E, nesta segunda-feira, dia 2 de setembro, chegou ao fim mais uma janela de transferências do futebol italiano. No ano passado, a experiência de encerrar o mercado um dia antes da estreia do campeonato transmitiu boas sensações, e o retorno ao antigo e prolongado modelo gerou reclamações. O número exorbitante de especulações e informações foi diretamente proporcional ao de negócios fechados.
Pelo terceiro ano seguinte, a Serie A movimentou mais de 2 bilhões de euros entre saídas e entradas, superando novamente a marca de 1 bilhão em gastos. As vendas ocorreram em menor quantidade e os registros foram de quase 100 milhões a menos do que os dos verões de 2017 e 2018. Esses números são um reflexo do fortalecimento da liga como um todo: apenas seis das 15 maiores transações feitas pelos clubes participantes foram efetuadas para fora da Itália.
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Por outro lado, muitos talentos de outros grandes centros foram recrutados. O Decreto Crescita, que funciona quase como uma Lei Beckham, facilitou a repatriação de treinadores de prestígio, como Maurizio Sarri e Antonio Conte, e a chegada de diversos jogadores provenientes do exterior. Inter, Juventus e Napoli puderam buscar jogadores como Godín, Ramsey, Rabiot e Llorente (agentes livres), além de investir em Lukaku, Sánchez, De Ligt e Lozano. Até clubes menores, como o Brescia, puderam se dar ao luxo de uma contratação como Balotelli.
Entre as vendas para o exterior, aliás, vale o destaque para as negociações de jogadores que rumaram à Premier League e reforçaram uma liga concorrente – se é que existe concorrência com os montantes que circulam na Inglaterra. Outro ponto negativo desses negócios diz respeito aos valores, inferiores às expectativas – e, em alguns casos, do valor de mercado –, pelos quais foram vendidos jovens talentos da Serie A, a exemplo de Kean (para o Everton), Andersen (Lyon), Praet (Leicester) e Cutrone (Wolverhampton).
O trio que almeja o scudetto
Dessa vez, cinco clubes gastaram mais de 100 milhões de euros. O Napoli se juntou ao grupo de Juventus, Inter, Milan e Roma, ao realizar o mercado mais caro de sua história, depois de anos de conservadorismo e fortalecimento financeiro. Desde o verão de 2013, quando trouxe Higuaín, Albiol e Callejón do Real Madrid, além de Mertens, do PSV, o clube de Aurelio De Laurentiis não gastava tanto – e, nesse caso, sem abrir mão de seus maiores talentos.
Os rivais juventinos tiveram uma atuação distinta na janela. Os bianconeri continuaram gastando bastante, agora para rejuvenescer o elenco, mas tiveram que ligar o alerta para o Fair Play Financeiro, uma vez que, em 2018, foi feito um esforço econômico para trazer Cristiano Ronaldo. A Velha Senhora fechou o mercado com lucro, a exemplo de Atalanta, Genoa e Udinese, que mantiveram sua política de valorização de peças – comprando jogadores baratos para revendê-los a preços bem maiores.
A octacampeã poderia ter fechado o balanço com um lucro ainda maior, mas o diretor Fabio Paratici não conseguiu realizar todos os descartes que pretendia. Também não contratou todos os objetivos de mercado, porém fortaleceu ainda mais a equipe agora treinada por Sarri e teve um final de mercado tranquilo. Se Dybala e Mandzukic não aceitaram sair, e Perin e Rugani acabaram permanecendo, eles deverão lutar para recuperar espaço na equipe, que teve reforços nos seus setores.
Giuseppe Marotta deixou o clube de Turim, entretanto seu aprendiz estudou bem a fórmula do mestre e garantiu jovens como Romero, Pellegrini e Traorè para o futuro – eles foram emprestados a outros clubes para continuarem evoluindo. Contratado a peso de ouro como solução a longo prazo, De Ligt terá a missão de substituir Chiellini de imediato, e carrega o peso da estreia desastrosa contra o Napoli, além da sombra do viril Demiral, que deixou boa impressão na pré-temporada.
Na Inter, o que sobrou para os últimos dias da janela, depois de assegurar Sánchez e reforços para as necessidades de Conte (a exemplo de Lukaku, Sensi, Barella e Biraghi), foi convencer Icardi a deixar Milão. Depois de muita conversa, a novela acabou: o atacante argentino abriu mão de seu posicionamento inicial e foi emprestado ao Paris Saint-Germain, num negócio que saiu nas últimas horas do mercado. Sua saída completou a limpeza no elenco que a direção almejava, embora sem que isso significasse lucro financeiro imediato – assim como Maurito, Perisic e Nainggolan, os outros “excluídos”, saíram por empréstimo.
Ainda em busca da melhor formação, após os movimentados confrontos contra Fiorentina e Juventus, que expuseram uma certa deficiência e desorganização defensiva, Ancelotti não teve o muito que reclamar da janela do Napoli. Sem nenhuma saída realmente importante, o elenco azzurro ganhou reforços versáteis para o meio e o ataque – o último foi o centroavante Llorente. Por sua vez, Verdi, muito criticado, terminou indo para o Torino depois de muita demora para a finalização da transferência.
Os times que brigam por vagas europeias
Em apuros na defesa, a Roma trouxe cinco peças para Paulo Fonseca, embora nenhuma realmente empolgue os torcedores. Da Premier League chegaram Zappacosta, que já se lesionou – assim como Spinazzola, ex-Juventus –, e Smalling, que veio descartado pelo Manchester United e acabou apresentado com a camisa 6, uma vez pertencente a Aldair. Também da Inglaterra veio uma das grandes surpresas do final do mercado: Mkhitaryan, que aumenta as opções para o ataque giallorosso, reforçado também por Kalinic após a saída de Schick.
No Milan, com dois setores já bem definidos, Marco Giampaolo teve sua equipe completada por Rebic, um atacante versátil que abrirá o leque de possibilidades táticas para o treinador, ainda confuso sobre qual formação usar depois do frustrado experimento com Suso – o espanhol jogou centralizado contra a Udinese e voltou à ponta direita no último jogo. O mercado rossonero foi bom, mas não foi melhor porque Taison e Correa não foram liberados pelas diretorias de Shakhtar Donetsk e Atlético de Madrid, respectivamente.
A Fiorentina foi um dos clubes mais ativos neste verão, mas a grande notícia para a viola foi a permanência de Chiesa em Florença. Em paralelo para viabilizar sua continuidade no Franchi, a diretoria trabalhou até as últimas horas para reforçar o elenco. Se com sucesso ou não, podemos debater depois, mas chegaram Cáceres, capaz de jogar em todas as funções da defesa; Dalbert, em troca do titular Biraghi; Pedro, que competirá por um lugar no centro do ataque; e Ghezzal, emprestado pelo Leicester após as negociações por Politano e De Paul não decolarem.
Com exceção a Juventus, Inter, Napoli, Roma e Milan, ninguém gastou mais do que o Bologna, que fez mais um mercado custoso em busca de um bom desempenho que ainda não conseguiu desde que retornou para a Serie A. Mas os gastos ficaram concentrados na parte inicial da janela. Nos últimos dias, apenas saídas: o promissor Kingsley, que deixou boa impressão na estreia, foi emprestado após a chegada de Medel, enquanto os insuficientes Calabresi e Falcinelli também saíram temporariamente.
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— ACF Fiorentina (@acffiorentina) September 2, 2019
Após um mercado equilibrado e sereno, no qual buscou manter a base do time de Walter Mazzarri, o Torino tratou no final da janela com dois reforços competitivos: Laxalt, para brigar com Ansaldi e Aina na ala esquerda, e Verdi, que completa um ataque já rico de opções, graças às presenças de Belotti, Zaza, Falque e Berenguer. Ujkani, goleiro ex-Palermo e Novara, retornou à primeira divisão para ser reserva de Sirigu.
Por sua vez, a Atalanta ficou muito tempo parada no mercado e, depois de contratar Muriel e Malinovsky, ficou mais preocupada em manter sua base. Nos últimos dias da janela, entretanto, a equipe teve reforços pontuais para completar o elenco. Na ala esquerda, Guilherme Arana terá uma briga acirrado com os prestigiados Castagne e Gosens, enquanto Kjaer retornou para a Serie A depois da passagem de três semanas do veterano Skrtel por Bérgamo. O eslovaco rescindiu o contrato depois de mostrar incompatibilidade com o sistema de Gian Piero Gasperini.
A defesa, em especial, é uma preocupação da Dea. O setor iniciou a temporada de forma negativa e pode comprometer a competitividade da equipe nerazzurra, especialmente após a saída de Mancini, já que os poucos convincentes Palomino e Masiello partiram como titulares. A ver como se dará a adaptação do dinamarquês, que saiu da Itália sem deixar lembranças tão positivas pela Roma. Por outro lado, foi bem no Palermo e fez boas temporadas nos últimos anos.
Também quieta nos últimos dias, a Lazio já tinha se movimentado antecipadamente com Lazzari e Jony, que reforçaram as alas do sistema de Simone Inzaghi, enquanto Vavro é a nova aposta de Igli Tare para a defesa. Com passagem irregular, Wallace retornou para o Braga e não será uma ausência sentida, especialmente com as permanências de jogadores fundamentais como Strakosha, Milinkovic-Savic e Correa.
O pelotão do meio da tabela
Bastante ativa, a Sampdoria trouxe mais quantidade do que qualidade, embora as voltas à Itália de Murillo, zagueiro ex-Inter, e Rigoni, ponta ex-Atalanta, tragam expectativas. No último dia de mercado também foram apresentados o goleiro Seculin, reserva do Chievo, e o jovem zagueiro Kaique Rocha, que estava sem espaço no time principal do Santos. São algumas das várias apostas dos blucerchiati, que começaram a Serie A com duas derrotas pesadas. Sem espaço com Depaoli e Bereszynski, Sala foi emprestado para a Spal.
Um dos times que venceu a Samp foi o Sassuolo, que chegou ao fechamento da janela com sua vida mais ou menos resolvida: fez um mercado interessante, garantindo Caputo, Defrel, Traorè, Obiang, Toljan e Müldür, e fez mexidas pontuais nos últimos dias. A equipe trouxe novos reforços para a defesa depois das saídas de Goldaniga, Gravillon e da lesão de Rogério. Foram contratados o lateral-esquerdo Kyriakopoulos e o zagueiros Chiriches e Romagna. Sobrando no ataque de Roberto De Zerbi, Brignola e Matri foram emprestados.
Outro com um verão bastante quente, o Cagliari não teve chegadas no último dia. Isso porque, horas antes anunciou e estreou Olsen e Simeone em virtude das lesões de Cragno e Pavoletti, e garantiu o retorno de Pellegrini. Sem espaço, Bradaric e Despodov foram emprestados, enquanto Han reforçou o time sub-23 da Juventus e Romagna acabou no Sassuolo. A última operação foi estranha, visto que o time sardo tem opções limitadas na defesa.
Com um time praticamente renovado para a temporada, começando pelo banco, com Aurelio Andreazzoli, o Genoa trabalhou nos últimos dias da janela apenas para repor as saídas de Rômulo e Hiljemark. A dupla foi substituída por Ankersen, experiente ala dinamarquês do Kobenhavn, que chegou junto com o zagueiro Goldaniga, do Sassuolo.
Bastante quieto nos últimos dias, o Parma teve uma grande novidade com a contratação de Darmian – a chegada do lateral, sempre especulado em Juventus e Inter, foi uma surpresa arrebatadora da janela. Revelado pelo Milan, Matteo foi o quarto jogador que estava sem espaço no Manchester United a aportar na Itália nas últimas semanas e, contratado por um baixo, valor, se trata de um reforço interessante para o sistema defensivo do retranqueiro Roberto D’Aversa, já que pode desempenhar diversas funções. Por outro lado, o “cone” Ceravolo foi vendido para a Cremonese.
A turma que briga contra o rebaixamento
Já mais ou menos resolvido, o mercado da Spal nos últimos dias teve apenas a chegada de Sala, para concorrer com D’Alessandro na ala direita. Mais parada ainda esteve a Udinese, que só não gastou menos do que o Lecce. No último dia, a equipe garantiu a permanência de De Paul e trouxe Okaka de volta do Watford – clube que também é do presidente Giampaolo Pozzo.
Se gastou pouco, o Lecce correu bastante para tentar reforçar a equipe para a Serie A, ainda que com jogadores de qualidade duvidosa. Mesmo assim, conseguiu trazer Imbula, volante habilidoso que saiu valorizado do Marseille em 2015 e não teve sequência na carreira, e Babacar, encostado no Sassuolo. O senegalês completará o ataque de Fabio Liverani com os também experientes Lapadula e Diego Farias.
Depois de assegurar Tonali, trazer Balotelli e comemorar o ótimo início do goleiro Joronen, o Brescia anunciou os experientes Rômulo e Matri. O ítalo-brasileiro é uma opção interessante pela versatilidade que traz ao lado destro do 4-3-1-2 de Eugenio Corini, por jogar na defesa e no meio-campo, enquanto o centroavante chega após a lesão de Torregrossa para dar mais opções a um setor que também tem o artilheiro Donnarumma.
Por último, o Verona fechou seu mercado confuso com um atacante interessante – Stepinski, do rival Chievo. Contudo, o polonês preenche um setor já bastante inchado, assim como todo o grupo à disposição de Ivan Juric. O Hellas tem o maior elenco da Serie A (são 35 jogadores) e mesmo assim lhe falta qualidade para competir no terceiro retorno à primeira divisão nesta década.
O mercado da Samp foi vergonhoso , virou uma filial do Chievo , não segurou Defrel e Saponara, recebeu $ 46 milhões e não teve nenhum reforço de peso .