As semifinais da Coppa Italia terminaram da mesma forma que os resultados das suas partidas de ida indicavam: com a ratificação da vantagem que Juventus e Atalanta construíram sobre Inter e Napoli, respectivamente, na condição de visitantes. Com isso, os bianconeri de Turim e os nerazzurri de Bérgamo farão uma final inédita na história do torneio. A partida ocorrerá no dia 19 de maio, em Milão.
Jogando em casa, a Velha Senhora segurou a Beneamata no Derby d’Italia e, após empate sem gols, alcançou a final da competição pela 20ª vez. Além de equipe que mais vezes chegou à decisão, a Juve é a maior vencedora do torneio, com 13 títulos, e buscará ampliar a vantagem sobre a Roma, dona de nove taças.
A Atalanta, por sua vez, venceu o Napoli por 3 a 1 e terá a chance de enriquecer um currículo modesto: detém um único troféu da Coppa Italia e fará apenas a sua quinta aparição na finalíssima. Com o mesmo técnico e grande parte do elenco que tinha em 2018-19, a Dea buscará o título que lhe escapou diante da Lazio, dois anos atrás.
Confira, abaixo, como as equipes deram o seu último passo rumo à decisão da copa.
Atalanta 3-1 Napoli
Gols e assistências: Zapata (De Roon), Pessina (Zapata) e Pessina (Zapata); Lozano
Em Bérgamo, tivemos uma partida muito bem controlada pela Atalanta de Gasperini, que desde o primeiro minuto conseguiu impor suas ideias diante do Napoli. O time visitante ratificou o seu pior momento na temporada, mostrando-se perdido dentro do que deseja em campo e executando mal o que antes costumavam ser suas melhores armas.
A Atalanta se mostrou muito confortável em alternar a altura em que desejava sair jogando, trabalhando muito bem a construção em toques curtos, mas também optando por cortar caminho, realizando ligação direta com Zapata e ou com Gosens, pelo lado esquerdo. O time treinado por Gattuso tinha uma postura de marcação em bloco médio, alternando momentos de uma tentativa desencaixada de pressing a outros em que esperava a iniciativa dos rivais para depois buscar os encaixes.
Embora controlasse o ritmo e a direção do jogo, a Atalanta demorou até encontrar continuidade em campo ofensivo. Mas, uma vez que conseguiu trabalhar em toques curtos, colocou a defesa do Napoli na roda. Aos 10 minutos, De Roon encontrou Zapata pelo lado direito do comando de ataque, o colombiano dominou, ajeitou e soltou um petardo para abrir o placar. Poucos segundos depois, numa jogada muito bem trabalhada pela Dea, com Gosens protagonista e Zapata apenas ajeitando com um lindo toque de primeira, Pessina completou para o fundo da rede.
O Napoli mostrou muita dedicação, esforço e lutou para voltar para o jogo, mas o acerto técnico esteve muito abaixo do aceitável. Seja pela tentativa de passes curtos com Zielinski e Elmas, seja através do jogo direto com Osimhen, o time não dava sequência às jogadas e deixava Insigne muito alheio à partida. Na volta para a segunda etapa, uma jogada encaixou, Bakayoko teve a chance de finalizar e a bola acabou bloqueada pela marcação, sobrando na medida para Lozano colocar no fundo da rede.
Mesmo com o gol, os visitantes não conseguiram exercer uma pressão efetiva contra a equipe da casa em nenhum momento. A Atalanta, então, continuou trocando passes, trabalhando o seu jogo e controlando a partida. Aos 78 minutos, tivemos o ato final: Zapata novamente serviu como parede, Pessina passou pela marcação com um drible belíssimo e tocou na saída de Ospina, marcando sua doppietta e colocando a Dea na grande final da Coppa Italia pela quinta vez na história.
Juventus 0-0 Inter
Em Turim, o Derby d’Italia começou muito pautado pela partida de ida, nem tanto em termos do resultado – 2 a 1 para a Juventus –, mas pelo encaixe tático dos times. Em Milão, Pirlo surpreendeu ao escalar Kulusevski como companheiro de ataque de Ronaldo e, mesmo que sua equipe tenha começado muito mal contra a Inter, o motivo da escolha ficou evidente logo nos primeiros minutos, já que o sueco foi o jogador responsável por tirar o conforto de Brozovic e atrapalhar a saída de bola da equipe de Conte. Os nerazzurri têm boas variações e, através do jogo direto e das subidas dos laterais, tiveram vantagem nos primeiros 30 minutos em casa. Nesta terça, Pirlo repetiu a dose.
O ex-regista escalou Danilo e Alex Sandro nas laterais, tendo Kulusevski e Ronaldo como dupla de ataque, enquanto Conte respondeu colocando Eriksen no lugar de Vidal. Dessa maneira, ainda que Brozovic acabasse pressionado, a Inter teria uma segunda opção para levar a bola ao setor ofensivo. Mais do que isso, a entrada do dinamarquês acabou sendo um modo de Conte contra-atacar no duelo de xadrez entre os treinadores.
A Juventus começou com a bola, mas pouco conseguia criar em termos efetivos e a Inter esperava recuada e confortável, tendo em Lukaku um alvo para progredir e, depois, acelerar com Hakimi. Esse cenário durou pouco mais de 15 minutos e a Inter começou a tomar a partida para si, com Brozovic se deixando pressionar por Kulusevski e arrastando o sueco para a beirada do campo. Dessa maneira, Eriksen recuava e a Inter tinha uma saída limpa para o campo ofensivo.
Na atual temporada, Pirlo tem trabalhado muito com o 3-5-2 no momento ofensivo, sempre segurando um dos laterais e trabalhando um dos meias abertos como ala. No Derby d’Italia, o treinador experimentou outra abordagem: De Ligt e Demiral ficavam na primeira linha e ganhavam a companhia de Bentancur, que recuava para fazer a saída. Com isso, Danilo trabalhava por dentro pela direita e Alex Sandro pela esquerda, com os laterais formando o trio de meias junto a Rabiot. Cuadrado e Bernardeschi abriam o campo.
O primeiro tempo foi muito bem jogado, com Hakimi tendo muita influência sobre o jogo da Inter, que acumulou as melhores chances e viu Lautaro desperdiçá-las. Contudo, nos minutos que antecederam o intervalo, o jogo da Juventus ganhou volume, Ronaldo conseguiu receber entre Hakimi e Skriniar e Handanovic foi obrigado a realizar boas defesas para evitar que a Vecchia Signora aumentasse a sua vantagem no placar agregado.
O segundo tempo seguiu o mesmo padrão, mas com um nível de jogo inferior. Pouco a pouco a Juventus conseguiu diminuir o ritmo da partida, viu a Inter acumular muitos erros e foi controlando o jogo ao seu modo. Conte tentou encontrar soluções, colocando Kolarov no lugar de Bastoni, Perisic na vaga de Darmian e apostando em Sensi no lugar do Eriksen.
Dessa maneira, a Inter se lançou ao ataque, com Kolarov e Skriniar jogando na linha central, Brozovic e De Vrij fazendo a saída de bola e Sensi trabalhando junto a Barella na entrada da área. Hakimi, Lukaku, Lautaro e Perisic formavam quase um quarteto ofensivo. Mas, mesmo com muita intensidade e muita transpiração, a Beneamata esbarrou no bom posicionamento tático da defesa bianconera e não mexeu no marcador. Numa temporada de transição e lidando com dificuldades na Serie A, Pirlo atinge sua primeira final como treinador e tem a oportunidade de iniciar a sua nova trajetória profissional com o pé direito, garantindo mais uma taça para a Juventus.