Em mais uma demonstração de força, a Itália de Roberto Mancini venceu o País de Gales por 1 a 0 na última rodada da fase de grupos da Euro 2020. O placar, que também serviu para classificar os galeses, deixou os azzurri na liderança do Grupo A, com nove pontos. A Nazionale também chegou a 30 jogos de invencibilidade e a 11 vitórias seguidas sem sofrer gols.
A Itália, pela primeira vez desde a Eurocopa de 2000, avançou em sua chave com 100% de aproveitamento. Na época, a Squadra Azzurra teve Turquia, Bélgica e Suécia como adversários; duas décadas depois, bateu novamente os turcos, passou pela Suíça e superou País de Gales para alcançar as oitavas de final da competição. Nas três vitórias, marcou sete gols e não sofreu nenhum. Donnarumma fez apenas uma defesa, inclusive.
Diante de Gales, mesmo escalando um time misto, Mancini se manteve fiel à filosofia de jogo que construiu ao longo de seu trabalho e sufocou o adversário no Olímpico de Roma. A verticalidade, a busca pelos passes e a construção paciente foram os pontos fortes do jogo italiano.
A partida também serviu para mostrar o repertório que a Itália tem. O time titular é mais entrosado, mas algumas peças utilizadas no jogo deste domingo traduzem a qualidade do futebol jogado pela Nazionale. Jogadores como Verratti, Chiesa e Bastoni fizeram um trabalho de formiguinha durante a primeira etapa, se dedicando à criação e auxiliando na saída de bola.
Verratti, que voltou ao onze inicial após lesão no joelho, mostrou que Mancini terá trabalho para escalar o meio-campo da Itália, já que também conta com Locatelli, Jorginho e Barella em ótima fase. O jogador do Paris Saint-Germain criou, auxiliou a defesa na saída do jogo e soube cadenciar a partida. Foi em uma falta sofrida pelo meio-campista que a Itália abriu o placar aos 39 minutos do primeiro tempo. O próprio Marco cobrou, lançando na área, e Pessina, mais um nome de destaque da Atalanta na Euro, desviou no primeiro pau.
Chiesa, um dos destaques da temporada na Juventus, trouxe velocidade à ponta e profundidade nas jogadas. Em uma oportunidade criada pela direita, o bianconero cruzou e a bola acabou passando por Belotti. Além dessa ação, ele deu opções no ataque pelos flancos e distribuiu passes pelo setor.
No segundo tempo, a Itália seguiu no jogo pensado e trabalhando de pé em pé. Outro ponto forte foi a bola parada: Bernardeschi quase marcou em uma cobrança de falta. No entanto, o País de Gales foi mais claro na proposta, com uma oportunidade criada por Ramsey, outro jogador da Juventus.
Para dificultar mais a partida de Gales, Ampadu foi expulso no segundo tempo, após entrada perigosa sobre Bernardeschi. Com vantagem numérica e o buraco que ficou no meio-campo britânico, a Itália ganhou mais espaço pra criar.
Dali em diante, Chiesa, que havia sido fundamental na primeira etapa, levou mais perigo nas escapadas pela ponta. Em uma jogada individual, ele ganhou do marcador na corrida e evitou a saída da bola pela linha de fundo. No cruzamento, buscou Belotti na pequena área, mas o goleiro Ward foi eficiente na defesa.
Mancini fez algumas mudanças para renovar o fôlego da Itália. Raspadori, do Sassuolo, fez a sua segunda partida pela seleção e entrou para atuar nos 18 minutos restantes de jogo. O atacante de 20 anos participou de uma jogada perigosa, quando recebeu no meio da grande área e teve o chute travado pela defesa. Belotti pegou a sobra, mas a finalização foi para fora.
Já nos acréscimos, a Itália apenas circulou a bola e aproveitou para garantir mais um resultado positivo na competição. Durante os 90 minutos, soube segurar as investidas de Gales e não sofreu nenhuma pressão. Bale, o principal nome da seleção galesa, não conseguiu vencer a marcação de Bastoni e pouco fez durante o jogo. Ao final da peleja, a Itália acumulou 23 finalizações e seis na direção da gol. Do outro lado, País de Gales teve apenas três finalizações, sendo uma à baliza.
Superioridade, constância e repertório vasto. A Itália de Mancini, que não era cotada por muitos analistas como favorita ao título da Euro antes do início da competição, mostra que tem força e chega com moral elevado às oitavas de final, onde enfrentará Ucrânia ou Áustria, em Londres.