Milan e Lazio estrearam hoje na Liga Europa diante de um time de Luxemburgo e um do Chipre, respectivamente. Representantes de países que nunca fizeram cócegas em equipes da Itália em mais de meio século de competições europeias. A promessa de facilidade e placares elásticos, porém, passou longe de ser cumprida.
O caso do Milan foi mais sintomático. Para efeitos de comparação, o salário que Higuaín ganha por mês (cerca de 790 mil euros) paga os salários de todo o elenco e o estafe técnico do Dudelange, seu adversário nesta quinta. A modestíssima equipe, fundada em 1991, venceu o campeonato nacional de Luxemburgo 14 vezes, mas é estreante neste estágio do torneio. Inclusive, foi o primeiro time de Luxemburgo a conseguir disputar a fase final de um torneio europeu em mais de 20 anos. Nunca um time do pequeno grão-ducado venceu um adversário italiano.
Os rossoneri, porém, não conseguiram traduzir em campo os desequilíbrios técnico, financeiro e histórico. O Dudelange foi eficaz em sua retranca e, no primeiro tempo, bloqueou quase todas as chances criadas pelo Milan – na única vez em que falhou, Caldara cabeceou por cima do gol. Os luxemburgueses ainda assustaram num contra-ataque com Stolz. Méritos para o técnico Dino Toppmöller, que é filho de Klaus Topmöller, treinador vice-campeão da Champions League pelo Bayer Leverkusen, em 2002.
O bom primeiro tempo do time da casa encheu os olhos de Henrique, Grão-Duque de Luxemburgo. A presença do chefe de estado no acanhado estádio Josy Barthel – que tem capacidade para pouco mais de 8 mil lugares, mas é o maior do país – mostra o quanto a visita do Milan significava para o futebol local. O Diavolo, porém, não deixou que a noite fosse mais feliz para os nativos da pequena nação europeia.
Aos 59 minutos, o gol da partida saiu dos pés de Higuaín. Pipita recebeu de Samu Castillejo e contou com desvio no zagueiro Prompeh para vencer o goleiro Frising e abrir o placar. O argentino ainda obrigou o arqueiro a fazer uma boa defesa minutos antes, logo na volta do intervalo, e na reta final do jogo. Borini também chegou a acertar a trave, mas o Milan não conseguiu anotar outras vezes. Até porque Castillejo, embora se movimentasse bem e criasse boas chances, tomou muitas decisões erradas no decorrer dos 90 minutos.
Com a vitória, o Milan lidera o Grupo F, com três pontos. O Dudelange é o lanterna, colado em Olympiacos e Betis, que ficaram no 0 a 0 na Grécia.
Ao contrário do Milan, a Lazio jogou em casa. Os romanos receberam o Apollon, que estivera na Itália na última edição da Liga Europa e também em 2013-14. Nas ocasiões, perdeu para a Atalanta e para a própria Lazio, respectivamente. Aconteceu de novo nesta quinta: 2 a 1 para os celestes.
Embora tenha vencido, a Lazio deu sopa para o azar. No início, tudo corria bem: logo aos 14 minutos, Luis Alberto tabelou com Caicedo e recebeu um passe de calcanhar do equatoriano para marcar o primeiro. Com a vantagem, o time romano se acomodou e permitiu que os cipriotas pudessem sonhar com um resultado melhor – até hoje, equipes do país nunca triunfaram sobre adversários da Itália.
O Apollon criou três jogadas de perigo na etapa final e, na melhor delas, Markovic acertou a trave numa finalização de fora da área. Foi aí que a Lazio acordou. Aos 84, logo depois de o camisa 10 sérvio incomodar, Caicedo recebeu carrinho de João Pedro e foi derrubado na área. Immobile, que entrou no segundo tempo, converteu.
O jogo se aqueceu a partir do 2 a 0 e, após um bate-rebate na área, Zelaya diminuiu o placar. Já nos acréscimos, a Lazio teve chance de fazer o terceiro, mas Lulic foi capaz de driblar o goleiro Bruno Vale e, com o gol quase inteiramente aberto, chutar em cima de Yuste. De qualquer forma, a Lazio garantiu os três pontos e divide a liderança do Grupo H com o Eintracht Frankfurt. Derrotado pelos alemães, o Marseille segura a lanterna juntamente ao Apollon.