Antes de a geração de ouro conduzida por Rui Costa e Luís Figo aparecer para o mundo e alçar Portugal de patamar, o futebol lusitano depositava suas esperanças em outro meia-atacante: Paulo Futre. Camisa 10 dos Tugas na Copa do Mundo de 1986, o jogador nascido em Montijo também jogou na Itália, embora sem grandes recordações.
Morador da região metropolitana de Lisboa, Futre entrou aos nove anos nas categorias de base do Sporting, clube em que deu os primeiros passos como profissional, em 1983. Após a primeira temporada pelos Leões, o meia-atacante pediu aumento salarial e, diante da negativa dos diretores, acertou com o Porto.
Pelos Dragões, o habilidoso canhoto – que já era comparado a Diego Maradona – se tornou o principal jogador do país e, em três anos, venceu dois títulos nacionais e o prêmio de jogador português do ano (1986 e 1987). Futre também participou da campanha lusitana no Mundial de 1986 e foi fundamental na conquista da Copa dos Campeões de 1987, juntamente com Rabah Madjer, Walter Casagrande e Juary – foi eleito o melhor em campo na final contra o Bayern de Munique. Com isso, o jogador de 21 anos acabou ficando com a segunda posição na Bola de Ouro daquele ano.

Futre sofreu séria lesão na estreia pela Regia e fez poucos jogos pelos emilianos (Arquivo/AC Reggiana)
O meia-atacante português se transferiu para o Atlético de Madrid em 1987 e ficou no clube por cinco anos e meio. Na capital espanhola ele foi capitão e ajudou Manolo a levantar o Pichichi em 1991-92, mas também começou a conviver com muitas lesões no joelho, devido ao fato de ser franzino. Foi após o bicampeonato da Copa do Rei que Futre entrou em decadência e acabou deixando os colchoneros para ter passagens curtas pelo Benfica e, depois, pelo Marseille.
No final de 1993 o lusitano caminhava para atuar em seu quarto clube em menos de 12 meses, uma vez que assinou contrato com a pequena Reggiana. Futre foi a principal contratação da equipe, estreante na elite, para evitar o rebaixamento.

Recuperado da lesão, Futre voltou aos campos e encarou compatriotas, como Fernando Couto, do Parma (Liverani)
Na Itália, a carreira do português praticamente degringolou. Em 21 de novembro de 1993 ele estreou contra a Cremonese, pela 12ª rodada da Serie A, juntamente ao volante romeno Dorin Mateut, também contratado naquela janela: ambos foram recebidos com faixas pela torcida. Em sua primeira partida em Reggio Emilia, Futre ajudou na vitória da equipe amaranto no campeonato, marcando um belo gol de canhota, depois de driblar um adversário.
No entanto, Futre viu a fragilidade dos seus ossos traí-lo pouco depois: o zagueiro Alessandro Pedroni tentou pará-lo com um carrinho forte, mas tocou a ponta se seu pé, o que acabou lhe causando uma ruptura de um dos ligamentos do joelho. A temporada do português acabava ali.
No decorrer de 1993-94, a Reggiana conseguiria uma história salvezza, diante do fortíssimo e campeão Milan de Fabio Capello, em pleno San Siro – naquele jogo, Taffarel foi o grande destaque. Futre voltaria a atuar na temporada seguinte e em um time reforçado: o goleiro brasileiro saiu, mas Francesco Antonioli assumiu sua posição; Luigi De Agostini e Angelo Gregucci reforçaram a defesa da Regia; Sunday Oliseh e Fernando De Napoli chegaram para o meio-campo e Igor Simutenkov e Rui Águas assinaram para fortalecer o ataque, comandado por Michele Padovano.
Para Futre foram apenas 12 jogos e quatro gols, em um ano marcado por lesões musculares, dores no joelho e o rebaixamento para a segundona com uma campanha lamentável: penúltima colocada, a equipe emiliana somou apenas 18 pontos.

A admiração de Capello levou Futre à Lombardia, mas o português pouco atuou pelos rossoneri (Arquivo/AC Milan)
Mesmo com a queda e o pouco tempo em campo, dá para dizer que Futre, como se diz no jargão popular, “caiu para cima”. Capello era fã de seu futebol e já havia tentado levá-lo para o Milan, em 1993. Desta vez conseguiu e fez do tuga o reserva imediato de Roberto Baggio, porém o meia-atacante só esquentou banco e foi visto quase sempre em amistosos – como na foto que integra o texto. O camisa 28 entrou em campo apenas na última partida da Serie A na temporada, um 7 a 1 contra a Cremonese, e ainda foi substituído no final.
Após o fracasso na Itália, Futre acertou com o West Ham, mas pouco jogou – inclusive, fez birra até ganhar a camisa 10 dos Hammers. Antes de se aposentar, o português teve uma segunda passagem pelo Atlético de Madrid e pelo futebol do Japão, com o Yokohama Flügels. Ainda perseguido pelas lesões, resolveu pendurar as chuteiras, com apenas 32 anos. Depois de se retirar, Futre ainda foi diretor de futebol do Atlético de Madrid e comentarista esportivo na televisão de Portugal.
Jorge Paulo dos Santos Futre
Nascimento: 28 de fevereiro de 1966, em Montijo, Portugal
Posição: meia-atacante
Clubes: Sporting (1983-84), Porto (1984-87), Atlético de Madrid (1987-93 e 1997-98), Benfica (1993), Marseille (1993), Reggiana (1993-95), Milan (1995-96), West Ham (1996-97) e Yokohama Flügels (1998)
Títulos: Campeonato Português (1985 e 1986), Copa dos Campeões (1987), Copa do Rei (1991 e 1992), Taça de Portugal (1993) e Serie A (1996)
Seleção portuguesa: 41 jogos e 6 gols