Euro Seleção italiana

Com abre-alas do tamanho de sua história, a Itália estreou na Euro amassando a Turquia

Diante de um Olímpico novamente com torcedores, a seleção italiana fez valer muito do que a expectativa gerava e largou na frente na estreia na Euro. A Squadra Azzurra enfrentou a Turquia nesta sexta-feira (11), em Roma, pela partida inaugural da competição continental e venceu por 3 a 0 com autoridade, chegando ao 28º jogo de invencibilidade em todas as competições. O resultado positivo no primeiro jogo do Grupo A proporciona ainda mais confiança ao time de Roberto Mancini para o decorrer do torneio e rememora que a Itália é sempre Itália.

Antes mesmo do apito inicial, a vibração dos cerca de 13 mil torcedores presentes no estádio Olímpico ditava a atmosfera da abertura da Euro. Como é tradição, o canto do hino da Itália é uma atração à parte: demonstrando coragem e uma vontade incontrolável de vencer na hora de entoar os versos de Fratelli d’Italia, os jogadores traduziram o sentimento em campo.

O jogo teve duas faces muito parecidas, mas com realidades diferentes. Na primeira delas, durante os 45 minutos iniciais, era perceptível uma Squadra Azzurra dominante, controlando bem a posse e completamente segura na defesa, lidando com uma Turquia retraída e dependente de sua organização atrás.

Era natural que os italianos tivessem maior ímpeto para jogar, por motivos que transcendiam a qualidade da equipe. Empurrados pelo público, não concederam suspiros aos turcos, que se viam encurralados em cada parte do gramado. Partindo com esta pressão, os comandados de Mancini começaram a criar chances. Com menos de 3 minutos, Immobile teve a primeira oportunidade, mas, pressionado por Demiral, acabou jogando para fora. Antes mesmo da metade da primeira etapa, Insigne tabelou com Berardi e se apresentou na área para colocar em prática sua marca registrada: o chute colocado partindo do lado esquerdo do campo. Porém, desta vez, desperdiçou.

Berardi disputou uma boa partida e arrancou o primeiro gol da Itália (imago)

A ofensividade, capitaneada pelo controle de Jorginho e Locatelli no meio-campo, não cedeu. No minuto 22, em escanteio cobrado da direita, Chiellini cabeceou livre na marca do pênalti e obrigou Çakir a operar um verdadeiro milagre. Ainda faltava algo por parte de Barella, que estava aquém de suas características apresentadas na Inter: pisava pouco na área e parecia desencaixado. Locatelli, por sua vez, se fazia mais presente com passes verticais e apoiava a livre movimentação de Insigne pelo campo.

Entretanto, o que era um ataque coordenado se transformou em ansiedade. Com o crescimento de Demiral e Söyüncü na partida, os chutes de fora da área se tornaram tendência, com Berardi e Barella passando longe da meta adversária. O primeiro tempo terminou com um pedido de pênalti aparentemente,clamoroso por parte dos donos da casa: Spinazzola cruzou e a redonda acertou o braço estendido do lateral Çelik. Mesmo com o VAR, nada marcado pelo árbitro Makkelie.

Mancini mexeu na equipe ainda no intervalo, trocando Florenzi por Di Lorenzo. Mesmo com a manutenção da posse de bola, a primeira oportunidade da metade final da partida foi dos turcos. Um conhecido do Olímpico apareceu e quase causou um dano que poderia ser prejudicial aos italianos no minuto 51: ex-Roma, Ünder finalizou um contragolpe, em sua única participação no jogo, e parou em Donnarumma.

No lance seguinte, o gol da Itália saiu, e teve a ajuda de um bianconero. Berardi recebeu de Locatelli pela direita, encarou o marcador e escolheu pela jogada menos óbvia: levar ao fundo, para a perna direita, que não é a sua favorita, e cruzar. O juventino Demiral colaborou ao empurrar para a própria meta com o peito. Um peso se descolava das costas dos comandados de Mancini, que se soltaram de vez.

Com um gol e uma assistência, Immobile foi um dos grandes nomes da excelente estreia italiana (IPA)

Com cada vez mais liberdade e aproveitando o corredor que Insigne abria pela esquerda, Spinazzola se tornou um ponteiro e, com sua boa aptidão ao atacar, fez a festa. Na primeira oportunidade que teve, aos 54, buscou a finalização com a canhota e parou em Çakir. Pouco tempo depois, mais uma vez entrou em diagonal na área e finalizou para mais ótima defesa do arqueiro turco, porém, Immobile estava atento para conferir e ampliar. O tento do atacante da Lazio desmoronou qualquer estratégia de reação da Turquia, que se viu em um dilema entre arriscar e tentar o empate ou segurar o saldo. Não fez nem uma coisa nem outra.

Com 79 minutos de jogo, a equipe azzurra aproveitou o erro de Çakir na saída de bola e, em boa troca de passes entre Barella e Immobile, terminada nos pés de Insigne, saiu o terceiro. Neste momento, rememoramos a chance perdida pelo camisa 10 no primeiro tempo, desta mesma posição. Porém, para refrescar a memória, Lorenzo reafirma a sua especialidade, descolando uma linda chapada no canto esquerdo de Çakir, sem qualquer chance de defesa. Festa completa no Olímpico.

Ainda houve tempo para um dos lances mais emblemáticos da estreia. Em um lapso de lucidez de Çalhanoglu, que pareceu desconectado desde o apito inicial, Yilmaz saiu frente a frente com Donnarumma, mas Chiellini, beirando os 37 anos, se recuperou como um garoto e negou a tentativa do centroavante para finalizar.

Com o fim do jogo, a Nazionale inspirou a Cidade Eterna, fincando de forma definitiva a sua bandeira de volta ao cenário das potências do globo terrestre. De eliminada na repescagem para a Copa do Mundo de 2018, a Itália voltou a se mostrar sob os olhares de Francesco Totti e Alessandro Nesta, que estiveram presentes no estádio. Na noite de 11 de junho de 2021, a Squadra Azzurra se tornou a primeira seleção da história a vencer nove partidas seguidas sem sofrer gols. O cartão de visitas à italiana foi dado e, em um torneio como este, nunca é demais se enxergar em Wembley daqui um mês. Afinal, Itália sempre é Itália.

Compartilhe!

Deixe um comentário