraturou a tíbia em dezembro e só voltará entre abril e maio. Di Gennaro, inclusive, abandonou o posicionamento mais avançado do início de carreira para jogar recuado, como regista, liderando as jogadas do time com a ajuda do ritmo e técnica dos companheiros no trio do setor.

Outros ex-jogadores do Milan lideram a defesa: o veteraníssimo Storari, titular em todos os jogos (com Rafael, ex-Verona, e Colombo, ex-Napoli, no banco), e o polonês Salamon, antiga promessa no Brescia, mas que não teve oportunidades na Serie A pelos rossoneri e na Sampdoria. Ao seu lado, outros jovens revezam no time, Ceppitelli e Krajnc. Nas laterais, Balzano e Pisacane, que acompanhou Rastelli do Avellino, revezam na direita, enquanto os jovens Murru e Barreca jogam na esquerda.

Artilheiro do campeonato, Lapadula tenta levar o Pescara de volta à elite (LaPresse)

Os outros

Bem abaixo na tabela estão Novara e Pescara, com 49 pontos. Na verdade, o primeiro tem campanha de 51, mas foi punido em dois pontos por atrasos em documentos e salários durante a temporada passada. Enquanto o Novara de Marco Baroni tem a segunda melhor defesa (24 gols sofridos), o Pescara de Massimo Oddo tem o artilheiro do campeonato, o atacante Lapadula. Italiano de nascimento, mas de origem peruana, ele é cotado para jogar pela seleção sul-americana graças aos seus 17 gols e 9 assistências em 28 jogos.

Em melhor situação anteriormente, inclusive próximo dos líderes por algum tempo, o Cesena caiu de rendimento em 2016, mas ainda encontra-se em boa situação, com 47 pontos e na quinta posição. O time do treinador Massimo Drago era uma das apostas a título na segunda divisão, mas não emplacou como previsto. De qualquer forma, o bom elenco mantém os cavalos marinhos bem cotados por uma vaga nos play-offs, com destaque especial para Stefano Sensi, o baixinho regista, como Verratti no Pescara de Zeman. O promissor meia já foi contratado pelo Sassuolo, em uma parceria com a Juventus, e chega aos neroverdi na próxima temporada.

Com os mesmos 47 pontos do Cesena, temos a surpresa Virtus Entella. A equipe lígure não foi rebaixada no ano passado por causa da punição do Catania, e está fazendo boa campanha sem grandes jogadores mesmo para a Serie B. Na Ligúria, temos também o Spezia de Domenico Di Carlo, que todo ano parece que fará uma campanha ótima, mas permanece apenas regular na zona de play-offs, com um elenco de medalhões e estrangeiros. Não muito abaixo, outra surpresa: o Brescia, com 45 pontos, na última na zona de classificação para o mata-mata que define a terceira vaga para a Serie A. Também não rebaixado em 2014-15 por problemas financeiros, esportivos e judiciários de outros clubes, La Leonessa faz campanha acima da expectativa sob o comando de Roberto Boscaglia, após milagres com o Trapani.

Como não poderia deixar de ser, o Bari, nono colocado com um ponto a menos, decepciona mais uma vez, depois da 10ª posição no ano passado. O clube de Gianluca Paparesta começou bem o ano com Davide Nicola, mas caiu de rendimento e o treinador ex-Livorno foi demitido na 21ª rodada, sendo substituído por Andrea Camplone, ex-Perugia. Tão rico quanto o Cagliari, o time barês não faz valer os investimentos e elenco talentoso.

Discurso que não é diferente para os já citados Perugia e Livorno. Depois de retornar para a Serie B e alcançar os play-offs em 2015, os biancorossi prometiam temporada ainda melhor, mas o time de Pierpaolo Bisoli é apenas 11º, a cinco pontos de distância do Brescia. Pior ainda está o Livorno, já decepcionante em 2014-15, quando foi o nono colocado. Hoje é o 19º, a apenas um ponto da zona de rebaixamento – e já dentro da zona do play-out, o mata-mata entre 18º e 19º colocados para decidir o quarto rebaixado. O time de Christian Panucci ganhou os quatro primeiros jogos, mas caiu consideravelmente desde então, o que levou à demissão do ex-defensor – substituído pelo veterano Bortolo Mutti, que durou apenas nove rodadas até a volta do ex-jogador da Roma.

E a briga contra o rebaixamento promete ser dura até o final do campeonato. Entre o 10º colocado Trapani e o 21º, Salernitana, são onze pontos de diferença. Com mais 12 rodadas por vir, muita coisa deve acontecer. Ainda que mais distantes, Trapani, Perugia e Avellino devem tomar cuidado com a queda de rendimento, assim como Ternana, Modena – outro que decepciona, sob o comando de Hernán Crespo -, Ascoli, Latina e Pro Vercelli devem ficar de olho em Lanciano, Livorno, Vicenza e Salernitana. Por outro lado, o destino já parece selado para o Como, lanterna do campeonato. Os lariani só venceram três vezes na temporada, e têm 23 pontos graças aos vários, mas não suficientes, empates: 14, mais que qualquer outro time da segundona.

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