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Hans-Peter Briegel, um dos condutores do scudetto do Verona

Por muito pouco o futebol europeu não perdeu um dos seus maiores campeões dos anos 1970 e 1980. Durante toda a adolescência o alemão Hans-Peter Briegel praticou outros esportes e só tardiamente virou jogador profissional. Melhor para Verona e Sampdoria, que puderam contar com uma peça polivalente em seus anos de ouro.

Nascido na antiga Alemanha Ocidental, Briegel era praticante de diversas modalidades do atletismo e um especialista no decatlo. Até os 19 anos, ele jogava futebol apenas na várzea, no Rodenbach, clube de sua cidade natal. Foi em 1974 que ele deixou as pistas e teve sua primeira oportunidade como profissional no Kaiserslautern, maior time da região.

Levado aos Diabos Vermelhos pelo técnico Erich Ribbeck, Briegel mostrou no time profissional alguns dos atributos desenvolvidos em sua carreira no atletismo, como a potência, a velocidade e a resistência, que o levaram a ser conhecido como “o rolo compressor do Palatinado”. Além disso, o lateral esquerdo também podia jogar como ala e volante e se destacava por ter faro de gol. Ao longo de nove anos no clube, Briegel fez 240 partidas pela Bundesliga e balançou as redes 47 vezes.

Em 1984, a Serie A italiana já vivia seu período de maior destaque internacional. Havia quatro anos que as fronteiras haviam sido reabertas para a contratação de jogadores estrangeiros e cada clube tinha direito a dois atletas de fora do Belpaese. O Verona, equipe de discreta história, mas de bons resultados no início daquela década, aproveitou o fato de o jogador não ter um alto custo e decidiu apostar em Briegel como um de seus “gringos” – o outro foi o atacante dinamarquês Preben Elkjaer Larsen.

Briegel e Rummenigge foram dois dos alemães de maior sucesso na Itália nos anos 80 (imago)

Naquela época, Briegel já era um jogador conhecido internacionalmente – e não só por atuar quase sempre com os meiões abaixados e sem caneleiras. O lateral-esquerdo/volante tinha 29 anos e chegava com pompa, pois tinha sido titular da Alemanha Ocidental campeã europeia em 1980 e vice-campeã mundial em 1982 – além de ter atuado também na Euro 1984. Agora o seu objetivo era levar o Verona a repetir boas campanhas, que culminaram em dois vices da Coppa Italia e em uma vaga na Copa Uefa. No entanto, Briegel fez mais do que isso.

O alemão passou apenas dois anos em Verona, mas marcou época, sendo um dos principais condutores dos butei ao histórico scudetto, conquistado em sua temporada de estreia, a 1984-85. Seus números naquela campanha foram incríveis, principalmente levando em conta que ele atuava primordialmente como ala pela esquerda: ele foi o vice-artilheiro gialloblù, com 9 gols na Serie A e mais dois na Coppa Italia.

Peça fundamental do time de Osvaldo Bagnoli, Briegel mostrava muita habilidade, velocidade e um poder arrasador de aparecer na área adversária e marcar gols de cabeça – geralmente fugindo da marcação, no segundo pau. Tal desempenho foi suficiente para lhe garantir o prêmio de melhor jogador alemão ocidental em 1985.

Em sua segunda temporada com a camisa do Hellas, o lateral caiu de rendimento, juntamente com todo o time veronês, mas, mesmo assim, foi convocado para disputar a Copa do Mundo de 1986. Briegel foi novamente vice-campeão e tem más recordações do torneio: no gol de Jorge Burruchaga, que deu o título para a Argentina, foi ele que acabou dando condições para que o atacante não ficasse em impedimento e anotasse o tento decisivo. Após a competição, disputada no México, o “rolo compressor do Palatinado” deixou a seleção e foi negociado com a Sampdoria.

Na final da copa, Briegel entra em campo com o time da Sampdoria (imago)

Quando contratou Briegel, a Sampdoria estava no meio de um projeto que também culminou em título nacional – embora sem a presença do alemão. O clube havia sido adquirido em 1979 pelo empresário Paolo Mantovani, que traçou um plano ambicioso e levou o time da Serie B para os holofotes. O ano definitivo para virada foi justamente em 1986, quando o cartola substituiu o técnico Eugenio Bersellini pelo sérvio Vujadin Boskov e fechou com Briegel e Toninho Cerezo, que substituíam os envelhecidos Graeme Souness e Trevor Francis como estrangeiros da equipe.

A dupla se juntou a Gianluca Pagliuca, Moreno Mannini, Pietro Vierchowod, Gianluca Vialli e Roberto Mancini como espinha dorsal de um time forte e que brigaria na parte de cima da tabela. Em dois anos, Brigel foi titular da equipe e sempre atuou com regularidade, ajudando os dorianos a ficarem com a 4ª posição da Serie A e o título da Coppa Italia, conquistado sobre o Torino – em um dos jogos da decisão, o alemão chegou a anotar um gol. A Samp ainda garantiu uma vaga na Recopa 1988-89, mas o alemão não fez parte do elenco: perto de completar 33 anos decidiu se aposentar.

Depois de deixar os gramados, Briegel se aventurou como técnico e passou por equipes sem expressão, como Glarus (Suíça), Edenkoben e Wattenscheid (ambos da Alemanha) antes de atuar por um breve período como diretor esportivo do Kaiserslautern. No final dos anos 1990 o ex-jogador voltou a seguir a carreira de treinador e passou pelo futebol turco, com destaque para o gigante Besiktas, mas foi mesmo na seleção da Albânia que teve sucesso.

À frente da seleção balcânica o alemão teve seu antepenúltimo trabalho como treinador, antes de se aposentar. Com Briegel no comando, a Albânia chegou a ficar invicta em casa nas Eliminatórias para a Euro 2004 e, na qualificatória para a Copa de 2006, bateu a Grécia, então campeã europeia. O alemão não conseguiu classificar a Albânia para nenhuma competição, mas auxiliou no processo de evolução do futebol local, lançando alguns jogadores que viriam a ser aproveitados anos depois pelo italiano Gianni De Biasi. Ao menos ele pode se dar por satisfeito, pois as águias fizeram um bom papel na Euro 2016 e ainda se classificaram para a edição de 2024 da competição.

Hans-Peter Briegel
Nascimento: 11 de outubro de 1955, em Rodenbach, Alemanha
Posição: lateral-esquerdo e meio-campista
Clubes como jogador: Kaiserslautern (1975-84), Verona (1984-86) e Sampdoria (1986-88)
Títulos como jogador: Eurocopa (1980), Serie A (1985) e Coppa Italia (1988)
Carreira como treinador: Glarus (1989-92), Edenkoben (1992-94), Wattenscheid (1994-95), Besiktas (1999-2000), Trabzonspor (2001-02), Albânia (2002-06), Bahrain (2006-07) e Ankaragücü (2007)
Seleção alemã ocidental: 72 jogos e 4 gols

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