A corrida pelo acesso à elite do futebol italiano continua emocionante, muito por causa da incompetência de Palermo e Frosinone, que não conseguem deslanchar na ponta da tabela. Com 22 rodadas disputadas, os dois principais favoritos estão empatados com 40 pontos, a menor pontuação de um líder na Serie B desde a temporada 2009-10, quando Lecce e Sassuolo dividiam a primeira colocação com 39.
De acordo com levantamento feito pelo site Transfermarkt, os elencos mais caros da Serie B são os de Palermo (€ 29,2 milhões) e Frosinone (€ 24,5 milhões). As duas equipes, de fato, lideram a competição, mas com estilos de jogo totalmente antagônicos, ambos possuem em comum a dificuldade de embalar sequências de vitórias. Para se ter ideia, a equipe da Sicília não conseguiu ganhar mais do que dois jogos seguidos, enquanto o rival da região do Lácio vive, hoje, o seu melhor momento na segundona com três triunfos em fila.
É verdade que ambos perdem pouco – foram apenas dois reveses de cada –, mas os times comandados pelos técnicos Bruno Tedino e Moreno Longo, respectivamente, empacam nos empates: dez, até o momento. Um número muito alto. O clube rosanero, por exemplo, não saiu da igualdade contra Cesena, Brescia, Foggia e Ascoli, que brigam contra o rebaixamento, enquanto os canarini têm dificuldades para derrotar adversários da parte de cima da classificação.
Com a bola rolando, os dois líderes têm estratégias bem diferentes. O Palermo de Tedino aposta na solidez defensiva para conquistar o acesso. O time siciliano sofreu apenas 17 gols no campeonato, sendo apenas um nas últimas sete rodadas. Por outro lado, o ataque rosanero foi às redes em apenas 30 ocasiões – mesmo assim, o atacante macedônio Ilija Nestorovski já comemorou dez tentos. Enquanto isso, o Frosinone tem um dos melhores desempenhos ofensivos do torneio, com 41 gols, atrás apenas do Empoli (44). Destaque para Daniel Ciofani, com 10 gols, e Camilo Ciano, que já fez oito e ainda é responsável por 11 assistências.
Vale salientar que, fora dos gramados, a instabilidade administrativa continua afetando o Palermo. Proprietário há 15 anos, o polêmico empresário Maurizio Zamparini tentou vender o clube ao final da última temporada, mas as negociações não deram certo. Por causas das dívidas, um processo de falência chegou a ser aberto na capital da Sicília, o que poderia representar um rebaixamento às divisões amadoras do futebol italiano. No entanto, Zamparini contornou a situação, por hora, mas já declarou que tem como objetivo recolocar as águias de volta na Serie A e se livrar do Palermo antes do início do próximo campeonato.
Enquanto palermitani e frusinati tropeçam, quem começa a ganhar corpo é o Empoli, que demitiu Vincenzo Vivarini e aposta em Aurelio Andreazzolli, que passou os últimos anos como assistente técnico na Roma. Os azzurri começaram a temporada como um dos candidatos ao acesso, mas uma sequência de cinco derrotas em nove jogos entre setembro e novembro de 2017 gerou muitas incertezas. Mesmo sem perder depois disso, os toscanos continuaram com dificuldade de vencer e o desgaste tornou a situação insustentável para o técnico Vincenzo Vivarini.
A diretoria decidiu apostar em Andreazzolli, que chegou a treinar interinamente a Roma em 2013, mas não havia sido contratado por uma equipe desde 2003, quando esteve à frente da Alessandria na quarta divisão. No entanto, desde a chegada do novo chefe, os empoleses emendaram dois triunfos em sequência, chegando a 37 pontos e se colocando, neste momento, como a principal ameaça a Palermo e Frosinone. A equipe da região da Toscana tem como ponto forte o ataque, o melhor da Serie B com 44 gols marcados.
Com tanto poder ofensivo, natural que o artilheiro da segundona fosse jogador do Empoli. Francesco Caputo, que chegou nesta temporada da Virtus Entella, já foi responsável por marcar 15 gols. Mas ele não está sozinho na frente: outro atacante que vem chamando bastante atenção é Alfredo Donnarumma, autor de 12 tentos.
Um pouco mais abaixo, Cremonese, Cittadella, Bari e Parma não podem ser descartados nesta disputa, mas a instabilidade destas equipes é o principal adversário em um campeonato tão nivelado. O “pega para capar” envolve equipes que estão a um passo de entrar na disputa pelo acesso direto e, ao mesmo tempo, de sair da zona de playoffs, tamanhos são o equilíbrio e as inconstâncias.
O caso mais claro disso é o Parma, que estava bem perto de assumir a liderança no início de dezembro, mas emendou uma sequência negativa de cinco rodadas sem vencer. Mais do que isso, são quatro partidas seguidas sem marcar um golzinho sequer. O resultado disso é que os crociati despencaram para a sétima colocação. Mesmo com o quarto elenco mais caro da Serie B, o técnico Roberto D’Aversa não tem conseguido fazer os experientes jogadores renderem e, não por acaso, ele vem sendo contestado. Novos resultados negativos podem ser determinantes para uma demissão, sobretudo porque a diretoria foi ao mercado e acertou com jogadores importantes, como Marcello Gazzolla (Sassuolo), Amato Ciciretti (Benevento) e Alessio Da Cruz (Novara).
Quem também já teve momentos melhores é o Bari do novato técnico Fabio Grosso. Assim como o Parma, os galletti estiveram com a faca e o queijo nas mãos, chegaram a ocupar a ponta da tabela, mas a pressão pareceu ser grande: desde dezembro, os biancorossi conquistaram somente um triunfo. Enquanto isso, Cremonese e Cittadella, que surgiram como azarões, continuam dando trabalho na zona de play-offs. Destaque para os novatos de Cremona, recém promovidos à Serie B, que querem repetir os feitos de Spal e Benevento na última temporada – ou seja, garantir um acesso duplo e atingir o sonho de jogar a Serie A. Outro time que tem sonhado com o acesso é o Spezia, que bateu na trave algumas vezes nos últimos campeonatos e trouxe reforços da Serie A, como Raffaele Palladino (Genoa) e Luca Mora (Spal).
Na briga contra o rebaixamento, a tradicional Pro Vercelli parece ter entrado em uma espiral sem fim. O técnico Gianluca Grassadonia foi demitido em dezembro, mas já retornou ao Piemonte depois de Gianluca Atzori durar apenas duas rodadas no comando do clube. São dois pontos somados nos últimos 24 disputados e a lanterna continua nas mãos dos leoni. Ascoli, Ternana, Foggia, Brescia, Cesena e Entella são outros times que prometem brigar contra o descenso até a última rodada.