Seleção italiana

Uma rara Itália

Gol de Éder teve quê de raridade e levou a Itália às oitavas da Euro (Getty)

“Contra Suécia (17, sexta) e Irlanda (22, quarta) a Itália terá a oportunidade de evoluir como time ou simplesmente administrar a vantagem e esperar a próxima fase”, falávamos na análise que fizemos após o jogo da Squadra Azzurra contra a Bélgica. Até o minuto 88, tudo se encaminhava para a segunda parte. Itália e Suécia fizeram jogo medíocre, muito lento e pouco técnico, provavelmente um dos piores desta Euro. No entanto, como tem sido tendência na competição, um gol no apagar das luzes definiu o resultado e levou a Nazionale para as oitavas de final, com duas vitórias e nenhum gol sofrido. Uma fase de grupos incomum para uma Itália que costuma sofrer.

Contra tudo e todos, Conte manteve Éder em campo. O atacante ítalo-brasileiro, nascido em Lauro Müller (SC), não havia sequer dado um passe ou um chute a gol – sofria com a falta de interação com Pellè. O treinador já havia colocado Thiago Motta e Sturaro em campo, aparentemente sem grande ambição, apenas para renovar o meio-campo e manter o ritmo no setor.

Mas dos pés do contestado atacante saiu o belíssimo gol, que deu a segunda vitória italiana na França e a classificação garantida para a próxima fase. Uma jogada digna do Éder dos tempos de Sampdoria e que decepciona na Inter, mas que quebrou uma marca: desde a Copa de 2006, contra a República Checa, a Azzurra não vencia partida em Euro, Copa das Confederações e Mundial com um gol de atleta nerazzurro – na final de 2006, contra a França, Materazzi, que anotou contra os checos, deixou o dele, mas a partida acabou empatada.

O gol da vitória sobre a Suécia teve um bônus: participação de Zaza no pivô, após lateral longo de Chiellini. O centroavante juventino entrou no segundo tempo para corrigir o problema ofensivo italiano (ou um dos problemas), visto que a Suécia se preparou para anular Pellè e teve sucesso. Mesmo mais participativo e técnico, o reserva lucano não teve grande impacto até a assistência decisiva, porque, de forma geral, a Itália jogou sem ritmo, com pobreza na movimentação e na construção das jogadas.

Além de dominar Pellè, a Suécia adiantou a marcação, diminuindo espaços entre as linhas, impedindo apoios ao pivô italiano. Por outro lado, seguiu medíocre com a bola, mesmo dominando a posse, e Buffon não fez uma única defesa em todo o jogo. Guidetti até incomodou, mas Ibrahimovic desapareceu na marcação de Barzagli e Chiellini e, quando teve uma chance, colocou por cima do gol um cruzamento que recebeu, em impedimento, debaixo das traves. Sorte dele que o bandeira assinalou a infração – aliás, a Suécia não chutou uma bola sequer no gol nesta Euro.

O time escandinavo também cedeu espaços para desmarques, como o de Giaccherini contra a Bélgica, mas os italianos estiveram apáticos, e jamais o baixinho, Éder ou os alas buscaram essa movimentação para Bonucci lançar.

De qualquer forma, desta vez sem convencer e deixar nenhum aspecto positivo, a Itália venceu pela segunda vez consecutiva – o que não acontecia desde a Euro de 2000 -, não sofreu gol e se classificou. Depois de Giaccherini, Éder foi outro herói improvável, e desta vez em uma vitória com gosto de vingança: os italianos têm certa rivalidade com a Suécia pelo fato de os blagult terem feito jogo de compadres com a vizinha Dinamarca na Euro 2004 para eliminarem a Azzurra. O troco foi dado, já que os suecos se complicaram no grupo.

Contra a Irlanda, na próxima quarta, novamente o time de Conte terá a oportunidade de evoluir seu jogo ou simplesmente descansar e se preparar para a próxima fase. Seria interessante, até pelo ponto de vista físico e como poderiam acrescentar para o time, ver Insigne, Bernardeschi e El Shaarawy, que ainda não jogaram na França. Conte declarou que deve fazer mudanças no time que vai a campo e agora é aguardar para ver como os reservas aproveitarão sua chance.

Itália 1-0 Suécia
Éder (Zaza)

Itália (3-5-2): Buffon; Barzagli, Bonucci, Chiellini; Candreva, Parolo, De Rossi (Thiago Motta 74′), Giaccherini, Florenzi (Sturaro 85′); Pellè (Zaza 60′), Éder. Técnico: Antonio Conte.

Suécia (4-4-2): Isaksson; Lindelöf, E. Johansson, Granqvist, M. Olsson; S. Larsson, Ekdal (Lewicki 79′), Källström, Forsberg (Durmaz 79′); Guidetti (Berg 85′), Ibrahimovic. Técnico: Erik Hamrén.

Local: Estádio Municipal, em Toulouse, França
Árbitro: Viktor Kassai (Hungria)

Compartilhe!

2 comentários

  • Olha Zaza seria muito mais perigoso que o "Pellé". Sem dúvidas. Alguém viu a reação do Ibra qdo do gol sobre a Irlanda? Olha, tudo bem, que o cara é o melhor do time, mas ao menos mostre que vc faz parte da equipe. Sozinho, nem Messi, nem Maradona, nem Pelé, quanto mais o Ibra.

  • Creio que zaza é mais pesado e lento do que Pelle, que foi anulado como qualquer um pode ser. Eder é centroavante, cuja função é fazer gols e não driblar, como um meia ou um Ponta. Não acho que o jogo foi de baixo nível. Infelizmente estamos acostumados com esse futebol brasileiro medíocre e sem marcação no Brasil. O futebol mais marcador do mundo está ressurgindo. O jogo foi muito marcado, tanto que as peças ofensivas foram anuladas (de ambos os lados). A Itália é assim e assusta quando vai construindo resultados magros sem levar gols.a história nos mostra isso. Exceto por um erro individual ou um erro de arbitragem, difícil será furar a defesa italiana nesta Euro. Certamente fechará essa fase com cem por cento de aproveitamento, melhorará ainda mais para se dar bem também nas fases eliminatórias. A Itália acho que chegará ao menos na final. Feliz e Surpreendentemente estou gostando muito do time de Conte e seu trabalho. Pra frente. buona sorte azzurra.

Deixe um comentário