Serie A

16ª rodada: Juve aproveita resultados favoráveis e se iguala à Inter na liderança

Como tem sido praxe, a Serie A nos apresentou mais uma rodada com emoções do primeiro ao último minuto. Desde a grande vitória do Brescia, que abriu o final de semana, até o triunfo agônico da Lazio no confronto direto com o Cagliari, a jornada nos possibilitou ótimas histórias. A mais importante delas, claro, foi o novo empate de gigantes na liderança: com 39 pontos, Inter e Juventus dividem a ponta da tabela. Confira o que ocorreu na 16ª rodada.

Os jogaços

Trenzinho da alegria: Caicedo decretou vitória da Lazio sobre o Cagliari (Getty)

Cagliari 1-2 Lazio

Gols e assistências: Simeone (João Pedro); Luis Alberto e Caicedo (Jony)
Tops: Nainggolan (Cagliari) e Lazzari (Lazio)
Flops: Faragò (Cagliari) e Immobile (Lazio)

O grande jogo da 16ª rodada ficou para o seu encerramento. Nesta segunda, Cagliari e Lazio fizeram um confronto direto pela Liga dos Campeões que teve emoções até o 98º minuto – sim, é isso mesmo. Num duelo franco, os dois times se atacaram com intensidade e perderam muitos gols, especialmente os donos da casa. O castigo veio nos acréscimos, quando os romanos conseguiram virar e garantiram os três pontos. Com o resultado, a Lazio mantém a terceira colocação se aproxima de Inter e Juventus. O Cagliari foi ultrapassado pela Roma e caiu para o quinto lugar.

A partida começou em ritmo frenético e Immobile logo mostrou que não teria uma boa noite: cara a cara com Rafael, praticamente atrasou para o brasileiro. Aos 8 minutos, João Pedro deu uma casquinha para o meio da área, em cobrança de lateral, e Simeone arrematou sem deixar a bola pingar: golaço. No decorrer da etapa inicial, os casteddu voltaram a ter oportunidades de marcar, mas Strakosha efetuou grande defesa num contragolpe finalizado por Nainggolan e, nos acréscimos, Cholito desperdiçou debaixo das traves.

O Cagliari poderia ter matado o jogo no segundo tempo. O time de Maran fechava espaços com inteligência e contra-atacava com poucos toques na bola. Contudo, pecava em demasia ao concluir: frente a frente com Strakosha, Simeone errou o alvo; João Pedro foi travado na hora certa por Acerbi e, por fim, Faragò conseguiu escorregar sozinho antes de chutar. O próprio Faragò acabou errando o posicionamento numa bola cruzada na área e, após a bola tocar em suas costas, Luis Alberto aproveitou para empatar, aos 92. Aos 98, Caicedo subiu mais alto que a marcação e, com o ombro, virou a incrível peleja.

Fiorentina 1-1 Inter

Gols e assistências: Vlahovic; Borja Valero (Brozovic)
Tops: Dragowski (Fiorentina) e Borja Valero (Inter)
Flops: Milenkovic (Fiorentina) e Vecino (Inter)

A grande quantidade de lesões de jogadores de meio-campo cobrou a conta da Inter diante da Fiorentina. A Beneamata até ficou perto de manter a liderança isolada da Serie A, mas viu a Juventus se igualar em pontos após sofrer o empate violeta nos acréscimos do segundo tempo. Os nerazzurri marcaram logo no início, mas, devido à ausência de peças fundamentais, tiveram dificuldades de controlar a vantagem e sentiram o desgaste físico. A Fiorentina aproveitou.

Logo aos 8 minutos, a Inter abriu o placar com Borja Valero, depois de uma boa construção de jogada através de Biraghi e Brozovic. O tento fez com que o time visitante começasse a picotar a partida com um número elevado de faltas e tentasse sempre a imposição física para defender a vantagem. Isso fez com que a Fiorentina pouco conseguisse tocar na bola dentro da área nerazzurra e arriscasse finalizações de fora da área. Handanovic respondeu bem quando foi chamado à causa.

De vez em quando, a Beneamata encontrava Martínez ou Lukaku em jogadas de poucos passes. Nelas, teve um tento de Lautaro anulado por impedimento e viu o goleiro Dragowski efetuar duas grandes defesas diante de Romelu. Eram oportunidades que um time pouco criativo, como a Inter desse domingo, não podia se dar ao luxo de desperdiçar para matar o confronto. Aos 92 minutos, Vlahovic deu a lição aos interistas: dominou a bola após bote errado de Godín, disparou em grande velocidade e finalizou com chute no ângulo.

Juventus 3-1 Udinese

Gols e assistências: Ronaldo, Ronaldo (Higuaín) e Bonucci (Demiral); Pussetto
Tops: Ronaldo e Dybala (Juventus)
Flops: Troost-Ekong e Nuytinck (Udinese)

Domingo é dia de passeio e a Juventus levou isso à risca perante a frágil Udinese. Com show de Dybala e Ronaldo, a Velha Senhora não tomou conhecimento da adversária e acabou até construindo um placar inferior ao volume de jogo criado – sem falar na desatenção que fez o time ser vazado nos acréscimos, negando o clean sheet a Buffon. Ainda assim, a equipe de Turim contou com um empate da Inter para voltar à liderança, agora compartilhada com a rival.

No primeiro tempo, a Udinese mal viu a cor da bola. Dominante, a Juventus (que, pela primeira vez foi a campo desde o primeiro minuto com o trio Higuaín, Dybala e Ronaldo) abriu o placar aos 9, ampliou aos 37 e fechou a conta aos 45 – e ainda teve um tento de Dybala anulado. Com os três pontos garantidos, diminuiu um pouco o ritmo e usou a posse de bola para defender o resultado, mas ainda assim acertou a trave com Dybala e Ronaldo. Cristiano também obrigou Musso a fazer defesaça para evitar sua tripletta. Sem dúvidas, o desempenho do tridente agradou, mas a Udinese não é um grande parâmetro. Sarri deve testar a formação contra adversários de maior exigência.

Olho no lance

Roma não teve grande atuação coletiva, mas somou pontos para se isolar na quarta posição (AFP/Getty)

Roma 3-1 Spal

Gols e assistências: Tomovic (contra), Perotti (pênalti) e Mkhitaryan (Florenzi); Petagna (pênalti)
Tops: Florenzi e Pellegrini (Roma)
Flops: Vicari e Tomovic (Spal)

A Roma vinha de uma boa sequência de partidas e de resultados, mas dessa vez pode celebrar apenas os três pontos, que lhe isolaram na quarta colocação. A exibição contra a Spal, lanterna da Serie A, não foi das melhores – até porque Zaniolo esteve apagado. Contudo, faltando apenas uma semana para a pausa de inverno, é mais importante assegurar o triunfo do que se preocupar com a qualidade do futebol apresentado: com a vitória, aliás, a Loba se mantém bem colocada no pelotão que briga por Champions League. A Spal, por sua vez, já está seis pontos atrás do primeiro grupo de times que estão fora da zona de rebaixamento.

Sem Smalling na defesa, a Roma sofreu para segurar Petagna. Depois de o atacante obrigar Pau López a fazer uma defesa num chute canhoto, Kolarov cometeu pênalti infantil e possibilitou que o spallino inaugurasse o placar. O time da casa se articulou para marcar seu gol, quase sempre com Pellegrini e Florenzi, mas só empatou depois do intervalo. O camisa 7 romanista (que participou de todos os tentos) cruzou em direção à meta dos estensi e Tomovic acabou marcando contra. O próprio Pellegrini acionou Dzeko no lance do pênalti que ocasionou a virada, com Perotti. Já no fim da peleja, a bela ação coletiva que resultou na conclusão de Mkhitaryan também foi iniciada por Lorenzo, que é o grande nome dos giallorossi nesse momento positivo.

Napoli 1-2 Parma

Gols e assistências: Milik (Mertens); Kulusevski e Gervinho (Kulusevski)
Tops: Kulusevski e Gervinho (Parma)
Flops: Koulibaly e Zielinski (Napoli)

No sábado estiveram frente a frente a maior decepção de 2019-20 e uma de suas maiores surpresas. O Parma de D’Aversa já era um time sólido, mas subiu de patamar no atual campeonato graças à aquisição de Kulusevski e mostrou maturidade ao encarar o Napoli em pleno San Paolo. Os crociati poderiam ter tremido perante a possibilidade de ultrapassarem na tabela um time tecnicamente superior, cotado até para brigar pelo scudetto, mas que não vem em bom momento. Também poderiam ter sentido dificuldades de abordagem contra um adversário que estreava um novo técnico. Nada disso ocorreu e Gattuso amargou sua primeira derrota no comando azzurro.

Dois erros nas extremidades do jogo foram fatais para o Napoli. Logo aos 4 minutos, Koulibaly errou o tempo de bola e Kulusevski aproveitou para abrir o placar. Na tentativa de perseguição ao sueco, o zagueiro senegalês ainda lesionou o posterior da coxa e foi substituído. No decorrer da partida, os napolitanos sofreram com a falta de criatividade e pontaria de Insigne e Zielinski, a profusão de erros no meio-campo e o fato de Allan ter jogado fora de posição, como regista. O Parma ameaçava em contra-ataques e só não ampliou, com Gervinho, porque Meret e a trave impediram.

Na segunda etapa, o goleiro Sepe precisou trabalhar para evitar que chutes perigosos de Insigne e Milik entrassem, mas aos 64 minutos não conseguiu impedir que a cabeçada do polonês estufasse as redes. Após o empate, o Napoli se lançou ao ataque de forma desordenada e, novamente, Gervinho parou em Meret. Já nos acréscimos, quando o time da casa estava pressionando novamente, o Parma contou com escorregão de Zielinski, engatou um contra-ataque e definiu o placar com Gervinho. Com a vitória, os ducali subiram para a sétima posição e os partenopei ficaram empatados com Torino e Milan, logo abaixo.

As outras partidas

O Milan criou muito, mas ficou no 0 a 0 com o Sassuolo (Getty)

Milan 0-0 Sassuolo

Tops: Hernandez (Milan) e Pegolo (Sassuolo)
Flops: Suso (Milan) e Toljan (Juventus)

Tem dias em que a sorte não está do seu lado. Foi o que ocorreu com o Milan diante do Sassuolo neste domingo. O clube celebrava seus 120 anos de fundação com uma camisa comemorativa, mas por muito pouco não pode festejar a conquista dos três pontos. Apesar do grande volume de jogo, parou na trave, em Pegolo e até mesmo em um Berardi travestido de zagueiro. O resultado manteve os rossoneri distantes do pelotão europeu e os neroverdi próximos da zona de rebaixamento.

No primeiro tempo, o Diavolo já poderia ter construído sua vitória. Primeiro, teve gol anulado de Hernandez (cada vez mais devastador pela faixa esquerda) por causa de um toque de mão de Kessié no início da jogada. Depois, o erro de recuo de Magnanelli fez com que Pegolo tentasse parar Bennacer na intermediária: o goleiro passou lotado pelo argelino, mas a indecisão do milanista em concluir para o gol aberto fez com que Berardi se recuperasse e travasse o chute. O arqueiro do Sassuolo se redimiu com cinco boas defesas no decorrer da peleja, enquanto o Diavolo ainda viu Rafael Leão carimbar a trave duas vezes.

Bologna 2-1 Atalanta

Gols e assistências: Palacio e Poli (Tomiyasu); Malinovskyi (Barrow)
Tops: Tomiyasu (Bologna) e Malinovskyi (Atalanta)
Flops: Bani (Bologna) e Palomino (Atalanta)

No meio de semana, a Atalanta conseguiu uma das maiores façanhas de sua história, mas não foi capaz de manter o ritmo em sua viagem a Bolonha. Muito desfalcada – Zapata, Ilicic e Gómez não foram convocados –, a Dea até fez um bom jogo, embora tenha lhe faltado continuidade. O Bologna de Mihajlovic aproveitou a oportunidade, venceu em casa pela primeira vez desde o fim de outubro e obteve pontos importantes para se consolidar no meio da tabela. Os nerazzurri continuam na sexta colocação.

Na ausência de seus principais jogadores, a Atalanta se fiou em Malinovskyi, Pasalic e Muriel como principais referências. O ucraniano correspondeu; o croata e o colombiano, não. O meia contratado junto ao Genk foi o articulador do time visitante e volta e meia aparecia para finalizar. Foi o que ocorreu no gol que descontou o placar, após boa infiltração e passe açucarado de Barrow – o gambiano ainda provocou um corte em cima da linha de Danilo e a expulsão do brasileiro. Antes, contudo, o Bologna já havia marcado com o interminável Palacio e o experiente Poli, após jogadas construídas por Orsolini e Tomiyasu. Eficiência e luta que fizeram a diferença.

Verona 3-3 Torino

Gols e assistências: Pazzini (pênalti), Verre e Stepinski (Faraoni); Ansaldi (Verdi), Berenguer e Ansaldi
Tops: Pazzini (Verona) e Ansaldi (Torino)
Flops: Di Carmine (Verona) e Aina (Torino)

O Torino se valeu da superioridade técnica e da alta confiança de Ansaldi. O Verona, da insistência e do psicológico fortalecido. Esse poderia ser um resumo das armas utilizadas por cada uma das equipes, juntamente aos conceitos táticos de seus treinadores, para que cada uma conseguisse anotar três gols no thriller que abriu o domingo na Itália. O empate mantém os dois times na zona central da tabela: o Toro, com 21 pontos, está empatado com Napoli e Milan; o Hellas, com 19, está logo atrás, em paridade com o Bologna.

Podemos exemplificar o quão maluca foi a partida ao citarmos que Ansaldi guardou uma doppietta – e teriam sido três gols, caso a bola não tivesse cruzado a linha de fundo antes de Rincón ter lhe servido. Em alta, o argentino anotou um golaço na etapa inicial e marcou o terceiro com um chute de fora da área, já aos 61. Pouco antes, numa jogada em que aliou técnica, insistência e sorte, Berenguer fizera o segundo.

O jogo virou para o Verona depois da entrada de Pazzini. Com dois minutos em campo, o veterano converteu pênalti cometido por Bremer. O gol injetou ânimo nos butei e, com um voleio, o Pazzo contribuiu mais ainda para ampliar o sentimento de que era possível pontuar. Sirigu e a trave evitaram que a bola entrasse, mas Verre aproveitou o rebote. O evidente nervosismo do Torino fez com que o limitado Stepinski se tornasse perigosíssimo. Primeiro, o polonês perdeu cara a cara com o goleiro, mas um erro de marcação de Aina lhe possibilitou a redenção, aos 84.

Genoa 0-1 Sampdoria

Gols e assistências: Gabbiadini (Linetty)
Tops: Romero (Genoa) e Linetty (Sampdoria)
Flops: Ghiglione (Genoa) e Vieira (Sampdoria)

Muita luta, pouco tempo de bola rolando e um resultado que vai se tornando habitual no dérbi genovês: com a derrota de sábado, o Genoa já acumula sete clássicos sem triunfos sobre a Sampdoria, sua maior rival. Ranieri, técnico da Samp, também alcançou marcas importantes. Este foi o quarto dérbi citadino diferente do qual ele participou, após treinar equipes nos de Turim, Roma e Milão. Continua invicto, com oito triunfos e um empate.

Apesar do recorde de Don Claudio, a bem da verdade, nenhuma das duas equipes fez muito para ficar com a vitória. O clássico da Ligúria teve mais cartões amarelos (oito) do que chutes na direção do gol (três), sendo que a primeira finalização correta ocorreu apenas aos 71 minutos. Em meio às incríveis 42 faltas da peleja, uma bola na rede. Aos 85, um erro de Ghiglione, a insistência de Linetty e o bom chute de Gabbiadini fizeram com que a Samp deixasse o Vecchio Balordo afundado na penúltima colocação.

Brescia 3-0 Lecce

Gols e assistências: Chancellor (Spalek), Torregrossa (Sabelli) e Spalek (Bisoli)
Tops: Sabelli e Spalek (Brescia)
Flops: Gabriel e Calderoni (Lecce)

Com Corini, a música é outra. Sob as ordens do treinador que conseguiu o acesso e voltou a comandar a equipe após três rodadas de pesadelo com Grosso, o Brescia mostra bom futebol e enfileira sua segunda vitória. A boa sequência dos biancazzurri, com triunfos em confrontos diretos pela permanência na elite, voltou a esquentar a briga pelo rebaixamento. Com um jogo a menos, os brescianos somam 13 pontos – dois a menos que Sampdoria, Udinese e o próprio Lecce.

No jogo que abriu a rodada, o Brescia teve uma atuação coletiva muito consistente, na qual se destacaram as individualidades de Sabelli, Tonali, Spalek, Balotelli e Torregrossa. Dominante, o quinteto participou da maior parte das jogadas dos andorinhas e se aproveitou da fragilidade defensiva dos salentinos. Os dois primeiros gols tiveram falhas inacreditáveis de Calderoni, Rossettini e Dell’Orco – no segundo, o goleiro Gabriel também errou de forma absurda. No terceiro, o nível técnico do Brescia se sobrepôs e a jogada bem trabalhada teve a conclusão de Spalek. O placar só não foi mais elástico porque Gabriel ainda fez algumas defesas e o travessão negou um tento a Balotelli.

Seleção da rodada

Dragowski (Fiorentina); Sabelli (Brescia), Chancellor (Brescia), Bonucci (Juventus), Ansaldi (Torino); Kulusevski (Parma), Pellegrini (Roma), Spalek (Brescia); Gervinho (Parma), Ronaldo (Juventus), Dybala (Juventus). Técnico: Roberto D’Aversa (Parma).

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