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Shunsuke Nakamura foi peça importante da Reggina em seu primeiro desafio na Europa

Shunsuke Nakamura é uma daquelas personalidades do esporte que atrai seguidores por onde passa. Dono de uma técnica refinada com a perna esquerda, o meio-campista foi um dos maiores jogadores japoneses da história e talvez seja insuperável entre os nipônicos no quesito técnica. Naka ficou por oito anos na Europa, e seu primeiro time no continente foi a Reggina, da Itália.

O habilidoso meia despertou o interesse do clube da Calábria após se destacar no Yokohama F. Marinos, equipe que o revelou para o futebol. Em 2000, três anos depois de estrear pelo time japonês, fez uma temporada espetacular, foi eleito o melhor jogador da J.League e ajudou a seleção nipônica a conquistar a Copa da Ásia. As boas atuações o credenciaram a uma transferência para a Reggina.

Após perder a Copa do Mundo de 2002 devido a uma lesão no tornozelo, Nakamura aterrissou em solo italiano com o status de melhor contratação da equipe calabresa para a época 2002-03. O canhoto pegou a camisa 10 e virou titular absoluto dos amaranto, que retornavam à elite italiana após um ano na segundona e disputariam o torneio pela terceira vez em sua história. Em Reggio Calabria, o meia japonês fez parte de uma geração inesquecível para a torcida, que contava ainda com Giandomenico Mesto, Martin Jiránek, Mozart, Carlos Paredes, Francesco Cozza e David Di Michele.

Nakamura marcou logo em sua estreia, numa derrota contra a Inter, e encantou a torcida por ter feito gols nos dois jogos seguintes – ambos acabaram sendo decisivos para que a Reggina conquistasse empates. A primeira temporada do meia na Itália terminou com saldo positivo: o japonês se tornou o cobrador oficial de pênaltis da equipe e marcou cinco vezes a partir da marca da cal.

Nakamura chegou à Reggina com 24 anos e logo se tornou o astro do time (Ansa)

No total, Shunsuke contabilizou oito tentos na temporada, sendo sete pela Serie A, e também distribuiu algumas assistências a seus companheiros. Apesar do bom desempenho do atleta, que era chamado de “gênio” pela torcida, a Reggina não foi tão bem e lutou contra o rebaixamento até o final do certame. A equipe precisou disputar um play-out contra a Atalanta e, após um empate em casa e uma vitória em Bérgamo, sacramentou a permanência.

O impacto de Nakamura no futebol italiano foi enorme para os japoneses. A convite do Yokohama F. Marinos, ex-clube do atleta, a agremiação calabresa chegou a disputar um amistoso de pré-temporada no Japão. A delegação amaranto, então, rumou à Ásia para enfrentar os japoneses. A partida ocorreu no dia 6 de agosto de 2003, e os nipônicos venceram por 2 a 1, com 54.335 torcedores presentes no estádio. Em solo asiático, o clube do Belpaese vendeu mais de 50 mil camisas do craque e conseguiu um novo patrocinador.

No entanto, a temporada que estava para começar, 2003-04, não foi tão boa para Nakamura. O camisa 10 sofreu com lesões e só entrou em campo 18 vezes em toda a campanha. Assim, pouco conseguiu ajudar a equipe, que novamente flertou com o descenso e terminou o Italiano com dois pontos a mais que o Perugia, primeiro time dentro da zona de degola.

Em 2004, Nakamura se recuperou na seleção japonesa. Ele a levou à conquista da Copa da Ásia – vitória por 3 a 1 sobre a China, em Pequim – e foi eleito o melhor jogador do torneio, além de compor a seleção ideal da competição. Parecia que o meio-campista estava pronto para voltar a dar o máximo também em Reggio Calabria.

Nakamura passou três anos na Reggina e conduziu o time calabrês a campnhas históricas de permanência na Serie A (Getty)

Depois do triunfo com o escrete nipônico, o meia retornou à Itália para realizar sua última temporada pela Reggina. Em boa condição física, ele teve um rendimento aquém ao de sua primeira época, mas ainda assim foi responsável por marcar gols decisivos contra Palermo (classificado à Copa Uefa) e Chievo. Nakamura também ajudou a Reggina a conquistar vitórias históricas no Oreste Granillo, contra Juventus, Lazio e Roma.

A Serie A 2004-05 foi uma das mais equilibradas da era dos pontos corridos, em termos de rebaixamento. Uma prova disso é que a Reggina só garantiu a salvação na última rodada, mas ainda assim ficou na 10ª posição, a melhor de sua história. Com 44 pontos, o time amaranto concluiu o campeonato à frente de Lazio, Fiorentina, Parma e Bologna e com um ponto a menos que a Roma, oitava colocada. Dessa forma, Nakamura encerrou sua jornada no clube italiano com 87 jogos, 12 gols – cinco de cobrança de falta, sua especialidade – e dez assistências.

Após deixar a Itália, Naka partiu para a Escócia. Assinou contrato com o Celtic e, mais uma vez, cativou os torcedores. Ficou de 2005 a 2009 no time escocês, marcando 33 tentos e distribuindo 44 assistências em 163 partidas. Além disso, ajudou os Bhoys a ganharem três campeonatos locais e mais três títulos de copas. Vale destacar também que Nakamura foi peça fundamental na passagem do time às oitavas de final da Liga dos Campeões 2006-07, com direito a um golaço de falta marcado na vitória por 1 a 0 sobre o Manchester United, no Celtic Park, na fase de grupos.

O Espanyol foi a última equipe que o jogador defendeu na Europa. Em junho de 2009, chegou à agremiação catalã com status de ídolo. Não à toa atraiu mais de 10 mil torcedores ao estádio Cornellà-El Prat no dia de sua apresentação. Com a camisa 7 nas costas, realizou o sonho de atuar em um time que disputasse La Liga. Entretanto, o casamento durou apenas oito meses, já que ele não recebeu muitas chances do técnico Mauricio Pochettino e queria jogar mais, visando a presença na Copa do Mundo da África do Sul.

Até hoje, o habilidoso meia japonês é considerado como um dos principais jogadores da história da Reggina (Getty)

Assim, em fevereiro do ano seguinte, Nakamura retornou ao Yokohama F. Marinos. Conseguiu ser convocado ao Mundial de 2010, mas acabou ficando no banco e atuou somente diante da Holanda, em partida válida pelo Grupo E. Depois de seis temporadas no clube em que foi formado, o meia firmou, no início de 2017, um vínculo com o Júbilo Iwata. O habilidoso nipônico vestiu a camisa celeste até 2019 e depois rumou ao Yokohama FC, fundado por torcedores insatisfeitos com a fusão entre Flügels e Marinos. Lá, se aposentou em 2022, aos 44 anos.

Vale destacar que o meio-campista havia decidido não representar mais seleção japonesa após a Copa de 2010. Mesmo aposentado, Naka ainda é o líder em assistências na história dos Samurais Azuis: foram 33. Nakamura, porém, nunca conseguiu exprimir o seu melhor com a camisa nipônica durante o período de Copas do Mundo. Em 1998, embora já brilhasse pela J.League, não foi chamado por ser considerado muito novo; depois perdeu a de 2002, em casa, por estar com uma lesão no tornozelo. Ademais, jogou a de 2006 no sacrifício e ficou na reserva no Mundial de 2010 muito em função de uma contusão sofrida antes do torneio. Pouco para seu brilhantismo.

Shunsuke Nakamura
Nascimento: 24 de junho de 1978, em Yokohama, Japão
Posição: meia
Clubes: Yokohama F. Marinos (1997-2002 e 2010-16), Reggina (2002-05), Celtic (2005-09), Espanyol (2009-10), Júbilo Iwata (2017-19) e Yokohama FC (2019-22)
Títulos: Copa Kirin (2000, 2004, 2007, 2008 e 2009), Copa da Ásia (2000 e 2004), Copa J.League (2001), Campeonato Escocês (2006, 2007 e 2008), Copa da Liga Escocesa (2006 e 2009), Copa da Escócia (2007) e Copa do Imperador (2013)
Seleção japonesa: 98 jogos e 24 gols

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