Nesta terça, o futebol italiano se viu duplamente desafiado na Liga dos Campeões. Na Inglaterra, a Atalanta encarava o Manchester City, adversário mais complicado do grupo, e se viu diante de um obstáculo quase intransponível. Já a Juventus foi surpreendida pelo Lokomotiv Moscou, mas conseguiu triunfar.
Com quatro pontos conquistados em duas rodadas, a Juventus entrou em campo no Allianz Stadium pensando apenas em vencer o Lokomotiv Moscou e se manter firme na luta pelo primeiro lugar do grupo. Para a partida diante dos russos, Sarri resolveu fazer duas trocas na equipe que vinha jogando nas últimas semanas: Bentancur ganhou a vaga de Bernardeschi e Dybala, a de Higuaín. Dessa maneira, a Vecchia Signora entrou em campo no mesmo 4-3-1-2 que tem caracterizado o começo de temporada, para encarar um rival muito inferior tecnicamente, mas que conta com bons mecanismos defensivos. Os parovozy certamente teriam uma proposta bem cautelosa ao visitar uma das potências do futebol europeu.
O jogo começou com a Juventus impondo o seu estilo de jogo, buscando trocar passes e estabelecer sua construção com passes verticais, na direção dos seus atacantes, e priorizando o lado direito. No centro do campo, Pjanic apareceu como passador primário e homem responsável por fazer que todo time participe do jogo na fase ofensiva. Com esta ideia de progredir com toques rápidos, muita movimentação das peças e superioridade numérica ante os volantes rivais, Khedira não tem conseguido brilhar. O alemão se mostra pouco confortável em jogar como interior pelo lado direito e, novamente, não fez um bom primeiro tempo.
Cristiano Ronaldo não tocou muitos na bola em zona mais recuada e seus apoios não foram efetivos para desbloquear espaços importantes para a equipe. Assim, o Lokomotiv ficou muito confortável em preencher a entrada da área com cinco defensores e pouco a pouco foi tirando toda a fluidez dos donos da casa. Aos 30 minutos a situação piorou bastante para os bianconeri: Ignatjev buscou a ligação direta com o ataque e De Ligt cometeu um erro primário ao buscar o corte, perdendo o tempo de bola e deixando a defesa da Juventus completamente desorganizada. João Mário teve a chance da finalização, Szczesny defendeu e, no rebote, Miranchuk mandou a bola para o fundo da rede.
Depois do gol sofrido, a Juventus buscou apertar o ritmo do jogo, empurrando as linhas do Lokomotiv ainda mais para trás, monopolizando completamente a posse de bola e estabelecendo o suporte ofensivo de Cuadrado pela direita, como principal arma de criação. Foram minutos de muita insistência, muitas bolas buscando Ronaldo, mas nenhuma chance efetiva de gol criada.
Logo na volta do intervalo, Sarri trocou Khedira por Higuaín e ganhou um homem capaz de ativar os companheiros com poucos toques. O treinador também recuou Dybala para criar numa zona mais recuada, o que acabou dando certo: o começo de segundo tempo da Juve foi muito forte. Logo aos 49 minutos, Pjanic achou um passe lindo por elevação e Dybala completou de voleio, jogando a bola por cima do gol. Cinco minutos depois foi a vez de Matuidi tabelar com Alex Sandro pela esquerda, até o brasileiro cruzar a bola na medida para Bentancur. O uruguaio cabeceou com força, mas não direcionou a bola com precisão e a mandou à direita do gol defendido por Guilherme.
Aos 65, foi a vez de Sarri trocar Matuidi por Rabiot. Com essa troca, a Juventus conseguiu melhorar ainda mais sua fluidez em campo ofensivo e abriu espaço nas fortes linhas de marcação do Lokomotiv – que, a essa altura, já tinha deixado o 4-5-1 para trás e defendia no 5-4-1. A Juve respondeu com Pjanic próximo ao grande círculo, Rabiot estabelecido próximo à linha lateral pelo lado esquerdo, Bentancur somando em infiltrações pelo lado direito e Cuadrado buscando a linha de fundo a todo instante.
A Juventus martelou, insistiu e chegou ao empate. Aos 77 minutos, Cuadrado partiu pela direita, buscou o centro do campo e encontrou Dybala na entrada da área. O argentino ajeitou a bola, olhou o posicionamento do goleiro e soltou um petardo no canto superior esquerdo, marcando um belo gol. Apenas dois minutos depois do empate, Alex Sandro conduziu a bola pelo meio e, de longa distância, finalizou com muito efeito e dificultou a defesa do Guilherme, que rebateu a bola. A redonda sobrou para Dybala, que não teve trabalho em virar a partida.
Com este resultado, a Juventus chegou a 7 pontos conquistados em 9 disputados. A Velha Senhora divide a liderança do Grupo D com o Atlético de Madrid, enquanto Lokomotiv Moscou tem 3 e o Bayer Leverkusen não somou nenhum.
Apesar de goleada, Atalanta cai de pé em Manchester
Já sem muitas expectativas de avançar às oitavas de final da Liga dos Campeões, a Atalanta viajou até Manchester pensando em ainda competir por uma vaga na Liga Europa e, principalmente, em obter um desempenho melhor do que o que foi apresentado nas duas primeiras rodadas. Esse duelo entre Manchester City e Atalanta – ou, mais exatamente, de Guardiola e Gasperini – foi muito aguardado desde o sorteio, por tudo que as equipes já demonstraram em termos de desempenho ofensivo e boa execução de um plano de jogo.
Sem poder contar com zagueiros de origem em plenas condições, Guardiola mais uma vez escalou o City com Fernandinho e Rodri formando a dupla de zaga, num sistema que parte do 4-3-3, mas acaba sendo muito fluido, com diferentes funcionamentos no momento com a bola e sem ela. Com a pelota, Walker e Mendy esperavam como defensores que jogavam abertos pelos lados do campo, Fernandinho se posicionava entre eles e Rodri subia para formar uma dupla de volantes com Gündogan. Sterling abria o campo pelo flanco direito, Mahrez fazia o mesmo no setor oposto e Foden e De Bruyne buscavam interações na zona central, quando atacavam as costas dos volantes da Dea e alimentavam Agüero, no centro do ataque.
No intuito de se adaptar às ideias de jogo de Guardiola, Gasperini orientou sua equipe a realizar uma pressão alta ainda mais intensa e trabalhou com encaixes individuais. Malinovskyi cuidava de Gündogan, Gómez, de Rodri, e Ilicic ficava um pouco mais solto, vigiando Fernandinho ou dificultando a saída dos citizens com os laterais.
O que acabou acontecendo, porém, foi que quando o City superava a primeira linha de pressão da Atalanta, Walker e Mendy podiam deixar seu posicionamento inicial e progredir em direção ao ataque. Freuler e De Roon logo apareciam para pressioná-los, mas toda essa engrenagem exigiu muito em termos de intensidade e concentração da equipe italiana.
O primeiro tempo foi disputado em altíssimo nível e a Dea abriu o placar aos 28 minutos. Ilicic recebeu a bola em situação de vantagem pelo lado direito, partiu em direção ao gol e, ao driblar Fernandinho, foi tocado dentro da grande área, conseguindo um pênalti para sua equipe. Malinovskyi cobrou com muita segurança e fez o primeiro da Atalanta.
Seis minutos depois do gol dos nerazzurri, Foden conseguiu flutuar nas costas da dupla de volantes e ativou Sterling pela esquerda. O camisa 7 do Manchester City teve tranquilidade para fazer a leitura da jogada e cruzar na medida para Agüero empatar a partida. Apenas quatro minutos depois do gol de empate, Raheem partiu pela esquerda com a bola em seu domínio, driblou Masiello e estava pronto para finalizar a gol quando o zagueiro cometeu pênalti. Agüero bateu e virou para os sky blues.
Toda a disputa tática do jogo exigiu respostas imediatas das equipes – e elas vieram –, mas na segunda etapa a Atalanta acabou sentindo muito todo o esforço físico e mental e sucumbiu a uma equipe bem mais qualificada tecnicamente. A Dea se lançou ao ataque, assumiu maior controle da posse de bola, pressionou a saída de bola dos ingleses de maneira descoordenada e acabou contemplando o show de Sterling.
Aos 58, o camisa 7 recebeu de Foden já na pequena área e bateu com força, vencendo Gollini e aumentando a vantagem para sua equipe. Seis minutos depois, foi a vez de Gündogan encontrar o inglês em campo ofensivo e no mano a mano com Rafael Toloi. O ponta do City cortou o brasileiro e não teve dificuldades em marcar o seu segundo gol na partida.
Nesse momento a Atalanta se entregou. O nível de concentração dos nerazzurri caiu demais e o City fez o que bem entendeu dentro do campo. Aos 69, Mahrez recebeu pela direita e, com um simples cruzamento, encontrou Sterling no comando do ataque: o jogador da seleção inglesa anotou sua tripletta e encaminhou mais uma vitória para sua equipes, que tem 100% de aproveitamento na competição.
A Dea, por sua vez, não somou pontos em três partidas disputadas e tem um saldo negativo de nove gols. De todo modo, mesmo tendo perdido por quatro gols de diferença, é possível de dizer que a Atalanta deixou uma boa imagem em sua viagem até a Inglaterra. Bem, pelo menos nos primeiros 45 minutos.
O time de Bérgamo ainda tem chances de se classificar, mas sua missão europeia acabou encontrando barreiras aparentemente intransponíveis para os comandados de Gasperini. A Atalanta é a lanterna do Grupo C, zerada, enquanto Dinamo Zagreb e Shakhtar Donetsk têm 4 pontos. Líder e despreocupado, o Manchester City soma 9 pontos.