Campeão mundial com a Alemanha em 1990 e vencedor da Uefa Champions League, em 1997, com o Borussia Dortmund, Karl-Heinz Riedle jamais teve o mesmo reconhecimento que a maior parte de seus contemporâneos, como Lothar Matthäus, Jurgen Klinsmann e Rudi Völler. No entanto, sempre acumulou passagens de destaque em sua trajetória, desde o início no modesto Augsburg até o Liverpool, seu último grande clube. Nesse meio tempo, Riedle também se aventurou na Itália e teve bom desempenho em uma Lazio que atravessava um período de vagas magras.
Originário do extremo sul da Alemanha, quase nas fronteiras com Suíça e Áustria, Riedle deixou Weiler im Allgäu para começar a jogar pelo Augsburg, que em 1983 disputava a liga regional da Bavária, na terceira divisão. Após ser o artilheiro do time, com 21 gols na campanha do terceiro lugar no campeonato, Riedle foi contratado pelo Blau-Weiss, pequeníssimo clube que disputou em 1986-87 a sua única temporada na elite alemã. Com 10 gols pelo clube berlinense, que foi o lanterna da Bundesliga, chamou a atenção do Werder Bremen.
O atacante foi uma aposta do treinador Otto Rehhagel e logo na primeira temporada com a camisa verde e branca, foi o vice artilheiro da Bundesliga, com 18 gols, atrás apenas de Klinsmann, que fez 24. Riedle foi fundamental para que a equipe do norte faturasse seu segundo título alemão e conquistasse, de forma inédita, a Copa da Alemanha. Com tais atuações, recebeu convocações para a seleção olímpica e para a principal da Alemanha Ocidental.
Pelos hanseáticos, Riedle atingiu uma boa média de gols na Bundesliga: 38 em 86 jogos, distribuídos entre três temporadas. A sequência em alto nível e a artilharia da Copa Uefa 1989-90 levaram o atacante à Copa do Mundo de 1990, da qual participou de quatro partidas – apenas uma como titular, nas quartas contra a Checoslováquia, devido à suspensão de Völler. Após o tricampeonato germânico, Riedle permaneceu na Itália: a Lazio pagou 13 milhões de marcos alemães ao Werder Bremen e ficou com o atacante.
À época da contratação de Riedle, a Lazio atravessava um período de entressafra, que incluiu um triênio na Serie B. O clube não vivia o melhor momento dos pontos de vista financeiro e técnico, e disputava a elite havia apenas duas temporadas. A chegada do alemão, simultânea à do técnico Dino Zoff, tinha o objetivo de fazer os celestes brigarem na parte mais alta da tabela, o que não acontecia desde meados dos anos 1970.
Riedle substituiu o brasileiro Amarildo como o terceiro estrangeiro do elenco, que já tinha o argentino Pedro Troglio, vice-campeão mundial, e o uruguaio Rubén Sosa, principal estrela da companhia. O elenco, como um todo, porém, era bem limitado: fora os estrangeiros, só os defensores Cristiano Bergodi e Angelo Gregucci e o meia central Gabriele Pin tinham alguma relevância.
Com isso, a primeira temporada do alemão na Itália acabou com uma pífia 11ª colocação para a Lazio. Riedle também não teve a mesma facilidade que na Bundesliga e anotou apenas nove gols. Alguns dos tentos, porém, foram contra adversários pesados: Milan, Juventus, Fiorentina e a campeã Sampdoria, além de Genoa e Atalanta, que fizeram boas campanhas.
Mais adaptado, o atacante melhoraria seus números na temporada 1991-92. Outras razões para essa subida de produção foram as contratações de Giovanni Stroppa e do conterrâneo Thomas Doll, que qualificaram o abastecimento do ataque laziale. Riedle e Sosa formaram uma das parcerias mais interessantes da Serie A e terminaram a temporada com 13 gols cada um. O alemão começou bem: o primeiro do ano saiu no dérbi contra a Roma, na sexta rodada.
Ao longo daquela campanha, o atacante mostrou toda sua categoria no jogo aéreo e foi considerado um dos melhores na função no país – ainda que tivesse apenas 1,80m. Riedle se destacou não apenas fazendo gols, como os anotados novamente contra Juve e Milan, mas também servindo seus companheiros. Mas, novamente a equipe decepcionou e terminou o campeonato numa simplória 10ª colocação.
Em grande momento individual, Riedle foi convocado por Berti Vogts para a Euro 1992 na condição de titular da Alemanha, deixando Klinsmann no banco. O laziale mostrou que o técnico estava certo e foi um dos artilheiro da competição, com três gols marcados – dois deles na semifinal contra a Suécia, dona da casa. Os alemães acabariam perdendo a final para a Dinamarca e Riedle retornou à Itália.
Em 1992-93, a Lazio mudaria de patamar. O empresário Sergio Cragnotti, dono da Cirio, havia adquirido o clube em fevereiro e pela primeira vez investiria no mercado, contratando jogadores como Diego Fuser, Aron Winter, Paul Gascoigne e Giuseppe Signori. Riedle perdeu o entrosamento com Sosa, mas em contrapartida, ganhou um time, que ficou na quinta posição da Serie A e se classificou para a Copa Uefa. Jogando de forma mais coletiva, o alemão abriu mão do protagonismo no ataque e atuou mais como garçom para Signori, que colocou 26 bolas na rede. Riedle marcou oito.
Após três temporadas, 96 jogos e 32 gols, Riedle acabou deixando a Lazio. O atacante foi negociado com o Borussia Dortmund, então vice-campeão da Copa Uefa – foi derrotado pela Juve na final. No retorno à Alemanha, Riedle não voltou a marcar mais de 10 gols numa temporada, mas continuou jogando bem e disputou a Copa de 1994 pela Nationalmannschaft.
No BVB, o alemão formou dupla de ataque com o suíço Stéphane Chapuisat e ajudou na conquista do bicampeonato alemão das temporadas 1994-95 e 1995-96. Na Copa Uefa, Riedle ainda reencontrou sua vítima favorita na Itália, a Juventus, contra a qual marcou quatro gols, mas acabou vendo o time bianconero eliminar a sua equipe na semifinal. A revanche contra a Vecchia Signora viria a cavalo, no grande momento da carreira do atacante. Com dois gols apenas no primeiro tempo, Riedle foi o grande nome da final da Uefa Champions League de 1997, contra a Juventus, e levou o Dortmund a seu único título europeu.
Após o título europeu, Riedle se aventurou na Inglaterra, para jogar no Liverpool, mas não foi muito utilizado porque Michael Owen surgia para o futebol. Depois de dois anos em Anfield, o alemão acertou com o Fulham, que então estava na segunda divisão. Pelo clube londrino, Riedle teve sua única experiência como treinador, de forma interina: já no final da temporada, acumulou as funções de jogador e técnico. No ano seguinte, já com Jean Tigana no comando, o atacante fez sua última temporada como profissional e se despediu do futebol dando uma alegria para a torcida dos Cottagers, que ficaram com o título da segundona e retornaram à Premier League.
Aposentado, Riedle atuou como diretor esportivo do Grasshoppers, da Suíça, e depois abriu uma agência para empresariar jogadores e uma escolinha para formar novos atletas. O ex-jogador também foi nomeado como embaixador da final da Uefa Champions League 2014-15, que foi disputada em Berlim.
Karl-Heinz Riedle
Nascimento: 16 de setembro de 1965, em Weiler im Allgäu, Alemanha
Posição: atacante
Clubes como jogador: Augsburg (1983-86), Blau-Weiss Berlin (1986-87), Werder Bremen (1987-90), Lazio (1990-93), Borussia Dortmund (1993-97), Liverpool (1997-99) e Fulham (1999-2001)
Títulos como jogador: Bundesliga (1988, 1995 e 1996), Bronze Olímpico (1988), Supercopa da Alemanha (1988, 1995 e 1996), Copa do Mundo (1990), Liga dos Campeões (1997) e Segunda Divisão Inglesa (2001)
Clubes como treinador: Fulham (2000)
Seleção alemã: 42 jogos e 16 gols