Os dias passam e os detratores do goleiro Alisson estão em número cada vez menor – se é que ainda existem. A cada atuação magnífica do camisa 1 da Roma parece absurdo questionar a sua titularidade também na Seleção. Nesta quarta, na Liga dos Campeões, o brasileiro foi o maior responsável por deixar a equipe da capital italiana com boas chances de classificação à próxima fase mesmo com uma derrota por 2 a 1 contra o Shakhtar Donetsk, nas oitavas de final.
Viagens à Ucrânia não trazem bons presságios à Roma. Nas quatro partidas que fez no país do Leste Europeu, somou apenas uma vitória, contra o Dynamo Kyiv, em 2007. Na visita mais recente, em 2011, havia sido derrotada justamente pelo Shakhtar nas oitavas da Champions League. A revanche até pareceu próxima de se concretizar em momentos do cotejo de hoje, mas a Roma se perdeu no segundo tempo e foi dominada pelo futebol rápido e propositivo da equipe laranja e negra, recheada de brasileiros.
Na primeira etapa, o domínio territorial do Shakhtar Donetsk não se transformou em gols. A pressão constante do time de Paulo Fonseca, comandada por Taison, Marlos e Bernard, esbarrava na defesa romanista, bem postada. Por quase 40 minutos, a melhor oportunidade do jogo acabou sendo da Roma, depois que Dzeko e Fazio ameaçaram o gol defendido por Pyatov, numa cobrança de escanteio. Aos 41, então, o centroavante bósnio saiu da área e, como um autêntico meia criativo, acionou Ünder nas costas da defesa. O turco finalizou bem e anotou seu quinto gol nas quatro últimas partidas.
A ida para os vestiários mudou o panorama do jogo, que era muito favorável para os visitantes. Enquanto o Shakhtar Donetsk voltou ainda mais produtivo, a Roma simplesmente regrediu. O meio-campo sumiu completamente e passou a, de forma desesperada, apenas correr atrás dos adversários – De Rossi e Strootman, cujas formas físicas não são das melhores, não suportaram a intensidade dos mineiros. O plano de Paulo Fonseca ganhou ainda mais força porque o Shakhtar conseguiu empatar aos 9: o zagueiro Rakitskiy acionou Ferreyra com um lançamento longo e pegou a defesa da Roma desarrumada. O argentino cortou Manolas e venceu Alisson, anotando seu 12º gol nas 13 últimas vezes que entrou em campo.
Com o empate nas mãos, os donos da casa foram para cima em Kharkiv – vale lembrar que o Shakhtar manda seus jogos na cidade pela segunda temporada seguida devido à situação política na região em que Donetsk está localizada. Com a pressão, começou o show de Alisson. Primeiro, Becker esticou o braço para salvar um chute alto de Marlos, em seu contrapé, e depois voou para espalmar pra escanteio um foguete de trivela de Taison. A Roma flertava com o perigo, mas só levou a virada quando Fred, um dos melhores em campo, acertou uma cobrança de falta no ângulo, indefensável para Alisson.
O enorme volume de jogo do Shakhtar Donetsk encurralava a Roma. Os ucranianos percebiam que podiam ampliar o placar e não diminuíam o ritmo, enquanto o time italiano mal conseguia ficar com a bola. Na chance mais clara para fazer o terceiro, Ferreyra finalizou na pequena área, caindo, e Bruno Peres acabou salvando em cima da linha, aliviando a torcida romana. O 2 a 1 não é um grande resultado, mas não é dos piores. Graças a Alisson – e, vá lá, a Bruno Peres, que entrou mal no segundo tempo, mas se redimiu com o corte –, a Roma ainda pode sonhar com um lugar na próxima fase da Liga dos Campeões. Se garantir a vaga, disputará as quartas de final pela primeira vez em uma década.