Brasileiros no calcio

Paulo Sérgio, o atacante onipresente na Roma de Zeman

A Roma é o time mais brasileiro do futebol italiano e isso se deve ao sucesso que nossos compatriotas tiveram na Cidade Eterna. Um dos 45 jogadores nascidos por aqui que tiveram passagem positiva pelo Olímpico foi o atacante Paulo Sérgio, que defendeu as cores dos giallorossi por duas temporadas e marcou quase 30 gols pelo clube.

Formado no terrão do Corinthians, Paulo Sérgio estreou pelo clube paulista em 1988, quando estava prestes a completar 19 anos. Após alguns jogos pelo alvinegro, o atacante foi emprestado ao Novorizontino, com o intuito de ganhar experiência, e logo deu resultados com a camisa do Tigre do Vale: após um 1989 regular, o atacante foi fundamental no Campeonato Paulista de 1990, do qual a equipe aurinegra, que também tinha o zagueiro Márcio Santos, foi vice-campeã. Após o belo resultado, o técnico Nelsinho Baptista foi contratado pelo Corinthians e decidiu utilizar Paulo Sérgio também no Timão.

No primeiro ano para valer no Parque São Jorge, Paulo Sérgio foi importante na campanha do título brasileiro de 1990 – na ocasião, Neto foi o destaque do Corinthians. Inicialmente reserva, o atacante marcou gols, mas ficou marcado principalmente por sua disciplina tática, versatilidade e por ter feito ótimas partidas na reta final do Brasileirão, conquistado sobre o São Paulo. Paulo Sérgio fez 121 jogos e 47 gols com a camisa do Timão e, em 1993, foi negociado com o Bayer Leverkusen por um valor equivalente a 1 milhão de euros.

Na Alemanha, o brasileiro despontou de vez. Não precisou de tempo de adaptação e explodiu logo no primeira temporada, sendo o destaque do Leverkusen em 1993-94: a equipe ficou com a terceira posição na Bundesliga e ganhou vaga na Copa Uefa muito graças aos 17 gols marcados por Paulo Sérgio. O atacante ficou atrás apenas dos artilheiros, Stefan Kuntz (Kaiserslautern) e Anthony Yeboah (Eintracht Frankfurt), que balançaram as redes em 18 oportunidades.

O atacante brasileiro foi titular absoluto da Roma treinada por Zdenek Zeman (EMPICS/Getty)

As grandes atuações e os números de Paulo Sérgio o levaram para a Copa do Mundo de 1994. O jogador paulista já havia sido convocado para vestir a amarelinha algumas vezes desde 1991, mas entrou no grupo como um dos reservas do time de Carlos Alberto Parreira pela ótima forma demonstrada às vésperas da competição. O atacante entrou em campo durante somente 23 minutos, contra Camarões e Suécia, mas pode se orgulhar de ter feito parte da campanha do tetracampeonato do Brasil.

Após o reconhecimento máximo com a seleção, Paulo Sérgio retornou para Leverkusen e viveu anos de altos e baixos pelas aspirinas. Em 1994-95, a equipe foi apenas sétima colocada na Bundesliga, pois se dedicou muito à Copa Uefa, competição em que caiu nas semifinais. diante do Parma – o brasileiro fez quatro gols no torneio continental e um contra os gialloblù, mas não evitou a eliminação.

Se o Bayer Leverkusen passou 1995-96 lutando contra o rebaixamento, a temporada seguinte foi de redenção para Paulo Sérgio e companhia: o atacante marcou 17 gols novamente e ajudou a equipe a ser vice-campeã alemã e a conquistar uma vaga na Liga dos Campeões. No auge físico, aos 28 anos, chamou a atenção da Roma, que investiu cerca de 6 bilhões de velhas liras para levá-lo à Cidade Eterna.

Paulo Sérgio chegou a uma Roma que, sob o comando do presidente Franco Sensi, começava a ter mais ambições, após anos de baixa no início da década de 1990. A equipe teria vocação ofensiva, já que Zdenek Zeman era o treinador, e o tridente de ataque seria formado pelo brasileiro e também por Abel Balbo e Francesco Totti, com Marco Delvecchio como opção para o segundo tempo.

Campeão mundial, Paulo Sérgio foi exemplo de dedicação em Roma (Getty)

O camisa 7 paulista foi escalado pelo treinador como ponta direita do 4-3-3 e se tornou uma figura central do elenco, entrando em todas as partidas dos romanos na temporada – 40; 34 na Serie A e seis na Coppa Italia. Além de sempre presente, Paulo Sérgio foi o vice-artilheiro da equipe, ao lado de Totti, com 14 tentos anotados (12 deles no Italiano).

Alguns destes foram fundamentais para fazer da Roma a quarta colocada naquela Serie A, como os marcados diante de Parma, Fiorentina e Milan, equipes que ficaram abaixo dos giallorossi na tabela. O gol contra os rossoneri é o mais lembrado até hoje – mais ainda que o que ele fez sobre a Lazio, na copa: Paulo Sérgio deu um drible da vaca em Alessandro Costacurta e apenas deslocou o goleiro Sebastiano Rossi para guardar o terceiro na goleada por 5 a 0.

Em 1998-99, Balbo trocou a Roma pelo Parma e o tridente romano viu Delvecchio ganhar a titularidade. Paulo Sérgio, por sua vez, continuou atuando pela faixa direita do ataque e marcou os mesmos 12 gols na Serie A que no ano anterior. Se os números foram os mesmos, os romanistas caíram de rendimento e não fizeram um grande campeonato: se esperava que a equipe desse um salto de qualidade, mas o time da capital foi apenas quinto colocado. Apesar dos tentos decisivos contra Milan e Juventus, Paulo Sérgio também não atuou no mesmo nível de 1997-98 e fez apenas nove partidas completas entre 30 disputadas.

O fracasso romano na temporada levou o presidente Sensi a fazer uma pequena reformulação na equipe. Primeiro, Zeman deixou o cargo para dar espaço a Fabio Capello, o que já diminuiria as chances de Paulo Sérgio na equipe, por questões táticas.

Bastante querido pelo elenco da Roma, o brasileiro teve passagem positiva pela capital (Ansa)

Quando o friulano revelou o desejo de contar com Vincenzo Montella, o atacante brasileiro acabou negociado com o Bayern Munique, que pagou cerca de 6,6 milhões de euros e o levou de volta para a Alemanha. Com Capello, a Roma finalmente seria campeã, mas Paulo Sérgio não teve essa oportunidade. Ao menos, fez história com os Roten.

O brasileiro vestiu a camisa dos bávaros entre 1999 e 2002, e em Munique conquistou quase todos os títulos de sua carreira – sete das suas nove taças foram levantadas com os gigantes da Baviera. Embora tenha se destacado principalmente em sua primeira temporada pelo Bayern, na qual faturou uma Bundesliga e duas copas locais, Paulo Sérgio fez parte das conquistas de mais um campeonato alemão, de uma Liga dos Campeões e de um Mundial Interclubes. Depois de deixar o clube alemão, o atacante ainda atuou por Al-Wahda, dos Emirados Árabes Unidos, e pelo Bahia, antes de se aposentar, aos 34 anos, em 2003.

Mais reconhecido no exterior do que no Brasil por sua carreira vitoriosa, Paulo Sérgio ficou muito tempo nos bastidores e atuou como representante do Bayern Munique depois de pendurar as chuteiras. O ex-atacante teve uma breves experiências como treinador, em 2008 (quando trabalhou no Red Bull Brasil), e como diretor esportivo (Juventus da Mooca, em 2011), mas não seguiu carreira.

Na televisão, foi apresentador do programa “Menino de Ouro”, exibido pelo SBT, e também atuou como comentarista dos canais ESPN. O craque também foi secretário de Esportes de Barueri, cidade da região metropolitana de São Paulo, e hoje se dedica a sua empresa de gestão esportiva, com negócios na Áustria e na Alemanha.

Paulo Sérgio Silvestre do Nascimento
Nascimento: 2 de junho de 1969, em São Paulo
Posição: atacante
Clubes como jogador: Corinthians (1988 e 1990-93), Novorizontino (1989-90), Bayer Leverkusen (1993-97), Roma (1997-99), Bayern Munique (1999-2002), Al-Wahda (2002) e Bahia (2003)
Títulos conquistados: Copa do Mundo (1994), Liga dos Campeões (2001), Mundial Interclubes (2001), Bundesliga (2000 e 2001), Copa da Alemanha (2000), Copa da Liga Alemã (1999 e 2000) e Campeonato Brasileiro (1990).
Seleção brasileira: 13 jogos e 2 gols

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