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Inversão de valores: Inter dá mais espaço a italianos, e Milan aposta em jovens estrangeiros

A janela de transferências europeia fechou nesta segunda, dia 2 de setembro. Com 1,178 bilhão de euros investidos em contratações, a Serie A quase quebrou seu recorde de transações, que continua sendo 1,276 bilhão de euros de um ano atrás – valor impulsionado pela chegada de Cristiano Ronaldo à Juventus. Muitos clubes trouxeram grandes reforços para esta temporada, enquanto outras agremiações foram mais modestas ou preferiram apostar em jovens. Esses são os casos dos rivais citadinos Inter e Milan.

Tradicionalmente conhecida por dar espaço a atletas gringos, a Inter realizou sete contratações neste verão europeu, entre as quais Nicolò Barella, Stefano Sensi e Cristiano Biraghi, os três nascidos na Itália. Além deles, a diretoria reintegrou ao plantel o zagueiro Alessandro Bastoni e o lateral-esquerdo Federico Dimarco, que passaram o último ano emprestados ao Parma. Assim, o número de italianos no elenco subiu para 14 nesta temporada, sendo o maior índice de jogadores nacionais desde 1995.

Um dos motivos que elevou a porcentagem de atletas italianos na Inter é a parceria entre o diretor Giuseppe Marotta e o treinador Antonio Conte. Não à toa, quando estava começando a desenhar a Juventus que tomaria a Itália de assalto, em 2011, a dupla montou uma espinha dorsal “tricolor”. Aquele time tinha Gianluigi Buffon no gol; o trio BBC (Andrea Barzagli, Leonardo Bonucci e Giorgio Chiellini) na zaga; Andrea Pirlo e Claudio Marchisio no meio-campo; e Alessandro Del Piero, Alessandro Matri, Simone Pepe, Fabio Quagliarella e Emanuele Giaccherini no ataque.

Com Conte à frente da Beneamata, a tendência é que haja mais presença nativa nos jogos. Prova disso é que na abertura da Serie A 2019-20, contra o Lecce, em San Siro, sete italianos entraram em campo na goleada nerazzurra por 4 a 0: Danilo D’Ambrosio, Andrea Ranocchia, Antonio Candreva, Sensi, Barella, Roberto Gagliardini e Matteo Politano – os últimos três vieram do banco.

São tantos jogadores nacionais no elenco que dá até para escalar um onze inicial: Padelli; D’Ambrosio, Ranocchia, Bastoni; Candreva, Barella, Sensi, Gagliardini, Biraghi; Politano, Esposito. E ainda sobram o goleiro Tommaso Berni, o zagueiro Lorenzo Pirola e o lateral-esquerdo Dimarco. Havia 20 anos que a Inter não podia formar uma equipe completa com jogadores naturais da Itália.

Bennacer foi um dos principais reforços do Milan (Getty)

Bennacer foi um dos principais reforços do Milan (Getty)

Já o Milan fez o caminho inverso ao da Inter. A cúpula rossonera reforçou a esquadra de Marco Giampaolo com seis jovens estrangeiros: Theo Hernández (francês, 21 anos) Rade Krunic (bósnio, 25), Ismaël Bennacer (argelino, 21), Rafael Leão (português, 20), Léo Duarte (brasileiro, 23) e Ante Rebic (croata, 25). No grupo desta temporada, há nove italianos e 16 peças de outras nacionalidades – sem contar os garotos da base.

A porcentagem de nativos da Itália no plantel rossonero caiu consideravelmente em relação à campanha 2018-19, na qual havia 14 jogadores nacionais, além de 18 estrangeiros (incluindo os que chegaram e saíram na janela de janeiro de 2019).

Xodó da torcida milanista, o atacante Patrick Cutrone foi negociado com o Wolverhampton contra a sua vontade, a fim de financiar a chegada do português Rafael Leão. Natural de Como, comuna na região da Lombardia, o jovem cresceu nas divisões de base do clube e teve destaque na temporada 2017-18. Embora fosse reserva do polonês Krzysztof Piatek, ele gostaria de continuar em Milão para esta época, desejo que não foi atendido.

Em entrevista à Gazzetta dello Sport dias após sua ida aos Wolves, Cutrone alegou que o Milan sempre opta por gringos aos italianos. “É sempre a mesma história: os estrangeiros são preferidos em relação à gente”, disparou o centroavante. “Para nós, com 20 e poucos anos, é difícil. Mas, de qualquer forma, eu gostaria de enfatizar uma coisa: sempre serei grato ao Milan pelo que me deram”, acrescentou.

Hoje, a equipe ideal do Milan conta com italianos apenas na defesa: o goleiro Gianluigi Donnarumma, o lateral-direito Davide Calabria e o zagueiro Alessio Romagnoli. O setor defensivo, aliás, é um dos mais jovens da Serie A, com média de 24 anos – o atleta mais velho da defesa é o zagueiro Mateo Musacchio, de 29 anos. O restante do time ideal é oriundo de outro país. Novos tempos.

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