Valon Behrami, ainda jovem, foi obrigado a se mudar do seu país de origem devido aos conflitos na antiga Iugoslávia. Durante a sua carreira profissional, como jogador de futebol, não foi diferente: o volante jamais ficou por mais de três temporadas num mesmo clube e passou por quatro países diferentes. Só na Itália, defendeu sete equipes diferentes em 11 anos e sempre se destacou pela polivalência – característica que lhe levou à seleção da Suíça e permitiu que representasse os helvéticos em quatro Copas do Mundo.
Behrami é um dos tantos kosovares que buscaram refúgio na Suíça, país que recebeu milhares de expatriados por conta dos conflitos nos Bálcãs. No caso de Valon, a sua família se mudou ainda antes da Guerra do Kosovo, que resultou na separação do país da antiga Iugoslávia – durante o período de conflagração, um tio e um primo do atleta seriam assassinados pelos sérvios. Em 1990, quando ele tinha cinco anos, seus genitores, se sentindo cada vez mais ameaçados pela repressão do governo, perceberam que a situação iria escalar e decidiram deixar sua terra. Assim, viajaram por três dias até chegarem a Stabio, cidade do cantão de Ticino, região helvética que tem o italiano como idioma mais difundido.
A família de Behrami chegou a correr o risco de ser deportada da Suíça, por conta de seu status de imigração ilegal, e o drama se tornou um assunto de relevo regional. Foi o início de percurso do jovem como esportista que impediu a conclusão do processo. Valon começou no atletismo, se interessou pelo futebol e, após anos em que se dividiu entre as duas modalidades, chegou a ser convocado pela seleção juvenil do cantão Ticino. O chamado, em paralelo a uma iniciativa popular pela permanência dos kosovares, levou à concessão do asilo.
No futebol, Behrami representou as categorias de base de Stabio e Chiasso até ser notado pelo Lugano, aos 15 anos. Pelos bianconeri, o kosovar de etnia albanesa se formou como um utilitário pela direita: podia atuar como meia, ala ou lateral no flanco destro. Valon ascendeu aos profissionais em 2002 e logo estreou pela segundona suíça. O garoto não teve muito espaço no time do Ticino, mas chamou a atenção de clubes italianos: no verão europeu de 2003, foi adquirido em copropriedade por Udinese e Genoa, sendo direcionado aos rossoblù para a disputa da Serie B.
Aos 18 anos, Behrami obteve espaço razoável para um garoto de sua idade, recém-chegado a um país diferente – ainda que o idioma não fosse uma barreira. Comandado primeiro por Roberto Donadoni e, depois, por Luigi De Canio, Valon foi utilizado em 24 partidas, principalmente na metade inicial da campanha. Quando o caldo foi entornando e o time rossoblù passou a flertar com o descenso, De Canio preferiu optar por peças de maior experiência. Nesta temporada, concluída pelos grifoni na 15ª posição, o rapaz dividiu vestiários com os brasileiros Aldair, Ânderson, Thiago Gosling e Zé Elias. Com o volante, certamente aprendeu a entrar duro nas jogadas quando necessário. Esta característica lhe acompanharia por toda a carreira.
Na temporada seguinte, o Genoa montou um time para brigar pelo acesso – contratou o técnico Serse Cosmi, de sucesso no Perugia, e foi buscar, na Argentina, um jovem Diego Milito. Mas, na montagem do elenco, Behrami não tinha lugar garantido e uma proposta do Verona foi o suficiente para fazer com que o presidente Enrico Preziosi optasse por emprestar o garoto, que deixaria a Ligúria para ter mais espaço e amadurecer no Vêneto.
O Verona terminara a temporada 2003-04 atrás do Genoa, na 19ª posição, duas acima da zona de rebaixamento. Mas, tal qual os rossoblù, os mastini tinham a expectativa de renovação e Behrami caiu como uma luva no time treinado por Massimo Ficcadenti – que ainda tinha nomes como os laterais Mattia Cassani e Andrea Dossena, o goleiro Gianluca Pegolo, os meias Vincenzo Italiano e Andrea Cossu, e os atacantes Adaílton e Erjon Bogdani.
Jogando principalmente como volante, o jovem polivalente participou de 33 compromissos do Verona na Serie B e marcou três gols, ajudando o time gialloblù a concluir a temporada na sétima posição, que viraria sexta, por conta do… Genoa. Campeão por algumas semanas, o Grifone perdeu o título e o acesso, além de ter sido punido com o rebaixamento para a terceira divisão, após a descoberta de um esquema operado pela diretoria genoana e por Franco Dal Cin, presidente do já rebaixado Venezia. Os cartolas acertaram a manipulação da partida entre os clubes, válida pela última rodada daquele campeonato, que sacramentaria a promoção dos lígures.
O rebaixamento do Genoa acabou mudando o planejamento da diretoria rossoblù, que chegara a ter um acordo com Ezequiel Lavezzi, e levou à venda de diversos jogadores ligados ao clube e que tinham passe valorizado – como Behrami. No verão europeu de 2005, a Lazio fez uma proposta por metade do passe do atleta e o levou para a Cidade Eterna. Valon teria, portanto, a chance de estrear na Serie A.
Logo em seus primeiros meses de Lazio, Behrami conquistou espaço como titular do time treinado por Delio Rossi. O garoto de 20 anos atuava como meia pela direita no 4-4-2 do técnico, fazendo dobradinha com Massimo Oddo pelo flanco destro. Àquela altura, já conquistara a cidadania suíça e, em outubro de 2005, estreou pela seleção alpina ao entrar nos acréscimos de um empate por 1 a 1 contra a França, em duelo válido pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2006.
Pela equipe celeste da Cidade Eterna, Valon teve uma boa temporada de estreia e participou efetivamente da campanha de sexto lugar – foram 26 jogos na Serie A, com dois gols marcados. Contudo, a Lazio foi uma das agremiações com diretores envolvidos no Calciopoli, o escândalo de manipulação de resultados no Campeonato Italiano, e terminou punida com a perda de 30 pontos. A sentença fez com que os aquilotti caíssem para a 16ª posição do certame.
Àquela altura, Behrami era quase um herói nacional da Suíça, já que havia feito um dos gols que ajudaram a Nati a passar pela Turquia na repescagem das eliminatórias europeias e a se classificar para a Copa do Mundo de 2006, encerrando uma ausência de 12 anos no torneio. Valon, contudo, participou de apenas um jogo na competição, ao entrar no finalzinho do embate com a Coreia do Sul – uma vitória helvética por 2 a 0, na terceira rodada do Grupo G. Do banco, o volante viu a sua seleção cair, nos pênaltis, para a Ucrânia de Andriy Shevchenko. Curiosamente, os rossocrociati foram eliminados de maneira invicta, sem terem sofrido gols.
Após o Mundial, o suíço voltou à Lazio, que iniciaria a Serie A com 3 pontos negativos, ainda como punição por participação no Calciopoli. Behrami, porém, sofreu uma lesão, ficou afastado de quase toda a primeira metade da temporada e atuou apenas 17 vezes em 2006-07, assumindo o posto deixado por Oddo, que se transferiu ao Milan na janela de inverno. Acabou contribuindo pouco para a ótima campanha da equipe de Rossi, que, embalada por Goran Pandev e Tommaso Rocchi, garantiu a terceira colocação no Italiano e, consequentemente, uma vaga na Champions League.
Na temporada seguinte, fazendo sua estreia em competições europeias, Behrami participou de quatro jogos na fase de grupos da Champions League, fase em que a Lazio acabou eliminada. E se, na Coppa Italia, a equipe foi até as semifinais, na Serie A o desempenho foi bastante inferior ao dos anos anteriores: os celestes terminaram numa modesta 12ª colocação. Valon, que se desdobrou entre o posto de volante e as atuações como ala ou lateral pela direita, entrou em campo 22 vezes.
O bom desempenhos na Itália atraiu o interesse de times de outros países e Behrami, com ofertas engatilhadas, informou a Lazio que gostaria de se transferir e encerrar a sua passagem pela Cidade Eterna após 77 aparições com a camisa biancoceleste. As negociações emperraram durante a participação do jogador na Euro 2008, disputada em casa, mas evoluíram após a queda da Suíça na fase de grupos. Em julho de 2008, o londrino West Ham selou a sua contratação por 6,5 milhões de euros.
Behrami, aos 23 anos, aportou num time que brigava para ficar no meio da tabela da Premier League. Em seu novo desafio, que durou duas temporadas e meia, o suíço foi treinado pelo italiano Gianfranco Zola e ajudou o West Ham a ficar na nona posição do campeonato, em 2008-09. Na campanha seguinte, contribuiu para que os Hammers escapassem do descenso. Apesar de ter sofrido uma séria lesão, que lhe levou a operar o joelho e lhe afastou dos gramados por alguns meses, Valon foi titular da equipe londrina neste biênio.
Na seleção helvética, porém, Behrami era opção de banco. Na Copa do Mundo de 2010, por exemplo, só atuou por 31 minutos, como meia pela direita, na derrota por 1 a 0 para o Chile – a expulsão no duelo atrapalhou a campanha da Suíça, que caiu na fase de grupos. Em 2010-11, na volta ao West Ham, também perdeu espaço com o novo técnico, o israelense Avram Grant. Em janeiro de 2011, então, retornou ao futebol italiano, adquirido pela Fiorentina por 2 milhões de euros.
Foi na Fiorentina que Behrami se consolidou de uma vez por todas como volante – dali em diante, raramente foi utilizado como meia, ala ou lateral pela direita. Acostumado a descobrir novos talentos e considerado como um profissional de rara visão no futebol, o diretor esportivo Pantaleo Corvino entendeu que o suíço era o nome perfeito para suprir as saídas de Cristiano Zanetti para o Brescia e de Mario Bolatti para o Internacional, e o técnico Sinisa Mihajlovic, que atravessava um conturbado primeiro ano de trabalho na Toscana e precisava lidar com a sombra deixada pela ótima gestão de Cesare Prandelli, acatou a sugestão.
Valon começou a ser utilizado num tridente com Riccardo Montolivo e um entre Marco Donadel e Juan Manuel Vargas, e deu sustentação a um ataque que contava com nomes como Adrian Mutu, Alessio Cerci, Adem Ljajic e Alberto Gilardino. Apesar das sólidas atuações do camisa 85, a Fiorentina não foi além da nona posição na Serie A 2010-11. E, no ano seguinte, com plantel pouco modificado, teve uma severa crise de resultados, que resultariam na demissão de Mihajlovic e, posteriormente, de Rossi – que já treinara Behrami na Lazio, vale lembrar. O interino Vincenzo Guerini concluiu a temporada em que os gigliati amargaram a modesta 13ª colocação.
Revalorizado após o período positivo na Fiorentina, no qual somou 50 aparições, Behrami foi parar no Napoli no verão europeu de 2012: então campeão da Coppa Italia, o time comandado por Walter Mazzarri pagou cerca de 8 milhões de euros numa operação que levou o suíço e o zagueiro Alessandro Gamberini à Campânia. Para os azzurri, o negócio era perfeito, já que Valon representava o típico mastim de meio-campo adorado pelo treinador. A propósito, ele chegava para substituir o “furacão” Walter Gargano, emprestado à Inter, e comporia um trio helvético com Gökhan Inler e Blerim Dzemaili.
No sétimo clube de sua carreira, o suíço obteve os seus melhores resultados. Na primeira temporada pelo Napoli, Behrami fez uma dupla sólida com Inler e, quando atuava ao lado de Dzemaili, era responsável por guardar mais posição. No total, Valon fez 37 partidas naquele ano, contribuindo para que os azzurri, embalados por Marek Hamsík e Edinson Cavani, fossem vice-campeões da Serie A – na Supercopa Italiana, o time de Mazzarri também ficou com o segundo posto. A campanha no campeonato nacional, àquela altura, era a melhor dos partenopei desde o scudetto conquistado pela equipe comandada por Diego Armando Maradona e Careca, em 1990.
Behrami começou a temporada 2013-14 entre os titulares do Napoli, que passara a ser comandado por Rafa Benítez após a saída de Mazzarri para a Inter. O suíço manteve o seu posto no onze inicial até janeiro de 2014, quando fraturou um dedo do pé esquerdo e viu os azzurri irem ao mercado em busca de Jorginho. O ítalo-brasileiro oferecia melhor qualidade no passe e no controle das partidas, sendo mais adaptado à filosofia de jogo do técnico espanhol. Por isso, teve a posição assegurada mesmo após o helvético voltar à disposição do comandante.
A menor minutagem não impediu que Behrami terminasse a temporada celebrando o único título de sua carreira. Em 2013-14, o reformulado Napoli de Benítez, com nomes como Gonzalo Higuaín, José Callejón, Dries Mertens, Raúl Albiol e Pepe Reina no elenco, faturou a Coppa Italia – a segunda do clube num espaço de três anos, o que mostrava que a reconstrução partenopea estava a todo vapor. Além da conquista no mata-mata, o time azzurro foi terceiro colocado da Serie A e garantiu mais uma participação na Champions League.
Ao fim da temporada, Valon angariou mais uma participação em Copa do Mundo. Mais experiente e titular da Suíça, o volante atuou nos quatro jogos da seleção no torneio, disputado no Brasil: os helvéticos passaram na segunda posição do Grupo E, atrás da França e à frente de Equador e Honduras, e terminaram eliminados pela Argentina, nas oitavas de final.
Retornando do Mundial, Behrami terminou negociado novamente e, ao encerrar sua experiência de dois anos e 70 partidas pelo Napoli, iniciou um giro de três temporadas fora da Itália. Primeiro, o volante passou pela Alemanha, onde defendeu o Hamburgo – que precisou derrotar o Karlsruhe, no playoff, para evitar a queda para a 2. Bundesliga. Depois, Valon rumou à Inglaterra: foi adquirido pelo Watford, clube de propriedade do italiano Giampaolo Pozzo, que também é dono da Udinese.
Tanto em sua militância pelo Hamburgo quanto em sua segunda experiência na Premier League, o volante conviveu com problemas físicos, que lhe acompanhariam no restante da carreira. Em 2015-16, pouco contribuiu para que o time treinado por Quique Sánchez Flores ficasse no meio da tabela do Campeonato Inglês e fosse semifinalista da FA Cup; no ano seguinte, reencontrou Mazzarri e, mais utilizado, foi titular na campanha de permanência do Watford na elite.
Para a temporada 2017-18, a Udinese passou por uma reformulação no meio-campo e a família Pozzo não hesitou em utilizar um de seus ativos no Watford para tapar o buraco no setor: assim, Behrami voltava à Serie A. O suíço aportou num clube confuso e que, num espaço de dois anos, teve cinco trocas de técnico, com direito a duas passagens de Igor Tudor pelo Friuli. O croata, inclusive, foi o responsável por duas arrancadas nas retas finais dos campeonatos, que afastaram o risco de rebaixamento dos bianconeri em ambas as campanhas.
Este período da carreira de Behrami foi cercado de altos e baixos. Suas atuações, em geral, tinham bom nível, mas eram poucas: em dois anos, totalizou somente 39 aparições pela Udinese, devido a diversas lesões musculares e a uma fratura no tornozelo. Ainda assim, o volante se tornou o capitão da equipe após a saída do brasileiro Danilo para o Bologna.
Na seleção, Valon também viveu oscilações. Primeiro, foi convocado para representar a Suíça na Copa do Mundo de 2018 e, ao encarar o Brasil, se tornou o primeiro jogador helvético a entrar em campo em quatro edições do torneio – em 2022, foi igualado por Xherdan Shaqiri, compatriota em três frentes, visto que o meia-atacante também é de etnia kosovar albanesa. No entanto, a partida que resultou na eliminação dos rossocrociati nas oitavas de final da competição, frente a Suécia, foi a sua última com a camisa vermelha. Dias após a queda, foi avisado pelo comandante Vladimir Petkovic de que não seria mais convocado. Behrami sustenta que a decisão não teve caráter técnico, mas sim motivações políticas: entendia que, por ser um dos líderes do elenco, desagradava a cartolas da federação.
Em 2019, aos 34 anos, Behrami decidiu retornar a seu país através de uma transferência ao Sion. Contudo, rescindiu seu contrato com a equipe alpina após três meses e, depois de ficar parado por cerca de 90 dias, reencontrou o Genoa – o mesmo time que havia lhe tirado da Suíça quase duas décadas antes.
Durante sua segunda passagem pelo Genoa, Valon teve praticamente tanto espaço quanto na primeira. Na metade final da temporada 2019-20, foi titular sob o comando de Davide Nicola, que o treinara em Údine, e ajudou os rossoblù a escaparem do rebaixamento na última rodada. Depois, foi para o banco de reservas e desempenhou um papel mais importante nos vestiários do que dentro de campo.
Behrami viu os grifoni serem 11º colocados da Serie A em 2020-21 e, após a aquisição do clube pela 777 Partners, rescindiu o seu contrato em janeiro de 2022. O Genoa, agremiação que mais vezes representou em sua trajetória no futebol, com 78 aparições, terminaria na segundona ao fim daquela época. Antes disso, o volante também apareceu na categoria: acertou com o Brescia e, pelos biancazzurri, teve um fim de carreira melancólico. Valon fez somente cinco partidas, nenhuma delas como titular, pelo time lombardo, que terminou a temporada regular na quinta posição e, na sequência, foi eliminado pelo Monza nas semifinais dos playoffs de acesso à elite.
O polivalente jogador suíço decidiu pendurar as chuteiras aos 37, depois de completar 20 anos de carreira, sendo 13 deles dedicados ao futebol da Itália. Àquela altura, já sentia que havia cumprido a missão com sua família, permitindo a aposentadoria a seus pais e uma vida confortável a Valentina, irmã mais velha. Do ponto de vista pessoal, trilhara uma trajetória consistente em clubes e na seleção, além de ter conseguido fluência em cinco idiomas – albanês, italiano, alemão, francês e inglês. Aposentado, pai de dois filhos (do seu primeiro matrimônio, com a modelo Elena Bonzanni), Behrami se casou novamente e vive em Údine com a esquiadora alpina Lara Gut, dona de três medalhas olímpicas, incluindo uma de ouro. Além disso, é comentarista do DAZN.
Valon Behrami
Nascimento: 19 de abril 1985, em Titova Mitrovica, Kosovo (antiga Iugoslávia)
Posição: volante e lateral-direito
Clubes: Lugano (2002-03), Genoa (2003-04 e 2020-22), Verona (2004-05), Lazio (2005-08), West Ham (2008-11), Fiorentina (2011-12), Napoli (2012-14), Hamburgo (2014-15), Watford (2015-17), Udinese (2017-19), Sion (2019) e Brescia (2022)
Títulos: Coppa Italia (2014)
Seleção suíça: 83 jogos e 4 gols