Nesta quinta, Inter e Roma entraram em campo pela Liga Europa para ratificarem o que construíram nos jogos de ida da fase de 16 avos de final. Após triunfarem sobre o Ludogorets na Bulgária, por 2 a 0, os nerazzurri receberam o time verde em Milão e venceram outra vez, agora por 2 a 1, e garantiram lugar nas oitavas. Já a equipe romana empatou por 1 a 1 com o Gent e avançou por ter vencido os belgas por 1 a 0 na capital.
A Roma viajou até a Bélgica sabendo da boa vantagem que tinha nas mãos. Sem poder contar com Pellegrini, machucado, Fonseca optou por Mkhitaryan como seu meia centralizado dentro do 4-2-3-1. Como de costume, a equipe giallorossa começou a partida buscando controlar a posse de bola e estabelecer um lado forte para posteriormente trabalhar as inversões de lado, o que acabou surtindo efeito logo aos 3 minutos de partida, quando Cristante conseguiu se associar com Pérez pela direita. A jogada acabou chegando em Kolarov no flanco oposto e o sérvio beliscou a trave direita do gol defendido por Kaminski.
Contudo, se os primeiros minutos poderiam indicar um bom funcionamento coletivo da equipe italiana, o que vimos na sequência foi bem diferente. Através de uma pressão pós-perda efetiva, bons encaixes individuais e uma busca constante pela construção em poucos toques, o Gent mandou em quase todo o primeiro tempo. Depoitre e David encaixaram em Veretout, Kums e Odidja-Ofoe tiraram a liberdade de circulação dos laterais e Bezus limitou as linhas de passe que visavam ativar Cristante ou Mkhitaryan. Desse jeito a equipe belga desenhou muito bem a sua marcação, roubou bolas em campo ofensivo e pouco a pouco foi acabando até mesmo com o domínio da posse de bola pelo lado da Roma.
Aos 25 minutos, David, que era o jogador mais destacado na partida e já havia finalizado para boa intervenção do Pau López, recebeu a bola de Bezus e fez 1 a 0 para os donos da casa. Jogando melhor e tendo igualado a eliminatória, a confiança do Gent estava nas alturas, mas um lance de desatenção foi o bastante para jogar por água abaixo tudo que a equipe construiu. Cinco minutos depois do gol do jovem canadense, Owusu errou um passe na zona central do gramado, a posse de bola voltou para a Roma e Mkhitaryan foi muito feliz em acelerar o jogo, deixar dois marcadores pelo caminho e fazer o passe para Kluivert, que saiu frente a frente com Kaminski e empatou a partida.
Com o gol marcado longe dos seus domínios, os giallorossi se colocaram em uma situação confortável, já que o Gent precisava marcar mais duas vezes para alcançar a sonhada classificação. Com toda essa pressão nas costas, o segundo tempo da equipe belga foi bastante diferente da etapa inicial. O Gent assumiu de vez o controle da posse de bola, mudou o seu desenho tático para um 4-3-3 e buscou empurrar a Roma para defender nos 30 metros finais do campo.
Apesar do bom segundo tempo de Odidja-Ofoe gerando jogo associativo desde o lado esquerdo e da capacidade desmarque de David no comando de ataque, o time da casa levou pouco perigo efetivo a meta defendida por Pau López. No fim das contas, a Roma teve 180 minutos de um futebol bastante pobre e jamais esteve confortável em estabelecer suas ideias de jogo. Contudo, as circunstâncias, o talento e a frieza de Dzeko no jogo de ida e a capacidade técnica de Mkhitaryan, no de volta, fizeram a diferença. Nas oitavas de final, o time romanista encara o Sevilla e reencontra o diretor esportivo Monchi, de malfadada passagem pela Cidade Eterna.
Se a Roma avançou sem convencer, a Inter teve muita tranquilidade para passar pelo Ludogorets, com duas vitórias em dois jogos. Atuando num San Siro sem público, devido ao surto de coronavírus que assola Lombardia, a Beneamata triunfou sobre os búlgaros de virada e garantiu presença nas oitavas de final com um placar agregado de 4 a 1. Na próxima fase, o time de Milão enfrenta o Getafe de Pepe Bordalás (e Deyverson), que eliminou o Ajax e é o quinto colocado de La Liga.
Conte repetiu quase toda a equipe da partida de ida, com D’Ambrosio e Rannochia ganhando espaço no trio de zaga, Borja Valero jogando como regista e Sánchez iniciando como titular no ataque. A única mudança para a volta foi a escolha por Lukaku ao lado do chileno, em vez de Lautaro. As ideias acabaram dando certo, visto que Alexis foi um dos melhores em campo, juntamente a Borja Valero – o espanhol, aliás, trocou 136 passes nas eliminatórias e acertou 132 deles.
O jogo começou morno. Os visitantes tentavam agredir a Inter, mas esbarravam na falta de qualidade técnica e de critério ofensivo dos seus jogadores para levar um real perigo aos donos da casa. Já a equipe italiana repetiu o padrão de jogo dos últimos meses. Tinha dificuldade para sair jogando pelo chão com qualidade, insistia na construção ofensiva com os alas, tinha pouca participação dos meias na fase inicial do jogo, efetuava muitos cruzamentos e via a dupla de ataque como principal responsável por gerar chances de real perigo.
Ainda assim, foi surpreendente que Cauly tenha aberto o placar para o Ludogorets com um forte chute. A Inter, porém, não se intimidou e definiu a peleja ainda no primeiro tempo. Seis minutos depois do gol do brasileiro, aos 32, Biraghi recebeu de Eriksen e empatou. Aos 45, foi a vez de Lukaku trabalhar com Sánchez e contar com a sorte para virar o placar.
Dali em diante, com a necessidade do Ludogorets de achar mais dois tentos, a partida esfriou. A Inter ainda acertou a trave duas vezes, com Sánchez e Lukaku, mas preferiu administrar o jogo, enquanto Conte descansava jogadores e rodava o elenco. Nas oitavas de final, porém, o ritmo precisará ser outro contra o Getafe.