Serie A

14ª rodada: a briga pelo scudetto começa a se afunilar?

Não foi o melhor fim de semana da Serie A – longe disso. No entanto, a 14ª jornada do campeonato reservou algumas questões importantes, que podem indicar o início do distanciamento de um trio sobre as outras equipes. Napoli, Inter e Juventus não foram brilhantes, mas venceram seus jogos e aproveitaram os tropeços de Roma e Lazio, sobre as quais abriram dois pontos a mais de vantagem. A briga pelo scudetto ficará mesmo entre o trio?

A rodada ainda foi decisiva para duas trocas de técnicos. Bucchi foi substituído por Iachini no Sassuolo, mas o rebuliço mesmo foi gerado pela queda de Montella no Milan. O treinador nunca conseguiu o apoio total da torcida e deu lugar a um ídolo rossonero: Gattuso. Ringhio foi promovido do time sub-20 e terá seu primeiro grande desafio, após passagens por Sion, OFI Creta, Palermo e Pisa. Dará certo?

Udinese 0-1 Napoli
Jorginho

Tops: Barák (Udinese) e Chiriches (Napoli) | Flops: Scuffet (Udinese) e Mertens (Napoli)

Pressionado pela vitória da Inter no sábado, o Napoli entrou no Friuli com a missão de defender a liderança e frustrar a estreia de Oddo no comando técnico da Udinese. Assim como o rival de Milão, o time campano teve vida difícil até finalmente ter aberto o placar e, na sequência da partida, continuou em ritmo baixo. Na verdade, o Napoli teve apresentação bastante abaixo da média, mas suficiente para obter os três pontos fora de casa e prosseguir no melhor início de Serie A do clube – que só não é o melhor da história do campeonato porque a Juventus de 1949-50 tem um gol de vantagem no saldo.

Em dia pouco inspirado de Hamsík, Mertens e Insigne, a válvula de escape napolitana também foi controlada: Callejón pouco conseguiu produzir contra Samir e Adnan, que mantiveram um nível de concentração inesperado durante toda a partida. Em um jogo de poucas oportunidades de gol, no qual os visitantes mantiveram a posse de bola e os anfitriões tentaram contra-atacar, o único gol acabou saindo através de um pênalti. E mesmo assim, fazendo jus ao contexto do jogo, ele saiu em jogada um tanto bizarra: Jorginho cobrou mal, mas aproveitou a defesa parcial de Scuffet e marcou, no rebote, o gol que manteve a liderança dos napolitanos. Agora, com 38 pontos e 12 vitórias em 14 rodadas.

Cagliari 1-3 Inter
Pavoletti (Faragò) | Icardi (Perisic), Brozovic (Candreva) e Icardi

Tops: Pavoletti (Cagliari) e Icardi (Inter) | Flops: Rafael (Cagliari) e Skriniar (Inter)

Está com problemas? Chame Icardi. Após o pior início de jogo da Inter na temporada, o centroavante, capitão e artilheiro nerazzurro mais uma vez salvou a equipe de Spalletti, com as ajudas de Candreva e Perisic. Com a vitória na Sardenha, a Beneamata continua na vice-liderança e chega a 36 pontos em 14 rodadas: é o melhor começo da de campeonato da história do clube, idêntico ao de 1988-89 – campanha que resultou em scudetto e na quebra de diversos recordes. Antes de Icardi ter entrado em ação para deixar o clima leve em Interello, os visitantes resistiram a quase 30 minutos de terror graças a Handanovic. O goleiro evitou o gol do Cagliari em três oportunidades, mas o que assustou mesmo o torcedor foram os erros na saída de bola e a falta de reação do time diante da atitude agressiva e boa organização da equipe de López, que saía com tranquilidade pelo chão e atacava com lançamentos longos para Faragò e Pavoletti.

Apesar disso, o placar seguiu zerado até os 29 minutos, quando Candreva cruzou para a segunda trave, e Icardi contou com o esforço de Perisic para marcar o gol no seu primeiro toque na bola na área adversária. A vantagem trouxe um alívio tremendo para os interistas, que melhoraram em campo e até perderam chance clara de ampliar, novamente com o argentino. No segundo tempo, Vecino saiu lesionado para a entrada de Brozovic e, menos de dois minutos depois, o croata marcou o segundo gol ao completar nova jogada de Candreva. Apesar do 2 a 0, a Inter seguiu jogando de forma desordenada e sem reação aos lançamentos para Pavoletti: não à toa, o gol do Cagliari saiu depois de Faragò enviar uma bola longa para a conclusão do centroavante. O gol acabou derrubando o ritmo da partida e a equipe visitante matou o jogo aos 37 da segunda etapa, em jogada criada por Candreva e Gagliardini. Rafael errou ao afastar o cruzamento e Icardi aproveitou o rebote para marcar sua doppietta, chegando a 15 gols e igualando Immobile na artilharia da Serie A.

Juventus 3-0 Crotone
Mandzukic (Barzagli), De Sciglio e Benatia

Tops: Benatia e Mandzukic (Juventus) | Flops: Pavlovic e Ajeti (Crotone)

Consciente de que precisava vencer para se manter na cola de Napoli e Inter e aproveitar os tropeços de Roma e Lazio, a Juventus fez sua parte com tranquilidade e passou pelo Crotone. O placar demorou para ser aberto, mas o time de Allegri não só não foi ameaçado, como registrou a maior posse de bola da Serie A na temporada: impressionantes 81%, com 1082 toques e 888 passes; números que representam bem o controle da Velha Senhora contra os tubarões. O retrancado time treinado por Nicola pouco competiu, mas resistiu por mais de 50 minutos à abertura do placar.

Quem destravou a partida foi Mandzukic, que foi alvo de uma reportagem do Tuttosport nesta semana – no texto, o jornal afirmava que o croata estava insatisfeito por não jogar centralizado no ataque. Além de desmentir a história publicamente, o atacante teve a chance de jogar no lugar de Higuaín (poupado) e inaugurou a contagem com um gol de cabeça, após cruzamento de Barzagli. Enquanto Douglas Costa era o jogador mais perigoso e criativo da Juventus, quem também se redimiu foi De Sciglio, que marcou o primeiro gol de sua carreira três minutos após ter entrado no jogo, aproveitando rebote de escanteio com uma bela finalização da entrada da área. Fechando o placar, outro bianconero bastante criticado teve oportunidade de ouro para responder ao momento ruim: na bola cruzada de Pjanic, Benatia aproveitou a sobra na área e fez o terceiro gol juventino. Prestes a enfrentar o Napoli no San Paolo, a Velha Senhora mantém contato com o rival e ensaia o bote.

Genoa 1-1 Roma
Lapadula (pênalti) | El Shaarawy (Florenzi)

Tops: Lapadula (Genoa) e El Shaarawy (Roma) | Flops: Pandev (Genoa) e De Rossi (Roma)

Depois de estrear com vitória, Ballardini conseguiu outro feito no começo da terceira passagem pelo Genoa: segurou a Roma, que havia vencido os rossoblù em suas quatro visitas mais recentes ao Luigi Ferraris. Como tem sido comum neste campeonato, a partida no Marassi foi bastante fraca tecnicamente, mas os anfitriões conseguiram um ponto inesperado contra um adversário que disputa o título e que tinha a maior sequência de vitórias da Serie A (cinco) e que acabara de estabelecer o mais número de triunfos fora de casa da história do torneio (12).

Embora a Roma conte com o trunfo de ter um jogo a menos, é inegável que teve um tropeço significativo para suas pretensões no torneio. Principalmente porque seus rivais no topo da tabela venceram mesmo jogando mal e abriram vantagem: agora, a Loba está sete pontos atrás do líder Napoli. Boa parte do empate fica na conta de uma atitude infantil de De Rossi. O capitão giallorosso, que tem um longo histórico de confusões e agressões, agora levou a pior: o árbitro de vídeo alertou Giacomelli sobre seu tapa em Lapadula, que resultou em marcação de pênalti e expulsão do romanista. O próprio Lapadula converteu a cobrança, sete minutos após ter substituído Pandev, e garantiu o empate para os grifoni – poderia até ter virado, pois incendiou o jogo. Dez minutos antes disso tudo, El Shaarawy tinha aberto o placar, em jogada de Florenzi, cumprindo a lei do ex.

Lazio 1-1 Fiorentina
De Vrij (Luis Alberto) | Babacar (pênalti)

Tops: Luis Alberto (Lazio) e Sportiello (Fiorentina) | Flops: Caicedo (Lazio) e Biraghi (Fiorentina)

Depois da derrota no Derby della Capitale, a Lazio tinha a chance de se redimir diante da Fiorentina no Olímpico, mas novamente tropeçou. Cada tropeço em um campeonato onde poucos vacilam pode ser determinante, e quando algum rival dá um passo em falso – como a Roma, mais cedo –, você deve aproveitar. No entanto, os biancocelesti não fizeram valer a sua superioridade histórica sobre a equipe viola, sua maior freguesa, e além de continuarem dois pontos atrás da rival, viram os três primeiros aumentarem a diferença.

O empate teve contornos ainda mais trágicos para o time da casa porque a vitória foi perdida já nos acréscimos do segundo tempo. A Lazio abriu o placar aos 24 minutos, depois que De Vrij aproveitou cobrança de falta de Luis Alberto, e teve grandes oportunidades de ter ampliado a vantagem. No entanto, as chances criadas foram defendidas por Sportiello, que também segurou o artilheiro Immobile – em seis encontros, o camisa 17 segue sem marcar contra a equipe de Florença. No finalzinho, Pezzella quase marcou de meia-bicicleta e, na sequência, caiu na área: o árbitro Massa consultou o vídeo antes de confirmar o pênalti do recém-entrado e desajeitado Caicedo. Frio e oportunista como sempre, Babacar saiu do banco para converter a cobrança e deixar tudo igual na capital. Final frustrante para Inzaghi e delicioso para Pioli.

Bologna 3-0 Sampdoria
Verdi, Mbaye (Verdi) e Okwonkwo (Donsah)

Tops: Verdi e Mbaye (Bologna) | Flops: Zapata e Ramírez (Sampdoria)

Vai entender o Bologna de Donadoni. Depois de início razoável, o time emiliano teve sequência de quatro derrotas e só retomou o caminho das vitórias na segunda-feira passada, com virada sobre o Verona. Dessa vez, os rossoblù simplesmente fizeram 3 a 0 sobre a surpresa do campeonato, jogando um tempo inteiro com um jogador a menos. Com os três pontos, o Bologna se juntou a Milan e Chievo (todos com 20 pontos), atrás justamente da Sampdoria, que tem vantagem de seis pontos e continua na zona europeia.

Como não poderia deixar de ser, Verdi foi o protagonista da equipe da casa e abriu o placar logo aos três minutos, aproveitando rebote de Viviano em um chute de Destro. Aos 23, o segundo também nasceu com o ponta, que cobrou escanteio na cabeça de Mbaye – curiosamente, esse foi o terceiro gol do lateral senegalês na Serie A, todos marcados contra os blucerchiati. Se Torosidis quase comprometeu a vantagem bolonhesa ao ser expulso nos acréscimos da primeira etapa, recebendo dois amarelos em dois minutos, o ex-doriano Mirante entrou em ação para manter o placar inalterado. Autor de sete defesas, o veterano goleiro foi determinante mesmo em dia apagado de Quagliarella e Zapata, que não acertaram um único chute a gol na partida inteira. Coube a joia Okwonkwo sair do banco e decretar a vitória aos 73, completando passe de Donsah: o atacante nigeriano tem a melhor média de gols/minutos do campeonato, com um a cada 26.

Milan 0-0 Torino
Tops: Donnarumma (Milan) e Sirigu (Torino) | Flops: Kalinic (Milan) e Belotti (Torino)

Segue o calvário do Diavolo. Classificado na Liga Europa com tranquilidade, o Milan tem péssimo início na Serie A e, com apenas 20 pontos em 14 rodadas, permanece longe da zona europeia. O time rossonero está uma posição abaixo da Sampdoria, mas a equipe de Gênova tem seis pontos de vantagem e um jogo a menos. O enésimo tropeço (o quarto em casa) causou a demissão de Montella, que nunca conseguiu engrenar no cargo – nem mesmo quando conseguiu classificar a equipe para a competição europeia. Para seu lugar, uma bandeira rossonera: Gattuso foi promovido de técnico da equipe sub-20 para o time principal.

O Toro esteve longe de ter feito uma grande atuação, mas tirou onda no final do jogo e comemorou o ponto conquistado “contra um adversário direto”. Curiosamente, esse foi apenas o terceiro jogo em que a equipe de Mihajlovic não sofreu gols no campeonato. Ainda assim, defensivamente, a equipe contou com Sirigu para parar os poucos ataques perigosos dos anfitriões. No final do jogo, os grenás se soltaram e obrigaram Donnarumma a trabalhar também. Pelo lado do Milan, se Kalinic perdeu grande chance no primeiro tempo e acertou a trave, o outro atacante rossonero, André Silva, sequer conseguiu acertar o gol. Nem mesmo o jovem Cutrone conseguiu ajudar nesta tarde. É sintomático que Zapata e Rodríguez tenham sido os jogadores mais ativos do Milan em campo: fruto de mais uma escalação estranha de Montella, que alternou entre 3-5-2 e 4-4-2 com o colombiano no lado direito da defesa.

Atalanta 1-0 Benevento
Cristante (Ilicic)

Tops: Cristante (Atalanta) e Di Chiara (Benevento) | Flops: Cornelius (Atalanta) e Venuti (Benevento)

14 derrotas em 14 jogos: o Benevento parece não cansar de aumentar sua série negativa. É bem verdade, porém, que esta foi uma das melhores partidas dos stregoni no campeonato, e contra um adversário duríssimo de ser batido em seus domínios – a Atalanta perdeu somente um dos últimos 19 jogos em casa e, nesta temporada, 17 dos seus 19 pontos foram conquistados no Atleti Azzurri d’Italia.

O Benevento de De Zerbi ergueu um verdadeiro muro e conseguiu conter o ímpeto atalantino durante todo o primeiro tempo. Inclusive, a melhor chance antes do intervalo foi dos visitantes: Armenteros obrigou Berisha a fazer ótima defesa. Na segunda etapa, o jogo caminhava para o 0 a 0, até que Cristante acertou um chute preciso de fora da área e definiu a vitória dos bergamascos, aos 75 minutos. Já convocado para a seleção, o meia vive uma fase esplendorosa: é o artilheiro da Atalanta na Serie A, com cinco gols marcados.

Chievo 2-1 Spal
Inglese e Inglese (Pellissier) | Cesar (contra)

Tops: Inglese (Chievo) e Lazzari (Spal) | Flops: Cesar (Chievo) e Väisänen (Spal)

Depois de bons resultados nas últimas três rodadas, quase a Spal arrancou outro ponto fora de casa. O time de Ferrara começou muito bem a partida em Verona, impulsionado pelo gol contra de Cesar, aos 17 minutos, e levando perigo ao gol de Sorrentino, que realizou cinco defesas antes do empate de sua equipe. As chances desperdiçadas acabaram pesando no final, já que Inglese voltou às redes depois de um mês em branco.

O artilheiro gialloblù deixou tudo igual aos 66 e marcou o gol da vitória já aos 81, em assistência do veterano Pellisiser. O camisa 45 assegurou mais três pontos importantes para o time de Maran seguir tranquilo na primeira parte da tabela, com 20 pontos. Os visitantes, por sua vez, acabaram retornando para a zona de rebaixamento com o empate do Genoa, que tem vantagem no saldo de gols. Coincidência ou não, os três times que subiram da Serie B ocupam as últimas posições da elite.

Sassuolo 0-2 Verona
B. Zuculini e Verde (Rômulo)

Tops: B. Zuculini e Rômulo (Verona) | Flops: Peluso e Berardi (Sassuolo)

Nove derrotas em 14 rodadas. Apenas o lanterna Benevento perdeu mais que o Sassuolo, que tem apenas um ponto de vantagem para a zona da degola. A base é praticamente a mesma deixada por Di Francesco (somente Defrel e Pellegrini saíram, seguindo o treinador e acertando com a Roma), mas Bucchi desfigurou a equipe. Não à toa, o novo tropeço custou sua cabeça: Giuseppe Iachini, de boa passagem pelo Palermo, assume o cargo em seu lugar.

O pior de tudo para os neroverdi é que a derrota em casa aconteceu para um adversário direto na briga contra o rebaixamento. O Verona chegou apenas a seu segundo triunfo no campeonato: havia vencido apenas o frágil Benevento. Os três pontos chegaram após cinco derrotas consecutivas e fazem o Hellas respirar e encostar na equipe emiliana. O herói inesperado do dia foi Zuculini, que faz péssimo início de temporada e acabou como um dos melhores em campo, depois de ter aberto o placar aos 22 minutos. O atacante Verde marcou o segundo pouco depois, assegurando a primeira vitória fora de casa do Verona com pouco mais de 30 minutos de jogo.

*Os nomes entre parênteses após os autores dos gols se referem aos responsáveis pelas assistências

Seleção da rodada
Sirigu (Torino); Rômulo (Verona), Chiriches (Napoli), Benatia (Juventus), Mbaye (Bologna); Candreva (Inter), Donsah (Bologna), Lucas Leiva (Lazio), Verdi (Bologna); Icardi (Inter), Inglese (Chievo). Técnico: Roberto Donadoni (Bologna).

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